• Nenhum resultado encontrado

Aqui é importante dizermos que realizamos uma análise documental, seguindo uma perspectiva qualitativa. Ela foi conduzida por meio da análise das características da prova que foi aplicada aos participantes como simulado, embasada nas propostas de Bachman, 1990; Alderson, 2000; Weir, 2005, o que já mostramos neste estudo. Dessa maneira, pudemos analisar estatisticamente os resultados dos participantes na prova e inferir quais tipos de conhecimento foram ativados por eles durante sua resolução. A partir disso, foi possível também classificá-los, segundo os descritores do QCER, em faixas (A1-C1), foco do nosso estudo, e em notas, já que são variáveis de natureza diferentes. Ou seja, foram realizados testes estatísticos tanto para faixas, que são de natureza ordinal, como para notas, que são de natureza intervalar. Fizemos isso porque muitas vezes os resultados apresentam diferenças entre notas, porém essas diferenças não são tão significativas estatisticamente ao ponto de fazer com que o respondente da prova mude de faixa, isto é, de nível.

Feito isso, passamos para a análise das informações coletadas pelo questionário on-line Google forms, como já explicitado, que era alimentado à medida que os participantes iam respondendo-o, o que resultou na descrição do seu perfil e nas suas visões sobre diversos fenômenos. Para tanto, as informações coletas por intermédio desse questionário e também pela aplicação do simulado foram tabuladas e categorizadas em planilhas do Excel, onde utilizamos fórmulas do próprio programa para que fosse possível a elaboração dos gráficos e das tabelas para posterior análise estatística descritiva, dando credibilidade a nossa análise e facilitando a nossa explicação e a compreensão do leitor. Dessa forma, entendemos estatística descritiva como a descrição de dados por intermédio de números ou medidas estatísticas que possibilitem a melhor representação das informações coletadas no decorrer de uma pesquisa (RODRIGUES;

LIMA; BARBOSA, 2017). Desse modo, fizemos análise de natureza quantitativa, pois para atingir nossos objetivos, focamos no uso de porcentagens, média,18 mediana,19 moda20 e desvio padrão,21 isto é, estatística descritiva.

Na sequência, verificamos se existiam diferenças estatisticamente relevantes entre os participantes, dividindo-os em grupos: iniciantes/formandos, estudo prévio/não conhecimento da língua, certificação internacional/não certificação, experiência docente/não prática docente, entre outros.

Para isso, analisamos a normalidade a partir de testes estatísticos voltados para esse fim. Entretanto, percebemos, por meio de análise dos resultados desses testes, que os dados dos grupos não se distribuíam simetricamente (normalmente), conforme apresentaremos na seção de análise de dados deste estudo. Foi a partir dessa constatação que percebemos que seria necessário realizar testes de hipótese para subsidiar as análises sobre diferenças entre grupos, a saber: Kruskal-Wallis22 e Mann-Whitney.23 Em outras palavras, estatística inferencial, já que esta é usada para formular conclusões e fazer inferências a partir da análise dos dados coletados (TWYCROOS, 2004).

Em outros termos, utilizamos testes não-paramétricos, que são usados para distribuição assimétrica de dados ou ainda para aqueles dados que são oriundos de escalas ordinais e nominais (GADDIS; GADDIS, 1990). Ainda nesse sentido, considera -se que dados com pequenas amostras total de participantes costumam ser mais bem avaliados com esse tipo de testes

18 Engloba o valor de cada participante da pesquisa (MCHUGH, 2003) e divide o total pelo seu quantitativo. O

resultado é a média.

19 Valor numérico situado na metade da distribuição dos demais valores numéricos quando estes estão organizados

em ordem crescente (GADDIS; GADDIS, 1990).

20 Valor obtido mais frequente numa dada escala (TWYCROSS, 2004).

21 Seu uso é muito comum para demonstrar a variabilidade dos dados. Mostra, aproximadamente, o grau de desvio da

média de uma determinada variável (MCHUGH, 2003).

22 “Teste análogo não-paramétrico de uma ANOVA unidirecional, porque pode ser usado quando três ou mais grupos

de assuntos são comparados e quando os indivíduos não têm permissão para participar de mais de um grupo”. No original: The Kruskal-Wallis test is the non- parametric analog of a one-way ANOVA, because it can be used when three or more groups of sub- jects are compared and when subjects are not permitted to participate in more than one group (GADDIS; GADDIS, 1990, p. 1.058).

23 “Teste desenvolvido para a análise de dados ordinais derivados de amostras independentes, existem em níveis

discretos de magnitude na distribuição e não são agrupados em uma frequência de distribuição cumulativa. Em outras palavras, pontuações individuais ou valores de dados não são agrupados em grupos para análise posterior. O teste U de Mann-Whitney é um análogo não-paramétrico do test t”. No original: The Mann-Whitney U test was designed for analysis of ordinal data that are derived from independent samples, exist at discrete levels of magnitude in the distribution, and are not grouped into a cumulative frequency distribution. In other words, individual scores or data values are not lumped together into groups for further analysis. The Mann-Whitney U test is a non- parametric analog of the t-test (GADDIS; GADDIS, 1990, p. 1.057).

(WINDISH; DIENER, 2006). Ressaltamos que a estatística descritiva e de teste de hipótese foi calculada com o software freeware PSPP.

A partir de todos os dados coletados aqui descritos e dos procedimentos realizados que expusemos, discutimos os resultados contrastando-os com o nível de proficiência que acreditamos ser minimamente aceitável para um professor de LE em carreira inicial. No entanto, cabe ressaltarmos que acreditamos que a prática docente e os cursos de formação continuada fomentarão a proficiência desses docentes não somente em leitura, foco do nosso estudo, mas também nas outras habilidades.

O quadro três mostra quais os instrumentos utilizamos para responder nossas perguntas de pesquisa:

Quadro 3 – Perguntas de pesquisas e instrumentos utilizados para o alcance das respostas

Perguntas de Pesquisa Instrumentos

Q u e st io n á ri o A p li ca ç ão d e s im u la d o A n ál is e d a s ca ra ct e rí st ic a s d a p ro v a R ev is ão B ib li o g rá fi ca

Em que medida o exame escolhido pode ser considerado adequado para avaliação de proficiência de alunos de licenciatura em espanhol?

X X

Qual o nível de proficiência em leitura dos alunos a partir desse exame, segundo o Quadro Europeu?

X Há diferenças em proficiência em leitura entre os grupos

considerando: iniciantes e formandos, estudo prévio em escola de idiomas, vivência no exterior, atuação como professor e certificação internacional?

X X

O nível de proficiência observado pode ser considerado (minimamente) adequado para o professor em carreira inicial?

X X

Neste capítulo, relatamos a metodologia utilizada no desenvolvimento deste estudo, seu contexto e seus participantes. Além disso, mostramos os instrumentos utilizados para alcançarmos os resultados pretendidos por nós, os procedimentos usados ao longo da coleta dos dados e os métodos empregados em nossa análise. Já o capítulo seguinte traz a base teórica usada para o bom desenvolvimento desta investigação.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo, apresentamos o referencial teórico que fundamenta esta pesquisa. Aqui tratamos de avaliação de proficiência em LE, do(s) porquê(s) de ler e leitura como prática social, sobre ser proficiente numa língua, explicitamos pesquisas sobre avaliação de proficiência de professores de LE em formação, conceitos e modelos de leitura e as diversas habilidades/capacidades24 e estratégias envolvidas em seu processo, leitura em línguas tipologicamente próximas e a intercompreensão em línguas aparentadas.

Para tanto, cabe refletirmos sobre a importância da leitura em uma sociedade letrada como a nossa, pois diversas informações são difundidas em nossa cultura por meio da escrita. Sendo assim, as pessoas consideradas letradas desenvolvem a habilidade de ler para a prática desse ato tido como de grande relevância por nós. Até porque essa prática gera interação social entre os indivíduos. Contudo, é relevante destacarmos que o nosso intuito primordial com este estudo é o de avaliar a proficiência em leitura em LE, especificamente ELE, como já mostrado. O que não diminui a importância deste trabalho, pelo contrário, torna -o ainda mais interessante, uma vez que ter a habilidade de ler em LE nos permite interagir com outras culturas e amplia a nossa possibilidade de conhecimento de mundo, além da possibilidade de desenvolvermos outras capacidades cognitivas em leitura diferentes das de língua materna (LM).