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Iniciativa Escolas, Professores e Computadores Portáteis (2006-2009)

CAPITULO 2 INICIATIVAS TECNOLÓGICAS NA EDUCAÇÃO

2.8 Iniciativa Escolas, Professores e Computadores Portáteis (2006-2009)

A Iniciativa ‘Escolas, Professores e Computadores Portáteis’ foi lançada em Setembro de 2006 pela Direção Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação, através da Unidade de Missão Computadores, Redes e Internet nas Escolas (CRIE), tendo como objetivo:

“promover a melhoria das condições de trabalho nos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e no Secundário e, especificamente, apoiar o uso individual e profissional das TIC por parte dos professores, no quadro do projeto educativo da escola e tendo como finalidade o desenvolvimento das seguintes atividades: apoio ao desenvolvimento curricular e à inovação; apoio à elaboração de materiais pedagógicos; apoio à utilização lectiva das TIC em situação de sala de aula; apoio a projetos educativos apoio ao trabalho de equipa entre professores e entre grupos disciplinares; apoio à componente de gestão escolar na atividade dos professores”9

9 Edital da Iniciativa Escola, Professores e Computadores Portáteis. Disponível em http://www.crie.min- edu.pt/files/@crie/1155735536_EditalPortateis.pdf

Em virtude do que foi mencionado, esta iniciativa pretende melhorar as condições de trabalho do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário apoiando o uso individual e profissional das TIC por parte dos professores, através do apetrechamento das escolas com computadores portáteis, equipamentos de acesso sem fios wireless e equipamentos de projeção de vídeo.

Esta iniciativa visava, como referem Ramos et. al (2009), apoiar os professores a utilizarem individualmente, ou em contexto profissional, as TIC. Na utilização profissional, o apoio seria prestado no contexto da realização de recursos pedagógicos, na introdução das TIC em contexto de sala de aula, no apoio ao desenvolvimento de projetos educativos e de trabalho entre professores e entre grupos disciplinares, na exploração curricular das TIC e no apoio à inovação.

Deste modo, esta iniciativa “não se resume à mera distribuição dos equipamentos informáticos compreendendo uma dimensão pedagógica” (Viseu, 2008, p. 41). Uma prova evidente disto é o facto da necessidade de apresentação de uma candidatura para a obtenção destes equipamentos por parte dos professores. Nessa candidatura deverá constar um projeto de atividades que inclua a necessidade de utilização dos equipamentos em atividades escolares procurando-se, uma forma de contratualização da sua utilização (idem).

As candidaturas eram avaliadas pelo CRIE e cada projeto aprovado era alvo de avaliação através de um relatório de atividades e eventual avaliação externa (Viseu, 2008). Em 2006 foram recebidas 1 181 candidaturas, o que corresponde a cerca de 87,9 por cento das escolas do 5º e 12º anos de escolaridade.

Sendo assim, esta iniciativa forneceu às escolas do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e do Secundário um kit informático composto por 24 computadores portáteis, 10 para serem utilizados por parte de professores e 14 para serem utilizados por professores com os seus alunos, em ambiente de sala de aula bem como um projetor de vídeo e um acesso sem fios à Internet (CRIE, 2006). No total garantiu a distribuição de 27 711 computadores portáteis em 1 164 escolas públicas.

A disponibilização de computadores portáteis possibilitou um crescimento da utilização das tecnologias por parte de alguns professores e de alguns alunos, fomentando a produção de materiais, por ambas as partes, fruto da portabilidade dos equipamentos.

Ramos et al. (2009) elaboram um estudo de avaliação à iniciativa “Escola, Professores e Computadores Portáteis”, cujos objetivos visavam equacionar os impactos desta iniciativa e do projeto dos portáteis nos planos: i) da escola; ii) dos professores e do ensino; iii) dos alunos e da

aprendizagem, assim como identificar e difundir práticas educativas inovadoras, pelo uso dos computadores portáteis. Os resultados obtidos nesse estudo foram considerados bastante positivos, uma vez que os objetivos inicialmente delineados pelo projeto e pelas escolas tinham sido alcançados em larga escala.

O referido estudo revelou ainda que, as maiores dificuldades sentidas se prenderam com questões relativas: i) ao acesso aos equipamentos, isto é, o número de portáteis disponibilizados foi insuficiente perante a enorme procura por parte dos professores e alunos; ii) aos problemas técnicos com os equipamentos e infraestruturas; à organização dos espaços e dos horários de professores e alunos; à articulação e interação entre professores; iii) à insuficiência de oportunidades de formação dos professores no campo específico do uso educativo das TIC. No que concerne a este último aspeto, o facto de esta iniciativa deixar ao critério das escolas a procura da satisfação das necessidades de formação dos docentes, parece não ter resultado, pois muitas escolas revelaram grandes dificuldades em suprimir essas lacunas.

A utilização dos portáteis trouxera novas rotinas à forma como os professores planificavam as suas aulas, pois o professor tinha de estar muito bem preparado para responder à quantidade de informação que os alunos encontravam para a realização dos trabalhos, nas pesquisas que fazem na Internet, pois como afirma Weckelmann e Almeida (2009, p. 829):

“(…) o uso do portátil incorpora outras práticas ao trabalho docente, tais como o confronto entre informações oriundas de fontes distintas, o uso de múltiplas linguagens de comunicação, a busca de reconhecer os caminhos seguidos pelos alunos. Tudo isto imputa outro nível de complexidade ao trabalho pedagógico, sendo o planejamento um fator que de certa forma lhe confere maior segurança.”

A implementação desta iniciativa nas escolas modificou as práticas do trabalho docente, pois constatou-se um aumento no número de professores e de alunos que passaram a utilizar tecnologia na sala de aula, diversificação de estratégias pedagógicas, melhoria da qualidade dos materiais e recursos produzidos pelos docentes, o desenvolvimento de competências tecnológicas (professores e alunos) e também o incremento da motivação e confiança, dos professores na utilização das TIC na sala de aula e dos alunos nas áreas disciplinares onde utilizaram a tecnologia, permitindo uma maior participação destes no processo de aprendizagem (Ramos et. al., 2009).