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CAPITULO 2 INICIATIVAS TECNOLÓGICAS NA EDUCAÇÃO

2.3 Programa Nónio Século XXI (1996-2002)

O Programa Nónio – Século XXI, foi criado em 29 de outubro de 1996 sob a tutela do Ministério da Educação (ME) e teve como finalidade dar continuidade ao trabalho realizado com o Projeto MINERVA – inserir as novas tecnologias no ensino-aprendizagem e promover formação profissional para a sua utilização. De acordo com Silva (2001a), este programa tinha por objetivo apoiar e adaptar o desenvolvimento das escolas às novas exigências colocadas pela Sociedade da Informação: exigências de novas infraestruturas, de novos conhecimentos e de novas práticas.

Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia (1999) este programa levou à criação de Centros de Competência NÓNIO centrados em instituições do ensino superior que em conjunto com escolas do ensino básico e secundário cooperam no uso das novas tecnologias da comunicação e da informação para melhoria do ensino e do uso das novas tecnologias. Criando assim, numa lógica de continuidade das experiências já realizadas e da sustentabilidade de projetos, da distribuição de apoios às escolas e aos seus projetos na vertente da problemática da tecnologia em ambiente educativo, para desta forma criarem uma escola aberta ao mundo, com qualidade

e autónoma. Neste contexto, o Programa Nónio tinha três parceiros: o Ministério da Educação, os Centros de Competência e as Escolas Nónio

De acordo com o que está preconizado no Despacho Nº 232/ME/96, este programa tinha como linhas orientadoras: a melhoria das condições em que funciona a escola e o sucesso do processo de ensino-aprendizagem; a qualidade e a modernização da administração do sistema educativo; o desenvolvimento do mercado nacional de criação e edição de software para educação com finalidades pedagógico-didáticos e de gestão e a contribuição do sistema educativo para o desenvolvimento de uma sociedade da informação mais reflexiva e participada.

Os objetivos específicos do Programa consistiam em:

i) Apetrechar com equipamento multimédia as escolas dos ensinos básico e secundário e acompanhar com formação adequada, inicial e contínua, os respetivos docentes visando a plena utilização e desenvolvimento do potencial instalado; ii) Apoiar o desenvolvimento de projetos de escolas em parceria com instituições

especialmente vocacionadas para o efeito, promovendo a sua viabilidade e sustentabilidade;

iii) Incentivar e apoiar a criação de software educativo e dinamizar o mercado de edição;

iv) Promover a introdução e generalização no sistema das tecnologias de informação e comunicação resultantes das dinâmicas referidas em ii) e iii), que permitam satisfazer as necessidades e garantam o desenvolvimento do sistema educativo; v) Promover a disseminação e intercâmbio, nacional e internacional, de informação

sobre educação, através nomeadamente da ligação em rede e do apoio à realização de congressos, simpósios, seminários e outras reuniões com carácter científico – pedagógico.

O programa organizava-se ainda em quatro subprogramas (Despacho 232/ME/96), sendo eles:

a) Subprograma I - Aplicação e Desenvolvimento das TIC no sistema educativo; b) Subprograma II - Formação de professores em TIC;

c) Subprograma III - Criação e desenvolvimento de software educativo; d) Subprograma IV - Difusão de informação e cooperação internacional.

Visava a sustentabilidade dos projetos, a racionalidade dos apoios e a generalização ao sistema educativo de resultados positivos alcançados na sequência das experiências já lançadas e em curso (idem, p. 15011).

No que concerne ao subprograma 1 - Aplicação e Desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em Educação, eram apresentados os seguintes objetivos gerais: apoiar o desenvolvimento de Projetos de Escolas de Educação Básica e do Ensino Secundário, concebidos e desenvolvidos em parceria com Instituições especialmente vocacionadas para o efeito, promovendo a sua viabilidade e sustentabilidade e promover a introdução e a generalização no sistema das tecnologias da informação e comunicação, resultantes das dinâmicas dos projetos de Escola, e de outras medidas a empreender no âmbito do programa Nónio Século XXI, nomeadamente nos domínios da criação e difusão de software educativo e da dinamização do mercado de edição.

A estrutura organizativa deste subprograma incide sobre o desenvolvimento de projetos elaborados pelas escolas, onde a concretização dos projetos pressupõe uma colaboração com instituições acreditadas para o efeito e designadas por Centros de Competência Nónio XXI. De acordo com Coutinho (2005), ao contrário do projeto anterior (o Projeto MINERVA), estes centros eram escolhidos no âmbito de um Concurso Nacional: no primeiro ano (1997) foram apresentadas oitenta candidaturas, oriundas de Centros de Formação de Professores, Escolas, Universidades, Escolas Superiores de Educação, instituições ligadas ao Ensino Especial, entre outras, que resultou a acreditação de vinte e um Centros de Competência (CC). Estes CC, deveriam ser “centros de referência que incentivam a qualidade e a excelência” (Desp. 232/ME/96, p. 15012).

Após a fase de candidaturas dos CC, surgem as candidaturas de projetos de escolas, que ocorreram em 1997 e em 1998. É de realçar que cada escola era livre de escolher o CC para apoiar e acompanhar o seu projeto, contratualizando as condições em que decorreria a assessoria (DAPP, 2002 apud Carvalho & Pessoa, 2012). Foram envolvidas 760 escolas com aprovação de 430 projetos do ensino pré-escolar ao ensino secundário.

As escolas envolvidas adquiriram equipamento informático, solicitaram formação ao CC que as apoiava e foram estimuladas a divulgar os seus projetos em congressos. Dos 194 projetos que tinham ligação à Internet, o número médio de computadores com acesso à Internet era de 10 (DAPP, 2000 apud Carvalho & Pessoa, 2012).

Para além de diversas iniciativas de apoio às escolas e às equipas dos projetos, a formação de professores constituiu sempre um objetivo prioritário, tendo sido realizada sobre um modelo

de descentralização e contextualização que pressupôs a criação de uma rede integrada pelo centro e pelas escolas associadas mas também envolver os professores destacados aos projetos e estimular à criação de uma comunidade de partilha, de forma a implementar um espírito de mudança educativa.

Receberam formação 8700 professores e verificou-se que a formação mais procurada pelos professores das escolas centrou-se em quatro áreas: processador de texto; produção de websites; WWW, email, IRC; e integração curricular das TIC, visto que alguns projetos necessitavam que os professores tivessem mais formação na área das TIC para uma melhor integração na prática pedagógica, sendo a sua formação neste domínio considerada “ainda como insuficiente” (DAPP, 2002 apud Carvalho & Pessoa, 2012).

O Programa Nónio Século XXI terminou a 1.ª fase em 2000. Contudo, muitos dos projetos plurianuais financiados só terminaram em 2001 e os CC mantiveram-se. Como balanço final, foi concluído que os CC constituíram “o garante para um desenvolvimento qualitativo” dos projetos das escolas, ajudando-as a refletir “sobre metodologias e formas de os professores incluírem as TIC no trabalho com os alunos” (DAPP, 2002 apud Carvalho & Pessoa, 2012). Foram poucos os casos em que o desempenho não foi positivo, sendo identificada como causa a ausência de professores requisitados (idem).

Os CC salientaram como aspetos facilitadores da execução dos projetos de escola: o envolvimento e empenho de professores e alunos na sua execução; os recursos materiais que permitiram aumentar o equipamento informático das escolas e o acesso dos alunos aos espaços informáticos; sendo significativo para o desenvolvimento do projeto o facto de existir um coordenador ou um professor com tempo atribuído para a execução do projeto (DAPP, 2002 apud Carvalho & Pessoa, 2012).

Concluindo, estas duas iniciativas tecnológicas (Minerva e Nónio), apesar dos onze anos de diferença entre ambas, aproximam-se nos objetivos e nas áreas de intervenção prioritárias. Os pontos prioritários consistem no apetrechamento das escolas, a criação de software utilitário/ educativo e a formação de professores, aliadas ao aumento e disseminação das TIC em educação, designadamente através de projetos de investigação que permitam uma efetiva e real integração curricular das TIC.