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1.4 Pensamento de inovação e Geografia

1.4.1 Inovação socioespacial

É necessário repensar o processo de inovação que não seja exclusivamente a partir de suas dimensões tecnológicas ou socioeconômicas, mas um conjunto de ações (sociais, culturais, políticas, econômicas, históricas). Para isso será exposto um conjunto de ideias e conceitos sobre o espaço que permitam um desenvolvimento endógeno baseado em uma ontologia comunitária, que não busque apenas soluções de mercado, mas reflexões multidimensionais sobre a inovação social e o desenvolvimento territorial no dizer de Nilton Santos.

Não obstante, a teoria da difusão de inovação poderia tornar-se um instrumento útil se pudesse trabalhar-se sistematicamente em diferentes níveis espaciais e com sistemas temporais nos quais o tempo estudado fosse o tempo concreto e objetivo. Este é, na verdade, o tempo da história real tal qual é vivida pelos homens. É através da prática humana que se pode retornar à teoria; e as regularidades não serão encontradas a priori, mas emergirão de um processo progressivo de redução, no qual as qualidades individuais darão lugar às qualidades tidas em comum. É assim que os conceitos serão encontrados e a teoria construída. O retorno à realidade – isto é, às realidades particulares de cada país, região ou lugar – ocorrerá, então através da aplicação de modelos para os quais a prática humana de novo tornará o guia essencial (SANTOS 2003, p. 67, grifos do autor).

Espaço é indispensável em uma composição, em que se pressupõe a mudança na estrutura comunitária propensa ao desenvolvimento territorial e o modo pelo qual os elementos constituintes do todo se dispõem e se integram para a inovação social. Esse espaço produzido é, assim, revelador no strictu sensu das relações sociais produzidas no tempo-espaço, uma realidade social. Moulaert (2010) o define como complexo, onde numerosas ações se realizam para compô-lo – o todo social – e esse, por sua vez, é composto por estruturas que não são preexistentes, mas formadas pelos fenômenos sociais duráveis e relativamente superiores aos objetos e eventos, que se incluem nas estruturas estabelecendo uma hierarquia. Por fim, esse espaço apresenta diferentes relações que Moulaert define como realismo estrutural baseado no pensamento de Sayer (1992). Para o autor, estruturas são:

This does not mean that structures are pre-existing to social phenomena; in fact, structures are institutionally mediated and historically as well spatially reproduced through both collective and strategic individual action. Still the conceptual nature of structures, institutions and agency is pre-informed by the theory that has analytically conceived them. This means that within a critical-realist perspective several theories referring to the same or cognate concepts should be confronted and brought into dialogue with each other. A theory privileging the analysis of structures in social reality can also serve as a meta-theoretical framework, which sets in a way the borderlines within which particular objects and their relations can be analyzed (MOULAERT, 2008, p. 104)17.

A partir desta visão, o autor demonstra que o espaço ganha outra dimensão nas políticas de desenvolvimento, na busca por estratégia de desenvolvimento ou do desenvolvimento territorial integrado, cujo resultado é uma ontogênese parte da produção social do espaço em uma concepção de espaço produzido. Essa ideia de Moulaert se aproxima da de Brandão quando este pontua que:

O espaço é unidade privilegiada de reprodução social, encarnação de processos diversos e manifestação de conflitualidades. Seu tratamento, portanto, deve se afastar dos tratamentos que pensaram estruturas sem decisões de sujeitos ou atores sem contexto estrutural. Os espaços são construções (sociais, discursivas e materiais), portanto sua análise deve se basear na interação entre decisões e estruturas, nas articulações entre microprocessos, microiniciativas versus macrodecisões nas várias escalas espaciais em que se estruturam e se enfrentam os interesses em disputa (BRANDÃO, 2011 on-line, [s.p.]).

Esse espaço, resultado de um movimento desigual e combinado, é uma totalidade social, pois é produto da sociedade. Santos (2009) define espaço como um conjunto indissociável de sistemas, de objetos e ações. Esses objetos e ações apresentam um conteúdo técnico e também histórico, ou elementos fixos e fluxos que podem ser afirmadores ou, ainda, tornarem-se transformadores. Assim, o espaço apresenta estrutura, sistemas e processos e é, ao mesmo tempo, construído e reconstruído pela

17 Não significa que as estruturas são pré-existentes aos fenômenos sociais, de fato elas são

institucionalmente mediadas e historicamente, bem como espacialmente reproduzidas através de ações individuais tanto coletivas quanto estratégicas. Além disso, a natureza conceitual das estruturas, instituições e agência, são pré-informadas pela teoria que analiticamente as concebeu. Isso significa que dentro de uma perspectiva crítico-realista, diversas teorias, referindo-se aos mesmos ou a conceitos cognatos, deveriam ser confrontadas e trazidas para dialogarem entre si. Uma teoria que privilegie a análise das estruturas em realidade social pode também servir como uma estrutura meteórica, que estabelece de um modo os limites dentro dos quais os objetos particulares e suas relações podem ser analisadas. (Tradução nossa)

sociedade, apesar de não ser considerado pronto sem se questionar e ponderar o contexto histórico e sem perder a perspectiva do universo pessoal conjugado, que também pertence ao indivíduo como pessoa e cidadão de uma sociedade cada vez mais técnica. Portanto, as ações sociais que constituem o espaço podem se revelar, ao passo em que se podem interferir nele com mudanças de seus objetos, ações e técnicas, redefinindo, assim, sua configuração espacial (SANTOS, 2009a) por políticas públicas que possibilitam a inovação social e transformações territoriais.

A expressão Território tem se tornado banal, pois é usada frequentemente em debates acadêmicos, movimentos sociais, nas políticas públicas e mesmo na vida cotidiana. No senso comum, tudo se territorializa, mas nesse ponto voltar-se-á o olhar com mais atenção para esse conceito, que particularmente tem incorporando as contribuições advindas da Geografia como campo de diálogo entre diferentes perspectivas que analisam o desenvolvimento territorial sob a ótica da inovação social. Inicialmente, pode-se pontuar que escrever sobre território sempre será uma relação de poder (SOUZA, 2000).

Assim, o conceito território será fundamental nas análises bem como conceitos derivado das relações territoriais e ao mesmo tempo fundamentais nas relações sociais que produzem o território ou originados desta relação como: territorialidade, territorialização, difusão, atores sociais, efeito territorial, capital territorial, inovação sociespacial e efeito do lugar.

O território é um modelo “remodelado” constantemente por uma sociedade em transformação de seu espaço (objetos e ações). Logo, implica em uma forma de poder, relações econômicas, culturais e ambientais constituído por redes e nós (RAFFESTIN, 1993). Haesbaerst (2010) diz que, além do poder, o território tem componentes culturais e econômicos. Saquet (2004) também considera a natureza como territorial, assim, ao ser articulado por políticas públicas, ele pode ser capaz de produzir mudanças nas inércias espaciais, pois se muda o poder e modo de regulação social e o modo de organização social. Dessa forma, pode levar a mudanças no tempo-espaço e ultimar transformações na estrutura social e nos processos humanos. O conceito de território estabelece uma dialética de existência e transformação, uma vez que privilegia as relações sociais, as redes, a cultura e o cotidiano (FERNANDES, 2009). Segundo Raffestin (1993, p. 143), “ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente, o ator territorializa o espaço”, uma relação que provoca uma ação relacional de transformações.

A territorialidade, baseando na identidade deve ir além de certos números critérios desenvolvida pela sociedade ao se relacionar com seu território. Esta emerge de um processo de territorialização, que envolve uma qualidade associado a forma de estabelecer e viver em um território, desta forma “é uma qualidade relacional dependente tanto do tipo de vínculos que a natureza dos corpos envolvidos possa chamar a estabelecer” (SOLINÍS, 2009, p. 267). Assim qualidade necessária para a construção de um território (SAQUET, 2010) vinculada ao poder, mas também vínculos de vivencia em grupo e de pertencimento a um local também de laços relacionais amplos quer sejam culturais, ambientais, econômicos e solidários.

Nesse quadro de conceitualização, a inovação socioespacial é um elemento fundamental na análise da possibilidade de deflagração de um processo de remodelamento institucional. A inovação social, porém, não deve ser identificada como conhecimento e novidade que se formam e se propagam para sintetizar o papel do território (SANTOS, 2009) com relações determinísticas capazes de conhecerem o estado presente do território, sem que haja uma predição do futuro ou uma repetição do passado, como se fosse um museu de grandes novidades, uma visão sedutora na sua simplicidade, mas inexistente na realidade, pois tempos – espaços são complexos.

A difusão da inovação social está associada à mudança de orientação ou experiências de vida, ou seja, a construção social de novas opções, a criação de novas institucionalidades, bem como mudanças comportamentais em ambientes coletivos e locais, como os territórios, para a satisfação de necessidades básicas ou superação de problemas sociais (HOWALDT, 2010), sejam estes de múltiplas dimensões, tais como: econômico, social, cultural, ambiental, etc. Considerando a inovação social e a difusão territorial, Fontan não nega a finalidade da difusão, mas traz outras considerações sobre a origem e sua estrutura espacial e territorial, e estabelece relação entre eles, como demonstra em:

Notre approche théorique induit que le processos d’innovation a une incidence forte sur la définition ou sur la redéfinition de la territorialité. A contrario, nous sommes conscient que les zones de diffusion d’um usage social apparaissent saccadées et décalées dans le temps et dans l’espace. Il n’y a donc pas automatisme dans le processus de propagation d’une innovation qui permettrait une diffusion linéaire et généralisée de son usage. Cette situation de diffusion parfaite est rarement a rendez-vous. Nous voyons dans cette non-linéarité de la diffusion manifestation concrète de l’effet territoire. Si l’innovation a un effet sur le territoire, le territoire a

aussi une incidence sur la capacit de mener ou non à termes des démarches innovantes (FONTAN, 2011, p. 25)18.

Território e desenvolvimento são, assim, polissêmicos e ligados à transformação das instituições e à questão do empoderamento aos excluídos das necessidades básicas, com relações sujeitas a novas realidades territoriais de caráter complexo. A noção de poder que o conceito de desenvolvimento territorial introduz é concebida dentro de uma visão de coesão social, de alteridade de solidariedade (FONTAN, 2011) e autonomia entre atores sociais que produzem e reproduzem suas relações no território.

O poder é um elemento central na discussão do desenvolvimento e tem de ser instrumentalizado em um processo que atribua participação às comunidades que constituem o território; nesse contexto, constitui-se um processo de empoderamento que também atribui poder apoiando ativamente aos desprovidos de participação e ação para que estes se envolvam como atores legítimos do desenvolvimento.

O território, por sua vez, podem ter uma ação de desenvolvimento, como ilustra a fábula dos pastores em um pasto comum. Wilham Lloyd, demógrafo inglês, contou em um panfleto de 1883 a fábula de um pastor que chegou a um pasto baldio e resolveu criar carneiros. Percebeu que o custo era zero e, sem restrições, pois não havia poder que regulava aquele espaço. Outros pastores, seguindo essa lógica, fizeram o mesmo e o resultado foi a destruição do pasto (PÁDUA, 1989). Nesse exemplo, o espaço banal e não regulamentado descrito na fábula não pode ser considerado um território, pois falta uma ação democrática capaz de constituir o poder para regulamentá-lo em função do bem comum e a ideia de uma territorialidade autônoma aparece como objetivo para se conquistar um novo modelo de desenvolvimento de baixo para cima (SOUZA, 2000, p. 90). Portanto, de forma científica, não é qualquer espaço local, no sentido de pertencimento ao mundo, que pode ser considerado um espaço-território; é preciso conhecer sua organização, modo de regulação e seus atores com sua atuação.

18 Nossa abordagem teórica é a de que a inovação social tem um forte impacto sobre a definição ou

redefinição do território. Ao contrário, estamos conscientes das zonas de difusão de uma inovação social e surgem irregularidades sociais deslocadas no tempo e espaço. Assim, não existe qualquer processo de automação e propagação uma inovação que permitirá a difusão de forma linear e de uso generalizado. Essa difusão perfeita é difícil de ser encontrada. Observamos assim, a não linearidade da difusão, uma manifestação concreta do efeito territorial. Embora a inovação tenha um efeito sobre território, o território também tem um impacto sobre a capacidade de realização ou condições de abordagens inovadoras. (Tradução deste autor).

Para Guy Di Méo e Pascal Buléon (2005), o ator social não é um mero habitante do território, pois ele sabe “o que é”, ou seja, que ele possui intencionalidade, e individualmente ou em grupos possui sua subjetividade nos seus decursos espaço- tempo, por meio de ações ou representações, assim, territorializando o que a ele concerne, e em constante transformação e disputa. Entende-se, portanto, que a questão da identidade e do território está conectada com uma ontologia também social, mas estabelece um relacionamento lógico ou de dependência da governança que apresenta um significado amplo do estado e da sociedade.

Os autores mencionados acima classificam os atores em: endógenos (local), que também pode ser exógeno (externo) ou de transição (interior e exterior ao mesmo tempo) e local; sem nenhuma ordem de atuação ou interesses determinantes. Di Méo e Buléon (ibidem) advertem: il met en garde contre des “analyses trop systématiques et trop réductrices des phénomènes que l’on observe” et le risque de mort du sujet “transforme en marionnette des structures19. Dessa forma, aquém dos atores, consideram o contexto e as estruturas nesse processo territorial, sendo, portanto, um ato dialético. Nesse encadeamento se encontra a territorialização, que será um elo importante para promover as sinergias necessárias ao desenvolvimento com inovação social e essencial para a promoção do capital relacional do território.

A relação território e inovação social é pouco descrita na bibliografia, mas para Fontan (2011) é de primordial importância pensar nessa relação para se resolver as graves questões da contemporaneidade entre estes um desenvolvimento sustentável e inclusivo. Pressupõe-se que dessa questões emergem diversos problemas que são territorialidades, dos quais serão citados alguns que são importantes nos campos social, político, econômico e intelectual, tais como: disputa de recursos naturais, disparidade de gênero e etnias, migratórios, segurança alimentar, exclusão socioespacial e o não desenvolvimento, sendo que estes não são originários de nossa época, mas persistentes ou aprofundados, ou ainda ressignificados na sociedade da técnica, da ciência e da informação. Fontan (2008b) responde a essas perguntas ao se referir ao território como aquele capaz de estabelecer a estrutura do novo tecido social. Sem território não há sociabilidade e a sociabilidade leva à territorialização.

19 ”análise sistemática também demasiado reducionista dos fenômenos que podem ser observados” e do

No âmbito da dimensão social da inovação, todas as ações individuais, grupo organizacional e institucional assistem a construção de novos cursos sociais. Nesse sentido, Fontan denomina efeito territorial (effet territoire):

Par effet territoire, nous entendons que le territoire constitue un lieu instituant, c’est-à-dire qu’il agit sur le processos d’émergence et de consolidation d’une idée nouvelle, d’une invention ou d’une création. Cette influence, nous considérons qu’elle se produit de façon ambivalente puisque des éléments constitutifs du territoire, telle la configuration des rapports sociaux, agissent de façon contradictoire: soit pour faire respecter l’ordre établi et repousser la nouveauté; soit pour développer des actions qui en faciliteront la promotion. Par cette deuxième voie, le territoire devient instituant. Il contribue ainsi au dépassement de l’ordre institué. Le territoire, en accueillant et en incubant de la nouveauté, devient une scène où se construisent dans la coopération et le conflit des éléments pouvant éventuellement conduire à l’adoption nouveaux comportements sociétaux’[...] (FONTAM, 2011a, p. 201-25)20.

Para Fontan (2008b), esse efeito territorial é produzido por mudanças nas relações e atitudes sociais, que consistem na capacidade de estruturação, de adquirir uma forma de ação, provocando a definição de novas trilhas ou formas de integração do sistema (path shaping ou path building) Para produzir essas transformações territoriais, Fontan (2011) destaca as mudanças nas relações sociais ou na riqueza social. Influenciado pelo sociólogo Thorstein Veblen21, o estudioso define que são respostas coletivas o que determina a conduta de vida, pois contêm o germe da mudança no seu amplo aspecto, tais como cultural, político, sociabilidade, institucional; enfim, nos

20 Por “efeito território”, nós entendemos que o território constitui um lugar instituinte, ou seja, que ele

age no processo de emergência e consolidação de uma ideia nova, inovação ou de criação. Consideramos que essa influência se produz de maneira ambivalente, uma vez que elementos constituintes do território, dada a configuração das relações sociais, agem de maneira contraditória: seja para impor a ordem estabelecida e rejeitar o novo, seja para desenvolver as ações que facilitarão a promoção. Por essa segunda via, o território se torna protagonista. Ele contribui dessa forma para a superação da ordem instituída. O território acolhendo e incubando o novo, se torna uma cena onde se constrói na cooperação e o conflito dos elementos podendo eventualmente conduzir à adoção de novos comportamentos sociais (Tradução deste autor).

21 Thorstein Veblen Bunde foi um economista americano, sociólogo e um dos líderes do movimento

economia institucional. Além de seu trabalho técnico, ele era um crítico popular e espirituoso do capitalismo, como mostrado por seu livro mais conhecido A Teoria da Classe Ociosa (1899). Sobre sua teoria Fontan (2003, p. 119) salienta que: En effet, pour lui, non-seulement les technologies ont-elles une incidence sur l’environnement culturel et institutionnel, mais cet environnement institutionnel exerce lui-même un effet sur les technologies. Il y aurait ainsi une forme de réciprocité d’effets entre le contexte social et les technologies (ou l’innovation, terme que nous préférons, mais que Veblen n’utilise presque pas).

elementos que serão importantes para a construção do território, assim também provocando mudanças no espaço-tempo.

Interpreta-se por território que, de uma forma complementar, a ideia de mudanças nas relações sociais estabelecem bens disponíveis, patrimônio imaterial e material, chamado de capital e advindo da história e das relações sociais que, ao mesmo tempo, são constituintes e constituídos no processo de territorialização. Assim, esse capital social pode ser um suporte ao desenvolvimento no momento em que ele traz riquezas mercantis e não mercantis e também ser produzido e/ou, modificado. As diversas divergências pesam sobre esse conceito, pois para alguns existe assimetria nas relações sociais, de foco político, como para Bourdieu (1979, 1980); para outros, existem simetrias nas trocas sociais, com foco utilitarista e econômico, como para James Coleman, citado por Higgins (2005). Mas a similaridade entre as propostas pode ser definida, “duas perspectivas são convergentes na ideia de que as relações sociais constituem um patrimônio (não visível), mas altamente eficaz, a serviço dos sujeitos sociais, sejam estes individuais ou coletivos”. (HIGGINS, 2005, p. 10).

Continuando essa análise crítica, considera-se a existência de diversos capitais, não apenas o social e entende-se que estes devem ser percebidos pela perspectiva do poder e uma compreensão do agir coletivo e de construção da vontade comum. Para Moulaert (2005), esses capitais, que servem para o empoderamento nas relações sociais, deveriam incluir tensões, variedade, e apoiar várias atividades humanas.

Para uma prospectiva crítica do desenvolvimento territorial, o autor mencionado propõe que o capital territorial seja visto de forma relacional e múltiplo, que amplia o conceito de riqueza coletiva que assume o caráter de diferentes capitais e as relações entre eles como variadas e diversas estruturas que compõem o território, mobilizados pelas territorialidades. Propõe também a diferenciação, e admite quatro tipos de capital: ambiental, social, humano e privado, cuja separação tem caráter sinérgico, e que devem ser observados nas formas históricas de relação.

A uma provocação do autor, ao referir ao capital territorial como algo sujeito a críticas, remete a possibilidades de mudanças a partir do local, não apenas utilizando a lógica do mercado. No Quadro 2 será apresentada a definição de cada uma das categorias do capital, suas relações se dão na realidade de diversas formas dependendo do contexto espacial. Sabe-se que, na realidade, esses conceitos de capital podem