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Capítulo 3 – Metodologia de Investigação

3.4. Técnicas de recolha de dados

3.4.2. Inquérito por questionário

A utilização de um inquérito por questionário, no dizer de Bell tem como objectivo “obter respostas de um grande número de indivíduos às mesmas perguntas, de modo que o investigador possa descrevê-las, compará-las e relacioná-las e demonstrar que certos grupos possuem determinadas características”. (2008, p.27)

O inquérito por questionário foi uma das técnicas de recolha de dados utilizada no nosso estudo, tendo sido administrado, no ano letivo 2012/2013, a 219 professores pertencentes aos departamentos curriculares dos dois agrupamentos de escolas selecionadas

Segundo Ghiglione e Matalon “o inquérito é uma técnica relativamente simples de aplicar”, apresentando ainda a vantagem de “ser praticamente o único método que podemos, se necessário, aplicar em grande escala, escolhendo os indivíduos”. (2005, p. 14)

De acordo com Sousa, o questionário é considerado “uma técnica de investigação em que se interroga por escrito uma série de sujeitos, tendo como objectivo conhecer as suas opiniões, atitudes, predisposições, sentimentos, interesses, expectativas, experiências pessoais, etc”. (2005, p.204) Todavia, o inquérito por questionário apresenta, também, limitações a que o investigador terá de estar atento, nomeadamente: não permite adaptar as questões às características individuais do inquirido; não permite, por parte do investigador, pedir esclarecimentos sobre assuntos que tenham ficado menos claros, para si; não garante que as respostas tenham sido dadas individualmente ou sem recurso a consulta de documentos. (Pardal e Correia, 1995)

Segundo Bell o grande objectivo do inquérito:

é obter informações que possam ser analisadas, extrair modelos de análise e fazer comparações”, sendo que na “maior parte dos casos, num inquérito propõe-se obter informações a partir de uma selecção representativa da população e, a partir da amostra, tirar conclusões consideradas representativas da população como um todo. (2008, p.26)

Na elaboração do questionário evitamos torná-lo extenso e optamos por utilizar uma linguagem clara e precisa para evitar duplas interpretações na mesma questão. Privilegiamos as questões predominantemente fechadas, uma vez que “do ponto de vista da análise dos resultados, as questões fechadas são, a priori, as mais cómodas” (Ghiglione e Matalon, 2005, p.116).

Considerando a opinião de Bell, quando diz que “todos os instrumentos de recolha de informação devem ser testados para saber quanto tempo demoram os receptores a realizá-los; por outro lado, isto permite eliminar questões que não conduzam a dados relevantes” (2008, p.128), realizamos uma validação interna e uma validação externa ao inquérito por questionário.

Para realizarmos a validação interna solicitamos a um especialista da área, que tendo conhecimento prévio da problemática do nosso estudo, bem como, das questões, objectivos do estudo e das características dos participantes a inquirir, se manifestou sobre a adequação, clareza e rigor das questões. Mediante as sugestões do especialista, efetuámos as alterções sugeridas e, posteriormente, submetemos o questionário a um processo de validação externa.

No que concerne à validação externa e tendo presente as palavras de Quivy e Campenhoudt de que

para nos assegurarmos de que as perguntas serão bem compreendidas e as respostas corresponderão, de facto, às informações procuradas é imperioso testar as perguntas. Esta operação consiste em apresentá-las a um pequeno número de pessoas pertencentes às diferentes categorias de indivíduos que compõem a amostra (2003, p.182),

selecionámos uma amostra de vinte e oito docentes a quem foi enviado um questionário on-line com um conjunto final de questões que nos apoiaram no processo de validação, a saber: “1. Quanto tempo levou a completar o questionário? 2. As instruções eram claras? 3. Achou alguma questão pouco clara ou ambígua? Se sim, qual(ais) e porquê? 4. Opôs-se a responder a alguma questão? 5. Na sua opinião, foi omitido algum tópico importante?” (Bell, 2008, p.129), entre outras. Os dezanove respondentes ao questionário piloto não sugeriram alterações ao mesmo, pelo que o passo seguinte foi a administração do questionário aos professores participantes no nosso estudo.

Após a validação do questionário procedemos à aplicação do inquérito por questionário, tentamos abranger todos os docentes dos quatro departamentos curriculares dos dois agrupamentos que participaram no nosso estudo. Neste sentido solicitamos aos respetivos coordenadores que permitissem administrar os questionários numa reunião de departamento, o que aconteceu, no agrupamento Poente no mês de maio e no agrupamento Nascente no mês de julho.

O questionário (Anexo 4) encontra-se organizado em três partes: Parte I – Caracterização Pessoal e Profissional, cujo o conjunto de questões permite caracterizar o professor inquirido quanto a aspetos pessoais e profissionais relevantes para o estudo.

Na questão referente ao tempo de serviço docente, optou-se por delimitar os intervalos de tempo utilizados de acordo com um estudo realizado por Huberman que identificou as fases ou os estádios principais que os professores atravessam ao longo da carreira docente. Estas são: Entrada na Carreira (1 a 3 anos de serviço); Estabilização (4 a 6 anos de serviço); Diversificação (7 a 14 anos de serviço); Questionamento (15 a 24 anos de

serviço); Serenidade/ Afastamento (25 a 34 anos de serviço);

Conservadorismo/Desinvestimento (mais de 35 anos de serviço). (Herdeiro e Silva, 2009)

Parte II - Desempenho do Coordenador de Departamento, surge um conjunto de questões que pretende recolher dados sobre perceções do professor inquirido em relação ao exercício das funções de coordenador e sobre a influência do coordenador nas dinâmicas do trabalho docente ao nível do departamento curricular a que pertence. Nesta parte utiliza-se a Escala de

Likert, com cinco possibilidades de resposta (discordo totalmente, discordo, não discordo nem concordo, concordo e concordo totalmente) e das quais o

inquirido tinha de seleccionar uma.

Parte III - Caraterísticas de liderança, as questões pretendem identificar caraterísticas que os docentes respondentes consideram essenciais para reconhecer liderança ao coordenador de departamento e quais aquelas que são consideradas menos importantes.