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A INSTÂNCIA NATURAL DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA DO SUL

CHOEIRA DO SUL/RS

3. REVISÃO TEÓRICA: ESPAÇO – TEMPO, RUGOSIDADES, PAISAGEM E PA TRIMÔNIO CULTURAL

4.2. A INSTÂNCIA NATURAL DO MUNICÍPIO DE CACHOEIRA DO SUL

O município de Cachoeira do Sul está localizado na Depressão Central do Rio Grande do Sul. Também conhecida como Depressão Central Gaúcha, caracteriza-se por ser uma área sem grandes variações altimétricas, cujas maiores cotas se situam em torno de 200 m, predominado as amplas e alongadas formas de topos convexos ou planos, cujas encostas caem suavemente em direção aos vales, conhecidas, re- gionalmente, como coxilhas.

Na área que se estende entre Cachoeira do Sul e Santa Maria, o relevo apre- senta topo plano, onde o nivelamento dos topos mostra truncamento das rochas, cujo fato pode estar relacionado à presença de rochas mais resistentes, que funcio- nariam como camada mantenedora ou seriam remanescentes de um pediplano. (ROHDE, 1998).

O município apresenta em seu território a ocorrência dos três “grandes domí- nios geológicos da região sul do Brasil", são eles: a cobertura sedimentar cenozóica (depósitos dos rios Jacuí, Vacacaí e afluentes); o planalto da bacia do Paraná ao norte (derrames basálticos e sedimentos cretáceos); e os terrenos pré-cambrianos ao sul (Escudo-Sul-rio-grandense, ou Serra do Sudeste). (ROHDE, 1998).

De acordo com o IBGE (2015) o município apresenta três tipos de solos: Ar- gissolo Vermelho, Neossolo Litólico e Planossolo Háplico (Figura 10). O Argissolo Vermelho apresenta cores vermelhas acentuadas devido a teores mais altos e à na- tureza dos óxidos de ferro presentes no material originário, fertilidade natural variá- vel devido à diversidade de materiais de origem, ocorrem geralmente em áreas de relevo ondulado, mas podem ser identificados em áreas menos declivosas, o que favorece a mecanização. As principais limitações são os declives dos terrenos mais acidentados e a deficiência de fertilidade. (EMBRAPA, 2013).

O Neossolo Litólico corresponde a solos rasos, cuja soma dos horizontes so- bre a rocha, normalmente, não ultrapassa 50 cm. Associados a relevos mais decli- vosos, suas limitações estão relacionadas a pouca profundidade, presença da rocha e aos declives acentuados, cuja mecanização eleva o risco a erosão. (EMBRAPA, 2013).

No município de Cachoeira do Sul, o Neossolo Litólico está associado ás áreas de Escudo Cristalino, cujos solos são pouco desenvolvidos, pouco profundos, que possuem o horizonte A sobre a rocha-mãe. (ROHDE, 1998).

Figura 10 – Mapa de Solos do município de Cachoeira do Sul, em 2017.

Fonte: Mapa de Solos do IBGE, 2001. Org: Lisane Regina Vidal Conceição.

Os solos do tipo Planossolo Háplico têm como características serem bem abastecidos de bases, o que lhes confere elevado status nutricional, entretanto pos- suem sérias limitações de ordem física relacionadas, especialmente, ao preparo do solo e à penetração de raízes devido ao adensamento. Em condições de adensa- mento e em função do contraste textural, estes solos são muito susceptíveis à ero- são. No Rio Grande do Sul são explorados com a cultura do arroz e pastagens. (EMBRAPA, 2013).

O grupo Planossolo representa solos típicos de áreas baixas com acesso a água, derivados de sedimentos quaternários e situam-se na área de relevo do rio Jacuí e seus afluentes (MOSER, 1990).

A cidade de Cachoeira do Sul está localizada na planície do rio Jacuí, cujos solos, de modo geral, são profundos e drenados; e sua morfoestrutura está condici- onada a dinâmica sedimentar do rio Jacuí. As cotas altimétricas da área urbana va- riam entre 26m e 120 m de altitude, com relevo levemente ondulado. (JUSTUS et al., 1986).

No que diz respeito à potencialidade agrícola do município Moser (1990) menciona que apresenta potencialidade restrita para culturas, especialmente em relação ao excesso de água na planície do Jacuí e seus afluentes e às propriedades físicas relacionadas ao processo de erosão da parte sedimentar (bacia do Paraná).

A localização do município de Cachoeira do Sul, por abranger diferentes for- mações geomorfológicas, apresenta uma vegetação extremamente rica e diversifi- cada como região da Savana (Atividade Agrícola, Gramíneo-lenhosa e Parque) loca- lizada ao sul, áreas de Tensão Ecológica na porção norte e adjacente a sede muni- cipal e, Floresta Estacional Decidual no centro norte e nas margens dos afluentes do rio Jacuí, conforme Figura 11. (MALUF et al.,1994).

A Savana Atividade Agrícola compreende a área utilizada especialmente para fins agrícolas. A Savana Parque de natureza antrópica é encontrada em todo o país e na Savana Gramíneo-Lenhosa prevalecem os gramados entremeados por plantas lenhosas raquíticas mais resistentes ao pisoteio do gado e ao fogo. (IBGE, 2012).

Ainda de acordo com Maluf et al (1994) a Formação Gramíneo –Lenhosa é a mais extensa da região da savana, sendo caracterizada por um tapete herbáceo, com predomínio de gramíneas, onde se encontra distribuído regular número de plan- tas lenhosas, principalmente arbustos e árvores, ora isolados, ora sob forma de ca- pões, acompanhados ou não de mata galeria ao longo dos rios.

Figura 11 – Mapa de Vegetação do município de Cachoeira do Sul, em 2017.

Fonte: Mapas de Vegetação do IBGE, acesso em março de 2017. Org: Lisane Regina Vidal Conceição.

A Floresta Estacional decidual é a subformação Aluvial que reveste os terra- ços aluviais da depressão central do Rio Grande do Sul, ao longo dos rios Jacuí, Ibicuí, Santa Maria e seus respectivos afluentes. As áreas de Tensão Ecológica ca- racterizam-se pela forma de enclave, onde a flora de cada região preserva sua iden- tificação florística sem se misturar. (MALUF et al., 1994).

A região sul do Brasil apresenta clima mesotérmico do tipo temperado e se caracteriza por certa homogeneidade e unidade de fatores e de processos genéticos que atuam sobre suas condições de tempo. A média de precipitação para a área de Cachoeira do Sul varia em torno de 1.512mm/ano, sendo os meses mais chuvosos junho-agosto-setembro (inverno), e os meses menos chuvosos novembro-dezembro- março (verão). A temperatura média anual é de 18º C. (NIMER, 1990).

Segundo o sistema de Köppen, o estado do Rio Grande do Sul se enquadra na zona fundamental temperada ou "C" e no tipo fundamental 'Cf" ou temperado úmido. O clima "Cf" se subdivide em duas variedades específicas, ou seja, "Cfa" subtropical e "Cfb" oceânico. (MORENO, 1961).

A variedade "Cfa" se caracteriza por apresentar chuvas durante todos os me- ses do ano e possuir a temperatura do mês mais quente superior a 22°C, e a do mês mais frio superior a 3°C. A variedade "Cfb" também apresenta chuvas durante todos os meses do ano, tendo a temperatura do mês mais quente inferior a 22°C e a do mês mais frio superior a 3°C.

Na classificação de Köppen, o clima de Cachoeira do Sul corresponde ao tipo “Cf”, temperado, com chuvas bem distribuídas durante o ano. Esta classificação in- clui-se no subtipo “cfa”, ou seja, subtropical, com temperatura média dos meses mais quentes superior a 22ºC, e a média dos meses mais frios varia entre -3 e 18ºC, conforme Figura 12. (ROHDE, 1998).

Figura 12 – Mapa do Clima de Cachoeira do Sul de acordo com a classificação de köppen, em 2018.

Fonte: Forest GIS, 2015.

Org: Lisane Regina Vidal Conceição.

Os cursos d’água do município de Cachoeira do Sul pertencem à região hi- drográfica do Guaíba que coincide com a bacia nacional do Atlântico Sudeste. A re- gião hidrográfica do Guaíba apresenta várias sub-bacias: bacia hidrografia do rio Gravataí, bacia hidrográfica do rio dos Sinos, bacia hidrográfica do rio Caí, bacia hi- drográfica do rio Taquari-Antas, bacia hidrográfica do Alto Jacuí, bacia hidrográfica dos rios Vacacaí-Vacacaí Mirim, bacia do Baixo Jacuí (bacia em que Cachoeira do Sul está localizada), bacia hidrográfica do Lago Guaíba e bacia hidrográfica do Rio Pardo, conforme Figura 13. (SEMA, 2017).

A Bacia Hidrográfica do Baixo Jacuí situa-se na porção centro-leste do estado do Rio Grande do Sul, abrange as províncias geomorfológicas Planalto Meridional, Depressão Central, Escudo Uruguaio-Sul-Rio-grandense e Planície Costeira (Interi- or). Possui área de 17.345,15 km², abrangendo municípios como Charqueadas, El- dorado do Sul, Guaíba, Minas do Leão, Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Santa Cruz do

Sul e Triunfo. Os principais cursos de água são os arroios Irapuã, Capané, Botuca- caí, Capivari, do Conde, dos Ratos, dos Cachorros, Ibacurú e o Rio Jacuí. Os princi- pais usos da água se destinam à irrigação (especialmente para produção do arroz), uso industrial e abastecimento humano. (SEMA, 2016).

Os principais cursos d’água do município de Cachoeira do Sul são as sangas da Porteira, Vista Alegre, Funda, da Areia e do Amorim; os arroios Piquirizinho, Jati- úca, Barriga, Taboão, Faxinal, Acangupá, das Palmas, do Boi, Bosque, Cambará, Tibiri Irapuazinho, Irapuá, Pedro e Paulo, Corina, Lajeado, Divisa, Capanezinho, São Nicolau, Capané, Mata-Sete, Piquiri, Tapereá e Iruí; e os rios Vacacaí, Irapuá, Jacuí e Botucaraí. (ROHDE, 1998).

Figura 13 – Mapa de localização da Bacia do Baixo Jacuí que compreende o município de Cachoeira do Sul, em 2017.

Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente - SEMA, DRH, 2008. Org: Lisane Regina Vidal Conceição.