O instrumento de coleta de dados foi elaborado fundamentando-se no conjunto de competências que devem ser expressas por um gestor público. O mapeamento das competências de gestão foi delineado a partir do referencial teórico apoiado em obras literárias de cunho acadêmico e científico; da análise de documentos disponíveis pela instituição e em técnicas de observações pela pesquisadora, seguindo as propostas metodológicas de Carbone et al. (2009) e Brandão e Bahry (2005).
O instrumento construído se apoiou no modelo gerencial proposto por Robert Quinn et al. (2003), em relação aos papéis de liderança abordados. A escolha do modelo refere-se ao argumento de ser considerado um dos mais importantes na história da gestão e de reconhecida validade confirmada por vários pesquisadores que desenvolveram trabalhos científicos no campo gerencial da esfera pública e privada. Algumas competências não tratadas no modelo em questão foram adicionadas, consideradas relevantes por diversos autores na aplicação da gestão pública. As competências mapeadas nos estudos de Souza (2002), Amaral (2006) e Maciel e Gonçalves (2009) foram utilizadas como referências e serviram de subsídio para complementar a elaboração do questionário, bem como aquelas identificadas na análise documental da instituição. A listagem de competências abordadas e as respectivas referências teóricas extraídas da literatura podem ser consultadas no Apêndice B desta dissertação.
O instrumento estruturado de coleta de dados, apresentado no Apêndice C, é composto por três blocos, a saber:
a) auto-percepção de competências: identificação do grau de importância e domínio das competências de gestão, as quais foram classificadas respeitando a proposta de Durand (1998)
nas dimensões conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) pertinentes às práticas gerenciais.
b) ações gerenciais: caracterização do perfil do gestor pesquisado segundo a classificação “administrador burocrático” ou “novo gerente”, mediante atuação profissional expressa; c) perfil sociodemográfico: constituído por dados gerais dos participantes da pesquisa. Corresponde a itens relativos a sexo, faixa etária, nível de escolaridade, função gerencial exercida e tempo de atuação na função/cargo gerencial.
Os blocos contemplam os seguintes tipos de questões:
questões baseadas em escala do tipo Likert: permitem ao entrevistado registrar a graduação dos itens apresentados, a partir de escalas adotadas. No Bloco 1 – Auto-Percepção das Competências Gerenciais, os itens 1.1 a 1.32 se enquadram nesta categoria. As escalas utilizadas para mensuração dos graus de importância e domínio serão detalhadas na próxima seção 3.6 deste estudo científico.
questão aberta: o entrevistado tem a possibilidade de relatar as competências gerenciais consideradas importantes em sua percepção e que não foram contempladas na pesquisa. O item 1.33, finalizando o Bloco 1, se enquadra nessa categoria.
questões fechadas de única escolha: o entrevistado assinala uma resposta dentre o conjunto de alternativas. A questão 2 do Bloco 2 – Ações Gerenciais, direcionada a diagnosticar o perfil do gestor público pesquisado; bem como os itens 3.1 a 3.5, pertencentes ao Bloco 3 – Perfil Sociodemográfico, relacionadas à identificação das características da amostra, se enquadram nesta categoria.
O instrumento de pesquisa foi construído para avaliar as variáveis envolvidas sobre o tema em questão e identificar a percepção dos gestores em relação ao desenvolvimento das competências. A proposta foi de apontar as lacunas que necessitam ser supridas e demandam maior aprendizagem pelos pesquisados.
Após a elaboração da versão preliminar do questionário estruturado, foi realizado um pré-teste da pesquisa no mês de junho de 2012 com um grupo da amostra de gestores. De acordo com Yin (2005, p. 104):
O pré-teste é a ocasião para um “ensaio” formal, na qual o plano pretendido para a coleta de dados é utilizado de uma forma tão fiel quanto possível como rodada final de testes.
Pasquali (1998) defende a importância da submissão do instrumento de coleta de dados a uma validação antes de sua aplicação ao universo de participantes da pesquisa. O procedimento visa o julgamento dos itens propostos quanto ao critério clareza semântica. Observando tal orientação, foram selecionados cinco gestores, lotados em diferentes setores administrativos, a fim de que apontassem críticas e possíveis dificuldades quanto à compreensão de enunciados, escalas de aferição e itens que compunham o instrumento de pesquisa inicialmente desenvolvido.
A partir do feedback dos gestores selecionados na etapa do pré-teste com o propósito de verificar as inconsistências, a fidedignidade e a validade do instrumento (LAKATOS; MARCONI, 2007), as adaptações pertinentes foram efetuadas procurando atender aos comentários relatados e possibilitar a construção de um questionário de pesquisa que demonstrasse clareza e objetividade aos participantes. Diante às sugestões consideradas alguns ajustes foram realizados: eliminação de item que apresentou alto índice pela opção ‘NS’ na escala adotada; reformulação na redação de itens que apresentavam ambiguidade na interpretação; desmembramento de um determinado item em dois itens para facilitar o entendimento; melhoria no layout de apresentação das questões para auxiliar na marcação da opção escolhida e outras pequenas observações indicadas pelos gestores.
Concluída a fase de pré-teste e elaborada a versão final do questionário, a pesquisadora distribuiu pessoalmente o instrumento de coleta de dados ao público alvo, em forma de documento impresso, dando início à pesquisa de campo no mês de julho de 2012. O tempo médio mensurado para o preenchimento do questionário pelos respondentes aproximava-se de 15 minutos.
A escolha pelo formulário estruturado foi consolidada por representar agilidade na obtenção das informações, padronização das respostas através das escalas adotadas e garantia do anonimato dos pesquisados. Lakatos e Marconi (2007) citam algumas vantagens ao escolher o questionário como recurso de coleta de dados: permite atingir um maior número de pesquisados simultaneamente, obter um maior número de dados para serem analisados, possibilitar ao entrevistado a escolha por horários favoráveis para o preenchimento do formulário e garantir maior liberdade aos respondentes em virtude do anonimato.