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PARTE II Investigação Empírica

Capítulo 4 Metodologia da Investigação

3. INSTRUMENTO DE RECOLHA DE DADOS

O questionário aplicado aos adolescentes da presente investigação teve como principais referências o estudo europeu dinamizado pela OMS intitulado Health Behaviour in School Aged Children (Currie et al., 2000, 2004), o projecto “Aventura Social” (Matos,

et al., 2000) e a investigação realizada em Valência por Balaguer (2002). Todos estes

estudos estão incorporados no projecto europeu supracitado e procuram estudar os estilos de vida dos adolescentes europeus e os contextos em que estes se desenvolvem (escola, família, pares e estruturas comunitárias).

Atendendo a que estas investigações abordam numerosas áreas inerentes aos comportamentos e atitudes dos jovens e os factores a eles associados, foram seleccionadas apenas as dimensões consideradas pertinentes para este estudo e acrescentadas algumas variáveis para o seu enriquecimento (Anexo 2).

Por tal facto, foi aplicado um questionário aos adolescentes constituído por um conjunto de questões que abordam as seguintes dimensões:

- Demográficas – incluem a idade, o sexo, frequência de ensino pré-escolar e meio de proveniência (questões 1 a 4);

- Caracterização do grupo familiar e suas condições socioeconómicas – questiona-se o tipo de família, a escolaridade e profissão dos pais (questões 5 a 13);

- Suporte familiar – pretende-se saber que tipo de suporte é fornecido pelos pais a nível da comunicação, dos afectos, do apoio nos assuntos escolares, das actividades de lazer vividas no seio da família e na existência de stresse familiar provocado pelo consumo de álcool dos pais (questões 14 a 21);

- Hábitos alimentares – explora os hábitos alimentares do adolescente relativamente ao tipo de refeições que efectua, aos alimentos que consome mais, ao local onde costuma almoçar, ao tipo de lanche que consome e opinião relativamente à influência da alimentação sobre a saúde e bem-estar (questões 22 a 28);

Exercício físico – questiona os adolescentes sobre os electrodomésticos existentes em casa relacionados com ocupação dos tempos livres (televisão, consola, vídeo) e tempo despendido com estes. Procura conhecer a prática de exercício físico fora do horário escolar (frequência, duração e intensidade) e modalidade praticada, assim como se questionam os adolescentes sobre a importância para eles da prática de exercício físico,

se o vão praticar no futuro e que influência este tem sobre a sua saúde e bem-estar (questões 30 a 37);

Tabaco – são questionados se já alguma vez experimentaram tabaco, sobre o padrão de consumo e forma como adquiriram o tabaco. É efectuada uma questão relacionada com o consumo no futuro (questão 44) e outra sobre a aquisição de conhecimentos através de acções de EPS sobre o consumo de tabaco (questões 38 a 47);

Álcool – questiona-se os adolescentes sobre se já experimentaram álcool, sobre o padrão de consumo e forma como adquiriram o álcool. Procura-se a sua percepção sobre as crenças acerca do consumo de álcool, sobre o seu consumo no futuro e que aprendizagens tiveram relativamente a esta temática (questões 48 a 58);

Corpo humano – pretende-se saber qual a percepção dos adolescentes acerca da sua condição de saúde actual e quais as suas ideias e crenças relativamente ao funcionamento do corpo humano (questões 61 a 64).

Por se tratar de um instrumento extenso e ser a primeira fase da sua aplicação, foi necessário efectuar um pré-teste de forma a avaliar as dificuldades de preenchimento por parte dos adolescentes. Com este procedimento pretendeu-se identificar eventuais lacunas no instrumento de colheita de dados e verificar a relevância, clareza da linguagem e dificuldades ao nível da compreensão/interpretação das questões aplicadas aos respondentes (Hill & Hill, 2005). Para tal, seleccionou-se uma turma do 5º ano de escolaridade constituída por 30 alunos, pertencentes à escola a partir da qual se seleccionou o grupo de controlo. De acordo com os supracitados autores, este tipo de estudo deve conter uma amostra de, pelo menos, cinquenta indivíduos. No entanto, por limitações, tanto a nível de tempo como de acesso a um maior número de alunos, foi necessário restringir a aplicação do pré-teste a apenas uma turma de 30 alunos.

A aplicação do questionário foi efectuada no dia 23 de Março de 2006 pela própria investigadora, com o objectivo de serem monitorizados o tempo, dúvidas e dificuldades decorrentes do seu preenchimento.

As principais limitações referidas pelos adolescentes prenderam-se, essencialmente, com o facto de o questionário ser extenso, com as dificuldades a nível de leitura e na selecção de apenas uma opção para cada uma das questões, existindo uma tendência natural para seleccionarem várias, nomeadamente na prática de desportos (questão 33). O tempo gasto no preenchimento dos questionários oscilou entre

os 30 e os 45 minutos (os que apresentavam maiores dificuldades de leitura foram os mais demorados), tendo os alunos referido que o preenchimento não foi difícil.

Após análise dos questionários, verificou-se a inexistência de rasuras ou questões não preenchidas. No entanto, foram efectuadas algumas aferições no sentido da simplificação da linguagem.

Com o intuito de garantir a uniformidade das condições de recolha dos dados e diminuir o tempo de preenchimento do questionário, foram realizadas reuniões entre a investigadora e os docentes que colaboraram no processo para explicação das regras e estratégias para a sua aplicação (Anexo3). Assim, ficou definido que antes da entrega do questionário os docentes explicariam aos alunos os propósitos e importância da sua participação no estudo, bem como as regras para o seu preenchimento. Os alunos foram tranquilizados relativamente ao volume do questionário, no sentido que este seria de fácil preenchimento e que dispunham de toda a aula para tal.

Aos alunos com dificuldades de leitura, poderia ser dada ajuda por parte dos docentes apenas na leitura das questões e nunca na orientação das respostas. Após todos terminarem o seu preenchimento, o docente procedia à leitura de todas as questões em voz alta, no sentido de garantir que todos os alunos interpretaram correctamente o que era pedido.