• Nenhum resultado encontrado

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

A coleta de dados, orientada pelos pressupostos teóricos anteriormente apresentados sobre análise de necessidades, deu-se por meio dos seguintes instrumentos:

● entrevistas semiestruturadas aplicadas aos alunos do curso em observação; ● observação de aulas;

● observação do material proposto pelo professor a cada aula, visto que a escola não adota livros ou qualquer material previamente formulado.

Inicialmente, havia sido planejada a aplicação de questionários para a coleta de dados desta pesquisa; assim, após testados, os questionários foram preenchidos pelos alunos. A participação destes, no entanto, foi realizada sem critérios e muitos responderam apenas às perguntas mais curtas ou que exigiam poucas palavras para a resposta, deixando algumas questões em branco por não quererem preencher, de fato, o questionário.

Adotei, então, após reflexão sobre os dados, ciência e concordância da minha orientadora, um segundo instrumento de coleta de dados: a entrevista semiestruturada, visto que, segundo Minayo (1994/2010, p.261), este é um instrumento tido

[...] acima de tudo [como] uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador, destinada a construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e abordagem pelo entrevistador, de temas igualmente pertinentes tendo em vista este objetivo.

Pensando, ainda, sobre a coleta de dados por entrevistas semiestruturadas, Martins e Bicudo (1994, p.54) declaram que esta

[...] é a única possibilidade que se tem de obter dados relevantes sobre o mundo-vida do respondente. Ao entrevistar-se uma pessoa, o objetivo é conseguir-se descrições tão detalhadas quanto possível das preocupações do entrevistado. Não é, tal objetivo, produzir estímulos pré-categorizados para respostas comportamentais. As descrições ingênuas situadas, sobre o mundo-vida do respondente, obtidas através da entrevista, são, então, consideradas de importância primária para a compreensão do mundo-vida do sujeito. A partir da perspectiva apresentada por Martins e Bicudo (1994) sobre a entrevista semiestruturada, é importante salientar sua importância para este trabalho

já que se objetivava alcançar descrições daquilo que os estudantes entrevistados pensam e sentem em relação às aulas de Leitura e Produção de Textos, ou seja, pretendo observar suas “descrições ingênuas” sobre a forma como encaram sua realidade escolar nas aulas de língua materna, obtendo, assim, a compreensão do sujeito sobre as questões investigadas. Para possibilitar tal compreesão, elaborei o roteiro de entrevista (ANEXO 1), que tinha por objetivo identificar o uso da língua e a relação que os estudantes estabelecem com a mesma a partir de sua realidade e vida escolar. Ao elaborar o roteiro, tinha clareza de que este serviria como um instrumento norteador da “conversa”, que colaboraria com o desenvolvimento das ideias, mas que não poderia, em momento algum, ser um fator a delimitar ou tolher as descrições, impressões e experiências descritas pelo entrevistado.

Foram realizadas 11 (onze) entrevistas, todas individuais, com duração aproximada de 15 a 20 minutos. As entrevistas foram gravadas em audio, tendo sido utilizado o recurso de gravação em aparelho celular do pesquisador. As entrevistas foram realizadas dentro do espaço físico da escola, todas em ambiente fechado, sala de aula, estando presentes apenas o pesquisador e o aluno participante. Alguns alunos preferiram chegar à escola antes do período escolar, que inicia as 14h10, para participar da entrevista; outros, ainda, se dispuseram a participar da mesma, no entanto, ao alegarem não poder chegar antes do horário de início das aulas, obtiveram autorização do professor que lecionava para a turma às segundas-feiras para se retirarem da sala e participar da entrevista – estas, realizadas durante as aulas de Programação 2.

Todos os entrevistados demonstraram bastante tranquilidade e calma ao responderem às perguntas e, em alguns momentos, pareciam não se perceberem como participantes de uma entrevista. Talvez o andamento das entrevistas tenha se dado desse modo pelo fato de que, embora não estivesse lecionando para essa turma no semestre em que as realizei, os entrevistados já me conheciam de anos anteriores ou de ocasiões em que havia substituído o professor de Inglês da turma por semanas sequenciais.

As aulas observadas aconteceram ao longo de dois semestres. No primeiro semestre, assisti às aulas quinzenais às segundas-feiras, a partir do mês de abril, totalizando 7 (sete) segundas-feiras, cada uma com duração de 1h40 (uma hora e quarenta minutos). No segundo semestre, foram observadas 8 (oito) aulas, às terças-feiras, entre os meses de agosto e novembro, com o mesmo tempo de duração.

Durante a observação das aulas, assisti à performance do professor sem qualquer tipo de interferência, sentado em uma carteira ao fundo da sala de aula; acompanhei as atividades e registrei de modo informal algumas atitudes dos alunos e do professor, que julguei relevantes para minha compreensão posterior dos dados coletados. Durante as aulas, tomei como relevantes os momentos em que os alunos não correspondiam as solicitações do professor com participação ativa nas leituras e discussões dos textos, bem como no desenvolvimento de explicações e correção de exercícios.

Para a observação do material didático, não me vali de parâmetros teóricos, visto que a instituição, nem mesmo o professor, utilizam um material fixo ao qual os estudantes tenham acesso. Cada aula é preparada pelo professor, que utiliza material de diversas fontes, conforme lhe parece adequado a cada momento e situação de aprendizagem. Sendo assim, não pretendo realizar uma avalição ou mesmo qualificação do material utilizado nas aulas, mas discutir, a partir das declarações dos alunos nas entrevistas e do envolvimento dos mesmos nas aulas observadas, a importância do uso de um material que responda às suas necessidades e interesses.

Documentos relacionados