• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III – METODOLOGIA DE PESQUISA

3.4. Instrumentos de pesquisa

Os instrumentos de coleta de dados foram adotados de acordo com os objetivos do nosso trabalho, citados na introdução, e a combinação deles permitiu-nos interpretar e refletir sobre os fenômenos linguísticos e cognitivos envolvidos no processo de aquisição/aprendizagem de PLE de aprendizes italianos.

Encontram-se, no quadro seguinte, os instrumentos pelos quais optamos e os propósitos a eles relacionados, com o intuito de esclarecer nossos procedimentos de investigação.

escrita. A partir desse indicador, torna-se mais fácil o reconhecimento, por parte de professores e alunos, dos níveis de competência alcançados.

Quadro 9: Procedimentos de Investigação

É importante informar que todos os participantes assinaram o termo de consentimento submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)58, o qual reconhece que esta pesquisa é eticamente adequada.

3.4.1. Análise documental: exercícios realizados em sala de aula pelos alunos

Optamos pela análise documental como instrumento adequado para averiguarmos se os aprendizes italianos possuem conhecimento da estrutura formal do

58 O CEP é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas

envolvendo seres humanos. Este papel está baseado nas diretrizes éticas internacionais (Declaração de Helsinque, Diretrizes Internacionais para Pesquisas Biomédicas envolvendo Seres Humanos – CIOMS) e

brasileiras (Res. CNS 466/12 e complementares). De acordo com estas diretrizes: “toda pesquisa

envolvendo seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um CEP”. As atribuições do CEP são de

papel consultivo e educativo, visando contribuir para a qualidade das pesquisas, bem como a valorização do pesquisador, que recebe o reconhecimento de que sua proposta é eticamente adequada. Informações retiradas na íntegra do site << http://www.cep.ufam.edu.br/>>

FONTE INSTRUMENTOS DE PESQUISA

QUANDO PROPÓSITOS

Alunos

- Análise documental 6º trimestre

- Averiguar se a estrutura formal do FS é de conhecimento do aprendiz italiano;

- Propostas de atividades 7º trimestre

- Verificar se e como o aprendiz italiano emprega o FS na sua escrita;

- Identificar se há interferência da língua italiana nas produções escritas pelos alunos;

- Distinguir outros traços que sejam característicos da Interlíngua

FS e, para tanto, examinaremos respostas dadas a atividades controladas, isto é, cujo enunciado traz explicitamente a forma verbal que deve ser empregada.

Os documentos podem ser considerados, em concordância com Lüdke e André (1986), fontes poderosas de informação, pela possibilidade de evidenciarem as afirmações e declarações do pesquisador. Além de serem fontes de informação contextualizada, também permitem a compreensão daquele determinado contexto em que são geradas, fornecendo conhecimento a respeito dele.

Definimos “documentos” de acordo com Phillips (1974, p.187), “quaisquer

materiais escritos que possam ser usados como fontes de informação sobre o

comportamento humano”, desde leis e regulamentos, ementas de curso, planejamento de

aula, jornais, revistas, diários pessoais, discursos até livros, estatísticas e arquivos escolares.

Examinamos alguns exercícios de fixação59 sobre o FS, aplicados pela professora em sala de aula, que se baseavam, principalmente, no preenchimento de lacunas dos verbos que deveriam ser conjugados no modo subjuntivo. Posteriormente, confrontamos os dados obtidos nesses exercícios com aqueles encontrados nas atividades por nós elaboradas, para que pudéssemos compreender melhor a natureza dos erros evidenciados na escrita dos alunos.

Queremos ressaltar que das várias atividades realizadas em sala de aula, selecionamos para este estudo apenas aquelas que apresentavam uma proposta explícita do emprego do FS, para que, então, fosse possível diagnosticar se esses alunos conheciam bem a estrutura dessa forma verbal. Essa primeira verificação foi necessária para depois observarmos se nas atividades semicontrolada e não controlada, os alunos empregavam as mesmas formas que já conheciam ou não. No entanto, as atividades propostas em sala de aula não se restringiram à natureza daquelas que aqui selecionamos para análise. Tratando da mesma temática – o FS –, outros exercícios foram propostos e discutidos com os alunos, o que não significa que a abordagem adotada em sala de aula seja restrita a um único tipo de atividade.

59 Vide anexo I.

3.4.2. Propostas de atividades escritas

Conforme discutimos anteriormente, o FS é dependente não apenas dos períodos de subordinação, como também do contexto comunicativo em que está inserido, o qual envolve a intenção do falante na produção do seu discurso. Embora o nosso estudo tenha se voltado apenas para a análise da modalidade escrita60 dos aprendizes italianos de PLE, não se pode ignorar o fato de que quem escreve também interage com o seu interlocutor, obviamente de um modo mais limitado, sem contar com os recursos da gestualidade, entonação, alternância de turno com o interlocutor etc.,. Os sentidos e as respectivas formas de organização linguística dos textos se dão no uso da língua como atividade situada, o que significa que a contextualização é tida como necessária para a produção e a recepção, ou seja, para o funcionamento pleno da língua. (MARCUSCHI, 2007, p.43)

Dessa forma, elaboramos duas atividades61 que apresentam previamente no enunciado o contexto em que os alunos deveriam atuar discursivamente, no entanto, não explicitamos qual seria a forma verbal que gostaríamos que eles usassem, configurando uma atividade não controlada, ainda que delimitada por uma proposta direcionada aos nossos objetivos. Em seguida, propusemos uma terceira atividade62, também elaborada por nós, porém semicontrolada, ou seja, não mencionamos qual deveria ser a forma verbal empregada na construção dos enunciados, mas pedimos que eles usassem a mesma estrutura sintática dos exemplos apresentados.

Os únicos dados sobre os quais se podem fazer previsões teóricas, em consonância com Selinker (1972), são aqueles obtidos por meio da produção dos aprendizes que tentam se expressar na LE. Essas produções não são, para a maioria dos

alunos que aprendem uma LE, idênticas ao “conjunto hipotético” das produções de um

falante nativo que tenta expressar o mesmo significado dos alunos, e a análise dos dados encontrados é rica de informações a respeito da intenção deles em produzir enunciados corretos e compreensíveis.

60A decisão de analisarmos produções escritas de aprendizes italianos de PLE foi, primeiramente, resultante da distância geográfica que nos separava da realidade vivenciada por eles durante o processo de aquisição/aprendizagem do português. Além disso, outros dois fatores que se somaram ao primeiro foram: a falta de apoio financeiro para que pudéssemos nos deslocar até a Itália e acompanhar de perto, no decorrer de pelo menos três meses, o contexto de ensino em que se inseriam nossos participantes e o prazo determinado para a conclusão do nosso estudo realizado no curso de mestrado, ao lado das diversas atividades acadêmicas que concorriam com o nosso tempo dedicado exclusivamente ao nosso estudo. 61 Vide anexo II, exercícios 1 e 2

A proposta dessas atividades aos alunos teve como foco a nossa intenção em verificar se e como os aprendizes italianos empregam o FS em produções escritas sob o domínio irrealis; identificar se há interferência da língua italiana nessas produções escritas e distinguir outros traços que fossem característicos da Interlíngua. Concomitantemente, os dados obtidos por meio das atividades que elaboramos contrastados com aqueles recolhidos nos exercícios realizados em sala de aula, auxiliaram-nos na compreensão e interpretação da natureza dos erros produzidos pelos aprendizes italianos de PLE em relação ao uso do FS na escrita.