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IV DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA E OBJETIVOS DA PESQUISA Neste breve capítulo serão sumariadas as conclusões advindas da revisão de

5.3 Instrumentos utilizados

O principal objetivo do presente estudo foi a construção de medidas de estratégias para criar no trabalho e auto-eficácia para criar no trabalho, razão pela qual as qualidades psicométricas de tais instrumentos serão abordadas no capítulo VI. Nesta seção serão tratadas as etapas realizadas na construção de tais medidas e descritas as características que as configuravam na coleta de dados.

A etapa inicial foi composta da revisão de literatura da área, que no caso da medida de estratégias para criar no trabalho abarca os capítulos I e III deste trabalho, enquanto a medida de auto-eficácia para criar no trabalho teve por base a revisão de literatura constante nos capítulos I e II. As definições dos construtos investigados foram desenvolvidas a partir dessa apreciação da literatura da área e estão explicitadas nos respectivos capítulos.

Na etapa seguinte foi realizada inspeção de medidas afins existentes, de forma a subsidiar a operacionalização dos construtos pretendida. Da mesma forma que referências de áreas correlatas foram utilizadas na concepção teórica destas medidas, fez-se percurso similar na construção dos itens. Assim, foram considerados os instrumentos de estratégias de aprendizagem utilizados por Pantoja (2004) e por Warr e Downing (2000); bem como itens de instrumentos de auto-eficácia para criar de Choi (2004) e de Tierney e Farmer (2004).

Os itens de estratégias de Pantoja (2004) que se referiam à busca de ajuda em material escrito e à busca de ajuda interpessoal puderam ser aproveitados, bem como alguns itens referentes a estratégias cognitivas; mas todos os itens sofreram ajustes para adequarem-se ao fenômeno investigado. Ou seja, elementos relativos ao processo criativo e à resolução criativa de problemas foram agregados, em substituição a termos afetos à aprendizagem. O mesmo ocorreu com o instrumento

de Warr e Downing (2000), que contribui também na construção de itens de auto-regulação. Quanto aos itens dos instrumentos de Choi (2004) e de Tierney e Farmer (2004) a que se teve acesso, adequá-los ao propósito deste estudo implicaria total reformulação, de tal sorte que se optou pela redação de novos itens.

O resultado dessas duas etapas iniciais foi um conjunto de 92 itens operacionalizando o construto estratégias para criar no trabalho e sete itens referentes à auto-eficácia para criar no trabalho. A etapa seguinte na construção dos instrumentos consistiu em submeter tais itens à validação de conteúdo por peritos, para verificar a pertinência teórica dos mesmos. Essa validação ocorreu em conjunto com outras duas medidas em construção pela pesquisadora e sua orientadora, que tratavam de orientação motivacional para o trabalho e contexto sócio-psicológico para inovação.

O processo de validação de conteúdo foi realizado por cinco peritos — quatro doutores em psicologia e um doutorando, todos com experiência em ao menos uma das áreas de interesse desta pesquisa: criatividade, auto-eficácia e aprendizagem. Ele consistiu na remessa aos peritos de formulário contendo as definições dos construtos e tabela de dupla entrada composta de todos os itens e nomes dos construtos, para que o perito assinalasse a que construto o item se refere. Adicionalmente, foi solicitado aos peritos que avaliassem a clareza dos itens, utilizando uma escala que varia de 1 ("sem nenhuma clareza") a 4 ("totalmente claro"), com os pontos intermediários indicando "pouco claro" e "claro". Nas instruções de preenchimento do formulário o atributo clareza foi definido em termos da representação de uma única idéia, sem ambigüidades ou incerteza conceitual.

A partir da consolidação das avaliações por peritos foram mantidos intactos apenas itens que obtiveram 80% de concordância no tocante ao construto a que se

referem e no mínimo média aritmética de 3,40 no quesito clareza. Itens que não atendiam a estes critérios, mas cuja manutenção se fazia necessária para representar a totalidade do construto investigado, tiveram sua redação ajustada. No intuito de garantir que a nova redação atendesse aos critérios adotados, este processo de ajustes contou com a contribuição de duas mestrandas em psicologia, com experiência em construção de instrumentos. Desta etapa de corte e ajustes resultaram 66 itens de estratégias para criar no trabalho e permaneceram os sete itens originais de auto-eficácia para criar no trabalho.

Os itens que compõem ambas as medidas também foram submetidos à validação semântica, para garantir que eram compreensíveis para o público-alvo. Vale apontar que esta etapa consistiu na terceira rodada de avaliação da clareza dos itens, que já havia sido realizada anteriormente pelos peritos e pela dupla de mestrandas, em conjunto com a pesquisadora.

Para a realização desta validação foram convidados três servidores da organização em que a pesquisa seria realizada, com diferentes funções e níveis de escolaridade. A pesquisadora acompanhou esses servidores individualmente em simulações de resposta à pesquisa, conduzida em suas estações de trabalho. Para tal, foi fornecido o endereço eletrônico da pesquisa e solicitado aos participantes que se manifestassem sempre que tivessem qualquer dificuldade ou incômodo na resposta aos itens ou na navegação no formulário eletrônico, que já consistia de uma versão completa do instrumento, incluindo as duas medidas propostas e os itens sócio-demográficos.

Esta abordagem permitiu verificar também a acessibilidade do sítio hospedeiro e do formulário de pesquisa, bem como a compreensão do instrumento em seu formato final. Todos os participantes aprovaram o formulário eletrônico e

dois deles forneceram sugestões quanto ao teor de certos itens. Essas sugestões acarretaram ajustes pontuais de redação em diversos itens, especialmente dos sócio-demográficos, e a exclusão de três itens da medida de estratégias para criar no trabalho, por possuírem conteúdo redundante.

Assim, o formulário eletrônico usado nesta pesquisa, cuja versão impressa pode ser verificada no Anexo 1, ficou constituído de três partes, a saber: parte um, composta de 63 itens de estratégias para criar no trabalho; parte dois, composta de sete itens de auto-eficácia para criar no trabalho, e a parte três, com onze itens sócio-demográficos. Cada parte possuía texto introdutório próprio e breves instruções sobre seu preenchimento. Na medida de estratégias para criar no trabalho foi utilizada escala de freqüência composta de dez pontos, ancorada nas extremidades (1:"nunca"; 10:"sempre"). Já a escala de auto-eficácia para criar no trabalho representava a confiança do indivíduo e também possuía dez pontos, com âncoras nas extremidades (1:"não consigo de forma alguma"; 10:"grande certeza de que consigo"). Para simplificar as futuras referências a estas medidas se fará uso das seguintes siglas para representá-las: auto-eficácia para criar no trabalho – AEF/CT, e estratégias para criar no trabalho – EST/CT.