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INTEGRAÇÃO DA ACC COM AS ATIVIDADES DE ENSINO E DE PESQUISA

TOTAL DE OFERTA DE ACC POR UNIDADE DE ENSINO (2001 – 2006)

7. A PARTICIPAÇÃO DOS ESTUDANTES NO PROGRAMA UFBA EM CAMPO – ACC E A CONTRIBUIÇÃO NA SUA FORMAÇÃO

7.1. INTEGRAÇÃO DA ACC COM AS ATIVIDADES DE ENSINO E DE PESQUISA

Um dos objetivos da ACC é fortalecer a indissociabilidade entre as funções essenciais da Universidade. A articulação da ACC com o ensino e a pesquisa ocorre inicialmente pelo simples fato dela não se caracterizar exclusivamente como uma atividade extensionista. A ACC é em linhas gerais um componente curricular que possui o ensino, a pesquisa e a extensão como elementos básicos de seu trabalho.

Na verdade, consideramos até complicado afirmar que a ACC se integra ao ensino e a pesquisa, pois essa declaração pressupõe que a essência da ACC é algo completamente diferente do ensino e da pesquisa. O fato é que não há

articulação, pois a integração das funções essenciais da Universidade é o próprio formato da ACC.

Para que esse entendimento se torne mais claro, é importante expor que o estudante da ACC vivencia o tempo todo o ensino, a pesquisa e a extensão de forma indissociável, ou seja, é até difícil saber quando ele está em uma dessas funções, mas tentaremos expor simples exemplos que possibilitem constatar essas experiências.

O ensino está presente em toda e qualquer atividade curricular da Universidade. Na ACC isso não é diferente e há um elemento diferenciador que é além da relação entre estudantes e professores, a relação com a comunidade, o que amplia, enriquece as discussões, o diálogo, a troca de saberes, a troca de experiências. A convivência na ACC difere consideravelmente das experiências das disciplinas, pois as relações de quem é estudante e quem é professor ficam bem delineadas. Em algumas disciplinas há forte presença da hierarquização.

A pesquisa também é fácil de ser percebida, pois a relação com o ensino é indispensável. Na ACC ela subsidia o encaminhamento e soluções de problemas, com os meios de conhecer as realidades das comunidades, realização de diagnósticos, levantamento de dados, pesquisas de campo, elaboração de projetos, etc., tudo isso de forma coletiva.

No que se refere a extensão, essa se traduz em um maior contato da Universidade com a comunidade, já que na maioria das vezes as outras funções não conseguem ainda cumprir de forma satisfatória o compromisso social da instituição universitária. Esse compromisso social se dá via produção de conhecimento em prol da melhoria das condições de vida da população.

Quanto a articulação entre a ACC com o ensino e a pesquisa, os entrevistados afirmaram que há articulação e exemplificaram como isso acontece, como podemos ver a seguir:

A ACC é um Programa em que estudantes, professores e grupos comunitários trabalham de forma multi, inter e transdisciplinar, articulando ensino, pesquisa e extensão, construindo, de forma coesa, a indissociabilidade dessas três funções. Como ensino/pesquisa, a ACC (componente curricular optativo) visa à construção da cidadania do aluno, utilizando a troca de saberes com as comunidades e daí a produção coletiva de conhecimento considerando que o conhecimento pode ser um instrumento de transformação tanto para a formação da cidadania do alunado

quanto para a conscientização da comunidade parceira... Ainda, falando como coordenadora do programa, acho que a Atividade Curricular em Comunidade – ACC/UFBA EM CAMPO, deve ser vista como uma corrente cujos elos: experiências educacionais, culturais e científicas, trabalhados por professores e estudantes da UFBA e comunidades-parceiras, colocam o ensino e a pesquisa na UFBA voltados para o desenvolvimento da sociedade em que está imersa o que leva à indissociabilidade entre as três funções da UFBA. Cabe ressaltar que cada turma de ACC (módulo de 10 alunos) é constituída de, pelo menos, três cursos diferentes (PROFESSORA BELA SERPA /COORDENADORA DO PROGRAMA ACC/1999 - 2005).

Consideramos que em tal depoimento fica claro que um dos papéis da ACC é contribuir para a indissociabilidade das funções essências da Universidade. Ressaltamos ainda que o foco dessa indissociabilidade está voltado para o compromisso social da instituição universitária, o que acreditamos ser inovador na experiência ACC no âmbito da UFBA. Outros elementos que consideramos necessário discutir é como a ACC se operacionaliza para o estudante: construção da cidadania; trocas de saberes com a comunidade; e produção coletiva de conhecimento. Essas experiências contribuem de forma bastante significativa para a autonomia do graduando.

Sobre a mesma questão, Professor Álamo Pimentel (Pró-reitor de Extensão da UFBA / 2005 - 2006) abordou que a articulação ocorre devido ao formato acadêmico da atividade, pois é interdisciplinar, com ensino e pesquisa. Contudo, devido a sua vivência próxima da atividade, e também participando como professor de ACC, ele acredita que em geral há maior predominância de ensino do que pesquisa nas ACC’s. Talvez isso ocorra devido ao não total entendimento do que é uma ACC por grande parte dos seus participantes, pois ainda concebe a atividade nos moldes disciplinares, o que consideramos um grande equívoco, pois a ACC nada tem de disciplinar, apenas as questões formais de matrícula e de aproveitamento nos currículos.

Já para o Professor Maerbal Bittencourt Marinho (Pró-reitor de Graduação da UFBA/ 2002 – atual),

Está integrada, não tanto como nós gostaríamos, porque a ACC além do fato da interação com a comunidade pode ter uma função importante que é a flexibilização curricular, de amplitude de horizontes para os estudantes. Então isso incluiria um envolvimento mais profundo, mais amplo com o ensino. O que eu entendo é que

em parte está, mas não é o melhor possível. Isso porque certamente são os mesmos professores que ensinam à disciplina, que faz ACC e que faz pesquisa, e isso permeia, mas seria interessante que houvesse um número maior de oportunidade de ACC, um maior número de estudantes envolvidos para que fosse mais presente mesmo na formação das pessoas.

Essa opinião nos fornece elementos mais claros da relação da ACC com o currículo, da sua importância para a flexibilização curricular. Assim, mesmo não sendo o enfoque da questão, há a constatação da necessidade de melhoria e ampliação da atividade para que mais estudantes possam trilhar seu próprio caminho de formação, com o aproveitamento das mais diversas experiências de aprendizagem que o graduando possui, seja ela fora ou dentro da Universidade.

Quanto a opinião do Professor Paulo Lima (Pró-reitor de Extensão da UFBA / 1997 – 2002) quanto a essa questão da articulação, não há uma resposta focada na discussão, pois o enfoque da entrevista com ele foi o da criação da ACC, mas no decorrer da conversa podemos destacar alguns elementos que nos permite afirmar que há articulação, pois ensino, pesquisa e extensão é uma coisa só, é produção de conhecimento.

Em síntese, podemos afirmar que há articulação entre a ACC com o ensino e a pesquisa, pois a presença das funções essenciais universitárias é característica básica da ACC, porém podemos considerar que a ACC auxiliou uma maior articulação entre PROEXT e PROGRAD no âmbito da UFBA, devido ao programa ter surgido das experiências extensionistas da PROEXT e do papel que a ACC assume hoje nos currículos de graduação da Universidade. Dessa forma, ambas as pró-reitorias trabalham juntas nas questões relacionadas à ACC.