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2. História das Ciências nos Anos Iniciais: um caminho a ser trilhado

3.4 Apresentação e análise dos dados

3.4.4 Interação e participação

Um outro aspecto que elegemos analisar a partir dos dados coletados foram a interação e participação dos alunos no desenvolvimento da proposta, e neste aspecto a curiosidade foi “o estopim” para o início de tudo.

A curiosidade dos alunos instigou as professoras não apenas a planejarem suas propostas didáticas considerando os interesses e a realidade dos alunos, e os conteúdos previstos para cada turma ou ano/ciclo, mas fez com que a grande maioria delas aplicassem as propostas, apresentando relatos maravilhosos no último encontro e destacassem no questionário final a reação dos alunos durante a realização das atividades. Apresentamos a seguir as falas de algumas professoras a título de ilustração, com relação a reação dos alunos. Optei por categorizar as

reações dos alunos, para facilitar a leitura e por elas contemplarem as falas das professoras.

P1. Houve grande envolvimento e participação principalmente por termos feito um trabalho interdisciplinar entre: português, História, Ciências e Artes, envolvendo a curiosidade deles com o avanço tecnológico e o desenvolvimento científico.

P2. Ainda estou aplicando, porque sai de licença. Mas a empolgação deles já existia antes o tema surgiu do interesse deles, e cada descoberta que fazemos, cada pesquisa realizada é um brilho no olhar deles que vale muito a pena.

P9. A proposta está em andamento com minha turma. Faltam poucas etapas para finalizar. Mas no momento que apresentei a proposta aos alunos, pude perceber que os olhos deles brilhavam quando apresentei a história dos bombeiros, os vídeos e slides (PPT) com as invenções e a evolução dos equipamentos utilizados em prol do salvamento de vidas. Entendo que está tendo uma participação, envolvimento e interesse muito grande por parte dos alunos. Está sendo muito gratificante para mim. P10. Eles estão amando pois ainda estamos no processo.

P34. Por ser bastante significativo, o envolvimento e interesse foi geral. Acredito que a aplicação da proposta conseguiu gerar em mim e neles, mudança de postura frente à História das Ciências, pois constantemente estão em busca de novas descobertas.

P43. Houve intenso envolvimento dos alunos com ações participativas e construção coletiva de conhecimentos; os alunos, dentro da realidade prática do dia a dia, se colocaram, opinaram, se envolveram em uma dinâmica bastante produtiva.

A partir das falas selecionadas, alguns aspectos ficaram evidentes na fala dos professores, tais como:

1. Protagonismo dos alunos

2. Aspecto Lúdico das propostas 3. Valorização do conhecimento do aluno

4. Aprendizagem significativa

5. Professor mediador da aprendizagem

Procuramos destacar os elementos mais importantes para a análise, aqueles que corroboram com todo o referencial teórico que apresentamos na tese. Elementos estes que validam a inserção da História das Ciências no Ensino como um elemento que contextualiza e possibilita a reflexão sobre as ciências, que pode ser inserida desde os primeiros anos da escolaridade da criança de forma significativa, aliada ao componente lúdico, que oportuniza uma aprendizagem ativa e colaborativa... uma história das ciências que ao apresentar a ciência enquanto um processo desconstrói a visão de neutralidade e de genialidade, e que a coloca acessível à todos.

Não poderia deixar de destacar no trabalho com a História da Ciência, no desenvolvimento das propostas, considerando-se a faixa etária para a qual propusemos tais atividades, é preciso respeitar o nível de conhecimento e de compreensão dos alunos, pois, nas palavras de Rosa (2007, p. 362),

Ao ensinar ciências às crianças, não devemos nos preocupar com a precisão e a sistematização do conhecimento em níveis de rigorosidade do mundo científico, já que essas crianças evoluirão de modo a reconstruir seus conceitos e significados sobre os fenômenos estudados. O fundamental neste processo é a criança estar em contato com a ciência (ROSA, 2007, p. 362).

A interação e participação dos alunos no desenvolvimento das propostas corrobora com toda a discussão acerca da importância da ciência não apenas da formação dos futuros cidadãos, mas também no que diz respeito ao protagonismo dos alunos, além de validar aspectos discutidos durante a formação e que versaram sobre a necessidade de implicar o aluno em sua aprendizagem. Alunos interessados e motivados querem aprender, e por sua vez, instigam e desafiam os professores a refletirem sobre sua prática e buscarem coisas diferentes, inovarem, o que cria um círculo vicioso positivo, pois, quanto mais as propostas forem desafiadoras, no bom sentido, mais os alunos vão exigir dos professores.

Assim, por estar inserida em todo o processo, da elaboração à execução das propostas, acompanhando cada professor, seja por e-mail, mensagens de

WhatsApp ou telefonemas, consigo perceber uma mudança sutil em suas posturas. Muitas talvez não acreditassem efetivamente no potencial de seus alunos, na capacidade de eles pesquisarem, selecionarem informações relevantes, argumentarem, questionarem... e construírem conhecimento. Mas, aos poucos, foram dando espaço, permitindo que ficassem no centro do processo de aprendizagem, fossem efetivamente os protagonistas! Não é fácil abrir mão do poder de controlar tudo, mas fico imensamente feliz em poder enxergar os olhos brilhando ao narrarem a reação dos alunos e de perceber, que ainda que ela seja pequena, localizada, mudanças veem acontecendo em nossas salas de aula. Concluiu o curso quem efetivamente acreditou que a mudança era possível, que o caminho era árduo, mas que no final valeria a pena, pois como diz o poeta, “tudo vale a pena se a alma não é pequena.

Desta forma, por último e não menos importante, nos voltamos aos conhecimentos acerca da HC, almejando identificar se após o curso, os professores se perceberam mais conhecedores do assunto. Com a aplicação do instrumento “Questionário final”, buscamos coletar dados que indicassem uma mudança de postura e de conhecimentos do professor após a participação no curso de formação. Retomamos então, a título de comparação os conhecimentos do professor acerca dos conteúdos da HC. Observa-se que estas respostas, quando comparadas as inicialmente dadas pelos professores no instrumento “Questionário inicial” se alteram ao final da formação. Ainda que o questionário final possa apresentar respostas “esperadas”, as falas dos professores durante e ao final da formação validam os resultados apresentados.

Ilustração 19: Como você avalia seu conhecimento acerca dos conteúdos de História das Ciências após o curso

Ilustração 20: Como você avalia seus saberes acerca da inserção da História das Ciências no Ensino de Ciências

Ilustração 21: Após o curso você se sente apta para abordar a História das Ciências em sala de aula

Nas respostas obtidas no documento, é possível observar uma mudança na postura das professoras participantes: elas passam de um nível de conhecimento e aptidão que varia entre regular e insuficiente para um nível que, ao final do curso ficou entre bom e muito bom. Isto deve-se ao fato de que durante a apresentação da atividade final, a socialização das propostas didáticas, a grande maioria das professoras relatou como foi o desenvolvimento das mesmas. Elas vivenciaram na prática o que estávamos discutindo na formação e isso foi um diferencial para que se sentissem seguras e aptas para explorar novas possibilidades. Isto não quer dizer que a partir de agora elas irão utilizar a HC em suas aulas, mas sim que foram despertadas para novas possibilidades. Seria ingênuo de nossa parte acreditar que com apenas uma formação de 40 horas observaríamos mudanças tão grandes na prática dos professores, por isso acreditamos na constituição da CoP para fortalecer esse trabalho.