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4. ANÁLISE DAS INTERAÇÕES NOS SERVIÇOS MUNICIPAIS COMO

4.3. Interação mediada mútua como gestão urbana compartilhada

Em vista do cenário apresentado, convém discutir exclusivamente o nível mais elevado de interação considerado para esta pesquisa como forma de ciberdemocracia, por considerá-la constituída por sistemas abertos que permitam inter-relações dinâmicas por interagentes criativos que atuam por negociação. A partir dos resultados apresentados sobre interação mediada mútua no APÊNDICE 6, podemos aferir que nenhum município possui 100% dos seus serviços ofertados nessa categoria e apenas 13 municípios possuem 50% ou mais dos seus serviços com possibilidade de interação mediada mútua. Abaixo, observa-se um ranking por quantidade de municípios em relação à porcentagem de serviços por mediação mútua.

Quadro 8 – Porcentagem de serviços por interação mediada mútua

A partir do Quadro 8, nota-se que 79 cidades oferecem até 40% dos serviços como mediada mútua, concentrando 23 municípios com 20% e outros 23 com 10%. 17 cidades possuem 30% dos seus serviços nessa categoria e apenas 1 cidade com 40%. Estes dados podem ser considerados negativos para efeitos deste estudo, tendo em vista que 85,86% ofertam apenas 40% dos seus serviços como interação mediada mútua.

Seguindo o percurso metodológico proposto para esta pesquisa, uma vez classificada como interação mediada mútua, cabe observar os aspectos qualitativos relacionados aos dispositivos ofertados pelos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Para isso, o questionário de pesquisa contemplou 6 colunas relacionadas às características relacionadas aos serviços disponibilizados por este nível de interação mais elevado na hierarquia tecnológica proposta, sendo necessários para responder indagações sobre as interfaces coletivas de comunicação, sendo elas: a interface é integrada a uma central de atendimento?; o sistema é específico para este serviço?; a interface possui suporte via chat?; possui funcionalidade colaborativa?; possui interação por aplicativo de conversa instantânea como o Whatsapp? Ou possui possibilidade de emissão de mensagens por georreferenciamento?

Para iniciar um levantamento sobre estes questionamentos, os dados apresentados no APÊNDICE 7 - Cidades x quantidade de funcionalidades por interação mediada mútua contribuem com essa temática e permitem elaborar rankings dos municípios que possuem a maior quantidade de funcionalidades consideradas inerentes à interação mediada mútua para esta pesquisa.

Quadro 9 – Municípios do Estado do Rio que possuem centrais de atendimento

De acordo com o Quadro 9, apenas 6 municípios do Estado do RJ possuem centrais de atendimento. Cabo Frio, São Pedro de Aldeia e Volta Redonda ofertam 4 serviços por estas interfaces de comunicação coletivas, Rio de Janeiro oferece 3 serviços, seguido por São Gonçalo que disponibiliza 1 serviço. As características qualitativas destas centrais de atendimento serão observadas mais a frente, por serem reconhecidas como tendências de mídias interativas em e-gov.

Quadro 10 – Municípios do Estado do RJ que possuem sistemas exclusivos para serviços

No que se refere à presença de sistemas desenvolvidos para fins específicos, apenas 4 municípios (São João da Barra, Seropédica, Tanguá e Varre-sai) não possuem serviços

oferecidos por sistemas próprios de acordo com o Quadro 10. Observa-se uma maior incidência nos serviços de arrecadação de impostos, como IPTU e NF-e. Contudo, vale ressaltar que alguns sistemas que possuem perfilação, exigindo cadastros prévios para acesso, devem manter atenção especial em relação a dois aspectos. O primeiro seria destacar na página inicial todos os serviços possíveis por aquele sistema, uma vez que facilite a navegação e interesse do usuário. Em segundo, deve-se ter cuidado para não colidir com a Lei de Acesso à Informação (LAI), no que tange aos itens obrigatórios que devem ser contemplados na transparência ativa. Algumas seções que exigem cadastro prévio para serem acessadas vão de encontro à LAI, que dispõe o rol de informações que devem estar disponíveis sem a necessidade de cadastro para acesso. Um exemplo disso é a consulta aos editais de licitação. Enquanto a LAI infere que os todos documentos de um certame devam estar disponíveis nos portais da transparência dos entes federativos, o Ministério Público requere aos órgãos da Administração Pública responsáveis pelo processo licitatório os dados dos representantes das empresas concorrentes que tiveram acesso ao edital. Diante das legislações contrárias, a saída provisória de grande parte dos sites municipais pesquisados, que promovem acessos aos editais pelo meio eletrônico, foi inserir um campo de cadastro na página específica de consulta ao edital.

Além disso, alguns sistemas com perfilação foram classificados como mediada reativa porque não puderam ser analisados qualitativamente em sua totalidade. Contudo, essa questão sobre sites perfilados abre muitas brechas para discussão, haja vista que as legislações que exigem acessos livres vão de encontro com algumas premissas de evolução das TICs, uma vez que somente por vias de perfilação seria possível oferecer conteúdos mais adequados e preferenciais ao usuário, ampliando o nível de interação pela internet.

Podemos considerar que sistemas que dispõem de chats ou suporte online, funcionalidades colaborativas, aplicativos como Whatsapp ou que ativem georreferenciamento na interação mediada mútua são instrumentos de gestão urbana compartilhada entre os interagentes do ciberespaço, relacionadas ao conceito de vigilância distribuída apresentado no item 2.3. Estas interfaces encontram-se disponíveis, predominantemente, nos serviços de gestão urbana compartilhada, também classificados nos níveis de atendimento por serviço (APÊNDICE 1), como iluminação pública, notificações de estacionamento irregular, buracos em via e danos ao patrimônio público, denúncias ao setor de zoonoses e coleta de entulho e/ou inservíveis.

Quadro 11 – Municípios do Estado do RJ que possuem sistemas que permitem chats,funcionalidades colaborativas, mediação por Whatsapp ou georreferenciamento

De acordo com o Quadro 11, que apenas 10 municípios analisados dispõem de chats online para alguns de seus serviços, sendo 3 (Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Volta Redonda) para 5 serviços e 7 (Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Japeri, Mangaratiba, Nova Iguaçu e Paracambi) para apenas 1 serviço. 86,95% dos municípios não possuem a opção de chats em seus serviços, seja por sistema próprio ou por Skype.

No que diz respeito à funcionalidade colaborativa, 3 cidades (Macaé, Mangaratiba e Resende) lideram com a opção ofertada para 6 dos seus serviços. Seguidas por mais 3 (Cabo Frio, Petrópolis e Piraí) que ofertam para 5 serviços. 55 municípios não disponibilizam serviços que contemplem meios de colaboração correspondendo a 59,78% das cidades analisadas.

Apenas 4 cidades oferecem contato com a população via o aplicativo de conversas instantâneas Whatsapp. Vassouras lidera o ranking com o uso de Whatsapp para 5 dos seus serviços, seguida por Cabo Frio (4), Barra Mansa (1) e Macaé (1). Todos os outros 88 municípios não utilizam essa ferramenta e correspondem a 95,65% do recorte geográfico definido para esta pesquisa.

Por fim, 11 cidades utilizam algum sistema que permite georreferenciamento. Sendo que 8 municípios (Macaé, Mangaratiba, Niterói, Petrópolis, Piraí, Resende, São Pedro da Aldeia e Volta Redonda) contemplam 4 serviços, a capital do Estado (Rio de Janeiro) contempla 2 serviços e outros 2 municípios (Quatis e São Gonçalo) contempla 1 serviço. Um destaque para as interfaces dos formulários eletrônicos que permitem atendimento ao serviço de iluminação pública dos municípios de Quatis, Iguaba Grande e São Gonçalo, que contemplam georreferenciamento entre seus campos de preenchimento.

Vale ressaltar, que as 4 funcionalidades apresentadas no Quadro 11 foram reunidas por se encontrarem interligadas frequentemente, uma vez que o aplicativo Whatsapp, por exemplo, contempla as opções de interação por chat, possui natureza colaborativa e possibilidade de georreferenciamento ao compartilhar a localização. Além disso, a listagem das centrais de atendimentos e sistemas coletados está disponível no APÊNDICE 2.