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5. PROJETO PRÁTICO

5.2 LIVRO – ESTRUTURA E CONTEÚDO

5.2.4 INTERAÇÕES FÍSICAS – DESIGN

O livro impresso é estruturado nos moldes do livro tradicional (capa, contracapa, guardas, folha de rosto, miolo) com tamanho que não foge do comum, 26 x 19 cm para facilitar as interações físicas e digitais, como também para comportar vários tamanhos de smartphones. O acabamento é feito em capa dura e as páginas são feitas em papel com a gramagem 250 g e 160 g para dar mais estabilidade às ações. Para criar as interações, inspira-se nos livros móveis recorrendo a diversos mecanismos: abas, túnel, mola, dobradura, articulações e alavanca convidando o leitor a interagir de formas distintas: arrastar, tocar, mover e soprar. Além disso, busca também as semelhanças das interações do meio físico e digital de modo a trazer a reflexão sobre os dois atos.

As composições das ilustrações são pensadas para que o texto ocupe uma maior área branca para ajudar na leitura, além de criar uma área sem muitas interferências para o dispositivo digital replicar. As ilustrações são todas coloridas e recorrem ao uso de texturas da madeira, tecido, folha e terra para contrastar com a personagem virtual. As páginas, em grande parte, são trabalhadas duplas, onde as interações com os elementos móveis ficam quase exclusivamente na página direita, para facilitar o uso do dispositivo digital e manipulação das imagens.

O livro traz instruções quanto ao uso do smartphone indicando onde o mesmo pode ser colocado e em que posição, com ajuda da sinalização de uma folha. Além disso, pede/exige um olhar mais cuidadoso do leitor das pistas que levam à localização das interações digitais e do Livreiro (personagem principal).

Fig. 21 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 10 a 17

Nas primeiras páginas, 10 a 17 (ver fig. 21), a intenção é convidar o leitor a entrar no livro e vivenciar a experiência do ponto de vista de quem está do outro lado, do Livreiro. Para isso, o leitor tem que passar por várias camadas/layers que compõem uma página para chegar não só ao texto puro, como também ao mundo da personagem. Para criar essa sensação de diferentes níveis que podem e devem ser manipulados pelo leitor

usa-se o recurso da transparência do acetato e do recorte que, com o virar da página, ao mesmo tempo que se explora esses níveis vai-se desfazendo e simultaneamente construindo através do acrescento de camadas à página na anterior dando-lhe assim um novo sentido.

Fig. 22 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 19

Na página 19 (ver fig. 22), o porquinho pula em direção à palha tão alto que quase salta da página. A interação é feita através do toque, associando a ideia que, tal como no digital o toque “desperta” uma ação, aqui o porquinho reage tremendo. Neste espaço ocorre também a interação digital onde o Livreiro tenta manter o porquinho seguro de forma criativa, para que não caia. Um dos artifícios para fazer com que trema é utilizando uma mola, trançando duas tiras de papel.

Fig. 23 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 21

Na página 21 (ver fig. 23), usa-se um método muito comum nos livros móveis e nos livros infantis, as abas, que servem para revelar mais para além da ilustração impressa, despertando a curiosidade do leitor para o que está atrás da porta. Aqui a personagem virtual ajuda na construção da casa.

Fig. 24 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 23

A página 23 (ver fig. 24), seguindo a história, pretende dar a ideia de profundidade da toca onde o porco caiu com o recurso a um túnel ou peep-show, formado por várias camadas de ilustrações recortadas para compor uma cena. Para o túnel foram escolhidos três níveis contando com a superfície da página que pode ser levantada para ver com maior detalhe as outras ilustrações existentes. No fundo o porquinho encontra-se com a folha na cabeça indicando a localização e utilização do telemóvel para, desta forma, obter a ajuda do Livreiro.

Páginas 24 a 27 (ver fig. 25), a página esquerda mostra o lobo a espreitar por trás do arbusto e na página direita o leitor pode ver do ponto de vista do lobo por trás do arbusto na direção da casa de palha. É também utilizado o acetato para criar uma camada suplementar permitindo que o leitor manipule a cena. A sinalização encontra-se no rabo do porco que está enfiado na palha.

Fig. 26 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 29

Página 29 (ver fig. 26), o lobo sopra a casa de palha com tanta força que o porco voa junto com ela. Para criar a ilusão que o porco está voando, girando no ar, foi usada uma “aba” na extremidade da página para que quando aberta a cena se revele dando a sensação de continuidade dinâmica. O porco está colado a uma linha elástica “costurada” à página e foi impresso na frente e no verso para que a cena se encaixe quando colada. À medida que se abre e fecha a aba, o porco gira, mas também pode ser soprado imitando a ação que ocorre no digital.

Das páginas 30 à 33 (ver fig. 27), a construção de sentido no movimento da página 31/32 é construída com o recurso do recorte, onde se tem a visão dos dois personagens através da fechadura com o virar de página. A mesma foi impressa na frente e no verso, em separado, para que se encaixe nas ilustrações. Aqui a interação, ao contrário das outras páginas, ocorre à esquerda onde o telefone fica atrás da fechadura para que o lobo possa ganhar vida.

Fig. 28 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 34 e 35 Fig. 27 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 30 a 33

Na página 35 (ver fig. 28), o porco é soprado pelo lobo que quase o expulsa da página, forçando este a segurar-se na própria linha em que o livro foi costurado. Aqui o recurso para a interação é a própria linha da encadernação, sendo costurada na própria página que precisou ser impressa a frente e o verso separado. O leitor pode mover o porco arrastando-o de um lado para o outro e as ações no digital também vão solicitar o mesmo gesto para organizar o texto que se embaralhou todo com a força do sopro.

Fig. 29 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 37

Na página 37 (ver fig. 29) o porquinho espreita o lobo desde a sua toca. A interação pode ser feita puxando a parte móvel que “estica” o pescoço do porco, possibilitando ao leitor participar na história através dessa interação. Para montar o mecanismo foi impressa a frente e o verso da página para que o mesmo não descole. A interação digital encontra-se na página par, onde o lobo espreita pela chaminé.

Na página 38 (ver fig. 30), o lobo desce pela chaminé e para dar a impressão que ele desliza pela parede abaixo, recorrendo à inspiração dos livros móveis, que utilizam como recurso o “alfinete” de metal nas articulações dos personagens para lhe dar movimento. Neste caso, a articulação foi feita com um “alfinete” de papel colado entre a página e o corpo da personagem, sendo mais um convite à participação do leitor a interagir com a ilustração. Já as interações digitais, neste caso, ficam na página direita onde o lobo é arremessado para longe do livro.

Fig. 31 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 40 a 43

Das páginas 40 à 43 (ver fig. 31), o recorte foi utilizado para criar sobreposições. Nas páginas 40 e página 43 (ver fig. 31) ao virar o porco ele interage com essas páginas criando uma nova composição e interpretação. O recorte do porco mostra na frente o seu rosto e no verso as suas costas, dando a impressão que ele transita entre as duas páginas. As interações digitais vai ocorrer convidando o leitor a ajudar o porco a montar os outros que estão sobre a mesa, para que a história possa continuar noutro momento.

Fig. 32 O Livreiro: A história dos três porquinhos, página 45

Por fim, na página 45 (ver fig. 32), os porquinhos já estão inteiros novamente e todos voltam para o começo da história para esperar um novo leitor. A interação aqui é feita com o uso da aba que ao abrir revela o início da cena do livro sugerindo o regresso à primeira página. A interação digital também se dá na página ímpar, onde o Livreiro espera que todos e tudo volte para seu devido lugar, para dar início a mais uma aventura.

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