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Interlocutores: Contextualização dos Sujeitos Entrevistados

3. CAMINHOS INVESTIGATIVOS: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.5 LOCUS DA PESQUISA: CONTEXTUALIZAÇÃO DO CAMPO EMPÍRICO

3.5.1 Interlocutores: Contextualização dos Sujeitos Entrevistados

GRATIDÃO É a alegria no coração Que transborda lá no Sertão!

Será apresentada uma breve caracterização dos interlocutores da pesquisa, importante mencionar que a população alvo de interesse para esta investigação foi constituída de professores e professoras que atuam no curso de Pedagogia. Segundo ESTATUTO/2005 o corpo docente é considerado por aqueles que exerçam no âmbito institucional da universidade, atividades de magistério superior, como também na educação básica, profissionalizante ou no ensino a distância.

É importante mencionar uma das finalidades destacadas no ESTATUTO/2005 da IES que o ensino na instituição deve visar uma formação para o exercício da pesquisa, do magistério e demais campos profissionais, incluindo áreas políticas e sociais.

O curso de Pedagogia conta com vinte seis (26) docentes efetivos, que atuam no magistério superior, sendo que cinco (5) estão afastados para dar continuidade aos seus estudos em nível de Doutorado e um (1) docente está em processo de afastamento para também cursar o Doutorado, e conta com mais três (3) docentes substitutos.

Aceitaram participar da pesquisa onze (11) docentes – um grupo constituído por cinco (5) professores e seis (6) professoras. Foi realizada também uma (1) entrevista piloto com um (1) professor afastado, que fez uma breve contextualização da Instituição e do curso de Pedagogia, as informações foram importantes primeiro para a organização do roteiro final da entrevista e segundo para a organização da realização da coleta de dados, que aconteceu em julho de 2016.

É entendido que esse corpo docente está situado em um espaço de pluralidade e diversidade, considerando que cada um “[...] está situado no espaço e no tempo, no sentido em que vive numa época precisa, num lugar preciso, num contexto social e cultural preciso. O homem é um ser de raízes espaços-temporais.” (FREIRE, 1980, p. 34).

A partir das palavras de Freire (1980) sobre o homem ser um ser de ‘raízes espaços-temporais’, é importante retomar o que se entende por identidade docente, conceito fundamentado nos estudos de Nóvoa (1997 p. 34-35, grifo do autor):

A identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não é um produto. A identidade é um lugar de lutas e de conflitos, é um espaço de construção de maneiras de ser e de estar na profissão. Por isso, é mais adequado falar de processo identitário, realçando a mescla dinâmica que caracteriza a maneira como cada um se sente e se diz professor: E vice-versa (Diz-me quem és, dir-te-ei como ensinas).

O autor complementa que (1997, p. 36) “O processo identitário passa também pela capacidade de exercemos com autonomia a nossa actividade, pelo sentimento de que controlamos o nosso trabalho.”, ou seja, para o autor a maneira que ensinamos está intrinsicamente ligada à como nós nos reconhecemos como professores e professoras em sala de aula.

E está pesquisa segue essa perspectiva de Nóvoa (1997), pois quer conhecer o processo pedagógico dos professores e das professoras: suas dinâmicas, ações e como é sua atuação, a partir da sua interpretação e significado.

Marcelo García (2009, p. 114) ao tratar este assunto da identidade do docente destaca:

A identidade profissional envolve tanto a pessoa, como o contexto. A identidade profissional não é única. Espera-se que os docentes se comportem de uma maneira profissional, mas não porque adotem características profissionais (conhecimentos e atitudes) prescritas. Os professores se diferenciam entre si em função da importância que dão a essas características, desenvolvendo sua própria resposta ao contexto.

A partir desses apontamentos sobre a identidade dos professores e professoras, é possível considerar que cada interlocutor que participou desta pesquisa, por meio da realização da entrevista, tem uma história de vida, que envolve diversas experiências no contexto educacional, – antes, durante e depois – de sua formação inicial para ser um docente no ensino superior.

Essas ideias quanto à identidade do professor, corrobora com os estudos de Lucarelli (2002, p. 136) referente à construção da identidade do docente universitário, a autora destaca que:

[...] sua identidade da mesma forma que todo o educador o faz; inserido em um contexto de transformação de sua função em meio a circunstâncias institucionais, que o definem, ou delimitam, como uma certa singularidade. Paradoxalmente, tais características se relacionam ao mesmo tempos, como o seu papel de ator central no campo das relações institucionais perante o escasso reconhecimento social da necessidade de uma formação na área do ensino e da pedagogia como um todo.

São docentes com formações acadêmicas constituídas por caminhos diversos, ou por alguns caminhos semelhantes, mas cabe considerar que esses caminhos foram trilhados e percorridos de acordo com individualidade e subjetividade de cada ser. De acordo com Pimenta (2012, p. 20),

Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovação porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. (grifo nosso).

Desta forma, fica entendido que a construção da identidade dos professores e das professoras é um processo construído por uma trajetória composta por fatos históricos, marcado por diferentes contextos vivenciados. Assim, o docente se constitui e se (re)faz na permanente formação entre a teoria e a prática, na reflexão da sua atuação e ação.

Dos onze (11) docentes, dez (10) são efetivos – dedicação exclusiva, professores adjuntos do Departamento de Educação, já um (1) professor é substituto, sendo que todos trabalham em regime de 40hs semanais. Muitos dos professores entrevistados também lecionam em outros cursos de licenciatura, já que o campus – tem uma grande oferta de cursos, dependendo da demanda os professores atuam em outros departamentos.

As disciplinas ministradas pelos interlocutores desta pesquisa – professores e professoras se referem ao semestre em recuperação – já que durante a coleta de dados os professores e professoras estavam recuperando as aulas, do período de greve que a instituição de maneira democrática e coletiva decidiu aderir – as disciplinas são: Psicologia da Educação I, Teorias da Educação, História da Educação I, Sociologia da Educação III, Educação Popular e Pedagogia Freireana, Políticas Públicas e Formação Docente EJA, Metodologia Cientifica, Didática, Avaliação da Aprendizagem, Educação Cultura e Diversidade, Fundamentos e Metodologia do Ensino de História, Fundamentos e Metodologia do Ensino de Geografia, História da Educação II, Filosofia da Educação II, Fundamentos e Metodologia do Ensino de Ciências, Estágio Supervisionado em Educação Infantil, Pesquisa em Educação I, Fundamentos e Metodologia da Educação Infantil I, - o que pode sofrer mudanças em decorrência a eventuais demandas.

Quanto à idade dos interlocutores um (1) tem entre 30 a 40 anos, três (3) entre 41 a 50 anos e sete (7) entre 51 a 60 anos. A Formação acadêmica dos professores é bem diversificada, um corpo docente bem heterogêneo, dos onze (11) professores e professoras, dois (2) concluíram o Mestrado, sendo que um (1) já está cursando o Doutorado. Nove (9) concluíram o Doutorado, sendo que dois (2) já realizaram o pós- doutorado.

Tabela 3 - Síntese da formação acadêmica dos Interlocutores da Pesquisa

Identificação Idade aproximada Especialização Mestrado Doutorado

Área de Conhecimento

P1 Entre 51 a 60 anos Sim Sim

Ciências Humanas

*andamento

Ciências Humanas

P2 Entre 30 e 40 anos Não Sim Ciências Humanas

Sim Ciências Humanas

P3 Entre 30 e 40 anos Sim Sim Ciências Humanas

Não - *trancado, pretende retomar.

Ciências Humanas

P4 Entre 41 e 50 anos Sim Sim Ciências Humanas

Sim Ciências Humanas

P5 Entre 51 e 60 anos Sim Sim

Ciências da Saúde

Sim

Ciências Humanas

P6 Entre 51 e 60 anos Sim Sim

Ciências da Saúde

Sim

Ciências Humanas

P7 Entre 51 e 60 anos Não Sim Ciências Humanas

Sim Ciências Humanas

P8 Entre 51 a 60 anos Não Sim Ciências Humanas

Não Ciências Humanas

P9 Entre 51 e 60 anos Sim Sim

Ciências Humanas

Sim

Ciências Humanas

P10 Entre 51 a 60 anos Sim Sim

Ciências da Saúde/Interdisciplinar

Sim

Ciências Humanas

P11 Entre 41 e 50 anos Sim Sim Ciências Humanas

Sim Ciências Humanas

Fonte: Autora (2017).

Os interlocutores reconhecem em suas falas que a formação – suas trajetórias acadêmicas ajudaram muito na constituição deles como um professor formador e relatam que consideram tanto as experiências positivas que tiveram como também as experiências negativas, como exemplo do que não deve ser seguido.

Também mencionam suas experiências profissionais na Educação Básica como docentes, destacam como uma oportunidade que tiveram em vivenciar a escola, entender sua realidade, problemas e transformações da educação básica.

3.6 CAPTANDO O NOVO EMERGENTE: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO: