• Nenhum resultado encontrado

3. CAMINHOS INVESTIGATIVOS: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 NATUREZA DA PESQUISA

3.1.1 Pesquisa Qualitativa

Quanto à natureza da pesquisa, esta investigação foi produzida com abordagem qualitativa, desenvolvida considerando as cinco características apresentadas por Bogdan e Biklen (1999). Os autores (1999, p. 47) indicam as cinco características sobre pesquisas qualitativas, mas alertam que “Nem todos os estudos que consideraríamos qualitativos patenteiam estas características com igual eloquência”. As cinco características são: a fonte direta dos dados, como fonte natural construída; os dados descritivos; o interesse centrado no processo da investigação; a forma de análise segue de maneira indutiva e o significado tem importância fundamental na pesquisa qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1999).

Essas características também foram analisadas e discutidas por Lüdke e André (1986, p. 11). Para as autoras: “A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento”. Ou seja, para Bogdan e Biklen (1999) é uma pesquisa que tem o ambiente natural no qual ocorre o fenômeno a ser analisado. Sendo que os pesquisadores e as pesquisadoras são considerados o principal instrumento, já que é a partir de seu contato direto com o campo que a coleta de dado será realizada para a pesquisa.

Bogdan e Biklen (1999) descrevem que os dados coletados para análise são descritivos em uma pesquisa qualitativa, que podem ser registrados, por exemplo, em entrevistas, observações, diários de campo, entre outros instrumentos. “Os dados

coletados são predominantemente descritivos. O material obtido nessas pesquisas é rico em descrição de pessoas, situações, acontecimentos [...]” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 12).

Para os autores Bogdan e Biklen (1999), o processo da pesquisa ganha mais relevância do que o resultado final da pesquisa. Dessa maneira, o processo da investigação possibilita a compreensão do objetivo de estudo. Lüdke e André (1986, p. 12), destacam que “A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto”.

Para o pesquisador e/ou a pesquisadora o foco principal está no significado, pois busca “[...] apreender as perspectivas dos participantes, a investigação qualitativa faz luz sobre a dinâmica interna das situações [...]” (BOGDAN; BIKLEN, 1999, p. 51), ou seja, a partir do fenômeno em estudo, a finalidade é de apreender dos participantes o seu estar no mundo: como concebem o mundo em que vivem, como vivenciam e interpretam as suas experiências, como organizam o seu mundo social. Portanto, “O “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial [...]” dos pesquisadores e das pesquisadoras. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 12).

Bogdan e Biklen (1999, p. 50) citam que a compreensão do fenômeno se dá a partir de um processo científico de forma indutiva, já que “Não recolhem dados ou provas com o objectivo de confirmar ou infirmar hipóteses construídas previamente; ao invés disso, as abstracções são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos se vão agrupando”. É fundamental que “A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 13), já que promove um esforço para produzir novos conhecimentos, que emergem da análise dos dados coletados.

E para finalizar a conceituação da abordagem qualitativa da pesquisa, é importância mencionar as palavras de Chizzotti (2014, p. 28) “O termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos da pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível.”

O autor (2014) menciona o papel do pesquisador e da pesquisadora que com zelo terá a finalizada de descrever cientificamente sua pesquisa, o que se pode associar a uma escrita com rigor científico, relacionada a uma fundamentação teórica

e metodológica. O que corrobora com as ideias de Vieira Pinto (1985) que o rigor pressupõe uma preocupação com a produção de pesquisas científicas com base epistemológica, que deve ser desenvolvida na academia, objetivando a construção de conhecimento.

3.1.2 Estudo de caso

Do ponto de vista de procedimentos técnicos, este estudo foi desenvolvido a partir de um estudo de caso, uma das formas que Lüdke e André (1986) destacam que uma pesquisa qualitativa pode assumir. A escolha por desenvolver um estudo de caso é justificada por esta investigação estar vinculada a um grupo determinado de professores e professoras, situados em um contexto específico.

Sobre o estudo de caso ser realizado com um grupo composto por professores e professoras de uma instituição especifica é importante destacar o entendimento de Chizzotti (2014, p. 136): “Os estudos de caso visam explorar, deste modo, um caso singular, situado na vida real contemporânea, bem delimitado e contextuado em tempo e lugar para realizar uma busca circunstanciada de informações sobre um caso específico.”

E se toma como referência para a análise desta investigação as considerações estabelecidas por Fernandes (1999, p. 31, grifo da autora) para realizar seus estudos, ao mencionar que “[...] para dar conta da análise da sala de aula e suas teias de

relações” de seu cotidiano, a autora destaca que considerou para a sua reflexão as

seguintes questões, que também serão consideradas na análise deste estudo:

• a impossibilidade de estabelecer diferenças/semelhanças por meio de critérios comparativos entre as salas de aula;

• a necessidade de compreender cada sala de aula como uma situação particular, embora sem isolá-la de seu contexto maior: a Universidade e esta, da Sociedade;

a compreensão das teias de relações exige flexibilidade tanto nos instrumentos metodológicos de coleta de dados quanto nas suas formas de organização e apresentação desses dados, para puxar seus múltiplos fios à interpretação dessas teias;

• a constatação de que os significados de conhecer-ensinar-aprender e as decisões pedagógicas são atravessados pelas questões do campo epistemológico, do campo científico e do campo profissional, configurando pedagogias universitárias diferenciadas (constatações referenciadas nos estudos de Cunha e Leite, 1996), que precisavam ser analisadas no contexto de cada curso. (FERNANDES, 1999, p. 31, grifo da autora)

Uma vantagem do estudo de caso é seu potencial de estudo para os problemas educacionais, que André (2008, p. 35-36) menciona ao destacar que:

Outra qualidade usualmente atribuída ao estudo de caso é o seu potencial de contribuição aos problemas da prática educacional. Focalizando uma instância em particular e iluminando suas múltiplas dimensões assim como seu movimento natural, os estudos de caso podem fornecer informações valiosas para medidas de natureza prática e para decisões políticas. Isso significa que tanto a coleta quanto a divulgação dos dados devem ser pautadas por princípios éticos, por respeito aos sujeitos, de modo que sejam evitados prejuízos aos participantes.

Portanto, as salas de aula representam aqui, neste estudo, as vivências e percepções que os interlocutores desta pesquisa mencionaram em suas falas nas entrevistas semiestruturadas.