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3 ANÁLISE DOS DADOS

3.4 INTERPRETAÇÕES DO GRUPO EXPERIMENTAL

3.4.1 Análise da interpretação 1

O estudante 1 do Grupo Experimental elaborou a seguinte interpretação.

Todo mundo já temia que o Programa ‘Fome Zero’ não seria eficaz o tanto para ma- tar a fome de todos os brasileiros. Na verdade, eu acho que a única solução é traba- lho para o povo. Segundo dados, há milhões e milhões de brasileiros miseráveis, e não vai ser um caminhão de comida que vai resolver o problema. Tenho certeza que não é fácil reerguer um país do jeito que está o Brasil, mas com esforço e menos cor- rupção tudo anda! Boa sorte, Lula! Você tem condições de salvar estas pobres pes- soas da maior dor, a fome!

Veja-se a sentença 1 do texto 1.

Sentença 1 – Todo mundo já temia que o Programa ‘Fome Zero’ não seria eficaz o

tanto para matar a fome de todos os brasileiros.

Explicatura da sentença 1 – Todo mundo [os brasileiros] já temia que o Programa

‘Fome Zero’ não seria eficaz o tanto para ∅ [o Programa ‘Fome Zero’] matar a fome de todos os brasileiros.

Interpretação da sentença 1 do texto 1:

S1 – A charge é uma crítica ao Programa “Fome Zero” (do conhecimento enciclopé-

dico e do input lingüístico).

S2 – O menino diz que faz tempo que não comem carne (do input lingüístico).

S3– O menino está comendo carne (do input visual).

S4 – O cachorro não está na coleira (do input visual).

S5 – Se S3 e S4, então S6

S6– A criança está comendo o cachorro por falta de alimentos (conclusão implicada).

S7 – Se S1 eS6,entãoS8 (premissa implicada).

S8 – O Programa “Fome Zero” não será eficaz (conclusão implicada).

S9 – O programa “Fome Zero” objetiva matar a fome de todos brasileiros pobres (da

memória enciclopédica).

S11– Se S9 e S10, então S12 (premissa implicada).

S12 – O Programa “Fome Zero” não matará a fome de todos os brasileiros (con-

clusão implicada).

Observe-se a Sentença 2 do texto 1:

Sentença 2 – Na verdade, eu acho que a única solução é trabalho para o povo. Explicatura da sentença 2 – Na verdade, eu [o estudante] acho que a única solução

[para o problema da fome no Brasil] é [o governo] [oferecer] trabalho para o povo [brasileiro que passa fome].

Essa sentença enseja as seguintes suposições:

S12– O Programa Fome Zero não matará a fome de todos os brasileiros (conclusão

implicada).

S13 – Se S12, então S14 (premissa implicada).

S14– A única solução é oferecer trabalho para o povo (conclusão implicada).

Sentença 3 do texto 1.

Sentença 3 – Segundo dados, há milhões e milhões de brasileiros miseráveis, e não

vai ser um caminhão de comida que vai resolver o problema!

Explicatura da sentença 3 – Segundo dados [de algum centro de pesquisa/de algu-

ma fonte de pesquisa], há milhões e milhões de brasileiros miseráveis [no Brasil], e não vai ser um caminhão de comida [do Programa Fome Zero] que [um caminhão de comida do Programa Fome Zero] vai resolver o problema [da fome do povo brasilei- ro].

Interpretação 3 do texto 1.

S15 – Há milhões e milhões de brasileiros miseráveis passando fome (da memó-

ria enciclopédica).

S16– Há poucos alimentos para um grande número de miseráveis (da memória enci-

clopédica).

S17– Se S15 eS16, então S18 (premissa implicada).

S18 – Não vai ser um caminhão de comida que vai resolver o problema da fome

(conclusão implicada).

Sentença 4 do texto 1.

Sentença 4 – Tenho certeza que não é fácil reerguer um país do jeito que está o Bra-

sil, mas com esforço e menos corrupção tudo anda!

Explicatura da sentença 4 –∅ [o estudante] Tenho certeza [de] que não é fácil re-

erguer um país [Brasil] do jeito [com pessoas passando fome] que [com pessoas pas- sando fome] está o Brasil [país], mas com esforço e menos corrupção tudo [o país se reergue/a fome diminui] anda [no Brasil].

Interpretação da sentença 4 do texto 1.

S15 – Há milhões e milhões de brasileiros miseráveis passando fome (da memória

enciclopédica).

S19 – Se S15, entãoS20 (premissa implicada)

S20 – Não é fácil reerguer o Brasil (conclusão implicada).

S21 – O governo Lula com o Programa Fome Zero ainda não se esforçou o suficiente

(da memória enciclopédica).

S22 – O governo Lula ainda possui corrupção (da memória enciclopédica).

S23 – Se S21 eS22, entãoS24 (premissa implicada).

S24 – O Programa Fome Zero com mais esforço e com menos corrupção tem

condições de eliminar a fome (conclusão implicada).

Sentença 5 do texto 1.

Sentença 4 – Boa sorte, Lula, você tem condições de salvar estas pobres pessoas da

maior dor, a fome!

Explicatura da sentença 4 – Boa sorte Lula! você [Presidente Lula] tem condições

de salvar estas pobres pessoas [povo brasileiro] da maior dor, a fome!

Interpretação da sentença 5 do texto 1.

S25 – O presidente Lula tem competência (da memória enciclopédica).

S26 – Se S25, entãoS27 (premissa implicada).

S27 – O presidente Lula tem condições de salvar as pessoas da fome (conclusão

implicada).

O estímulo ostensivo da charge reforça a suposição factual do estudante para quem há milhões de brasileiros passando fome, dado que ele capta a conclusão implicada de que a mãe havia assado o cachorro. Essa suposição serve de premissa implicada para a con- clusão implicada de que o Programa Fome Zero não será eficaz. Justamente essa conclusão emerge na forma lógica da sentença. Para o estudante, o Programa não matará a forme de to- dos os brasileiros.

Na sentença seguinte, admitindo-se a conclusão implicada da sentença anterior como premissa implicada, emerge a conclusão implicada de que a solução para a fome no Brasil passa pela oferta de trabalho (a questão do emprego).

Na sentença 3, como suporte ao argumento, o estudante explicita que “segundo dados” (quais?) “Há milhões e milhões de brasileiros miseráveis passando fome”. Essa incon- gruência, muitos passando fome e pouca ação governamental serve como premissa implicada para a conclusão de que “Não vai ser um caminhão de comida que vai resolver o problema da fome”. Essa conclusão implicada gera o ambiente para modalizar a ineficácia da sentença 1. Não se trata dizer que o Programa não será eficaz, mas o Programa em seu estágio atual.

Essa abertura permite ao estudante modalizar o argumento trazendo de sua memó- ria suposições factuais relacionadas com a má administração pública, desigualdade social, corrupção, etc. Todas essas suposições servem de premissa para a conclusão implicada de que “Não é fácil reerguer o Brasil”. Desse modo, ambienta-se uma nova conclusão implicada a de que “O Programa Fome Zero com mais esforço e com menos corrupção tem condições de eliminar a fome”, que, do ponto de vista do código, é uma contradição.

Em outras palavras, não havendo consideração das premissas implicadas que fo- ram destacadas nessa análise, o texto é incoerente. Sua coerência ocorre implicitamente e ca- beria ao docente, diante da avaliação dessa interpretação, reforçar a questão da explicitação das premissas no texto. Segundo a Teoria da Relevância, quanto mais explícitos os elementos do estímulo ostensivo, mais pistas, ou pistas mais seguras, o input lingüístico fornece para guiar a relevância. No caso, está-se diante de um típico exemplo em que o texto “ficou na cabeça do autor” e o esforço de processamento aumenta.

A sentença 5, por fim, introduz um tom ufanista à interpretação. O autor exime o Presidente Luís Inácio Lula da Silva das falhas do Programa, mas isso ocorre implicitamente. Fica implícito também que as falhas ou decorrem da má-administração ou da corrupção.

3.4.2 Análise da interpretação 2

O estudante 2 do Grupo Experimental elaborou a seguinte interpretação:

A charge faz uma crítica sobre o programa ‘Fome Zero’, que não está adiantando nada, porque muitas pessoas estão ainda passando fome. Isto foi uma promessa do governo do atual presidente, Lula, como uma forma de se eleger. Mas quem sabe nos próximos anos este programa pode adiantar. Ou esta foi apenas mais uma pro- messa de governador. Isto deve ser tudo uma ilusão.

Veja-se a sentença 1 do texto 2.

Sentença 1 – A charge faz uma crítica sobre o programa ‘Fome Zero’, que não está

adiantando nada, porque muitas pessoas estão ainda passando fome.

Explicatura da sentença 1 – A charge faz uma crítica sobre o programa ‘Fome Ze-

ro’, que [o Programa Fome Zero] não está adiantando nada [não está acabando com a fome do povo brasileiro], porque muitas pessoas [o povo brasileiro] estão ainda passando fome [no Brasil].

Interpretação da sentença 1 do texto 2.

S1 – Charges são textos críticos (da memória enciclopédica).

S2 – O filho diz que faz tempo que não comem carne (input lingüístico).

S3 – O cachorro não está na coleira (input visual).

S4 – Se S2 e S3, então S5 (premissa implicada).

S5 – O cachorro está sendo servido no almoço (conclusão implicada).

S6 – O programa “Fome Zero” objetiva matar a fome de todos brasileiros pobres (da

memória enciclopédica).

S7 – Se S1, S5 e S6, então S8 (premissa implicada).

S8 – A charge faz uma crítica ao Programa “Fome Zero” (conclusão implicada).

S9 – Os meios de comunicação divulgam a miséria (a fome) pela qual passa grande

parte de brasileiros (da memória enciclopédica).

S10– O Presidente assumiu há três anos e o Programa “Fome Zero” continua na pro-

messa (da memória enciclopédica).

S11– O Programa “Fome Zero” atinge baixos índices de erradicação da fome (memó-

ria enciclopédica).

S12– Se S11, então S13 (premissa implicada).

S13– O Programa “Fome Zero” não resolve o problema da fome (conclusão im-

plicada).

Sentença 2 – Isto foi uma promessa do governo do atual presidente, Lula, como

uma forma de se eleger.

Explicatura da sentença 2 – Isto [O programa Fome Zero] foi uma promessa do

governo do atual presidente, Lula, como uma forma de se [Lula] eleger [presidência da república].

Interpretação da sentença 2 do texto 2.

S14 – O Programa “Fome Zero” não é eficaz contra a fome (da memória enciclopédi-

ca).

S15 – Os miseráveis estão comendo até cachorro (do input visual).

S16 – Se S14 eS15, então S17 (premissa implicada).

S17 – O Programa “Fome Zero” foi uma promessa de governo (conclusão impli-

cada).

S18 – Se S17, então S19 (premissa implicada).

S20 – O Presidente Lula usou o Programa Fome Zero como uma forma de se e-

leger (conclusão implicada).

Sentença 3 do texto 2.

Sentença 3 – Mas quem sabe nos próximos anos este programa pode adiantar. Explicatura da sentença 3 – Mas quem sabe nos próximos anos este programa [O

Programa “Fome Zero”] pode adiantar [resolver o problema da fome].

Interpretação da sentença 3 do texto 2.

S21 – O programa “Fome Zero” tem uma tarefa longa (da memória enciclopédica)

S22 – O governo Lula tem pouco tempo (da memória enciclopédica).

S23 – Se S21 e S22, então S24 (premissa implicada).

S24 – quem sabe Nos próximos anos o Programa “Fome Zero” pode resolver o

problema da fome (conclusão implicada).

Sentença 4 do texto 2.

Sentença 4 – Ou esta foi apenas mais uma promessa de governador.

Explicatura da sentença 4 – Ou esta [proposta de acabar com a fome] foi apenas

mais uma promessa de governador [do Presidente Lula].

Interpretação da sentença 4 do texto 2.

S25 – O Programa “Fome Zero” não é eficaz (memória enciclopédica).

S26 – O Programa “Fome Zero” <possivelmente> é uma farsa (conclusão implicada).

S28 – O Programa “Fome Zero” é mais uma promessa do Presidente Lula (con-

clusão implicada).

Sentença 5 do texto 2.

Sentença 5 – Isto deve ser tudo uma ilusão.

Explicatura da sentença 5 – Isto [o Programa “Fome Zero”] deve ser tudo uma ilu-

são.

Interpretação da sentença 5 do texto 2.

S29 – O Programa “Fome Zero” é uma farsa (da memória enciclopédica).

S30 – O povo brasileiro foi enganado (da memória enciclopédica).

S31 – Se S29 e S30, então S32 (premissa implicada).

S32 – O Programa “Fome Zero” é mais uma ilusão (conclusão implicada).

A suposição explícita de que a charge é uma crítica ao Programa Fome Zero é muito significativa nessa interpretação. Ela é uma conclusão implicada que decorre de pelo menos três espécies de premissas: de que as charges são textos críticos, de que a crítica se refere ao Programa Fome Zero, e de que as personagens passam fome. A primeira é uma su- posição factual derivada da memória enciclopédica do estudante. A segunda suposição foi reforçada pelo input lingüístico do título da charge. A terceira decorre dos elementos do car- tum dado que, obviamente, o estudante foi capaz de captar a conclusão implicada de que a mãe cozinhou o cachorro. Essa conclusão se fortalece com o final da sentença, onde o estu- dante atesta que “O Programa “Fome Zero” não resolve o problema da fome”, como justifica- tiva para a crítica exposta na charge.

Essa ineficácia emerge agora como uma das premissas implicadas para a conclu- são implicada de que “O Programa ‘Fome Zero’ foi uma promessa de governo”. A outra, jus- tamente é a do paradoxo da cena da charge, ou seja, a de que essa família não deveria ter co- zido o cachorro se o Programa Fome Zero fosse eficaz. No final da sentença 2, o estudante reforça seu argumento: “O Presidente Lula usou o Programa Fome Zero como uma forma de

se eleger”, demonstrando que mesmo antes de ser governo, o Programa foi uma promessa eleitoral.

Nas sentenças seguintes, repete-se a modalização do argumento. O estudante a- meniza a crítica, defendendo que o Programa pode funcionar (Mas quem sabe nos próximos anos este programa pode adiantar); e de que a sua percepção do Programa enquanto blefe elei- toral passa a depender desse resultado futuro (Ou esta foi apenas mais uma promessa de go- vernador). A última sentença, por fim, retoma o argumento da promessa agora qualificada como “ilusão” (O Programa “Fome Zero” é mais uma ilusão). Como na interpretação anterior, parece haver uma indecisão sobre a força do argumento, talvez pelo temor de sua exposição na avaliação escolar.

3.4.3 Análise da interpretação 3

O estudante 3 do Grupo Experimental elaborou a seguinte interpretação:

A mulher no fogão assustada porque o filho dela falou: “os ossinhos eu vou jogar pro cachorro”. O menino está desnutrido e fazia tempo que não comia carne. Essa família era muito pobre e o menino estava em último grau de desnutrição. O presi- dente Lula implantou esse Programa ‘Fome Zero’ para as pessoas pobres parar (pa- rarem) de passar fome no Brasil. O presidente Lula implantou esse programa ‘Fome Zero’ para ajudar as pessoas pobres do Brasil, porque eles passam fome e as crianças ficam desnutridas porque não têm nada para comer.

Sentença 1 do texto 3.

Sentença 1 – A mulher no fogão assustada porque o filho dela falou: “os ossinhos

eu vou jogar pro cachorro”.

Explicatura da sentença 1 – A mulher [a mãe do menino] [está] no fogão assustada

porque o filho dela falou: “ os ossinhos [os ossos da carne que está comendo] eu vou jogar pro cachorro”.

Interpretação da sentença 1 do texto 3.

S1 – O menino fala que vai jogar os ossinhos para o cachorro (conclusão impli-

cada).

S2 – A expressão facial da mãe é de espanto (do input visual).

S3 – O cachorro não está na casinha (do input visual).

S4 – Se S2 e S3 então S5 (premissa implicada).

S5 – O cachorro está sendo servido ao menino (conclusão implicada).

S6 – Se S5 então S7 (premissa implicada)

S7 – A mulher no fogão está assustada (conclusão implicada).

Sentença 2 do texto 3.

Sentença 2 – Ela não sabe como irá contar para o seu filho que a carne que ele esta-

va comendo era para quem ele queria dar os ossos.

Explicatura da sentença 2 – Ela [a mãe do menino] não sabe como irá contar para

o seu [da mãe] filho que a carne que ele [o menino/filho] estava comendo era ∅ [a carne do cachorro] para quem [para o cachorro] ele [o menino/filho] queria dar os ossos.

Interpretação da sentença 2 do texto 3.

S8 – Quando o menino fala para sua mãe que quer guardar os ossinhos para o ca-

chorro ela responde assustada “Cachorro!” (do input lingüístico). S9– O cachorro não está na casinha (do input visual).

S10– Se S8 e S9 então S11 (premissa implicada).

S11 – O menino está comendo o cachorro no almoço (conclusão implicada).

S12 – Se S6 eS11 então S13 (premissa implicada)

S13– A mãe do menino não sabe como contar ao menino que o cachorro está

sendo servido no almoço (conclusão implicada).

Sentença 3 do texto 3.

Sentença 3 – O menino está desnutrido e fazia tempo que não comia carne. Explicatura da sentença 3 – O menino está desnutrido e fazia tempo que [o meni-

no] não comia carne.

A sentença 3 deve ser vista em conjunto com a sentença 4.

Sentença 4 – Essa família era muito pobre e o menino estava em último grau de

desnutrição.

Explicatura da sentença 4 – Essa família [O menino e sua mãe] era muito pobre [a

necessário “o alimento”.] e o menino estava em último grau de desnutrição [pela a- parência física].

Interpretação da sentença 4 do texto 3.

S14 – Na charge o menino apresenta-se fisicamente com braços e pernas finíssimos

ligados a um corpo que parece uma caveira (do input visual). S15 – Fazia tempo que não comia carne (input lingüístico).

S16 – Se S14 eS15 , então S17 e S18 (premissa implicada).

S17 – O menino <possivelmente> está desnutrido (conclusão implicada).

S18 – O menino está em último grau de desnutrição (conclusão implicada).

S19 – Fazia tempo que o menino não comiam carne (do input lingüístico).

Sentença 5 do texto 3.

Sentença 5 – O Presidente Lula implantou esse Programa “Fome Zero” para as pes-

soas pobres parar (pararem) de passar fome no Brasil.

Explicatura da sentença 5 – O Presidente Lula implantou esse Programa “Fome

Zero” para as pessoas pobres [povo brasileiro que não tem o que comer] pa- rar(pararem) [o povo são sentir mais necessidade] de passar fome no Brasil.

Interpretação da sentença 5 do texto 3.

S20 – O “Fome Zero” foi criado pelo Governo Lula. (do input lingüístico).

S21 – O programa “Fome Zero” se destina a famílias pobres (da memória enciclopé-

dica).

S22 – Se S20 e S21, então S23 (premissa implicada).

S23 –As pessoas pobres talvez parem de passar fome(conclusão implicada).

Sentença 6 do texto 3.

Sentença 6 – O Presidente Lula implantou esse programa ‘Fome Zero’ para ajudar

as pessoas pobres do Brasil, porque eles passam fome e as crianças ficam desnutri- das porque não têm nada para comer.

Explicatura da sentença 6 – O presidente Lula implantou esse programa ‘Fome Ze-

ro’ [Programa que tinha como objetivo erradicar a fome no Brasil] para ajudar as pessoas pobres [o povo brasileiro], porque [a causa] eles [o povo brasileiro] passam fome e as crianças [crianças brasileiras] ficam desnutridas porque[conseqüência] não têm nada [comida] para comer.

Interpretação da sentença 6 do texto 3.

S32 – O Presidente Lula ao criar o Programa Fome Zero <possivelmente> objetivava

sanar a fome do povo pobre do brasil.(memória enciclopédica). S30 – S32 então S33 (premissa implicada).

S33 – O Presidente Lula erradicando a fome estaria ajudando o povo brasileiro (con-

clusão implicada).

S34 – O Presidente oferecendo comida aos pobres <possivelmente> eliminaria a des-

nutrição (conclusão implicada).

A interpretação do estudante 3 configura-se como uma descrição dos elementos da charge. Em primeiro lugar, o estudante se dedica a descrever a cena. Logo em seguida, ele descreve o título.

Em função da expressão facial e do sentimento de culpa por ter assado o cachorro, faz com que o estudante inicie a primeira sentença dizendo que a mãe [estava] assustada no fogão. Logo em seguida, a sentença dá conta do menino e de sua decisão de querer jogar os ossinhos para o cachorro. Na sentença dois, o estudante infere o dilema da mãe, explicitando a que ela “não sabe como contar ao menino que o cachorro está sendo servido no almoço”. O estudante, então, com base no input visual não verbal das características físicas do menino e do input verbal “Fazia tempo que não comia carne”, gera a conclusão implicada de que “o menino está desnutrido”. Na sentença 4, explicita-se a pobreza da família e o argumento da desnutrição atinge tons mais dramáticos “está em último grau de desnutrição”.

Na sentença 5, a atenção toda se volta ao título da charge. Segundo o estudante, o Programa “Fome Zero” foi implantado pelo governo Lula (da memória enciclopédica) para que “as pessoas pobres talvez parem de passar fome”. A correlação entre o Programa e a fa- mília retratada na cena fica implícita: algo como “as pessoas pobres <possivelmente> como as do desenho, talvez parem de passar fome”.

Esse elo implícito se firma na sentença 6 pela emergência das entradas lexicais: crianças e desnutridas. Nesse caso, a existência do Programa, evitaria a existência de crianças desnutridas, leia-se, “<possivelmente> como a do desenho da charge”.

Essa interpretação, efetivamente, não atribui à charge a característica de critica ao Programa, a menos que implicitamente. O produto textual atribui à charge um caráter de

propaganda do Programa. Restaria saber se de fato foi essa a intenção do escritor ou, de fato, seria necessário um investimento na explicitação das várias etapas do argumento.

3.4.4 Análise da interpretação 4

O estudante 4 do grupo experimental elaborou a seguinte interpretação.

Milhões de cidadões (cidadãos) ainda têm esperanças de que esse programa funcio- ne, mas eu acredito que o ‘Fome Zero’ é apenas ilusão. No Brasil, deveríamos ter mais empregos, porque se todos trabalhassem poderiam ter o seu salário e comprar o pão de cada dia. Isto é uma grande mentira, um governo dar tantas esperanças ao seu povo. Hoje estamos todos aí, sem comida, com a mesma miséria, até pior que antes. Mas isso também depende do povo. Os cidadãos têm que irem (ir) e deixar de de- pender do nosso governo.

Veja-se os as sentenças do texto.

Sentença 1 – Milhões de cidadões (cidadãos) ainda têm esperanças de que esse pro-

grama funcione, mas eu acredito que o ‘Fome Zero’ é apenas ilusão.

Explicatura da sentença 1 – Milhões de cidadões (cidadãos) [das pessoas/do povo

brasileiro] ainda têm esperanças de que esse programa [O Fome Zero] funcione, mas eu [o aluno] acredito que o ‘Fome Zero’ é apenas ilusão.

Interpretação da sentença 1 do texto 4.

S1 – Milhões de cidadãos ainda têm esperanças de que o Programa Fome Zero fun-

cione (da memória enciclopédica). S2 – S1 e S3 (premissa implicada).

S3 – Há pessoas que não têm esperanças de que o Programa Fome Zero funcione

(conclusão implicada).

S4 – Se S3, então S5 (premissa implicada).

S5 – Essas pessoas acreditam que o Programa Fome Zero é uma ilusão.

S6 – Eu acredito que o Programa Fome Zero é uma ilusão.

Sentença 2 do texto 4.

Sentença 2 – No Brasil, deveríamos ter mais empregos, porque se todos trabalhas-

Explicatura da sentença 2 – No Brasil, [nós] deveríamos ter mais empregos, por-

que se todos [o povo brasileiro] trabalhassem [todos/o povo brasileiro] poderiam ter o seu [de todos/do povo brasileiro] salário e comprar o pão de cada dia [comida].

Interpretação da sentença 2 do texto 4.

S7 – Nós deveríamos ter mais empregos no Brasil (conclusão implicada).

S8 – Se S7, então S9 (premissa implicada).

S9 – Todos os brasileiros poderiam ter seu salário.

S10 – Se S9, então S11 (premissa implicada).

S11 – Todos os brasileiros poderiam comprar o pão de cada dia (conclusão im-

plicada).

Sentença 3 do texto 4.

Sentença 3 – Isto é uma grande mentira, um governo dar tantas esperanças ao seu

povo.

Explicatura da sentença 3 – Isto [O ‘Fome Zero’] é uma grande mentira, um go-

verno [o do Presidente Lula] dar tantas esperanças [oferecer alternativas para matar a fome] ao seu povo [o povo brasileiro].

Interpretação da sentença 3 do texto 4.

S13 – O governo quer acabar com a fome com o Programa Fome Zero (da memória

enciclopédica).

S14 – O Programa Fome Zero não dá emprego aos brasileiros (da memória enciclo-

pédica).

S15 – Para acabar com a fome o governo deve gerar empregos para os brasileiros

(conclusão implicada).

S16 – Se S14 e S15, então S17 (premissa implicada).

S17 – O Programa Fome Zero é uma mentira porque dá tantas esperanças ao

povo brasileiro (conclusão implicada).

Sentença 4 do texto 4.

Sentença 4 – Hoje estamos todos aí, sem comida, com a mesma miséria, até pior

que antes.

Explicatura da sentença 4 – Hoje [no momento atual] [nós] estamos aí, [no Brasil]

sem comida, com a mesma miséria [de antes do Programa “Fome Zero”], até pior que antes [do Programa “Fome Zero”].

Interpretação da sentença 4 do texto 4.

S18 – O Programa Fome Zero é uma mentira porque dá tantas esperanças ao povo

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