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CAPÍTULO 2 – Desenvolvimento e avaliação da intervenção pedagógica

2.3. Intervenção didática na disciplina de Inglês

No dia 16/02/2016 e 18/02/2016 foram apresentadas algumas atividades relacionadas com o projeto de intervenção (anexo 4). No início da aula foram recuperados os conteúdos socioculturais e multiculturais abordados nas aulas anteriores

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através de um brainstorming com os alunos, sendo expostas, no quadro, as ideias que foram surgindo. Antes de ouvirem a canção “Black or White” de Michael Jackson, foi escrito no quadro o título da música para que os alunos tentassem descobrir o artista que interpreta a canção, e, através do título, descobrir que temática que a música explorava. Desta forma, os alunos fizeram uma antecipação do conteúdo da canção. Depois de ouvirem e verem o vídeo-clip da música em questão, foi-lhes entregue em formato de papel um exercício (anexo 4), com o intuito de preencherem os espaços em branco de partes da letra da música em falta. Posteriormente, com essas palavras expostas no quadro, foi-lhes proposta a elaboração de frases relacionadas com o tema e com a mensagem que a música transmite. Na atividade final, os alunos recorreram ao poder de argumentação para discutir qual a razão que levou Michael Jackson a mudar a cor da sua pele. Para esta atividade foi utilizado o projetor para exibição de duas imagens distintas do artista, o que facilitou a atividade de reflexão sobre o tema em questão.

As atividades propostas fomentaram o trabalho de criatividade e de reflexão. Os alunos conseguiram expor as suas perceções e opiniões proporcionando momentos de interação e discussão. O facto de ter usado uma música muito conhecida motivou-os a mobilizar e expandir ideias relacionadas com questões raciais. A última atividade teve um bom impacto na dinâmica da aula, bem como proporcionou atitudes de respeito e de valorização das opiniões de cada um. No final, os alunos preencheram a ficha de autorregulação (anexo 2)

O nível de participação dos alunos variou ao longo da intervenção. Inicialmente, estes demonstraram-se um pouco retraídos, mas à medida que a intervenção decorria os alunos tornaram-se cada vez mais participativos, entrando na dinâmica das atividade. As atividades pautaram-se pelo desenvolvimento da competência sociocultural e intercultural do aluno, promovendo situações de reflexão sobre a diversidade cultural no mundo. As atividades deram ainda primazia ao desenvolvimento das competências gerais do aluno, bem como à integração das diferentes destrezas necessárias ao desenvolvimento da sua competência comunicativa.

Em suma, creio que os objetivos propostos foram alcançados já que a minha principal preocupação era que os alunos fossem capazes de entender as diferenças entre culturas, promovendo o respeito e a tolerância pelas mesmas, enquanto adquiriam vocabulário e espírito crítico face a este assunto. Foi uma aula na qual penso que os alunos deram mais um passo adiante no caminho do desenvolvimento da sua

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competência intercultural, através da aquisição / aprofundamento de conhecimentos, do desenvolvimento de atitudes positivas face a diferentes culturas (respeito, abertura) e desenvolvimento da sua consciência intercultural, pelo entendimento, análise e comparação entre culturas.

Seguem-se dois exemplos das opiniões dos alunos, retiradas da ficha de autorregulação (anexo 2) para esta sequência didática:

A segunda sequência direcionada ao projeto de intervenção foi desenvolvida em 24/05/2016 e 26/05/2016 (anexo 5). Iniciou-se com a exploração de uma imagem de uma família Amish, convidando-se os alunos a descobrir semelhanças e diferenças entre a família apresentada e as suas próprias famílias. Em seguida procedi à entrega em formato de papel de um“quiz” sobre os Amish antes de os alunos visualizarem um pequeno documentário em vídeo sobre o seu estilo de vida. Depois da visualização deste documentário, os alunos foram convidados a refletir sobre diferenças e semelhanças culturais entre eles e os Amish. Na atividade seguinte os alunos visualizaram e ouviram o vídeo-clip da música “The Host Of Seraphim” da banda Dead Can Dance, que retratava a diversidade humana e cultural no mundo. Nesta mesma atividade os alunos teriam que refletir e discutir em grupo o conteúdo do vídeo que tinham acabado de visualizar para depois escreverem uma mensagem sobre o tema da canção e desta forma partilharem a sua opinião com o resto da turma, sendo todas as mensagens apresentadas no quadro. A partir dessas mesmas opiniões, os alunos criaram

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uma mensagem conjunta para o mundo, onde tentavam mostrar a razão pela qual as diferenças devem serem respeitadas e aceites.

As atividades propostas forneceram informações e imagens valiosas acerca da diversidade cultural no mundo e ficou evidente que o uso da música pode ser um meio importante para promover o conhecimento cultural e a consciência da diversidade cultural. Como esperado, os materiais que foram utilizados ajudaram os alunos a ter uma perceção mais ampla da diversidade cultural no mundo. Ao mesmo tempo, e de forma exploratória, os alunos manifestavam interesse em analisar e contrastar diferenças culturais, promovendo-se assim atitudes necessárias ao contato intercultural. Esta sequência proporcionou aos alunos uma participação mais coletiva, já que algumas atividades geraram alguma discussão e reflexão entre os demais colegas. Durante as atividades, os alunos mostraram atitudes de respeito e tolerância perante a diversidade cultural. No final, os alunos preencheram a segunda ficha de autorregulação (anexo 2) acerca da música e das atividades, mas também, acerca das competências socioculturais e interculturais adquiridas.

Em seguida exponho algumas opiniões dos alunos apresentadas na ficha de autorregulação (anexo 2) desta sequência didática:

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A ficha de autorregulação foi importante para proporcionar aos alunos momentos de reflexão sobre as aulas e para analisar o desenvolvimento das suas aprendizagens durante a intervenção pedagógica. Apresento no quadro 4 os resultados da primeira e segunda fichas de autorregulação entregues aos alunos 18/02/2016 (24 respostas) e 30/05/2016 (24 respostas). Ficha de Autorregulação 1 Ficha de Autorregulação 2 DP+D ? C+CP DP+D ? C+CP

Gostei da música que ouvimos. 0% 0% 100% 0% 0% 100% A mensagem da canção ajudou-me a

desenvolver respeito, admiração e interesse por outras culturas.

0% 12,5% 87,5% 0% 0% 100%

A mensagem da canção ajudou-me a desenvolver tolerância e compreensão por culturas diferentes da minha.

0% 16,6% 83,3% 0% 4,2% 95,8%

As atividades realizadas ajudaram-me a

perceber melhor o conteúdo da música. 0% 4,2% 95,8% 0% 4,2% 95,8% As atividades realizadas ajudaram-me a

perceber melhor aspetos relacionados com o nosso projeto (multiculturalidade; diversidade cultural; comunicação intercultural…).

0% 8,3% 91,7% 0% 4,2% 95,8%

Considero-me uma pessoa de mente aberta

às diferenças culturais. 0% 16,6% 83,3% 0% 8,3% 91,7%

Escala: DP-discordo plenamente/ D- discordo/ ?- não tenho a certeza/ C- concordo/ CP- concordo plenamente Quadro 4 – Resultados das fichas de autorregulação na turma de inglês

Assim, no que concerne à primeira pergunta foi notório que 100% dos alunos concordam que gostaram da música que ouviram, tanto na ficha 1 como na 2.

Na segunda questão, as percentagens observadas mostram como quase toda a turma acredita que a mensagem das canções ajudou a desenvolver respeito, admiração e interesse por outras culturas, embora tenha havido algumas dúvidas na ficha 1 (12,5 %). A ficha 2 mostra um claro aumento de percentagem de concordância em relação a este assunto. Em relação ao que foi observado no gráfico 2 do questionário inicial estes resultados parecem revelar um maior interesse por outras culturas, ou seja, a música pode ter sido benéfica na consciencialização cultural.

Na ficha 1, a maioria dos estudantes são da opinião que a música ajudou a desenvolver a tolerância e compreensão das diferentes culturas diferentes da sua, mas 16,6% da turma não sabe se ajudou ou não. Na ficha 2, provavelmente devido ao conteúdo da música, as percentagens de concordância aumentam substancialmente.

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Comparativamente ao gráfico 2 do questionário inicial, e apesar de esse apresentar valores positivos, observa-se um claro aumento percentual nas fichas de autoavaliação sobre o uso da música no desenvolvimento da tolerância e compreensão face a culturas diferentes. Este facto também se deve às atividades que foram realizadas ao longo da minha intervenção pedagógica, ou seja, os resultados parecem indicar que a música pode funcionar como uma ferramenta útil e trabalho em sala de aula.

Na quarta questão, sobre a utilidade das atividades realizadas para a compreensão do conteúdo da música, houve uma grande concordância (95,8%), mostrando que as atividades revelaram ser uma mais-valia no desenvolvimento e perceção do objetivo deste projeto. A quinta questão é crucial para compreender o entendimento do aluno acerca do projeto de intervenção pedagógica proposto. Este tema foi discutido e clarificado várias vezes durante as aulas, os seja, os alunos, durante a minha intervenção viriam a ter mais consciência e clareza acerca dos conteúdos e objetivos do nosso projeto. Esse facto está patente nas suas respostas, pois em geral concordaram que as atividades os ajudaram a perceber melhor os aspetos relacionados com o nosso projeto.

No gráfico 1 do questionário inicial verificava-se que o que menos motivava os alunos era o gosto por conhecer outras culturas. Como se pode observar pelos resultados das fichas 1 e 2, os alunos, durante a minha intervenção, viriam a adquirir uma maior abertura maior às diferenças culturais. Depois da segunda intervenção, na ficha 2, todos os alunos à exceção de dois (8,3%), concordaram que se consideram pessoas de mente aberta às diferenças culturais.

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