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1.1 PROBLEMÁTICA

O fenômeno do turismo atinge dimensões globais em seu processo de desenvolvimento, explorando potencialidades naturais e artificiais nas cidades, estruturadas ou incipientes, turisticamente falando. As demandas turísticas surgem em meio a essa realidade mercadológica e as circunstâncias que afloram e que podem causar impactos na prática do segmento.

A constituição do turismo como fenômeno pode apresentar diversos significados. Para Graburn (1983) o turismo é representado por dois ritos:

intensificação e passagem, em que o primeiro diz respeito ao seu caráter periódico e o segundo, dado pelo aspecto transitório que o turismo realiza em suas viagens.

O turismo na contemporaneidade é uma realidade mundial que contribui para ampliação da imagem de um país. Para Cooper e Hall (2011) o consumo turístico é fortemente influenciado pela experiência que o turista obtém na viagem, por isso que todo roteiros turísticos produzido deve levar em consideração a relação entre a demanda e a oferta.

O turismo praticado desde 2017 possui diversas interações complexas, como por exemplo, o advento da tecnologia que molda formas como a atividade é ofertada. Os vários setores do segmento turístico, “transporte, hospitalidade, gastronomia, locação de veículos abrangendo de forma generalizada, novos sistemas de reservas das agências de viagens, começando pelo low cost/ low fare das empresas aéreas” sofrem reformulações nos serviços prestados (BENI, 2017, p.4).

Em 2019 teve um aumento no Brasil de 31,4% da demanda de serviços ofertados pelas agências de viagens, tendo uma alta no faturamento dos empresários de 29% (BRASIL, 2019). Para atender ao público as agências de viagens tem buscado entender a segmentação e personalização do produto específico para cada tipo de público. Assim, otimiza investimentos e as promoções, a divulgação e a comercialização desses produtos (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESA - SEBRAE, 2019).

Entretanto, em março de 2020 a pandemia de COVID-19 se alastrou pelo mundo, afetando empresas da área de turismo no Brasil. Beni (2020) afirma que

riscos epidêmicos e pandêmicos estão entre umas das características de impactos externos que interferem no turismo tornando-o volátil.

O relatório do Ministério do Turismo (BRASIL, 2021) mostra que o turismo internacional sofreu com a perda de receita de 1,3 trilhões de dólares em 2020. No Brasil, existiu uma queda de 38% na Receita Nominal das Atividades Turísticas em relação ao ano de 2019. Conforme este relatório, o setor de agência de viagens entre os meses de março a junho de 2020, o setor apresentou uma queda de 82,1%, na arrecadação, embora a arrecadação anual exibisse uma retração de apenas 1%

em comparação ao ano anterior.

Nesse contexto, as agências de viagens precisaram de apoio do governo para se manter no mercado e os empresários tiveram que pensar também em novas formas de se reinventar com essa situação que se instalou de repente (SILVA et. al.

2021).

Uma das primeiras iniciativas no Brasil foi um documento criado pela Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) Nacional em abril de 2020 para conduzir o enfrentamento da crise da Covid-19, no qual tem orientações para os viajantes e as orientações para que os agentes de viagens incentivassem os clientes a realizarem remarcações de passagens sem custo para o passageiro.

Entre outras soluções encontradas pelas agências de viagens para adequação para retomada do turismo está a criação de novos roteiros turísticos. Por exemplo, para Felix (2021) uma agencia de turismo que antes empreendia experiências com foco nos turistas estrangeiros, com a chegada da pandemia forçou a adaptação para o turismo doméstico.

Os roteiros desenvolvidos pelas agências e operadoras do turismo atentam-se na capacitação em atenderem às expectativas da demanda, em que o turista esteja apto e sinta-se seguro, devido às condições que os destinos apresentam em relação ao quadro de vacinação (SENGEL, 2021).

Com isso, agências e outros segmentos do turismo podem planejar-se para a retomada gradual da atividade e pensar em medidas de inovação preventivamente caso ocorra o surgimento de novas variantes da COVID-19. Dessa forma, a gestão de risco surge sobre essa ótica de retorno da atividade turística baseada na segurança e na prevenção do turista.

Autores como Brandão (2009), Neves (2010), Vaz (2011) entre outros que investigam as contribuições desse tipo de gestão, seja a nível turístico ou de toda

economia. A partir dessas contribuições, este estudo reforça como o turismo pode trazer uma nova perspectiva em sua volta.

A presente pesquisa debruça-se no foco em expor novas formas de trabalhar das agências de viagens mediante ao contexto do que o pós-covid-19 pode proporcionar ao segmento do turismo. Analisando, desse modo, as agências da cidade de Natal, situadas no Estado do Rio Grande do Norte no que se refere à produção de novos roteiros para o Estado do Rio Grande do Norte e para outros Estados no sentindo de continuarem a atuar no mercado.

Natal é a capital do Rio Grande do Norte e possui uma série de agências de viagens que vendem pacotes turísticos, tanto para dentro do Estado como para fora e nesse novo momento tiveram que repensar seus roteiros provocando uma inovação nos mesmos para não entrarem em falência.

De acordo com estas informações, a presente pesquisa, estabelece-se a seguinte pergunta-problema: Como as agências de viagens de Natal têm inovado seus roteiros turísticos mediante a pandemia de Covid-19?

1.2. Justificativa

A conjuntura em que se encontra a realidade do trade turístico viabiliza o estudo das consequências oriundas da pandemia do Coronavírus. Pesquisadores comprometidos em dar respostas à sociedade empenharam-se em investigar esse cenário.

Shi e Liu (2020) expõem que a escala da epidemia pode ser explicada pela migração, mas no caso da China se espalhou principalmente pela transição dos empresários de um ponto a outro do país. Para Hall et. al. (2020) os efeitos da Covid-19 e as medidas para contê-las podem levar à reorientação do turismo em alguns casos, mas em outros contribuirão para políticas que reflitam o nacionalismo egoísta de alguns países.

Panosso Netto et. al. (2020) pensam que as viagens são partes significativas de sonhos, e com o advento da pandemia as pessoas foram impedidas de se deslocarem, e outras sem dinheiro suficiente terão que aguardar pacientemente a volta da “normalidade”.

Todavia, Beni (2020) aponta uma direção para a nova retomada do turismo no Brasil, a qual pode ser: eventos online; viagens de lazer com carro

próprio com até 250 km; turismo para terceira idade, posto que são os primeiros turistas a ser vacinados; e atividades de ecoturismo em reservas ecológicas e parques nacionais.

De maneira geral, pode-se dizer que os autores como Shi e Lu (2020), Hall et. al. (2020) e Panosso Netto et. al. (2020) traçaram pontos de vista sobre a pandemia no turismo e Beni (2020) apontou alguns caminhos para os destinos turísticos.

Entretanto, não se observa nesses estudos a especificidade de como as empresas de turismo, como por exemplo, as agências de viagens estão fazendo para lidar com a situação da Covid-19 no momento em que já existem vacinas em vários países. Isto posto, os trabalhos ora citados eram de 2020, o que se configura como um momento em que estava-se vivenciando uma crise, mas a partir de 2021 aparecem as vacinas e a preocupação passa a ser com o surgimento de novas variantes da Covid-19, então para esse período de 2022 necessita-se de estudos que trabalhem dentro da lógica da gestão de riscos para prevenção dessas empresas no caso de um novo alastrar da pandemia.

Alguns estudos já apontaram uma intenção dos turistas de voltarem a viajar no pós-Covid-19 como o de Silva et. al. (2020) que mostra um interesse dos turistas por realizar viagens em destinos mais voltados para atividades ao ar livre, como turismo de aventura e o ecoturismo. Contudo, não assinala os responsáveis pela construção desses novos roteiros turísticos para atendimento a esse público.

Coelho e Mayer (2020) afirmam que no ano de 2020 houve uma incerteza acerca das empresas que realmente teriam condições de continuar suas atividades no ramo de turismo. Entretanto, esses autores não realizaram estudos no ano seguinte de como ficou a situação das empresas em um novo momento da pandemia.

Gullo (2020) mostra a fragilidade da economia, diante da disparada da contaminação do vírus em 2020, dando sinais de que as empresas precisarão se reinventar, mas não especifica nenhum tipo de empresa voltada para turismo e nem como seria esse processo de reinvenção.

Os estudos de Silva et. al. (2020), Coelho e Mayer (2020) e Gullo (2020) fornecem grandes perspectivas e ressalvas do que a Pandemia acarretou para o turismo. Porém, nota-se que existe uma lacuna do conhecimento no que tange à retomada em si do turismo, principalmente sobre as agências de turismo para o

momento de vacinas e de preocupação com as novas variantes da Covid-19. Sendo assim, para os pesquisadores da área de turismo faz-se importante entender nesse novo momento a partir do ano de 2021 como as agências de viagens estão inovando seus roteiros turísticos, já pensando numa forma de prevenção a futuras pandemias.

As contribuições dessa monografia para a sociedade são que a inovação para elaboração de novos roteiros pode constituir continuidade das agências de viagens no mercado de turismo, servindo de base para que outros gestores de outras agências possam pensar em formas se prevenirem quanto a futuras pandemias e continuar operando no setor de turismo.

Por fim, a realização desse trabalho teve como motivação pessoal do autor o fato que o mesmo já desenvolvia alguns roteiros turísticos para que os amigos fossem realizar viagens e já se interessava por essa área. Nesse sentido, após observar esse contexto da pandemia de Covid-19 começou a pensar como as agências de viagens tem buscado transformar seus roteiros turísticos para atender a esse novo contexto.

1.3. OBJETIVOS 1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo geral desse trabalho é analisar a inovação em roteiros turísticos de agências de viagens de Natal durante a pandemia de covid-19.

1.3.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

A. Identificar os principais roteiros turísticos comercializados antes da pandemia pelas agências de viagens de Natal.

B. Verificar o processo de inovação nos roteiros turísticos durante a pandemia de covid-19 em agências de viagens de Natal.

C. Entender como a tecnologia da informação e comunicação tem contribuído e/ou impactado na inovação de roteiros turísticos mediante a pandemia de Covid-19.

1.4 ESTRUTURA DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

A estrutura de organização do trabalho apresenta uma introdução, na qual está presente a problemática da pesquisa, expondo a relação entre o turismo e a tecnologia e a posição financeira das agências de viagens até 2019, além da influência da pandemia de Covid-19 nessas empresas.

Além disso, na introdução possui a justificativa que apresenta alguns autores que trabalharam temáticas sobre epidemia e pandemia e as formas como afeta o turismo, mas que deixaram lacunas com relação a como as agências de viagens sobreviveu a esse novo cenário de pandemia e as inovações promovidas pelas agências através de novos roteiros turísticos para continuidade da atividade.

Também é apresentado o objetivo geral que delineou este estudo e os objetivos específicos para alcance desse objetivo geral. A seguir é mostrada a estrutura de organização do trabalho.

No que se refere ao referencial teórico foram expostos tópicos sobre:

Turismo e seus produtos e atrativos; agências de viagens, roteiros turísticos e comercialização; gestão de riscos como fator de inovação de roteiros turísticos e a pandemia de Covid-19; e Tecnologia da Informação e Comunicação em Turismo aplicado às agências de viagens.

Logo após, está à metodologia com caracterização da pesquisa, universo e campo da pesquisa, plano de coleta de dados e técnicas de análise dos dados. A seguir tem a análise dos resultados com: a caracterização das agências de viagens e o perfil dos gestores das agências de viagens de Natal; os principais roteiros turísticos comercializados antes da pandemia pelas agências de viagens de Natal; a inovação dos roteiros turísticos das agências de viagens de Natal mediante a pandemia de Covid-19; e a contribuição da tecnologia da informação e comunicação para inovação de roteiros turísticos mediante a pandemia de Covid-19. E por fim, tem as considerações finais e as referências do trabalho.