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A facilidade de acesso ao celular, Smartphones, MP3, MP4 e outras tecnologias é comum em sala de aula. Esses dispositivos móveis são intensamente usados pelos estudantes durante as aulas, especialmente para se comunicar por meio de mensagens ou ouvindo música. Mas a prática desses estudantes, com relação a essa tecnologia, precisa ser analisada com cuidado. Percebe-se que há uso da tecnologia, mas não há conhecimento científico algum sobre seu funcionamento e fabricação.

Conforme Bozatski e Miquelin (2007, p. 33), “usuário-leigo é a pessoa que aprende a usar com prática intuitiva uma tecnologia, porém não domina o mínimo de       

19 Nativos Digitais estão acostumados a receber informações rapidamente. Eles preferem gráficos antes do texto, em vez de o oposto. Eles preferem acesso aleatório (como hipertexto). Eles funcionam melhor quando em rede. Eles prosperam em gratificação instantânea e recompensas frequentes. Eles preferem jogos para o trabalho “sério” (PRENSKI, 2001).

conhecimento científico sobre sua fabricação e funcionamento”. Observa-se que a sociedade vive uma “relação de uso da tecnologia sem sua devida compreensão”, não tem o conhecimento necessário sobre seu funcionamento e fabricação. Dessa forma, não reflete sobre sua prática ao usar a tecnologia (BOZATSKI; MIQUELIN, 2007). A prática, sem uma reflexão, é um problema que envolve a dinâmica de uma escola e, nesse ambiente, a reflexão e estudos sobre as implicações do uso das tecnologias precisam estar fortemente firmadas. Essa ação pode partir dos professores e ser direcionada para o processo de ensino aprendizagem, para a prática em sala de aula, fornecendo subsídios para que os estudantes adquiram uma postura crítica e reflexiva sobre o uso do celular no ambiente escolar.

Ao pensar em ter conhecimentos sobre o funcionamento e aplicações do celular, muitos professores, preferem não utilizá-los em suas aulas. Para muitos desses profissionais, o ato de proibir o uso é uma forma de continuar sua ação sem precisar se preocupar com a atualização profissional para ter o domínio da tecnologia em sua prática.

Aliado à falta de formação necessária e do mau uso dos estudantes, surgem as discussões sobre a proibição do uso do celular em sala de aula. Na escola também se verificam opiniões diversas, referentes ao uso do celular em sala de aula, haja vista que alguns professores são contrários e outros favoráveis. Em alguns municípios (a exemplo de Curitiba-PR) e estados brasileiros (São Paulo e Paraná), existe uma lei que proíbe o uso de celular em sala de aula, tornando essa discussão ainda mais intensa.

No estado do Paraná, foi criada a lei (Lei n. 18.118, de 24 de junho de 2014) que proíbe o uso de aparelhos/equipamentos eletrônicos nos estabelecimentos de Educação de ensino para fins não pedagógicos:

Art. 1º Proíbe o uso de qualquer tipo de aparelhos/equipamentos

eletrônicos durante o horário de aulas nos estabelecimentos de educação de ensino fundamental e médio no Estado do Paraná.

Parágrafo único. A utilização dos aparelhos/equipamentos mencionados no

caput deste artigo será permitida desde que para fins pedagógicos, sob orientação e supervisão do profissional de ensino (PARANÁ, 2014).

Entendemos que não é necessária a proibição dos aparelhos, até mesmo por resultar em um processo de conflito entre professor e aluno, devido à fiscalização que passa a ser exigida pelo professor. O estudante precisa tornar-se um sujeito

capaz de refletir sobre os prejuízos do uso indevido desses equipamentos em sala de aula, e não apenas deixar de usar por ser proibido. Certamente, o foco da aprendizagem é deixado de lado, quando o estudante usa indiscriminadamente o celular e outros equipamentos eletrônicos, desrespeitando a lei, o professor e os demais estudantes.

Vicent (2005) faz uma análise do avanço da tecnologia e as implicações do fator humano no controle das consequências do seu uso. Para que a tecnologia não se torne o centro das atenções e para que o mundo se torne um lugar seguro, mais saudável, mais produtivo e sustentável, é necessário que o fator humano seja o foco nesse mundo tecnológico atual. O termo tecnologia geralmente faz referência a aspectos físicos, porém Vicent (2005) o considera num sentido mais amplo englobando os aspectos não físicos, tais como horário de trabalho, organização dos funcionários numa empresa e até mesmo regulamentações jurídicas.

Para o autor, a tecnologia deveria servir as necessidades das pessoas, deveria tornar o mundo mais prático. No entanto, não é o que sempre ocorre. Muitas vezes nos tornamos refém das tecnologias; não levamos em consideração o fator humano e perdemos a nossa qualidade de vida. Antes mesmo de conseguirmos decifrar todas as funções de uma determinada tecnologia, uma nova surge, tornando a atual obsoleta. Além disso, Vicent (2005) conclui que em situações nas quais os aspectos físicos não são considerados como eixo principal, consequências danosas poderão surgir e repercutirão na qualidade de vida das pessoas. O autor não defende que a tecnologia é má, pelo contrário, leva-nos a uma reflexão da importância de se entender o porquê da tecnologia estar fora de controle. Apresenta que é necessária uma visão humanística na qual o foco são as pessoas e não a tecnologia.

Postman (1994), no primeiro capítulo do livro Tecnopólio, apresenta as implicações da inserção de uma nova tecnologia na sociedade. Apresenta vários exemplos de mudanças com efeitos diversos na sociedade. Argumenta que uma inovação tecnológica não tem efeito unilateral. Ao mesmo tempo pode ser uma benção e um fardo. Seria muito interessante que uma tecnologia pudesse não trazer prejuízos futuros e ao mesmo tempo ter muitos benefícios imediatos, porém, não é o que ocorre. Toda tecnologia traz consigo uma mudança completa do ambiente que se tinha antes e depois dela. A detenção da tecnologia impõe condição de autoridade imerecida àqueles que têm o seu controle.

Para investigar os posicionamentos de alguns professores de Química da rede pública estadual do Paraná sobre o uso de equipamentos eletrônicos em sala de aula, em especial o celular que está muito presente, realizou-se uma investigação envolvendo professores e alunos. Por meio da utilização de um questionário com questões abertas, os professores expressaram sua posição sobre o uso ou não desses equipamentos em sala de aula. Também apresentaram quais ferramentas do celular poderiam ser utilizadas nas aulas e quais os conteúdos de Química poderiam ser trabalhados com os estudantes permeando os conhecimentos científicos atrelados a essa tecnologia.