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1.6 FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PESQUISA 24

1.6.6 Música: Incentivo à Leitura 52

De acordo com as DCE do Paraná, a leitura se constitui de uma habilidade necessária para o ensino de Química. Para ter acesso ao conhecimento científico é necessário que o estudante consiga entender os significados a partir da linguagem usada. Não é muito comum entre os estudantes o gosto pela leitura; no entanto, ao utilizar a música, outra possibilidade de incorporar a leitura à vida estudantil é

estabelecida por meio da música que pode favorecer a aquisição da leitura. A análise de letras de músicas e a construção de paródias estimulam os processos cognitivos relacionados às habilidades de leitura, interpretação e produção que são necessárias para o processo de ensino aprendizagem. Sendo assim, a transferência de habilidades de uma área a outra, ou seja, da música para a Química, pode ser possível.

A transferência de habilidades ocorre quando se transportam conhecimentos de uma situação de conflito para outra. Sternberg (2000) afirma que a transferência de habilidades cognitivas é uma possibilidade a ser aplicada ao ensino. Percebe-se uma grande contribuição da música favorecendo os processos de linguagem e leitura, importantes para a Química. Pacheco (2010) apresenta um estudo desenvolvido com crianças no município de Curitiba-PR sobre a aquisição da leitura. Para a autora, o estudo sugere a existência de correlação significativa entre as habilidades musicais e a consciência fonológica das crianças brasileiras de quatro e cinco anos. Os resultados dos estudos apontam para a contribuição da música nos processos de aquisição de leitura que, por sua vez, são fundamentais para a interpretação e entendimento de contextos. A autora também apresenta outros estudos sobre as contribuições da música para a leitura:

Moyeda (2006) que apresenta que ‘o desenvolvimento do vocabulário e influenciado pela prática de atividades musicais em geral ou por atividades musicais específicas que estimulam a memória auditiva e a percepção rítmica, melódica e harmônica’. David et al. (2007) ‘sugeriram que há evidências de que a correlação ritmo-leitura é mais significativa em crianças maiores, a partir de nove anos’. Ilari 2005, p.59 apresenta que ‘o aprendizado musical pode ser útil para o desenvolvimento da leitura’ (PACHECO, 2010, p. 371).

Nesses estudos são apresentadas algumas possibilidades de a música contribuir com os processos de desenvolvimento de habilidades relacionadas à leitura. Em um estudo, Francisco Junior, Ferreira e Hartwig (2008) realizaram um levantamento sobre artigos publicados em importantes veículos de informação nacionais como revista Química nova e Química nova na escola que abordassem a importância da leitura na Química. O Quadro 1.3 apresenta os resultados desse trabalho relacionado à leitura em periódicos brasileiros de Educação em Química/ Ciências. Os autores consideram que os trabalhos referentes ao tema estão crescendo nos últimos anos, mas ainda não é o suficiente. Salientam também que “é

necessário, no entanto, que tal crescimento reflita também nos periódicos da área e nas salas de aula” (FRANCISCO JUNIOR; FERREIRA; HARTWIG, 2008, p. 223).

Título do Trabalho Autores Ano Periódico

Estudando plásticos: tratamento de problemas autênticos no ensino de Química

Lima, M.E.C.C. e

Silva, N.S. 1997 Química Nova na Escola Reflexões sobre o currículo a partir

da leitura de um livro para crianças Moreira, A.F.B. 1999 Química Nova na Escola Tirando as argilas do anonimato Pereira, R.L.;

Munhoz, D.A.; Pestana, A.P.; Vieira, L.A. e Machado, A.H.

1999 Química Nova na Escola

Ciência e poesia Porto, P.A. 2000 Química Nova na Escola Los Estudiantes verifican La

consistência interna de lós textos científicos o retienenla primeira información que leen?

Maturano, C.I.; Mazzitelli, C.A. e Macias, A. 2003 Investigações no Ensino de Ciências Discursos de professores de

ciências sobre leitura Andrade, I.B. e Martins, I. 2005 Investigações no Ensino de Ciências Júri químico: uma atividade lúdica

pra discutir conceitos químicos Oliveira, A.S. e Soares, M.H.F.B. 2005 Química Nova na Escola Uso de artigos científicos em uma

disciplina de Físico-Química

Santos, G.R; Sá, L.P. e Queiroz, S.L.

2006 Química Nova Estudos de caso em química Sá, L.P.; Francisco,

C.A. e Queiroz, S.L. 2007 Química Nova Leitura e interpretação de artigos

científicos por alunos de graduação em química

Santos, G.R.e

Queiroz, S.L. 2007 Ciência & Educação Perfil de leitores em um curso de

Licenciatura em química

Teixeira Júnior, J.G. e Silva, R.M.G.

2007 Química Nova Promovendo a argumentação no

ensino superior de química Sá, L.P.e Queiroz, S.L. 2007 Química Nova Artigos científicos como recurso

didático no ensino superior de química

Massi, L.; Santos, G.R., Ferreira,J.Q. e Queiroz, S.L.

2009 Química Nova

Quadro 1.3 – Trabalhos relacionados à leitura em periódicos brasileiros de Educação em

Química/Ciências.

Fonte: Adaptado de Francisco Junior, Ferreira e Hartwig (2008).

Em sala de aula, o professor pode utilizar a leitura de letras de músicas conhecidas solicitando que o estudante faça a interpretação, compreensão e articulação do texto lido com os conteúdos da Química. Na elaboração de uma paródia, o estudante ao fazer a pesquisa será estimulado a realizar leituras para compreender os conceitos que usará na elaboração da letra.

Fazer o estudante se envolver no processo de ensino aprendizagem é tarefa do professor. As metodologias e estratégias de ensino precisam ser motivadoras e significativas. Contudo, a escola não pode deixar de cumprir a sua principal função que é a de desenvolver os conhecimentos adquiridos pela humanidade ao longo dos tempos, formando pessoas que possam discutir, refletir e propor mudanças em situações problemas. De acordo com Pinheiro, Silveira e Bazzo (2007, p. 155), para que essa postura seja conquistada é importante “despertar no estudante a curiosidade, o espírito investigador, questionador e transformador da realidade”. A música como estratégia didática é um caminho a ser seguido para mudanças no ensino de Química visando à promoção de uma aprendizagem de qualidade para o estudante e a motivação nos estudantes a se tornarem ativos no processo educacional, participando de um evento que será significativo.