• Nenhum resultado encontrado

Investimento Directo Estrangeiro é o investimento efectuado por uma entidade económica num país que não o da sua origem. Este tipo de investimentos são um indicador da abertura e da vitalidade de uma economia, e daí são igualmente um indicador de potencial de um mercado em determinado país ou região. Através da análise dos fluxos de investimento (países de origem e países de destino) será possível perceber a tendência e o potencial de certas regiões para a produção e para o consumo.

Através de uma pesquisa alargada ao último ano em diversas fontes de notícias da indústria automóvel (Automotive news, Detriot news e Just-Auto) é possível observar algumas tendências a nível global no que se refere a investimento directo estrangeiro. Neste cenário deverão observar-se separadamente regiões diversas como seja a China, o Sudeste Asiático, A América Central e do Sul, a Europa e os Estados Unidos.

Acompanhando a tendência de electrificação dos veículos automóveis surge ainda uma problemática adicional resultante das restrições, barreiras e taxas alfandegárias aplicadas no comércio de baterias e veículos eléctricos. Este facto está a conduzir a que cada vez mais seja incrementado o volume de IDE, de modo a que a produção de componentes como packs de baterias e veículos eléctricos seja feita nos países ou regiões de venda desses mesmos veículos. Apenas serão apresentados os principais investimentos em termos de unidades de produção de veículos. Na maior parte dos casos o anúncio da instalação de uma unidade de produção de veículos é seguido pelo anúncio da instalação de unidades dos principais fornecedores a nível global de componentes para a industria automóvel.

1.5.1 China

Conforme já referido acima a China tornou-se desde o final de 2009 no maior mercado automóvel do mundo, não apenas no que se refere a produção mas igualmente no que se refere a consumo. Os investimentos estrangeiros anunciados para a China têm sido frequentes desde fábricas de montagem de veículos até subsistemas e componentes.

Em termos de novas fábricas de montagem de veículos forma anunciadas uma fábrica da Nissan, uma da Hyundai, uma da Subaru e três novas fábricas da marca Volvo anunciadas pela Geely que detém actualmente esta marca Sueca. Além destas linhas de montagem foram ainda anunciados outros investimentos fábricas como uma fábrica de motores da Ford e uma fábrica de baterias da EnerDel.

A estes investimentos anunciados que são os de maior volume em termos de IDE na China, devem ainda acrescentar-se os investimentos resultantes das joint ventures estabelecidas entre grupos da indústria automóvel ocidental e empresas chinesas, tal como descrito em 0. Além das razões de mercado existe ainda o facto de a mão-de-obra na China ser abundante e barata, no entanto começam a revelar-se sinais de que esta situação poderá ter uma tendência a desaparecer. Efectivamente durante o primeiro semestre de 2010 foram diversas as unidades industriais na China, nomeadamente fábricas da Honda e da Toyota, que viram as suas linhas de produção pararem devido a greves. Na maior parte dos casos a resolução destas situações passou por um aumento de salários.

1.5.2 Sudeste Asiático

A região do Sudeste Asiático, que inclui países como a Indonésia, Tailândia, Taiwan, Singapura entre outros, já há vários anos que tem vindo a dar provas de ser uma região de elevado potencial. Trata-se de uma região que goza de um posicionamento geográfico benéfico uma vez que serve de porta de entrada para os grandes construtores nos mercados do extremo oriente. Além de acordos de comércio livre entre diversos países da região, a existência de uma mão-de-obra de baixo custo com qualificação razoável têm tornado toda esta região numa região que oferece uma significativa vantagem competitiva para investimentos estrangeiros.

Durante o último ano foram anunciados diversos investimentos na região. Será relevante referir o investimento da Nissan numa nova fábrica na Indonésia e da parte da GM foi anunciada a intenção de reabrir uma linha de produção também na Indonésia. Na Tailândia, e de uma outra unidade industrial planeada pala joint venture entre a Ford e a Mazda a ser instalada na Tailândia, bem como o investimento da Toyota num projecto de aumento de capacidade de uma linha de produção. Posteriormente ainda a Mitsubishi anunciou a construção de uma nova de produção de veículos compactos de baixo consumo. Mais recentemente foi a vez da BMW anunciar que está a estudar a hipótese de localizar na Tailândia a produção de veículos eléctricos o que poderá implicar significativos investimentos na ampliação das linhas de produção locais dessa marca.

1.5.3 América Central e do Sul

Nesta região incluem-se diversas realidades distintas. Desde logo o Brasil como grande potência industrial em ascensão e expansão, responsável por 80% da produção da região Mercosur, o México com uma vasta fronteira com os EUA funciona como plataforma de

fornecimento das suas linhas de montagem e a Argentina, o Chile e o Uruguay como países também com já longa tradição na indústria automóvel.

Para a Argentina a Ford anunciou investimentos em melhorias nas linhas de produção em termos tecnológicos e em termos da qualidade de produtos finais.

O Brasil representa o maior mercado da América Latina e o quinto mercado maior do mundo. O investimento neste país tem tido várias origens. Foi anunciado recentemente o investimento da GM numa fábrica a instalar no Brasil. Pelo seu lado a Ford também anunciou investimentos para a sua fábrica de Camacari, que actualmente tem uma capacidade de produção de 1 carro a cada 80 segundos.

O México, conforme já referido, devido ao seu posicionamento geográfico é um dos principais fornecedores de componentes para as linhas de produção dos EUA, além da própria capacidade de construção interna. Foi relevante o anúncio da Volkswagen que investirá numa fábrica de motores no México para fornecer precisamente as suas linhas de montagem de veículos nos EUA. A mesma estratégia é seguida pela BMW que investe na melhoria dos seus fornecedores no México para as linhas de produção nos EUA. Já a Nissan anunciou o investimento num upgrade de três fábricas também no México.

1.5.4 Europa e EUA

Na região da Europa e Estados Unidos os investimentos a serem realizados são significativamente diferentes. E embora a Europa possa ser dividida em dois blocos, ocidental e de leste onde se pode ainda incluir a Rússia, os investimentos são mais focados em produtos tecnologicamente mais avançados. A mobilidade eléctrica é vista como uma das grandes tendências para a indústria automóvel nestas regiões e por isso os investimentos anunciados acompanham essa mesma tendência. São exemplo desta tendência os investimentos anunciados pela Nissan. Quatro fábricas de baterias para veículos eléctricos, sendo uma em Portugal. Outra dessas fábricas é no Reino Unido onde também será feito um investimento numa linha de montagem para a construção do Nissan Leaf (eléctrico). Outras unidades de produção de baterias foram entretanto anunciadas, como seja o investimento da GS Yuasa, Mitsubishi, Magna que planeiam a construção de uma fábrica de baterias em Espanha ou Áustria para fornecer as linhas de produção de veículos eléctricos da PSA. Em termos de veículos a Renault distribui no estrangeiro com os respectivos investimentos a construção de dois dos seus modelos eléctricos, um em Espanha e outro na Turquia. A Toyota também anunciou o investimento relacionado com a produção do Auris no Reino Unido.

Para a Rússia os maiores investimentos anunciados tanto se referem ao mercado automóvel convencional como ao mercado da mobilidade eléctrica. A Renault anuncio investimentos para

duplicar a capacidade de produção naquele país. Por outro lado a chinesa Thunder Sky pretende construir uma unidade de produção de baterias para veículos eléctricos.

Nos Estados Unidos a tendência é semelhante à Europa. Relacionados com a mobilidade eléctrica, estão anunciados os investimentos da Nissan, da Axeon e da Dow Kokam em diferentes fábricas de baterias para veículos eléctricos. A Toyota além dos investimentos na retoma dos trabalhos de construção de uma fábrica para a construção do modelo Corolla, investiu ainda em parceria com a TESLA para o desenvolvimento e produção de veículos eléctricos. No que se refere aos Estados Unidos é ainda de referir a tendência para uma divergência no que se refere à produção tendo sido anunciados investimentos para a produção de veículos eléctricos compactos, como seja o investimento para a produção do THINK, do REVA, além dos estudos que estão a ser levados a cabo pela BYD (China) para a instalação de capacidade de produção nos EUA. Os investimentos abrangem ainda outros domínios da alta tecnologia como seja o investimento anunciado pela BMW em parceria com a SGL para a construção de uma unidade de produção de fibras de carbono.

1.6 Conclusões

Foi feito um levantamento em termos industriais do estado da indústria automóvel a nível global. Uma primeira aproximação foi feita aos principais grupos industriais e sua composição, bem como a sua distribuição geográfica da produção. Actualmente são de destacar 4 localizações principais para a produção automóvel: a Europa, a China, o Japão e os Estados Unidos da América.

Uma análise sobre as principais alianças e parcerias permitiu identificar tendências de mercado sobretudo em dois aspectos: alianças para aumento de mercado nomeadamente para entrada no mercado chinês e alianças para o desenvolvimento de novos produtos, nomeadamente relacionados com a mobilidade eléctrica.

Foram identificados e quantificados os principais fluxos de comércio internacional de veículos automóveis, tendo sido evidenciado o carácter fortemente importador dos Estados Unidos da América e o carácter fortemente exportador do Japão.

Em termos de investimento estrangeiro foram identificadas algumas tendências de carácter geográfico. Em regiões como China, Sudeste Asiático e América do Sul, têm sido feitos ou anunciados investimentos relacionados principalmente com o aumento da capacidade de produção de automóveis e componentes. Em países ocidentais e no Japão os investimentos anunciados estão mais relacionados com novas tecnologias relacionadas com a mobilidade eléctrica ou materiais avançados para veículos de gama alta. Através desta primeira aproximação pode iniciar-se uma análise de detalhe dos mercados e tendências de evolução futuras.

2 ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA POSIÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL

Documentos relacionados