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Com base em dados apurados através do Relatório de Auditoria de Contas do Programa Mais Médicos, realizado pela Coordenação-Geral de Auditoria da Área de Saúde (CGA-MS), referente ao exercício financeiro de 2015, é possível tecer relevantes considerações38:

a) Dos 5.570 municípios brasileiros, 4058 aderiram ao PMM e 3.757 municípios contavam com médicos vinculados ao programa até dezembro de 2015. b) A previsão de profissionais – médicos e demais técnicos da área da saúde – a

serem envolvidos era de 14.400 até dezembro de 2015. A meta foi superada em 5,97%, representando um total de 15.260 profissionais.

c) Verificou-se que, dos 4.058 municípios participantes do PMM, 304 não aderiram dentro do prazo estipulado ao Programa Requalifica UBS39. Dentre

estes municípios, 54 encontram-se em áreas identificadas como de extrema pobreza.

d) Das 41.219 UBS que compõem a rede de atenção básica no Brasil, 64% estão sendo assistidas pelo Programa Requalifica UBS e 14.358 (35%) contam com médicos do PMM.

e) Com relação à execução orçamentária e financeira, no exercício 2015, foram destinados R$ 2.130.814.340,30, os quais foram integralmente liquidados. f) Em relação à adesão dos médicos brasileiros, ou com diploma obtido no Brasil,

que atuam na área de atenção básica (SUS) nos municípios, no triênio 2013- 2015, pode-se verificar mínima variação:

38 Disponível em http://portalarquivos.saude.gov.br/images/mais-medicos/Relatorio-de-Auditoria-Anua

l-de-Contas-n201600675-SGTES-Exercicio-2015.pdf. Acesso em: 22 out. 2017.

39 O Programa Requalifica UBS é uma política pública redistributiva de manutenção das unidades

básicas de saúde (UBS). Desenvolvida em 2011, a iniciativa visa “designar recursos financeiros para a reforma, ampliação e construção de UBS, provendo condições adequadas para o trabalho em saúde, promovendo melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica. Envolve também ações que visam à informatização dos serviços e a qualificação da atenção à saúde desenvolvida pelos profissionais da equipe” (Departamento de Atenção Básica/Ministério da Saúde, 2017). Disponível em: <ttp://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_requalifica _ubs.php> Acesso em 22 out. 2017.

Tabela 2: Adesão de médicos brasileiros ao PMM – Triênio 2013-2015

Adesão / Não adesão Quant. Médicos 2013 Quant. Médicos 2014 Quant. médicos 2015

Aderidos 48.273 53.877 54.525

Não aderidos 7.219 7.426 7.385

TOTAL de médicos 55.492 61.303 61.910

Fonte: Ofício nº. 113/SGTES/MS, de 10/08/2016.

g) O PMM disponibilizou 17.898 novos médicos – estrangeiros e nacionais com diploma estrangeiro - aos municípios até o exercício de 2015.

No entanto, da análise dos dois tópicos anteriores resultou uma conclusão alarmante reduzida a termo no relatório de auditoria realizado pela CGA-MS: a substituição de médicos efetivos por médicos bolsistas estrangeiros e com diploma no exterior visando redução de custos.

Os dados apurados demonstram que, no exercício de 2013, existiam 48.273 médicos em atuação nos municípios que aderiram ao Projeto. Ao final de 2015, existiam 54.525 profissionais em atividade, resultando em um aumento de 6.252 postos de trabalho dedicados aos municípios participantes do programa.

Entretanto, foram cedidos 17.898 profissionais aos municípios até o final de 2015, de forma que se conclui que, somados aos postos de trabalho vagos desde 2012, 10.356 postos de trabalho disponibilizados pelo Ministério da Saúde foram substituídos através do desligamento de profissionais que já integravam as unidades de atenção básica.

Uma explicação plausível para tal medida seria a redução de custos com a folha de pagamento, haja visto que os médicos vinculados ao PMM são remunerados diretamente pela União, e a dispensa dos médicos efetivos desoneraria a receita municipal. A relatoria da CGA-MS manifestou-se a respeito da irregularidade descrita asseverando que

Tal situação prejudica o atingimento dos objetivos do Projeto Mais Médicos para o Brasil e configura-se como descumprimento do art. 11 da Portaria Interministerial MEC/MS nº. 1.369, de 08/07/2013, que determina que a participação dos Municípios e do Distrito Federal na execução do Projeto será formalizada com a celebração de termo de adesão e compromisso, que conterá disposição vedando a substituição de médicos que já compunham as equipes de atenção básica pelos participantes deste Projeto. (RAA-CGA- MS/2015, p. 25)

O fato descrito ensejou imputação de responsabilização administrativa ao Secretário de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, juntamente com o Diretor do Departamento de Planejamento e Regulação da Provisão de Profissionais de Saúde.

Irregularidades como a descrita anteriormente aliadas a uma série de outras inconsistências foram observadas no relatório da CGA-MS. Resultados negativos apontados pela comissão de auditoria envolvendo atrasos em repasses de ajudas de custo, contratações irregulares e falta de controle sobre os recursos humanos receberam atenção destacada e ganharam notoriedade pública após sua divulgação. Como consequência, houve repercussão negativa sobre a imagem do programa, grandemente explorada pela mídia40.

Em complemento aos dados apurados pela auditoria, a fim de alcançar os quantitativos até o período de 2016, foram buscadas informações atualizadas junto ao Ministério da Saúde. Segundo dados oficiais obtidos junto ao sítio eletrônico do MS, até o final do exercício de 2016, já foram destinados mais de 5 bilhões de reais em recursos ao PMM.

O programa conta com a adesão de 18.240 médicos intercambistas, abrangendo um total de mais de 4 mil municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), alcançando mais de 63 milhões de brasileiros, segundo dados fornecidos por sua assessoria de imprensa41. A tendência, como será visto no tópico

seguinte, é a substituição desses profissionais por médicos nacionais.

No que tange ao eixo infraestrutura, o Ministério da Saúde registra investimento na construção e reforma de UABs, que envolve mais de 26 mil obras distribuídas por 5 mil municípios. Dentre essas obras, mais de 10 mil estão concluídas, enquanto as demais encontram-se em fase de execução42.

O eixo educação conta com a criação de 5300 vagas de graduação em medicina em cidades com, no mínimo 70.000 habitantes até 2015, e a previsão de outras 6200 novas vagas para o final de 2017, com fim de promover a interiorização do ensino de medicina. Foram criadas, ainda, de acordo com a página do PMM43,

40 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/07/1797099-fiscalizacao-do-governo-

federal-aponta-falhas-no-mais-medicos.shtml> e <https://crmes.org.br/index.php?option=com _content&view=article&id=26330:2016-08-08-11-40-38&catid=3> Acessos em 22 out. 2017.

41 Disponível em: <http://maismedicos.gov.br/noticias/257-participacao-de-brasileiros-no-programa-

mais-medicos-aumenta-44> Acesso em 22 out. 2017.

42 Disponível em: <http://maismedicos.gov.br/impactos-para-a-sua-vida> Acesso em 22 out. 2017. 43 Disponível em: <http://maismedicos.gov.br/impactos-para-a-sua-vida> Acesso em 22 out. 2017.

4.600 vagas de residência médica com o objetivo de formar especialistas na área de atenção básica. A previsão divulgada pelo MS envolve a criação de 12400 vagas de especialização até o fim de 2017.