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INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA, MODELOS DE SIMULAÇÃO E

2 TEORIAS, DESENVOLVIMENTO REGIONAL E FATOS ESTILIZADOS

2.4 INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA, MODELOS DE SIMULAÇÃO E

Desde o início da década de 90 que autores da NGE, com destaque para Krugman, Fujita e Venables, têm se debruçado sobre os mais relevantes e tradicionais tópicos da economia regional e urbana. Esses autores vêm discutindo desde a cidade isolada de Thunen, passando pelas hierarquias urbanas de Losch e Christaller, até as relaçies interregionais obtidas por

meio das matrizes de insumo;produto (RUIZ, 2003). No âmbito das teorias clássicas de desenvolvimento regional, Hirschman (1958), baseado na sua teoria de transmissão interregional de crescimento e no poder dos efeitos de encadeamento, sobretudo para trás, é o que utiliza diretamente o ferramental da matriz de insumo;produto.

Amparado nessas vertentes teóricas, o estudo desta Tese envolve a mensuração de impactos econômicos de grandes investimentos realizados na área de infraestrutura em refino sobre diferentes regiies. Mais que isso, procura;se examinar de que forma esses impactos se repercutirão ao longo das cadeias produtivas em diferentes regiies do Nordeste, bem como seus efeitos sobre os principais agregados macroeconômicos regionais e nacionais.

Diversos estudos na literatura discorrem sobre a importância de se realizar investimentos em infraestrutura. Apesar da utilização de diferentes métodos, de base de dados e divergências no que remete r magnitude dos impactos, observa;se uma convergência dos resultados para a hipótese de que há uma relação positiva entre investimentos em infraestrutura e crescimento econômico. Vale salientar, contudo, que os efeitos positivos desses investimentos vão depender das peculiaridades de cada região (RIBEIRO, 2010a).

Diniz (1993) e Haddad (1996), por outro lado, argumentam que a relação entre crescimento econômico, desenvolvimento regional e investimentos em infraestrutura apresentam, de certa forma, um aspecto perverso. De maneira geral, tais investimentos contribuem para o crescimento econômico do país; no entanto, seus impactos sobre as economias subnacionais (microrregiies, estados e municípios) podem ser bastante heterogêneo, contribuindo para a concentração de renda e recursos econômicos e, consequentemente, acentuando as disparidades regionais.

Desse modo, segundo Domingues, Magalhães e Faria (2009), a relação entre investimento em infraestrutura e crescimento econômico parece ser mais clara do que entre investimento em infraestrutura e desigualdade regional. Para esses autores, um estudo que se proponha a analisar essas questies deve considerar os aspectos estruturais e interregionais da economia brasileira de maneira integrada e consistente, ao passo que características conjunturais e outros fenômenos econômicos devem ser isolados da análise. Assim, os modelos de simulação são mais apropriados para avaliar investimentos em infraestrutura.

Muitos trabalhos na literatura avaliam impactos de investimentos em infraestrutura por meio de modelos de insumo;produto. Todavia, segundo Perobelli (2004), apesar desta metodologia

considerar as interdependências setoriais, regionais e entre as famílias, a mesma ignora aspectos cruciais na repercussão dos impactos ao longo do sistema econômico como, por exemplo: i) substituição imperfeita entre insumos; ii) diferenciação espacial de preços; iii) mobilidade dos fatores produtivos; iv) substituição imperfeita entre bens de origem doméstica e importada, entre outros. Assim, a utilização de modelos interregionais de EGC em detrimento aos modelos de insumo;produto, diante da proposta da presente Tese, é mais adequada.

Vale ressaltar, no entanto, a importância do insumo;produto na formulação dos modelos de EGC. Segundo Rose (1995), as formulaçies multissetoriais recentes seriam de valor limitado sem um modelo de interdependência setorial como parte do seu núcleo teórico e sem uma tabela empírica de insumo;produto para torná;los operacionais. Mais que isso, I

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$ I (ROSE, 1995, p. 206).

Os modelos interregionais de EGC, além de apresentarem as especificidades apontadas anteriormente, podem projetar, em relação a um cenário de referência, o impacto de investimentos de infraestrutura localizados setorialmente e geograficamente. Esses modelos possibilitam, dessa forma, que os impactos de investimentos em infraestrutura sobre o crescimento e a desigualdade regional no Brasil possam ser avaliados.

Os modelos de EGC são construídos com base na teoria neoclássica que pressupie mercados atuando em concorrência perfeita e existência de retornos constantes de escala nas funçies regionais de produção. Segundo Domingues, Magalhães e Faria (2009), a adoção de retornos crescentes de escala não é uma hipótese usual nos modelos de EGC, ao contrários dos modelos econométricos de menor escala da NGE. Estudos recentes desenvolvidos por Haddad (2004) e Betarelli (2013), contudo, têm incorporado nos modelos brasileiros de EGC aspectos da NGE como, por exemplo, economias de escala, concorrência imperfeita e custos de transporte.

Pode;se concluir, ao final deste capítulo, que o estudo sobre os efeitos decorrentes da instalação de grandes unidades industriais e suas interaçies espaciais a partir, principalmente, dos seus encadeamentos setoriais ou ligaçies de insumo;produto pode ser amparado tanto pelo referencial teórico da Ciência Regional quanto pelo referencial empírico específico, no caso dos modelos interregionais de EGC. Além disso, a experiência brasileira aponta que existe conhecimento acumulado suficiente no Brasil para subsidiar o desenvolvimento de

modelos interregionais de EGC para análise de política industrial. No próximo capítulo será apresentada a estrutura teórica e os procedimentos de construção do modelo B;NORIM

(# " % + ), desenvolvido especificamente para o Nordeste

3 ESTRUTURA TEÓRICA E BASE DE DADOS DO MODELO B NORIM

Este capítulo tem por objetivo descrever a estrutura teórica e a base de dados do modelo B; NORIM. Os fundamentos teóricos deste modelo são baseados na tradição de modelagem de EGC do tipo Johansen (1960). O B;NORIM é um modelo interregional e dinâmico de EGC para análise de política industrial derivado do modelo TERM ( . 1

) (HORRIDGE; MADDEN; WITTWER, 2005). O TERM foi utilizado como base para a especificação das equaçies comportamentais e para a implementação computacional do modelo. Ressalta;se que na fase de implementação, o código computacional do modelo TERM foi adaptado rs particularidades do banco de dados do B;NORIM. Além disso, foi realizado um processo de regionalização a partir da base de dados do modelo nacional ORANIBR05 (DOMINGUES et al., 2009).