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Observemos agora, de uma forma cada vez mais exata, a visão do fenôme- no. Este, em seu conjunto, compreende um ciclo completo de ida e volta, que chamaremos de ciclo.

Divide-se esse ciclo em dois períodos. O de descida chama-se involução. O de subida, ou ascensão, chama-se evolução.

Cada período divide-se em três fases, que são: espírito, energia e matéria. Apresentam-se nesta ordem sucessiva no período de descida ou involução, e na ordem inversa no período oposto, o evolutivo, que é o nosso.

O período involutivo parte do espírito, que representa o estado originário, ponto de partida, donde se inicia a descida. Enredado no processo involutivo, o espírito sofre uma transformação por contração de dimensões, pela qual – sen- do demolidas as qualidades positivas do Sistema – também ele, espírito, fica demolido, então, até à fase de energia. Continuando na mesma direção o mes- mo processo, chega-se da energia à fase matéria, transformação que é fenôme- no já conhecido da ciência moderna. Temos assim, diante dos olhos, as três fases do mesmo período, chamado involutivo: espírito, energia, matéria.

Exprimindo com o símbolo  a primeira fase, o espírito; com o símbolo  a segunda fase, ou seja, a energia; e com o símbolo  a terceira fase, isto é, a matéria, este primeiro período pode ser assim representado em símbolos:

involução =     

sendo que o sinal “” significa “vai para”.

No fim desse período, a substância que constitui a parte que se corrompeu da esfera Tudo-Uno-Deus em seu terceiro aspecto, o de Filho, inverteu todas as suas qualidades originárias positivas em qualidades negativas. A causa pri- mária produziu assim todo o seu efeito, e o impulso da revolta esgotou-se. Neste ponto de máxima inversão dos valores positivos e de máxima saturação de valores negativos, no sistema invertido, o processo se detém. Isto em razão da lei de equilíbrio, de proporção entre causa e efeito, porque cada desenvol- vimento de forças, em relação ao princípio de casualidade, é regido por nor- mas precisas. O processo se detém por atrito (sem atrito não se deteria), que representa, no seio da ordem, a desordem querendo ali nascer por força e, no seio da desordem, a ordem querendo manter-se íntegra para não ficar ali presa e ser demolida. Mais ainda, o conceito de atrito é uma criação do próprio Anti-

Sistema, constituído justamente de uma luta, pois nasceu do conflito entre dois impulsos opostos. Com efeito, no Sistema puro não existem atritos, nem mes- mo pode conceber-se a existência do conceito de atrito.

Em certo ponto, calculável por quem conhecesse o valor dos impulsos de origem e de todas forças em jogo no processo, este se detém. Isto quer dizer que a transformação em direção involutiva ou de descida para. Nesse momen- to, tendo se esgotado o impulso da revolta, permanece em campo apenas o outro impulso (pois não há mais nenhum além desse), o maior e fundamental, do Sistema, que sempre dominou tudo, diante do qual o outro impulso, do An- ti-Sistema, é apenas um episódio e uma exceção. Então, embora muito lenta- mente a princípio, vão retomando a ação os impulsos da ordem. Sua ação é ainda fraca nesta fase, porque o Anti-Sistema se acha na plenitude de sua rea- lização, mas ela é um impulso tenaz e exerce uma pressão constante, que aca- bará vencendo e levando toda a desordem do Anti-Sistema de volta ao estado de ordem do Sistema, reconduzindo tudo a Deus.

De fato, Ele, em Seu aspecto imanente, permaneceu sempre também no An- ti-Sistema, esperando que os impulsos da revolta se esgotassem e o processo da queda se detivesse. Chegando esse momento, Deus retoma Sua lenta ação de atração para Si, como centro, ação fundamental no Sistema, pois este é cen- trípeto, e tão grande é a atração, que o mantém uno e compacto. Com a revol- ta, iniciara-se e agira exatamente o impulso contrário, isto é, centrífugo, ou de afastamento do centro. Mas agora, tendo o percurso desse afastamento chega- do a seu termo, tornará a agir o impulso originário centrípeto, reabsorvendo assim, lentamente, o movimento centrífugo de afastamento de Deus para o Anti-Sistema, por meio do movimento centrípeto de reaproximação de Deus, voltando ao Sistema. É assim que se passa ao “tornar-se” no sentido contrário, de saneamento, que tem o seu centro no Sistema. Dessa forma, tudo o que ha- via decaído no polo negativo se reconstrói e fica saneado no polo positivo.

Iniciou-se, então, aquele longuíssimo processo que vivemos hoje, o da su- bida, constituindo ele o segundo período, inverso e complementar, chamado evolução. Enquanto o primeiro período, o da queda ou involução, significara a destruição do universo espiritual e a criação ou construção de nosso universo físico, este segundo período, o da subida ou evolução, significa a destruição da matéria como tal e a reconstrução do universo originário espiritual. Tendo sido o próprio espírito que espontaneamente quis enclausurar-se no cárcere da ma- téria, transformando-se deliberadamente nesta forma corrupta da substância, é

lógico que esse mesmo espírito deva, vivendo dentro daquela forma, muito longamente, como princípio animador, fazer todo o esforço para transformá-la de volta, restituindo-a ao seu estado originário e íntegro de espírito.

Em tudo isso está sempre presente, como dissemos, o auxílio de Deus. Mas o árduo esforço da evolução e do progresso, embora aquela presença garanta a segurança da vitória, compete todo à criatura e, no presente trecho da estrada, cabe a nós, humanos. O nosso caminho não é ao acaso. Esta visão nos explica claramente qual é o ponto de partida e o de chegada. A desordem da queda permaneceu sempre circunscrita dentro da ordem maior do Sistema. Portanto tudo é sempre guiado, encaminhado, até mesmo a explosão das forças negati- vas está enquadrada nos grandes esquemas da Lei. Por um sábio jogo de forças, reações e recuperações, tudo – também o mal, o erro e a dor – é sempre recon- duzido ao telefinalismo supremo, fio condutor pelo qual tudo retorna a Deus. A meta não foi deixada ao acaso, mas já estava pronta, estabelecida desde a parti- da, que é o ponto de chegada, onde tudo permanece fechado no mesmo ciclo.

Desse modo, a visão nos permite colocar em foco também a nossa atual po- sição, como seres humanos, no seio do grande organismo Tudo-Uno-Deus. Através de longuíssimo caminho de evolução, o homem subiu uma parte da montanha e está saindo da animalidade. Seu atual esforço é destacar-se defini- tivamente da besta. Ele subiu uma parte da montanha, mas ainda tem muito que subir. Trata-se de reabsorver todas as qualidades do Anti-Sistema nas do Sistema, ou seja, voltar a trazer, como acima dissemos, a ignorância ao conhe- cimento, a materialidade à espiritualidade, a dor à alegria, o mal ao bem, o caos à ordem. Diz-nos esta visão quem somos, o que já foi feito e o que ainda há para fazer. Fornece-nos cartazes indicadores, ao longo do caminho da evo- lução, para nos indicar a quilometragem, os percursos e a direção. Mais tarde, desceremos ao terreno dos pormenores e das consequências.

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Continuemos o exame da visão. Observamos o primeiro período do ciclo da revolta, ou seja, a descida ou involução. E, assim, entramos no segundo perío- do do ciclo, representado pela subida ou evolução. Inicia-se aí o grande fluxo de retorno, para reerguer os valores invertidos. Ao contrário de antes, quando o caminho consistia no afastamento de Deus, ele consiste agora numa reapro- ximação progressiva. É a própria atração de Deus que estabelece a rota do “tornar-se”, imprimindo o telefinalismo a todo o processo, para trazer de volta a Si tudo que dantes Dele se afastara. Isso tudo é facilmente imaginável, por-

que agora a visão diz respeito ao nosso universo e se baseia em conceitos dele, a começar do contraste entre opostos, sua qualidade mais importante.

Retornando aos mesmos símbolos acima usados, este segundo período pode ser expresso assim:

evolução =     

Então o ciclo completo do “tornar-se” de nosso universo pode ser resumido nesta expressão sintética:

        

Desta forma, numa só expressão, representamos o ciclo completo da queda, com ambos períodos, de ida e de volta, involutivo e evolutivo, até se atingir novamente o ponto de partida. Nesse momento, o Sistema está reconstituído, a doença foi curada e o episódio termina com o ser rebelde tendo aprendido, mediante lição salutar, quão mais vantajoso é para ele manter-se na ordem, do que suportar todos os males que derivam da desordem. Desse modo, a lei de Deus terá demonstrado plenamente a Sua perfeição, porque soube abranger e resolver, em seu seio, toda a desordem e tornar a trazê-la para a ordem, seu ponto de partida. Assim, a subida anula a descida, um período absorve o outro, equilibrando todo o ciclo, e a redenção cancela a revolta. Na perfeição da Lei, estavam calculados pelo pensamento de Deus até os movimentos errados e os desvios das órbitas do Sistema, que havia sido dotado de meios que, automati- camente, fizessem tudo reentrar no itinerário da ordem. Assim, o movimento que se destacou de Deus volta a Ele. O movimento errado, provocado pela vontade da criatura, é corrigido e saneado pela vontade do Criador. Explica-se assim, como já dissemos, o significado profundo do conceito de redenção.

Então a soma dos dois períodos forma o ciclo completo, feito de um movi- mento que se fecha, dobrando-se sobre si mesmo, sem nada ter deslocado na estrutura do Sistema. No conjunto, tudo volta a seu lugar. No fim, a correção neutraliza o erro, a expiação reabsorve a culpa. Mas o nascimento do ciclo fez aparecer um conceito novo: o movimento, o transformismo fenomênico, a im- possibilidade de existir senão como um “tornar-se”, conceito que só existe no ciclo da queda, que é justamente feita desses seres imperfeitos, que correm atrás da perfeição para alcançá-la. É evidente que, se a perfeição reina no Sis- tema, não se pode conceber nele um aperfeiçoamento nem o movimento ne- cessário para alcançá-lo, pois aí não existe tal fenômeno, como nós o conhe-

cemos, no sentido de um “tornar-se”. De maneira que podemos conceber o transformismo de nosso mundo fenomênico como uma corrupção da imobili- dade própria do Sistema. Dessa forma, podemos ver a essência de nosso uni- verso, a origem, a razão e o significado dos princípios que o regem. Podemos também ver as causas mais remotas e profundas de sua estrutura atual. O ser se encontra, assim, encaixado numa posição em que é imprescindível viver em formas sem duração, num mundo em que nada resiste ao tempo, submetido à necessidade de transformar-se, preso a uma instabilidade contínua, a que nada pode escapar. E não haverá paz enquanto não se tiver percorrido todo o ciclo até ao seu final. Explica-se com isso a inevitável e fatal necessidade de pro- gredir, assim como a razão pela qual o ser está constrangido a esse esforço pela própria insaciável ânsia contida no fundo de sua alma, que aspira sempre melhorar. O sinal da perfeição perdida está impresso com caracteres indeléveis em nosso espírito, que não a esqueceu e tem fome de reconquistá-la. A insatis- fação o instiga e acicata, constrangendo-o à corrida, queira ele ou não. E o ser corre, impulsionado por essa ânsia. Deus o espera no final da corrida e desde já o convida, o ajuda, abrindo os braços para recolhê-lo em Seu seio.

A corrida para a perfeição é dura, mas deverá ter um fim. O trabalho é pe- noso, e compete a nós executá-lo, mas foi merecido; somos auxiliados e os resultados são nossos. A visão satisfaz a todas leis de nosso mundo físico e dinâmico, como desenvolvimento de forças, tanto da justiça como da ética. Deverá o ser viver na febre da insatisfação, até que seja satisfeito; terá de viver no mal e na dor, até que tenha aprendido, à sua custa, a viver com dis- ciplina na ordem da Lei. Assim, na escola da dura experiência, o ser aprende- rá que sua vantagem maior não é rebelar-se contra a Lei, como se faz na Ter- ra, mas sim obedecê-la. E, dessa forma, ele passará de classe em classe nessa escola, aprendendo cada vez mais e melhorando. A mancha levada à originá- ria pureza do Sistema deve ser toda limpa com nosso suor. Enquanto não realizar isto, o espírito terá de viver a serviço das necessidades materiais de sua forma física, devendo voltar a encarnar-se e fundir-se com ela, para des- materializar essa matéria, até que ela alcance a condição de espírito, e deixar de gerá-la em sua desordem. Não há outra solução possível que consiga des- truir essa forma da substância que se chama matéria. Isto porque a substância é indestrutível, e uma forma dela, como é a matéria, não pode ser eliminada senão quando for transformada em outra sua forma, que, neste caso, é o espí- rito. É assim que a matéria só pode ser destruída quando for reabsorvida em

outra forma da substância indestrutível, como é o espírito. E isso porque a substância tem apenas três formas, e delas não se pode sair. Assim, o signifi- cado profundo da evolução de nosso universo é dado por esse conceito de espiritualização, consoante o que toda a matéria existente deverá desaparecer como tal, por desintegração atômica, e, através das formas dinâmicas, voltar ao estado original da substância, do qual proveio.

A contemplação desta visão nos leva à estranha conclusão de que o nosso universo, esse que a ciência estuda e que aceitamos como base da pesquisa para o conhecimento, não representa a criação nem o verdadeiro estado do ser, mas apenas uma condição patológica e transitória de um estado perfeito e definitivo, cuja existência só indiretamente podemos inferir. Essa conclu- são implica também que o método adotado pela ciência (observação e expe- riência) aplicado aos fenômenos desse universo, jamais poderá conduzir-nos ao conhecimento das causas primeiras. Isto não só porque, para reconstruir o plano geral, seria preciso percorrer toda a fenomenologia do universo no in- finito do espaço e do tempo, mas, sobretudo, porque o mundo fenomênico é apenas um derivado corrompido de um estado de perfeição originária bem diferente. A ciência ignora tudo isso e, em suas investigações, considera só- lida a realidade dos fatos, ao passo que eles representam uma imagem con- torcida e opaca da verdade. No futuro, o homem usará métodos totalmente diferentes de pesquisa. Seu conhecimento é ainda insignificante. Diante de tais problemas máximos, ele nada sabe de positivo. Sua evolução ainda se encontra imersa na fase animal, e ele ignora a espiritual, que o aguarda. sua atual posição no caminho da subida, se já o distancia da pedra, deixa-o muito mais distante ainda dos planos espirituais que o esperam.

Nosso atual mundo pode ser considerado um composto híbrido, formado em parte por uma ossatura material, sobre a qual a vida se está elevando e, assim, realizando seu trabalho de reconstrução espiritual. Somos, por isso, constituídos de uma dupla natureza, feita de dois termos em contraste, em que lutam o bem e o mal, a luz e as trevas. Nossa unidade é uma conjunção de dois elementos antagônicos: o passado que não quer morrer e o futuro que quer nascer em seu lugar. Assim, somos feitos de infinito aprisionado no finito, de absoluto fragmentado no relativo, de felicidade que chora na dor, de sabedoria que se tornou ignorância, de vida eterna despedaçada no ciclo das vidas e das mortes; somos verdadeiramente anjos decaídos. Então, para reencontrar o infinito, vamos acumulando insaciavelmente fragmentos de

finito. Tentando aproximar-nos da imortalidade, agarramo-nos a esta vida breve e buscamos prolongar sua recordação com grandes obras. Desmoronou o gigantesco edifício, e estamos recolhendo no chão as pedras espalhadas. Experimentando reuni-las umas sobre as outras, já levantamos algumas pare- des. E prosseguimos, cimentando as pedras com lágrimas e sangue, para tor- nar a fazer a nossa bela morada de conhecimento, de liberdade e de bondade, de onde saímos. Estamos cansados e desejaríamos parar, mas acicatá-nos o horror do vazio, das trevas, da dor e da morte em que mergulhamos. Quere- mos viver! A centelha divina originária do espírito, embora sufocada nas angústias da morte, não pode morrer. Ela sobreviverá a todas as lutas e a to- das as dores, até que o organismo imperfeito, correndo em busca da perfei- ção, torne a encontrá-la, sanando tudo assim, para poder reentrar no seio do grande organismo perfeito de onde saiu: o Tudo-Uno-Deus.

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Chegando a este ponto, verificamos que a visão nos levou ao âmbito do tema desenvolvido em A Grande Síntese. Só agora, ao termos diante dos olhos toda a visão, podemos perceber que aquele tratado abrange apenas uma parte dela, não esgotando o problema como muitos pensaram. Na verdade, após haver feito no princípio uma breve referência ao primeiro período, o involutivo, aquele volume aceita o fato consumado, sem indagar-lhe os pre- cedentes e as causas, e dirige-se para a estrada que devia percorrer, que é o segundo período, o evolutivo. A Grande Síntese nos mostra o percurso desse caminho ascensional partindo da matéria, da sua origem e evolução, através das formas da energia e, depois, da vida mineral, vegetal e animal, subindo sempre até ao homem, ao seu espírito, ao seu mundo social e moral, até ao seu futuro nos mais altos planos da existência.

É isto o que está contido naquele volume. Ele vai da matéria para o espírito. Mas as razões últimas do processo involutivo-evolutivo e da estrutura atual de nosso universo, em uma visão completa abarcando o quadro todo – e não ape- nas a segunda metade do ciclo da queda – está além dos limites que A Grande

Síntese se impôs. Mas aquele livro tinha em mira, sobretudo, o homem e seus

problemas científicos, sociais e morais. Sua finalidade foi resolver o problema do conhecimento, mas do conhecimento humano, o qual o homem julga ser tudo, porque é conhecimento de seu universo, que ele crê ser tudo.

Mas, uma vez registrado o pensamento de A Grande Síntese, a visão se alargou com a contínua maturação do espírito e o olhar estendeu-se para hori-

zontes mais vastos, levando-me além dos limites de nosso universo, que vai da matéria ao espírito. Então, uma força me arrastou e me colocou diante do pen- samento de Deus. Não posso dizê-lo de outro modo, porque foi isto que me aconteceu. Tive a sensação nítida de que a fonte da inspiração não era mais Cristo, o Filho – que, em A Grande Síntese, falara aos homens sobre os pro- blemas deles – mas sim o Pai, o Verbo Criador, que queria lançar luzes sobre os problemas máximos, cuja solução está além das capacidades racionais e dos meios de investigação do homem.

Nasceu assim o volume Deus e Universo, que já não é mais uma síntese científico-espiritual, mas uma síntese teológica. Ora, se A Grande Síntese está mais próxima dos problemas humanos, que mais interessam à ciência e à vida, e se pôde mergulhar na análise, para dela deduzir a síntese, o seu cam- po entretanto não supera os limites de nosso universo. Ao contrário, o volu- me Deus e Universo quis ultrapassar esses limites, resolvendo, numa visão suprema, também os problemas máximos. Considerando isso, A Grande Sín-

tese fica enquadrada no sistema deste segundo volume como um momento

dele. Se ela representa a síntese do conhecimento humano, Deus e Universo representa a síntese do conhecimento divino. Somente assim o quadro está completo, tornando-se possível ver quanto conhecimento ainda havia além daquele primeiro tratado, pois esta última visão nos levou para além de todas as nossas dimensões, diante do Absoluto e do Infinito.

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Estes confrontos nos permitem aprofundar alguns conceitos de A Grande Síntese. Nos seus primeiros capítulos, leva-nos aquela obra ao infinito, donde tudo derivou, explicando que as fases ,  e  não esgotam todas as dimensões do ser, mas que elas se estendem de + a –, de modo que a queda ou involu- ção não foi de  a , mas de + a –, e que, no sentido inverso, a subida ou evolução não foi de  a , mas de – a +.

Deste modo, o ciclo da queda, acima examinado, , não es- gota todo o seu caminho, que deveria ser, ao invés: +–+ ou, mais exatamente, +...+y+x–x–y– para o período da des-