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JACINTA PASSOS E INGRID JONKER: SOLIDARIEDADES POÉTICA, BIOGRÁFICA E POLÍTICA

Me. Beatriz Azevedo da Silva (UFBA) E-mail: biattriz23@hotmail.com A poetisa, periodista e militante política Jacinta Passos (1914-1973) foi um expressivo nome entre os anos de 1940 e 1950 na Bahia. Contribuiu de forma significativa para a literatura produzida por mulheres bem como para a cobertura da participação das mesmas na Segunda Guerra Mundial no jornal O Imparcial (1918- 1947) e também com a atuação política de esquerda no referido estado no jornal O Momento (1945-1957). Pretende-se aqui estabelecer então, uma relação de diálogos na literatura e na vida entre a nossa poetisa e a sul-africana Ingrid Jonker (1933-1965).

Esta última foi também uma mulher importante para a poesia da África do Sul em um período político e social extremamente cruel por conta do apartheid (1948-1994), cuja trajetória pessoal se apresentou de forma bastante conturbada, culminando com seu suicídio em 1965.

Para proceder à comparação das trajetórias de vida e literárias, estabeleceremos aqui alguns pontos de convergência entre as referidas escritoras e, além disto, demonstraremos, a partir de alguns de seus poemas, a luta pela criação de uma sociedade mais justa, uma vez que ambas entenderam o fazer literário como uma “plataforma” de defesa de seus ideais políticos.

Embora tendo atuado em contextos históricos diferentes — Passos trabalhou em meio à cobertura da Segunda Guerra Mundial, e Jonker, por seu turno, via-se em meio à sociedade sul- africana dos anos 1950, cuja maior chaga foi o regime que separava negros e brancos―, estas escritoras deixaram um importante legado a ser ainda analisado.

A escritora Ingrid Jonker (1933-1965) nasceu em uma fazenda na zona rural de Douglas, na Cidade do Cabo e desde muito jovem começou sua trajetória na poesia. Segundo VILJOEN (2012), Jonker começa a escrever poemas aos seis anos, cuja primeira coletânea intitulada Depois do Verão foi publicada em 1946, quando tinha apenas treze. “Além de dois volumes de poesia publicados em sua vida e um volume publicado a título póstumo, deixou apenas algumas histórias curtas, uma peça de teatro e uma dispersão de outros textos.”68

Assim como Passos, Jonker passou por reveses em várias fases de sua vida, começando com a separação de seus pais, seus turbulentos relacionamentos afetivos na fase adulta, o

alcoolismo e um dado que sua biógrafa sinaliza como um dos mais marcantes: a rejeição de sua obra por parte de seu pai, Abraham Jonker, que foi um dos principais membros do Partido Nacional, responsável pelo Ministério da Cultura e pela censura de obras diversas na África do Sul naquele período. A poetisa fez também parte de um círculo de escritores e amigos considerados boêmios, o que contribuiu para sua inserção no meio literário:

Como parte de um círculo boêmio de amigos com valores liberais na Cidade do Cabo, ela se identificou com o ideal de uma sociedade em que a liberdade de expressão e a associação foram reconhecidas. Sua vida também estava estreitamente entrelaçada com o trabalho dos Sestigers, que estavam ocupados reescrevendo a história e a literatura do Afrikaner, enfrentando o estabelecimento político e literário do contexto histórico. (VILJOEN, 2012, p. 49).

Em 1953 é publicado Fumaça e Ocre, em que é possível verificar que a poetisa lança mão do verso livre, sendo aclamada pela crítica especializada. Esta coletânea, escrita originalmente em africaner69, foi traduzida para o inglês e mais recentemente para o espanhol pelo escritor Agustin B. Sequeros70. É perceptível em um dos poemas, que a escritora possuía um lirismo libertário, desnudo de preciosismo:

Te revejo71

Te revejo sem começo nem fim rever seu corpo

o dia tem uma sombra estreita cruzes amarelas e noite a paisagem não conta

e a humanidade é uma fileira de velas enquanto eu te vejo

com os meus seios

que imitam a cavidade de suas mãos.

Ingrid Jonker (1963)72

Neste exemplar é perceptível a maneira como o eu lírico refere-se ao seu par, de forma sensual, em que se tem a noção da claridade da humanidade “lá fora” e das sombras que compõem a paisagem daquele momento, não importando nada, apenas as sensações. A poesia de Jonker tem bastante em comum com a de Passos, uma vez que ambas escritas trazem ao leitor uma linguagem simples sem perder o lirismo, e, neste caso, um apelo ao aspecto sensorial,

69 Pertencente ou relativo às pessoas brancas da áfrica do Sul, cujos ancestrais eram holandeses.

70 Licenciado em Letras, professor de língua e cultura espanholas no antigo Departamento de Estudos de Literatura e Língua da Espanha e América Latina, foi também o tradutor de Fumo e Ocre para o espanhol.

à referência lúcida e ao mesmo tempo onírica em relação ao par que a acompanha, o que será possível identificar em um poema de Jacinta Passos que será visto posteriormente.

Um dos poemas mais significativos, extremamente sensível e ao mesmo tempo forte, foi escrito por Jonker após presenciar o assassinato brutal de uma criança negra por um soldado do Exército Nacional em Nyanga, na Cidade do Cabo. A poetisa, segundo sua biógrafa, Louise Viljoen (2012), ficou perplexa, profundamente tocada com tamanha insensatez do regime político de segregação racial e escreve então,

A criança morta de Nyanga A criança não está morta!

Ela levanta os punhos junto à sua mãe.

Quem grita África ! Brada o anseio da liberdade e da estepe, dos corações entre cordões de isolamento.

A criança levanta os punhos junto ao seu pai. Na marcha das gerações.

Quem grita África! Brada o anseio da justiça e do sangue, nas ruas, com o orgulho em prontidão para luta.

A criança não está morta! Não em Langa, nem em Nyanga Não em Orlando, nem em Sharpeville Nem na delegacia de polícia em Filipos, Onde jaz com uma bala no cérebro. A criança é a sombra escura dos soldados em prontidão com fuzis sarracenos e cassetetes

A criança está presente em todas as assembleias e tribunais Surge aos pares, nas janelas das casas e nos corações das mães

Aquela criança, que só queria brincar sob o sol de Nyanga, está em toda parte! Tornou-se um homem que marcha por toda a África

O filho crescido, um gigante que atravessa o mundo Sem dar um só passo.

Em inglês o poema está sob o título The dead Child of Nyanga,e é seu escrito mais conhecido mundialmente. O também ativista sul-afriacano Nelson Mandela (1918-2913) leu este poema quando da abertura do primeiro parlamento democrático daquele país em 1994, quando inicia o processo de redemocratização do país.

Percebe-se logo na primeira estrofe que o eu lírico traz uma assertiva: “A criança não está morta!”, ou seja, há ali um desejo muito forte de transformação da morte física em luta: “Ela levanta os punhos junto à sua mãe”/Quem grita África!”, numa tentativa de resistir ao sistema separatista que causa tanta dor e sofrimento ao povo africano, que não se cansa, mesmo diante da morte de um ser inocente.

O poema apresenta uma simbologia forte, “a criança não está morta”, como os olhos testemunham, mas está sim viva no sentimento de justiça junto a toda uma nação: “A criança levanta os punhos junto ao seu pai /[...] Brada o anseio de justiça e do sangue nas ruas/com orgulho em prontidão para a luta”. Há a perda da inocência desta criança, à qual é atribuído simbolicamente a função de um adulto: lutar pela sua liberdade e de seu povo, tornando-se assim, também um soldado.

Este “retrato” que Ingrid Jonker faz do contexto histórico e político em que viveu, traz ao leitor uma potência através do lirismo em torno da luta por uma sociedade em que negros e brancos vivessem com os mesmos direitos e deveres, o que não pôde testemunhar em vida, já que se suicidou aos 32 anos.

São vários os pontos em comum entre Jacinta Passos e Ingrid Jonker, mas o que mais as aproxima seja talvez a entrega e a intensidade de suas existências; e a literatura que advém de tamanha intensidade deixou marcas importantes a serem ainda rastreadas.

Percebe-se que o caminho percorrido por estas poetisas foi, muitas vezes, entremeado pelas mesmas dores e desafios, elas, por exemplo, tiveram episódios de internações psiquiátricas73, por sofrerem de um mal que seria equivalente hoje ao transtorno bipolar, mas que à época, a ciência médica não apresentava um tratamento humanitário, nem medicamentoso, muito menos de acompanhamento psicoterápico.

Propomos um estudo que entende que a prática literária destas poetisas se relaciona com o que Silviano Santiago (2002) chama de “literatura anfíbia”, ou seja, o ofício do escritor (a) não se descola de suas práticas políticas, ainda que a literatura em si não esteja restrita a este tipo de posicionamento. Alguns escritores podem, todavia, transcender a ideia “da arte pela arte” e fazer com que sua obra adquira uma face mais voltada para a realidade que o circunda, “para seu tempo e o seu lugar”, como Machado de Assis nos alertava.

A atividade artística do escritor não se descola da sua influência política; a influência da política sobre o cidadão não se descola da sua atividade artística. O todo se completa numa forma meio que manca na aparência, apenas na aparência. (SANTIAGO, 2002, p. 15).

Para Jacinta Passos e Ingrid Jonker, o ofício literário não fora apenas meio de vida ou meramente um o exercício de um trabalho intelectual sem maiores comprometimentos. Assim

73 Segundo a historiadora Janaína Amado, Jacinta Passos esteve inúmeras vezes em clínicas psiquiátricas. Já a biógrafa de Ingrid Jonker, Louise Viljoen, coloca que a poetisa sul-africana foi internada apenas uma vez, em 1961. Este dado, no entanto, não diminui a importância de suas obras em seus contextos: Jacinta Passos, por exemplo,

como no poema de Jonker, é possível encontrar na narrativa da autora uma afinidade com as questões sociais e políticas que só são vistas em escritores que entendem que a literatura está para além de uma forma de arte, bem como o ser humano estaria para além de sua existência cotidiana vazia, sem nenhuma expressão de indignação com o mundo à sua volta. Nota-se no exemplar que segue o compromisso de Jacinta Passos com acontecimentos históricos importantes em seu tempo:

A guerra

Eu sou a humanidade que sofre.

As minhas raízes profundas mergulham no ventre da terra,

o meu espírito como uma antena prodigiosa domina o espaço e capta todas as vibrações, as mínimas vibrações trazidas pelos ventos que sopram de todos os lados.

Eu sou a humanidade que sofre.

Experimento no meu espírito e na minha carne este instante de dor universal.

Sinto a realidade sangrenta dos campos de guerra, o lívido pavor diante da morte que ronda sinistra nas grandes aves metálicas, nos monstros de ferro, nos peixes fantásticos do mar.

Clarões que se abrem, gritos alucinados, balas que silvam, explosão de bombas, corpos que tombam.

É a trágica destruição do homem pela máquina poderosa que a sua inteligência criou.

Caminho pelas cidades transformadas em trincheiras.

Choro com as mulheres a saudade dos lares vazios, a perda dos filhos – o próprio ser mutilado.

Jacinta Passos (1940)

O eu lírico apresenta ao leitor o sofrimento quase universal a - Segunda Guerra Mundial. “Eu sou a humanidade que sofre /Experimento no meu espírito e na carne este instante de dor universal”, estes dois versos, trazem a universalidade da dor que várias sociedades no mundo sofriam naquele momento e, no decorrer do poema, é perceptível a preocupação com esta dor compartilhada entre muitos, uma preocupação com o coletivo, característica esta que se repete em outros poemas da escritora. “As grandes aves metálicas” são a imagem das aeronaves utilizadas para bombardeios; “peixes fantásticos do mar” podem ser lidos como os submarinos, utilizados, por exemplo, pelas Marinhas Norte-Americana e Soviética.

O seguinte trecho do poema Canção da Partida revela sua lucidez e atenção no tocante à questão da escravidão no Brasil, já que, quando morava em Cruz das Almas presenciara

situações análogas à forma como os negros e negras eram tratados durante a vigência oficial do sistema escravocrata:

[...] -Traga logo o meu cavalo - Está pronto, meu patrão. Benedito tem cem anos:

negro duro! cem anos de escravidão. Cadê Princesa Isabel

que a liberdade inventou?[...].

Passos apresenta em seus escritos uma sensibilidade extrema com questões que eram injustas, desumanas. Isto, à luz da proposta deste artigo, a torna uma escritora com um diferencial, característica esta também perceptível em Ingrid Jonker. No trecho seguinte percebem-se semelhanças na forma de escrita:

Se me quiseres amar não despe somente a roupa. Eu digo: também a crosta feita de escamas de pedra e limo dentro de ti [...]

Agora teu corpo é fruto. Peixe e pássaro, cabelos de fogo e cobre. Madeira e água deslizante, fuga ai rija

cintura de potro bravo. Teu corpo.

Relâmpago depois repouso sem memória, noturno.

Aqui também é possível verificar o apelo aos sentidos e o uso de algumas metáforas que o eu lírico utiliza para referir-se ao seu par: para amá-la, (entendemos aqui que esta é uma voz feminina), seu parceiro deve despir-se de todo o peso de suas pré-concepções, que entendemos que estão colocadas como “a crosta feita de escamas de pedra e limo”.

O ato de amor é também um ato de autoproclamação de liberdade: “Agora teu corpo é fruto/Peixe e pássaro”, os dois se entregam em uma espécie de “dança”, que confere beleza a este ato de amor, de amar: o corpo do amante agora é “madeira e água deslizante/fuga aí rija/Cintura de potro bravo”, este é um dos exemplares em que verificamos o diálogo entre

Jacinta Passos e Ingrid Jonker justamente por este apelo ao universo mais sensorial, que confere uma atmosfera de sonho.

O resgate de obras produzidas por mulheres tanto na modernidade quanto na contemporaneidade tem sido um dos principais focos nas áreas de Letras. Isto ocorre porque, como se constata, os discursos das minorias étnicas, de gênero e raciais estiveram sob a égide do silenciamento, que ainda é reforçado em nossa história, sendo que, para as mulheres, a esfera pública lhes fora negada por um longo período:

A invisibilidade das mulheres, segundo esta perspectiva, se deve a que a ideologia das esferas separadas as definiu como seres exclusivamente privados, negando assim sua capacidade de participar da vida política. Tão grande tem sido o poder de poder da ideologia que ainda quando trabalhem ou tenham uma atuação política, suas atividades são vistas como extraordinárias ou anormais e, por isso, alheias ao âmbito da política autêntica ou séria. A desvalorização das atividades da mulher (como fonte de mão-de-obra barata no mercado e de trabalho livre no lar) desvalorizou também a visão das mulheres como sujeitos históricos e como agentes de mudança. (SCOTT, 1992, p.48)

Esta invisibilidade ―e a carga simbólica que ela traz consigo ― ainda deixa visíveis marcas nas sociedades atuais. Resgatar a escrita de mulheres (compreendendo a diversidade que compõe esse grupo maior) nos possibilita reinserir esses sujeitos históricos nos campos da produção de conhecimento e na própria historiografia literária.

Como dito no início do texto, a atuação de Jacinta Passos não se deu apenas no ofício literário. Ela foi entre os anos de 1940 a 1950 colaboradora de periódicos de grande circulação na Bahia: o jornal O Imparcial (1918-1947), que foi um veículo importante na cobertura da Segunda Guerra Mundial e o jornal O Momento, periódico de propriedade do Partido Comunista Brasileiro. No primeiro, Jacinta Passos contribuiu com a participação feminina na retaguarda de guerra, ou seja, na produção de insumos bélicos e outros para os países envolvidos diretamente no conflito e aqui no Brasil a participação feminina na Legião Brasileira de Assistência74.

Como periodista Jacinta Passos possibilitou a uma determinada camada letrada da sociedade baiana da época75, outra versão da atuação de mulheres no mundo do trabalho. Naquele pequeno espaço que lhe era concedido e de forma semanal, ela e suas colaboradoras mostraram, através de fotografias e artigos, que mulheres ao redor do mundo estavam

74

A LBA foi criada com o objetivo de prestar assistência aos soldados mobilizados e seus familiares, tinha sede no Rio de Janeiro e fez parte de sua estruturação a existência de postos de atendimento nas capitais e cidades

brasileiras, administrados pelas primeiras-damas.

75 Entendemos que o trabalho sobre estas escritoras é um recorte que defendemos pelo viés de suas posturas enquanto feministas, mas reconhecemos que estes não se configuram na atualidade como uma voz unívoca na luta de mulheres nem na produção literária por elas feitas.

trabalhando na retaguarda de guerra, produzindo insumos bélicos e outros materiais que abasteciam o confronto.

Uma, dentre outras tantas publicações da Página Feminina76, trata da participação de mulheres nas fábricas que produziam projéteis e outros artefatos bélicos, bem como mostra o desempenho de funções antes apenas masculinas “como engenheiras, supervisoras de produção e motoristas de caminhão”.77

Enquanto diretora da Página Feminina, Jacinta Passos se preocupava em destacar este tipo de notícia em detrimento de outras, inseridas nas seções intituladas Puericultura, Moda e Beleza, Cuidados do Lar etc. Estas temáticas, ao que parece, estavam na página muito mais por conta de uma espécie de negociação entre esta emancipação do pensamento das mulheres à época do que por uma escolha pessoal em tratar de temas que na verdade não se espelhavam à sua conduta mais combativa e militante.

Na edição de 26 de março de 1943, a Página feminina traz a manchete “As mulheres conquistam a vitória” com o seguinte texto:

As mulheres, em todos os países livres do mundo, pelo trabalho diário, pela participação real no esforço de guerra, conquistam a vitória contra o fascismo. As mulheres sabem que a “Nova Ordem”, tirania universal de um povo, a sua posição é ser escrava dos homens. Na própria Alemanha e nos países dominados, a experiência da mulher tem sido a mais dolorosa. Mas com esta experiência ela tem, hoje, a certeza de que o fascismo é o seu maior inimigo e por isso luta contra ele78, com todas79 as suas energias femininas.80

Como foi mencionado, a Página Feminina buscava ser o mais plural que podia, dentro daquele contexto histórico em que as poucas mulheres que liam, eram, em sua maioria, donas de casa, e, além de querer saber sobre a política da época também estavam interessadas em outros temas, por isto a negociação de que antes falamos.

Nesta mesma edição há uma chamada para uma palestra que Jacinta Passos faria no rádio sobre a Semana de Propaganda da Legião Brasileira de Assistência- LBA, da qual era defensora e divulgadora.

76 A Página Feminina foi editada de 1942 a 1943 no Jornal O Imparcial.

77 NOGUEIRA, Natânia. A participação feminina na segunda Guerra Mundial. História Hoje.com.Acesso 13.mai.2017.

78 Na matéria original o pronome pessoal vem acentuado, obedecendo a norma ortográfica da época. Aqui atualizou a ortografia.

A matéria segue mostrando a atuação feminina em vários países, inclusive no Brasil, que- ainda que este fato seja desconhecido do grande público-, 81tiveram uma participação nos cuidados de enfermagem prestados aos soldados que vinham da guerra. De acordo com o jornalista Frederico Rosas, do El País- Brasil,

O Brasil entrou no conflito em agosto de 1942, com a declaração de guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista após a morte de 607 pessoas em seguidos ataques do Eixo a navios brasileiros situados em uma área do Atlântico que vai da costa leste norte-americana ao Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. O então presidente brasileiro, Getúlio Vargas, vivia a sua primeira era no poder (1930-1945) e havia declarado neutralidade no conflito em 1939, após chegar a flertar com o fascismo. A guerra contra o Japão seria declarada pelo Brasil apenas em junho de 1945. (ROSAS, 2014)82

Com o envio destes soldados à guerra, o trabalho da LBA era fundamental para a manutenção da assistência dos que voltavam e o apoio às suas famílias de diversas formas, desde auxílios mais materiais até suporte psicológico e Passos, como dito, reforçava este trabalho de maneira que mais mulheres aderissem ao voluntariado.