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2.3 AUDITORIA DE RECURSOS HUMANOS

2.3.4 Jornada de trabalho

O período de trabalho é algo essencial para o ser humano, seja pela ordem econômica, social ou biológica. Sua relevância é destaque no contexto mundial, e pela importância a Declaração Universal dos Diretos do Homem de 1948 destaca no art. XXIV, que todo homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

No Brasil, há quem defina o período de trabalho como jornada de trabalho. Já a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT define como duração do trabalho. De uma maneira ou de outra, o fato é que o empregado participa com suas funções na empresa, sempre vinculado a um período de horas. O período pode ser presencial, quando o trabalhador exerce suas funções no local, modo e hora definidos; ou não presencial, quando o empregado exerce suas funções em local, modo e horas não definidos.

A jornada de trabalho será o período de tempo que o empregado ficar á disposição do empregador, executando ou não sua função, mas sob sua dependência. Período de trabalho requer início e fim definidos de horário e trabalho sob a direção do empregador.

No Brasil, a jornada de trabalho é regulamentada pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 7º - “duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”. A limitação da jornada de trabalho, atualmente vigente, não impossibilita que ela seja menor, apenas assegura um limite máximo.

Não é computado na jornada de trabalho o período de repouso e refeição (art. 71 §2º da CLT) é o tempo despendido pelo trabalhador até o local de trabalho, salvo local de difícil acesso ou onde não haja transporte público e o empregador oferecer a condução. A doutrina distingue jornada de trabalho e horário de trabalho. Jornada de trabalho é o tempo em que o empregado esteja à diposição de seu empregador aguardando ou executando ordens. Horário de trabalho inclui o intervalo intrajornada para repouso e alimentação. Portanto, o horário representa o marco de inicio e fim de um dia de trabalho, mas na jornada só se computa o efetivo tempo de trabalho.

2.3.4.1 Regime de tempo parcial

Considera-se jornada de trabalho em regime de tempo parcial, aquela cuja jornada semanal não ultrapasse 25 horas (art. 58), sendo vedada a prestação de horas extras (art.59, §4º). A adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção dos atuais empregados,

manifestada perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva ou contratação de novos empregados sob este regime. O salário pago aos empregados que trabalham em regime de tempo parcial deve ser proporcional ao salário do empregado que trabalha em regime de tempo integral (art. 58, §1º). As férias a que o trabalhador tem direito nesse regime segue regra diferenciada de acordo com o que prevê a CLT. O empregado contratado para o regime de tempo parcial que tiver mais de sete faltas injustificadas ao longo do período aquisitivo terá o seu período de férias reduzido à metade. O décimo terceiro salário desse regime é proporcional às horas trabalhadas e as vantagens percebidas pelo profissional, considerando-se para efeito de pagamento, a sua remuneração mais alta, em caso de mudança de horas prestadas por semana.

Os empregados com jornada reduzida devem ser registrados, normalmente, em livro, ficha ou sistema informatizado, da mesma forma que os demais empregados, devendo, entretanto, serem anotadas as condições especiais da jornada de trabalho e se o contrato é ou não sob regime de tempo parcial.

2.3.4.2 Jornadas de turnos ininterruptos

Considera-se trabalho em turno ininterrupto, aquele prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de trabalho, nos horários diurnos e noturnos, em empresa que funcione ininterruptamente ou não. No trabalho realizado em turno ininterrupto, a jornada do empregado deve ser de 6 horas, salvo negociação coletiva.

O que caracteriza o turno não é o trabalho contínuo em um dia, mas sim o constante revezamento de horário do empregado. Portanto, um empregado que esteja a cada turno em horário diferente, terá um enorme desgaste para a sua saúde.

Para estes casos, muito utilizado por empresas que tenham em sua atividade, operações nas 24 horas do dia, como por exemplo, caldeiras, a Constituição Federal limitou a jornada em no máximo seis horas por dia (art. 7º XIV), salvo negociação coletiva.

2.3.4.3 Horas In Itinere

Horas In Itinere é o tempo gasto pelo empregado até o local de trabalho, de difícil acesso, ou não servido de transporte público, quando o empregador fornecer o meio de transporte, deverá ser computado na jornada de trabalho. Se existe o transporte público, mas insuficiente, não haverá a configuração das horas In Itinere.

É importante ressaltar que uma vez configurada as horas In Itinere, e computado este período na jornada de trabalho, as horas que excederem a jornada de trabalho normal do empregado deverão ser remuneradas como extras.

Não basta a precariedade do serviço público prestado, é exegese do artigo o não fornecimento de transporte público. Ocorre nos casos onde o local de trabalho é afastado das cidades, como por exemplo, minerações, limpeza e manutenção de estradas (art. 58).

2.3.4.4 Extensão das oito horas diárias

De acordo com o art. 59 da CLT, a duração normal do trabalho pode ser acrescida de no máximo duas horas, desde que previamente acordado por escrito com empregado ou mediante acordo coletivo. Esta extensão das oito horas diárias é também conhecida como horas extras. Para este acréscimo de jornada de trabalho, deve ser remunerada em no mínimo 50% em relação ao horário normal (art. 7º XVI, CF).

2.3.4.5 Banco de horas

Banco de horas é um sistema de compensação de horas extras mais flexível, mas que exige autorização por convenção ou acordo coletivo, possibilitando a empresa adequar a jornada de trabalho dos empregados às suas necessidades de produção e demanda de serviços. É chamado de banco de horas porque ele pode ser utilizado nos momentos de pouca atividade da empresa para reduzir a jornada de trabalho normal dos empregados durante um período, sem redução do salário, permanecendo um critério de horas para utilização quando a produção crescer ou a atividade acelerar, ressalvando o que for passível de negociação coletiva.

Se o sistema começar em um momento de grande atividade da empresa, aumenta-se a jornada de trabalho durante um período. Nesse caso, as horas extras não serão remuneradas, sendo concedidas como compensação, folgas correspondentes ou reduzida a jornada de trabalho até a quitação das horas excedentes. O sistema pode variar de acordo com os acordos coletivos, mas o limite será de dez horas diárias trabalhadas.

No caso de rescisão do contrato de trabalho, havendo saldo positivo de banco de horas não compensadas, estas horas devem ser pagas com adicional de, no mínimo 50% sobre o salário no mês da rescisão. Havendo saldo negativo, a empresa não pode descontar as horas faltantes por falta de dispositivo legal.

2.3.4.6 Hora de sobreaviso

As horas de sobreaviso caracterizam as horas extras quando o empregado priva sua liberdade de locomoção para ficar à disposição do empregador. Não há a menção para o exercício obrigatório da função, mas simplesmente o fato do empregado estar de prontidão, após o horário contratual acordado.

O uso do BIP ou do celular não caracteriza o sobreaviso, entretanto, comprovado nos autos o regular pagamento das horas de sobreaviso quando da utilização desses aparelhos, tal procedimento constitui condição mais favorável que adere ao contrato de trabalho do empregado, sendo indevida a sua supressão se não houve alteração nas condições de trabalho.

As horas de sobreaviso não integram o adicional de periculosidade, por não estar sujeito a condições de perigo. A remuneração neste período deve ser de no mínimo, 1/3 do período normal de trabalho.