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As plataformas de mídia social desenvolvidas para fins educativos fornecem mais uma possibilidade de ação educativa, que acrescentada às metodologias existentes pode auxiliar no processo de apropriação dos conhecimentos científicos relevantes ao entendimento dos fenômenos cotidianos e na construção de uma leitura cidadã e crítica de mundo. Esta leitura é favorecida quando o indivíduo é capaz de fazer uso conjugado da escrita, imagens, sons que aparecem em meios de comunicação diversos. Uma vez que o papel do professor vai além do conteúdo específico, ele deve auxiliar no desenvolvimento de aptidões como senso crítico, cidadania, criatividade, organização, entre outras consideradas necessárias para um bom desempenho do papel deste indivíduo na sociedade.

As iniciativas didáticas, metodológicas, instrumentais, de leitura e interpretação do cotidiano e apresentação de tecnologias de forma crítica partem do professor. É ele que percebe algo, realiza interações com a realidade do estudante e, com alguma estratégia direcionada, busca promover algumas situações que possam desencadear aquelas citadas acima. Os instrumentos legais acabam por ser integrados de maneira consciente ou inconsciente nessas ações/intervenções.

Desde 1996, com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394), programas públicos de Educação à Distância (EaD) tem sido incentivados por leis e decretos. Juntamente com estes programas, outras políticas públicas procuram desde então a inserção das TIC no contexto escolar. Embora o foco explicitado por leis e decretos seja a formação de professores, promoção de cursos em áreas remotas do país, democratização da oferta de cursos técnicos,

capacitação profissional, entre outras propostas, percebe-se uma tendência à utilização de TIC em prol do acesso a educação como resposta as demandas do contexto social e econômico atuais. Segundo Moore e Kearsley (2010), existe uma demanda por novos meios de acesso ao conhecimento uma vez que parte da informação sofre desatualização de forma muito rápida e, isso exige que a transformação da informação em conhecimento seja contínua.

As necessidades desta sociedade informatizada não se refletem nas práticas adotadas nas instituições de ensino, pois apesar delas, ainda existe resistência tanto por parte de estudantes que não possuem postura autônoma e madura (FABRI; PEREIRA; RANGEL, 2012), como por parte de professores (ABREU; NICOLACI-DA- COSTA, 2003; WEBER; BEHRENS, 2010; DE JESUS et al, 2015) em usar as TIC para fins educativos. Os primeiros buscam entretenimento e os outros fazem preferencialmente pesquisas.

Entende-se que existe a necessidade, mas sua implantação vai demandar um tempo maior do que a velocidade com que a informação muda. Existem ganhos com a utilização de tecnologias, contudo de forma pontual (projetos específicos, áreas específicas, pouca abrangência mesmo dentro de um único tema). As mudanças partirão dos professores que quiserem se envolver, considerando que estrutura das instituições ainda é problemática, e poucos escrevem sobre as condições reais de assimilação destes estudantes, considerados nativos digitais5 (PRENSKY, 2001), dentro do ambiente concreto da escola que tenta introduzir, a seu modo, tecnologias. Autonomia e maturidade são requisitos para o uso de quaisquer tecnologias. E assim desafios vão se acumulando. “Embora a TIC seja usada como facilitadora da educação e da formação, existe um grande abismo entre o seu potencial e o que dela se pratica” (BARBOSA, 2012, p. 80).

Corrêa et al. (2009, p. 20) consideraram que o principal desafio está “[...] na constante avaliação e redirecionamento destas tecnologias no uso cotidiano pelos profissionais da educação, pelo governo e pela sociedade”. Braga (2013) considerou que o letramento digital é fundamental no momento atual e que a internet destaca-se como um espaço social que atua como fonte de informação, construção de conhecimento, manifestações culturais e interações sociais diversas. E colocou

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ainda que “[...] há uma tendência de ampliação do uso das TIC pelos diferentes grupos sociais, mesmo aqueles classificados como economicamente desfavorecidos. As práticas educacionais não podem ficar alheias a essa tendência” (BRAGA, 2013, p.20).

Podem-se encontrar cursos dos mais variados de curta duração online para capacitação e atualização tanto de profissionais da educação como para profissionais de outras áreas. O estudante de Ensino Médio, quando entra no mundo do trabalho, precisa adequar-se a novos modelos de aprendizagem e que envolvem justamente cursos online através de plataformas virtuais. E assim, “[...] o uso da internet, [...] passa a ser uma demanda social e não uma mera “opção” colocada para os indivíduos” (BRAGA, 2013, p.40, grifo do autor). Braga (2013) explicou que este é um processo normal de mudanças nas práticas de letramento e, que pressões sociais são sofridas por quem não utiliza estas novas práticas. A autora também fez uma analogia explicando que os constrangimentos sofridos por quem não utiliza aparelhos celulares serão os mesmos para aqueles que num futuro próximo não apropriarem-se destas TIC. E lembrou o papel do professor neste contexto escrevendo que:

[...], nossa meta é expandir as condições de circulação social de nossos alunos, permitindo que eles desenvolvam as habilidades necessárias para a construção de conhecimento e modos de compartilhar informações privilegiadas pela sociedade atual. Nosso trabalho amplia as possibilidades de aceitação e participação do nosso aluno em diferentes tipos de comunidades que dominam e pressupõem o domínio de determinados conteúdos e de perspectivas discursivas. [...] Isso sustenta a afirmação de que todos os docentes estão diretamente envolvidos na ampliação do repertório de letramento de seus alunos (BRAGA, 2013, p.49).

Considerando a ampliação do repertório de letramento dos estudantes, tem- se que a união das TIC, suas possibilidades de interação e o conteúdo específico de cada disciplina, podem colaborar no processo de aquisição dos conteúdos específicos e práticos, bem como daqueles conteúdos não aplicáveis ao seu dia a dia. A intenção é trazer para o estudante justamente as formas possíveis aplicáveis e não aplicáveis de cada disciplina, principalmente aquelas das Ciências Exatas, pois mesmo os tópicos mais abstratos levam a reflexão e a construção de significados.

O professor deve tentar a construção de significados partindo de sua disciplina levando a um nível de entendimento gradativamente maior e que se estenda por questões diversas, escolares e sociais. Para isso, pode lançar mão de vários materiais (livros, textos, artigos...) e tecnologias (imagens, sons, softwares, computadores,...), bastando criar maneiras diferentes de usá-los. Este ponto é justamente onde surgem as dificuldades, mas em cada tentativa algo novo é vislumbrado e outras possibilidades, questionamentos e soluções são encontradas.

3 JOSEPH WRIGHT E AS RELAÇÕES COM A COMPLEXIDADE E DIALOGICIDADE

Neste capítulo, o referencial teórico e o pintor utilizado para desenvolvimento dessa pesquisa serão apresentados. Os aspectos históricos referenciados abaixo correspondem às questões que foram discutidas com os estudantes no início da pesquisa. Foram reunidos autores que contribuem para explicar a visão que se faz deste projeto e a busca por uma abordagem interáreas nas suas ações. As demandas sociais, educacionais e pessoais por trás dele não seguem uma linha única e, como será especificado a seguir, influenciam as decisões de planejamento e aplicação. Nas seções a seguir buscou-se mostrar como nesta pesquisa o entendimento da complexidade das áreas envolvidas colaborou no caminho e na análise dos passos seguidos. Esta complexidade explicitou-se nos diálogos entre professor-estudante e entre estudante-estudante durante as discussões das telas e das atividades realizadas pelos estudantes. A observação das telas e o contexto do pintor foram os pontos de partida para uma prática dialógica.