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JUVENTUDE IMPERIAL

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3 AS ESCOLAS DE SAMBA DE JUIZ DE FORA

3.4 JUVENTUDE IMPERIAL

O grupo fundador da Juventude Imperial surgiu em março de 1964, na vila Olavo Costa, com seus componentes formando o Bloco do Olavo. A este grupo reuniu-se a família de David Chaves, um dos fundadores e presidente da Escola por vários anos. O objetivo inicial do grupo, como o dos demais blocos, era apenas sair pelas ruas de Juiz de Fora durante o carnaval. Incentivados pelo Departamento Autônomo de Turismo (DAT) o bloco acabou se transformando em Escola de Samba – o interesse do DAT era viabilizar o concurso oficial, pois apenas a Feliz Lembrança estava em atividade. Desta forma a comunidade da região fundou a Escola. Segundo David Chaves58 (2007) as cores verde e branco foram escolhidas por causa de sua convivência com a carioca Mocidade Independente, e pela ajuda inicial dada pela agremiação de Padre Miguel. Por ser um bairro periférico e surgido a partir de invasões de terra, muitas dificuldades caracterizam a história da comunidade que participa da Juventude. Um dos bairros é chamado folcloricamente de buraco do Olavo59.

A Escola de Samba Juventude Imperial é a única campeã dos desfiles oficiais do carnaval de Juiz de Fora por quatro anos consecutivos: 1970, Três episódios; 1971, Os

sertões; 1972, Manoel Bananeiro; 1973, Zumbi, rei negro dos Palmares. Em 1974 ela se retirou da disputa após ter desfilado e suas notas não foram lidas, mas há quem garanta que a Escola seria novamente campeã. Nos anos seguintes a Escola coleciona resultados

58 Entrevista concedida ao autor em fevereiro de 2007 por David Chaves presidente da Escola de Samba

Juventude Imperial.

decepcionantes. Em 1976 Cantos e encantos do nordeste é o enredo de melhor desempenho no final dos anos 1970: terceiro lugar.

Em 1978 a escola desfilou Escrava Isaura, enredo baseado no romance de Bernardo Guimarães, aproveitando que a mesma obra estava sendo apresentada pela Rede Globo como tema de novela. A Escola fez questão de chamar a atenção do público em seu material de divulgação do samba para a grande diferença entre aquilo que o desfile mostrava: fidelidade ao livro e as diferenças em relação à história contada na telenovela. Basicamente: Isaura não foge para Barbacena e sim para o Recife; e Malvina não morre no final, simplesmente assiste ao suicídio do marido. Apesar de todo o cuidado com o enredo a Escola repete a penúltima colocação do ano anterior. 1979 também não é um bom ano para a Escola, que com o enredo

Carnaval do povo no mundo dos astros fica em quarto lugar entre as seis Escolas participantes. No ano seguinte conquista o vice-campeonato com o tema Macunaíma, baseado no livro homônimo.

Os anos 1980 assistem um desempenho muito ruim da juventude Imperial nas disputas oficiais. Ela fica em terceiro lugar em 1981 com No reino da ilusão, uma lenda do carnaval, samba de Flavinho da Juventude, Kelmer e J. Santos. Em 1982 A coroação de Oxum-maré no

palácio de Xangô, baseado em uma das histórias da mitologia africana, fica nas últimas colocações. Por uma série de discordâncias com a organização dos desfiles oficiais a Escola desiste de participar às vésperas do carnaval de 1983 e quando volta aos desfiles no ano seguinte não consegue escapar do último lugar. Tenda dos milagres, em 1985, samba de Sérgio Português, Tuka, Manoel da Cuíca e Roberto Medeiros baseado no livro de Jorge Amado. A Juventude participa do boicote das Escolas ao desfile de 1986 e, como na vez anterior, ao desfilar no ano seguinte fica com a última colocação. O enredo de 1988 parece uma preocupação com o desempenho da própria Escola: Boa sorte Brasil, a respeito das principais superstições para dar sorte. Para encerrar esta fase de maus resultados a Juventude Imperial busca um tema político para sair no carnaval de 1990: A praça é do povo, samba de Roberto Medeiros e Tuka. A inspiração é um poema de Castro Alves e a referência da música está ligada à primeira eleição presidencial após o golpe de 64. Mais uma vez o resultado a deixa entre as últimas colocadas.

Em 1994, com a retomada dos desfiles oficiais pela prefeitura a direção da Escola consegue reestruturar a agremiação e iniciar um período de resultados positivos. Neste ano conquistou o 3o lugar com uma auto referência: Exaltação comunidade verde e branco, 10

somente 10. Nos anos 1995, 1996 e 1997 foi vice-campeã com os temas: Motumbalaxé;

abençoe). Os quatro elementos da criação do mundo aos sons dos tambores africanos, mais uma referência à África. Em 1998, com o enredo Rio Paraibuna, sua História, nossa Vida obteve o terceiro lugar. Em 2000 a agremiação obteve novamente o vice-campeonato do desfile de carnaval com o tema racial Sou negro, sou negro sim senhor, e em 2001 desfilou o tema Estrela do meu caminho, sendo a primeira vez desde 1994 que não alcança as três primeiras colocações. Em 2002, a escola levou para a avenida o enredo Carlos Bracher – uma

explosão de luz e cor, ficando com o terceiro lugar. No ano seguinte faz uma homenagem ao bambu e comenta a presença desta gramínea em diferentes culturas com o sugestivo título

Enverga mas não quebra, e repete a terceira colocação. Uma homenagem ao compositor Martinho da Vila – Martinho de todas as vilas – leva a Escola ao vice-campeonato no ano seguinte.

O título de campeã dos desfiles é conquistado em 2005, após mais de 20 anos. Usando um tema já desfilado em 1979: Carnaval do povo no mundo dos astros, a Juventude Imperial dividiu a primeira colocação com Real Grandeza e Unidos do Ladeira. Nos anos 1970 o enredo não passou da quarta colocação. Em 2006 a Escola tentou repetir o bom resultado com uma homenagem a cidade de São João d’El Rey: De Tiradentes a Tancredo, a terra onde os

sinos falam. O resultado foi um decepcionante quarto lugar.

Como as demais Escolas de Samba de Juiz de Fora a Juventude Imperial sofreu os mesmos problemas para a construção de uma quadra de ensaios. O primeiro passo na conquista de uma sede foi dado em agosto de 1976, quando a câmara municipal aprovou a concessão de título de utilidade pública para a agremiação – Lei 5088. Como entidade de utilidade pública já era possível receber verbas da prefeitura e o caminho ficou aberto para a doação de um terreno da municipalidade. Em setembro do mesmo ano o prefeito Saulo Pinto Moreira procede à doação de um imóvel de 5.500 m2 para a construção da sede da Juventude

Imperial. Esta doação acabou revogada, provavelmente pelo não cumprimento do prazo de construção das instalações da Escola. Apenas em 1979, na gestão do prefeito Melo Reis, a Escola conseguiu se estabelecer em um terreno – que é a atual localização da sua quadra – no bairro Furtado de Menezes. A área de pouco mais de 1.400 m2 pertencente à municipalidade implicava no compromisso de se edificar a sede em, no máximo, dois anos, conforme o texto da Lei 5642/79 – esta Lei de 1979 foi revogatória da doação de 1976 (PREFEITURA DE JUIZ DE FORA, 2007).

Ficha Técnica de 2006

Nome da Escola: G.R.A.C.E.S. Juventude Imperial.

Reduto da Escola: Furtado de Menezes, Vila Olavo Costa, Vila Ideal, Vila Ozanan Endereço da Quadra: Rua Furtado de Menezes, 1-A.

Cores da Escola: Verde e Branco. Presidente: David Chaves.

Carnavalescos: Marcos Conegundes Figurinistas: Marcos Conegundes Número de Componentes: 900 Componentes da Bateria: 120

Mestre de Bateria: George de Oliveira Porta-Bandeira: Letícia Dos Reis Mestre-Sala: Diego Ferreira

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