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III – I NVESTIGAÇÃO E MPÍRICA

3. A PRESENTAÇÃO DOS R ESULTADOS

3.4 L IDERANÇA O RGANIZACIONAL

No que se refere à liderança da Lino Coelho, a Administração tem feito um esforço para conseguir que todos tenham o mesmo rumo, o mesmo objetivo. Todos os aspetos mencionados, quer em termos de cultura organizacional, quer de satisfação, quer de comunicação compõem a liderança exercida na empresa.

Na tomada de decisão, tal como já foi analisado no âmbito da satisfação dos colaboradores, com base no modelo proposto por Hackman e Oldham, a administração delega grande autonomia aos seus colaboradores.

De facto, ao nível da permissão para tomar decisões, o administrador delega responsabilidades nos colaboradores das diversas áreas. Para além disso, é ainda referido pelo entrevistado 2 que “estou completamente à vontade para fazer sugestões, porque é fomentado esse espírito e interessam-se pelas nossas opiniões”. Trata-se de uma liderança participativa, em que o gestor e a chefia convidam os colaboradores a participarem na tomada de decisão, a darem ideias, sugerirem novos produtos. Aqui importa, novamente, referir que os fluxos de comunicação ocorrem, quer ao nível lateral, quer de cima para baixo, quer inversamente, tal como mencionaram os colaboradores.

Ainda no que concerne à tomada de decisão, os colaboradores sentem, de um modo geral, que, fundamentalmente a chefia, interessa-se pelas opiniões dos colaboradores. O entrevistado 18 afirma que sugeriu apostar em destacar na montra a agricultura, dando a conhecer os produtos que a empresa tem, uma vez que era uma área que se pretendia desenvolver e que estava apagada. A chefia não hesitou e conseguir promover esta área, com base na sugestão de um colaborador.

A utilização dos conhecimentos técnicos e profissionais é algo que a empresa fomenta nos seus colaboradores, na medida em que promove ações de formação e incentiva as pessoas a adquirirem novas valências, tal como referem os entrevistados 1 e 3. Para a chefia: “(…) há pessoas com poucas habilitações que têm evoluído aqui

dentro, quer com a experiência, quer com as formações que são promovidas pela empresa. Nestes casos, não são utilizados os seus poucos conhecimentos, mas são desenvolvidos.” (entrevistado 19)

Apenas os colaboradores mais antigos na empresa e com idades mais elevadas consideram que basta a experiência na tomada de decisão. É compreensível que as pessoas mais velhas têm outra forma de ver as coisas e, como têm poucas habilitações, julgam ser essencial apenas a experiência, no processo de tomada de decisão.

Ao nível do conhecimento que os superiores hierárquicos têm sobre o que se passa nos vários níveis organizacionais, há vários colaboradores que mencionam a lacuna existente nos armazéns na Mourisca (entrevistados 1, 4, 5, 6 7 e 9). Neste sentido, o entrevistado 9 refere: “Os armazéns ficam afastados da loja e como a chefia não os visita todos os dias, não tem conhecimento de tudo, é óbvio. Ao nível da loja, penso que têm conhecimento do que acontece.”

Por outro lado, há colaboradores que consideram que, a liberdade que têm para tudo é controlada. O entrevistado 11 afirma: “(…) Apesar de haver bastante liberdade, numas áreas mais, noutras menos, há um determinado controlo sobre o todo que representamos. Também não é bom que algumas áreas sejam desleixadas, até porque as pessoas podem abusar.”

Aqui importa ainda ter em conta o que a administração salienta:

“O acompanhamento é feito, quer por mim, quer pela chefia. Nós tentamos acompanhar o trabalho das pessoas, mas não controlar ao máximo aquilo que fazem. Atualmente, o esforço está a ser feito ao nível dos nossos armazéns na Mourisca, uma vez que achámos que estavam esquecidos, involuntariamente. Há dois andares três andares aqui na loja, o armazém e ainda os armazéns mais afastados na Mourisca. Somos duas pessoas a tentar acompanhar o que é feito nestes locais todos e ainda temos o nosso próprio trabalho, as nossas tarefas. Nem sempre é fácil conseguir estar presente em todo o lado. Alguns funcionários dão-nos o

feedback de determinadas situações que ocorrem, mas isso não espelha

tudo. Acredito que aqui ainda há uma lacuna a colmatar.” (entrevistado 20).

De facto, a Administração tem consciência de que deveria estar mais presente nos armazéns, o que já não é completamente mau para a empresa. Assim, resta conseguir fechar essa “lacuna” mencionada pelo administrador.

No que respeita à tomada de decisão, de acordo com a Dra. Elisabete (chefia), esta engloba os vários setores da empresa. Na entrevista feita à chefia (entrevistado 19), esta menciona:

“(…) cada setor toma as suas decisões e, caso seja necessário, recorre a mim ou à Administração, no sentido de ajudar na tomada de decisão. A decisão não vem de cima, mas é feita a todos os níveis organizacionais, só assim se consegue dar uma melhor resposta ao cliente. As pessoas estão todos os dias em contacto com uma determinada área, saberão dar uma melhor opinião sobre assuntos dessa natureza, certamente”.

De um modo geral, os colaboradores partilham da opinião da chefia da Lino Coelho. Apenas os colaboradores que exercem as funções de motoristas, entrevistados 7 e 9, mencionam não interferir na tomada de decisão, estando submissos às cargas estipuladas pelo colega dos transportes e logística. Como também se encontram ausentes na empresa, comparativamente com os colegas da loja, sentem que a sua opinião não é solicitada. Apesar disso, os entrevistados 7 e 9 referem que isso lhes permite não ter responsabilidades acrescidas, não parecendo incomodados com a situação.

No que se refere à liderança, é útil ainda salientar que na empresa não há regras e procedimentos que sejam impostos rigidamente, segundo aquilo que referem vários colaboradores. O entrevistado 1 frisa:

“(…) é necessário haver regras, caso não existissem estávamos a viver numa anarquia. Nada funciona sem regras. Ao longo dos anos em que estou na empresa, fui aprendendo com base na experiência. Este tipo de regras que se interiorizam está relacionado com a organização de cada um, com a formação de cada pessoa. Os superiores hierárquicos são bastante flexíveis, a todos os níveis, mas há sempre a necessidade de existirem regras escritas, como o horário de trabalho.”

O administrador da empresa (entrevistado 20) menciona que as regras a que os funcionários estão sujeitos prendem-se com a boa cidadania pelas quais se devem pautar em todos os espaços, ao longo da sua vida e, não é por não estar escrito que não se devam pautar pelas mesmas na Lino Coelho. Para além disso, o gestor afirma que, ao nível dos procedimentos, os funcionários vão aprendendo com a experiência.

Em jeito de conclusão, na sua entrevista, o administrador refere “(…) não há interesse da minha parte em que as pessoas sejam máquinas, como se estivessem programadas, isso não lhes permite desenvolver o que são”.