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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.2 Etiopatogênese da DII

2.3.6 Tratamento complementar: Probióticos

2.3.6.2 Lactobacillus mucosae

Lactobacillus mucosae é um residente natural do TGI de humanos e animais e uma potencial bactéria probiótica (PAJARILLO et al., 2015). L. mucosae foi identificado pela primeira vez por Roos et al. (2000) usando o gene de ligação ao muco (MUB) de Lactobacillus reuteri como sonda. As pesquisas iniciais revelaram sua capacidade de aderir ao muco. Em humanos, LM representa uma das subpopulações fortemente associadas à mucosa da microbiota intestinal, juntamente com Lactobacillus gasseri e Bifidobacterium breve. Sua forte associação com a camada mucosa e sua presença em outros nichos da mucosa, como o colo do útero e a vagina, demonstram sua afinidade para os componentes da mucina e a camada mucosa do hospedeiro (VALERIANO et al., 2017).

Estudos vêm sendo realizados a fim de se melhor caracterizar e estudar os efeitos benéficos desta cepa, demonstrando sua capacidade de adesão, agregação e hidrofobicidade e inibição de adesão de Escherichia coli K88 e Salmonella enterica serovar Typhimurium KCCM 40253 (VALERIANO; PARUNGAO-BALOLONG; KANG, 2014) e atividade antioxidante (YU et al., 2016).

LM CNPC007 foi selecionada entre as cepas pertencentes à Coleção de Microrganismos de Interesse para a Indústria de Alimentos da EMBRAPA considerando seu desempenho em uma série de testes in vitro em relação ao potencial probiótico, propriedades tecnológicas e segurança, dando continuidade aos estudos de Rodrigues et al. (2018) e Rolim et al. (2015) que utilizaram uma cepa da EMBRAPA, o L. rhamnosus EM1107 demonstrando resultado positivo sobre sua característica probiótica em testes in vitro e testes com modelo animal de DII.

Esta cepa foi usada pela primeira vez em alimentos no estudo de Moraes et al., (2016), demonstrando-a como candidato probiótico promissor para aplicação em produtos lácteos, merecendo mais estudos para confirmar e explorar seu potencial. Foi verificada a presença de genes relacionados à produção de hidrolase do sal biliar (bsh), propriedades de adesão intestinal (msa, map, mub eef-tu), virulência, produção de aminas biogênicas e hialuronidase (hyl). A cepa exibiu uma alta taxa de sobrevivência em condições gástricas e entéricas simuladas. Em relação às propriedades tecnológicas para aplicações de produtos lácteos, foram registradas uma maior capacidade de acidificação e coagulação do leite, produção de diacetil e atividade proteolítica (MORAES et al., 2016).

2.3.6.3 Lactobacillus plantarum

Lactobacillus plantarum é uma espécie versátil e flexível de bactéria do ácido lático, encontrada em uma ampla variedade de nichos ecológicos, incluindo vegetais, carnes e substratos lácteos, TGI de humanos e metazoários. Essa flexibilidade é refletida por seu tamanho do genoma relativamente grande, com um grande número de proteínas envolvidas nas funções de regulação e transporte e um alto potencial metabólico, sendo capaz de fermentar uma ampla gama de açúcares (DARBY; JONES, 2017).

LP também é um constituinte da microbiota bacteriana normal do TGI. É frequentemente isolada do lúmen intestinal humano e conhecida por ser uma espécie

capaz de sobreviver ao pH do estômago e duodeno, capaz de resistir ao efeito dos ácidos biliares no intestino delgado e colonizar o TGI por intermédio da ligação à mucosa intestinal e colônica (DARBY; JONES, 2017).

Diversos estudos têm demonstrado efeitos benéficos desta espécie na DII: L. plantarum LS/07 atenuou a colite em um modelo animal por meio da estimulação de IL-10 em monócitos. Além disso, em um modelo de camundongo envelhecido, L. plantarum WCSF1 impediu a perda de integridade da camada de muco, e, em outro estudo, L. plantarum ATCC 10241 reforçou a integridade da junção comunicante in vitro e in vivo em um modelo com roedor (HALLORAN; UNDERWOOD, 2019).

A dose e o tempo ideais de exposição a L. plantarum ainda não foram totalmente esclarecidos. Estudos com humanos utilizando preparações de probióticos incluindo LP, são controversos. Alguns indicam melhora clínica com menos recaídas e outros não demonstram resultado (LE; YANG, 2018).

L. plantarum possui o status de presunção de segurança qualificada das Autoridades Europeias de Segurança Alimentar e o status geralmente reconhecido como seguro pela US Food and Drug Administration. Além disso, é considerado um microrganismo com histórico documentado de uso de alimentos (SEDDIK et al., 2017). LP CNP003 também foi selecionada entre as cepas pertencentes à Coleção de Microrganismos de Interesse para a Indústria de Alimentos da EMBRAPA baseado em estudos relacionados com seu potencial tecnológico. Um estudo realizado com esta cepa demonstrou capacidade proteolítica, de acidificação e coagulação do leite e produção de diacetil, reunindo as melhores características de aptidão tecnológica, mostrando-se promissora para a produção de produtos láticos (MORAES, 2017).

Somado a isto, foi demonstrada a capacidade de LP CNPC003 permanecer viável acima de 7 log UFC por mL ou g durante a fermentação de bases lácteas enriquecidas com soro de leite e também durante o armazenamento das sobremesas fermentadas com os ingredientes da casca de jabuticaba. Este potencial probiótico também não alterou a composição média, características físico-químicas, conteúdo fenólico total, capacidade antioxidante e a textura da sobremesa em comparação aos ensaios probióticos comerciais de controle (NETA et al., 2018).

Além disso, Ribeiro et al. (2020) demonstraram a capacidade de sobrevida em condições gastrointestinais in vitro de LP CNPC003 e propriedades de permanecer viável quando armazenada a frio em uma bebida mista de banana, morango e juçara, sem afetar seus atributos sensoriais.

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OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Avaliar o potencial probiótico do Lactobacillus mucosae CNPC007 e Lactobacillus plantarum CNPC003 em modelo de inflamação intestinal induzida por DNBS em rato.

3.2 Objetivos específicos

 Avaliar o processo inflamatório intestinal por meio do índice de atividade da doença (DAI), dano macroscópico e relação peso/comprimento do colón;

 Mensurar biomarcadores inflamatórios;

 Avaliar o estresse oxidativo colônico;

 Detectar alterações morfológicas e imunohistoquímicas no tecido colônico;

 Determinar a expressão gênica de marcadores da integridade da barreira intestinal (MUC-2, ZO-1 e OCL).

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MATERIAL E MÉTODOS

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