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A Lean Construction é uma filosofia de produção baseado no Sistema de Produção Toyota ou LeanProduction, que é uma metodologia de produção industrial desenvolvido pela família Toyoda. A definição apresentada neste trabalho coloca que a Lean Construction “é uma metodologia baseada na redução de desperdícios, prazos e de recursos. Sua filosofia está voltada principalmente para o planejamento e controle da produção”. Seus princípios adaptados à construção civil denominou-se Lean Construction e foram apresentados em relatório técnico de 1992 de Lauri Koskela (ROCHA, 2009 p. 14).

A Lean Construction como fora colocado nesta definição é uma adaptação da Lean Production ou LeanThinking, alguns autores colocam que mesmo sendo um modelo diferente do Sistema de Produção através da Mass Production, Ford foi assim um dos pioneiros em idéias Lean.

Ford é considerado um dos pioneiros em ideias Lean, apesar de haver indícios da sua aplicação anteriormente, através da integração de um processo de produção completo com o estudo das linhas de produção e o desenvolvimento do conceito de valor para o cliente. É com base nesses conceitos fordistas que após a segunda guerra mundial a indústria japonesa automobilística, mais especificamente a Toyota, desenvolveu um novo paradigma de gestão o Toyota Production System (TPS) (NUNES, 2010, p.6).

O Sistema Toyota de Produção é uma metodologia de gerenciamento da produção que “procura otimizar a organização de forma a atender as necessidades do cliente tem como base fundamental eliminar de forma absoluta todo e qualquer tipo de desperdício que esteja fora de sintonia com os seus pilares de sustentação: just in time e jidoka ou automação. Desta forma procura através da mais alta qualidade atender o cliente no “menor prazo possível, ao mais baixo custo, ao mesmo tempo em que aumenta a segurança e a moral de seus colaboradores, envolvendo e integrando não só manufatura, mas todas as partes da organização” (SARCINELI, 2008, p. 18).

Na bibliografia os pilares de sustentação Just in Time (JIT) e Jidoka, tem como finalidade proporcionar estabilidade ao processo produtivo sendo que a estabilidade de um processo seria o pré-requisito básico para implantação do Sistema Toyota de Produção. De acordo com NUNES, (2010), “a estabilidade é a fundação a partir da qual todo o sistema é estruturado. Apenas processos estáveis

podem ser padronizados para garantir uma produção livre de defeitos (pilar Jidoka), na quantidade e no momento certo (pilar Just In Time)(NUNES , 2010, p.6 ).

Os dois pilares do Sistema Toyota são definidos com a seguinte descrição: O pilar de sustentabilidade Just in time define-se como uma técnica de gestão que estabelece que o fornecedor atenda seu cliente produzindo exatamente o produto certo, na quantidade certa, no momento certo. O sucesso do JIT depende, entre outros fatores, de uma mão-de-obra altamente motivada e principalmente “multifuncional”. O segundo pilar

Jidoka é um sistema de transferência de inteligência humana para

máquinas automáticas, de modo que sejam capazes de detectar o processamento de qualquer anormalidade parar a produção e acionar um alarme. Isso permite a um único operário controlar várias máquinas sem correr risco de produzir grandes quantidades de peças defeituosas (NUNES, 2010, p. 7).

O Sistema Toyota de Produção tinha como objetivo a produção de muitos modelos de automóveis em pequenas quantidades deste modo foi necessário aumentar a eficiência de produção eliminando os desperdícios, com isso os desperdícios foram identificados em sete tipos: desperdício pela produção, desperdício por tempo de espera, desperdícios com transportes desnecessários, desperdício do processo resultante de procedimentos desnecessários na cadeia de valor, desperdício por estoque, desperdícios de movimentos, desperdício de produtos com defeitos. Para tanto, foi preciso aumentar a eficiência da produção e, consequentemente, eliminar todo tipo de desperdício (SARCINELLI, 2008, p. 18).

Tendo em vista o dinamismo da atividade de construção civil e que cada obra tem sua particularidade mesmo que esteja dentro do mesmo nicho de mercado o sistema de produção foi adaptado para a construção civil.

A Lean Construction considera, portanto o ambiente produtivo composto por atividades de fluxo e atividades de conversão em contraponto a doutrina tradicional que considera apenas as atividades de conversão. Deste modo o conceito aproxima- se muito do meio produtivo da construção civil uma vez que este é composto por muitas atividades de fluxo.

Com as atividades de fluxo sendo descritas torna-se possível visualizar melhor o processo e assim buscar reduzir os trabalhos efetuados que sejam desnecessários a produção do trabalho.

Um dos focos principais da produção enxuta é eliminar qualquer tipo de trabalho que seja considerado desnecessário na produção de um determinado bem ou serviço, o qual, por esse motivo, é denominado desperdício. De maneira similar, ANTUNES JÚNIOR (1999) define perda como qualquer elemento (atividade ou não atividade) que gera custos, mas que não agrega ou adiciona valor ao produto/serviço (MOREIRA;BERNARDES, 2003, p.4).

Com esta mudança conceitual que modifica a essência de como são definidos os processos e as operações que considera as atividades de fluxo, é possível assim mensurar os efeitos das atividades de fluxo na produção e buscar assim as tomadas das decisões para que os efeitos da incerteza sejam minimizados. ... na Lean Construction considera-se que o ambiente produtivo é composto por atividades de conversão e de fluxo. Embora sejam as primeiras que agreguem valor ao processo, o gerenciamento das atividades de fluxo constitui uma etapa essencial na busca do aumento dos índices de desempenho dos processos produtivos. Essas últimas podem ocorrer, ainda, através de atividades de transporte, movimentação ou espera. A consideração das atividades de fluxo é muito importante para a melhoria do processo de planejamento e controle da produção... (MOREIRA;BERNARDES, 2003, p. 8.).

Tendo em vista a mudança conceitual em relação a abordagem do detalhamento dos pacotes de serviço é necessário que tenha-se também uma mudança conceitual no modelo de orçamento das obras, uma vez que o modelo convencional de orçamentação de obras contempla somente as atividades de conversão e não as de fluxo, como transporte ou espera de materiais por exemplo(ROCHA, 2009, p. 36).

Então temos que a Lean Construction também necessita de composições para atividades que estejam em um nível mais operacional ao invés de estarem divididos pelos serviços que devem ser realizados, ou seja, ao nível de operações realizadas, com isso é preciso que a orçamentação seja desenvolvida com a sua organização de cadastramento dos dados realizada conforme o ciclo natural de produção, pois assim todos os processos serão analisados obtendo o mapeamento de toda a sequência de tarefas e controles de execução física e de qualidade. E a partir disso alocar a mão de obra e realizar o dimensionamento das equipes de produção como consequência a elaboração da respectiva unidade de controle padrão (ROCHA 2009, p. 36).

A Lean Construction também prevê mudanças no conceito de planejamento, no modo tradicional no processo de planejamento não está contemplado o processo de controle, já na construção enxuta o controle da obra é encarado como um processo de supervisão exercido pela chefia e verificação dos resultados em relação ao plano da obra.

Tendo a visão que o planejamento trata-se de um processo de tomada de decisão resultando “no conjunto de ações necessárias para transformar o estágio inicial de um empreendimento em um estágio final desejado”. Estas ações fixam-se

como padrões de desempenho na avaliação do progresso do empreendimento sendo parâmetro de análise para leitura e mensuração de dados durante a etapa de controle da produção. Contudo, isto é aplicado pela percepção de que à medida que os defeitos vão sendo caracterizados estes podem ser corrigidos na fase de execução e controle assim estas duas últimas parte do processo são “fundamentais para a redução de problemas operacionais, independentemente de quão consistente e perfeito tenha sido o planejamento”. No STP existe “uma preocupação maior com a questão da ligação consistente e efetiva da função planejamento com as funções de controle, execução e monitoramento” (MOREIRA;BERNARDES, 2003, p. 9).

Com esta colocação faz-se necessário a elaboração de modelos de planejamento que estejam coesos com o modelo Lean Construction de produção, isto porque é importante clarificar como o modelo Lean Construction impacta no sistema de produção, principalmente porque o conceito desenvolvido deve prestar- se a atender também micro e pequenas.

Nesse sentido, o desenvolvimento de um trabalho que contemple a maneira pela qual se possa desenvolver e implementar sistemas de planejamento e controle da produção em microempresas e em pequenas empresas de construção, utilizando conceitos e princípios da Lean Construction, é essencial para a redução do desperdício existente na indústria da construção. (MOREIRA;BERNARDES, 2003, p. 5).