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CAPÍTULO I – O FUTEBOL: O INÍCIO DO JOGO NO BRASIL

CAPÍTULO 3 – O FUTEBOL NA AGENDA DO MINISTÉRIO DO ESPORTE

3.8 Legados anunciados

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas e Ernst & Young (2010), as análises de impactos socioeconômicos não podem estar dissociadas dos aspectos ambientais de um megaevento como a Copa do Mundo FIFA, que costuma servir de espelho para ações futuras. Assegurar o desempenho para o desenvolvimento sustentável nesse tipo de competição global significa contribuir com a redução de custos sociais e ambientais, de ineficiência e desperdícios, além de colaborar com o desenvolvimento da sociedade de forma integrada ao meio ambiente.

A demonstração do desempenho para o desenvolvimento sustentável de um país, estado, cidade ou comunidade requer a definição de um sistema de indicadores que deve ser proposto de acordo com critérios de desempenho pré-selecionados e definidos, fundamentados no cumprimento da responsabilidade socioambiental. O padrão a ser estabelecido pelos participantes na realização da Copa do Mundo FIFA 2014 pode ser definido a partir da análise do escopo de responsabilidade ambiental e social dos estados e das áreas definidas como prioritárias pela entidade organizadora da competição, a partir do evento ocorrido na Alemanha.

Ainda de conforme a Fundação Getúlio Vargas e Ernst & Young (2010), atender ao desempenho definido a partir de um conjunto de princípios, critérios e indicadores exige considerar os impactos nos custos de implementação de programas e políticas públicas e dos processos produtivos e dos respectivos produtos. Se por um lado há um custo para as organizações que assumem atender a sua responsabilidade ambiental e social, por outro há benefícios para a sociedade e o meio ambiente, como por exemplo, a oportunidade para investimento no mercado de carbono.

O estudo aponta ainda uma preocupação com o legado. Os investimentos realizados em função do evento em análise gerarão legados em diversas formas de capital fixo: capital físico (estádios e outras instalações esportivas e de lazer); capital humano (profissionais capacitados em áreas relacionadas à realização e gestão de grandes eventos); capital tecnológico (equipamentos de segurança e telecomunicações); e, capital de marca (exposição internacional do Brasil como destino turístico). Todos os legados apresentados podem continuar gerando bem- estar para a população das cidades sede, e do Brasil como um todo, em um horizonte de tempo que vai muito além da Copa do Mundo FIFA. Porém, depende de uma série de condicionantes, entre elas, a bem-sucedida realização do evento. Entretanto, um evento bem sucedido não é suficiente para garantir os legados supracitados. Faz-se necessário também que o capital formado seja bem conservado, reutilizado e atualizado ao longo do tempo.

Conforme Marchi Júnior e Souza (2010),

[...] o nosso principal “legado” é a entrada “oficial” do Brasil no circuito dos megaeventos esportivos, eles próprios inseridos numa lógica mercadológica de práticas e consumos regidos por leis de oferta e procura da sociedade capitalista (MARCHI JÚNIOR; SOUZA, 2010, p. 248).

A opção por sediar a Copa do Mundo FIFA representa uma decisão de arcar com investimentos significativos, fazendo uso de recursos públicos e privados que poderiam ser destinados a outros fins, tais como: escolas, hospitais, distribuição de renda. Tal opção carrega consigo um custo implícito: o custo de oportunidade.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas e Ernst & Young (2010), estudos internacionais apontam que o custo de oportunidade implícito em sediar um megaevento esportivo pode ser significativo. Uma vez que os impactos do evento em si são transitórios, o retorno sobre os investimentos realizados depende criticamente do grau de aproveitamento dos legados pelo país sede. Para que o Brasil alcance o maior retorno social sobre os investimentos e ações da Copa do Mundo FIFA, o referido estudo adverte que estes devem ser realizados de forma eficiente, ao menor custo possível, em termos de recursos e tempo para obter os recursos desejados.

Isso significa realizar obras e ações dentro dos orçamentos e prazos estritamente necessários a fim de garantir produtos de qualidade.

Figura 3 – Mapa dos investimentos.

Figura 4 - Efeitos nos PIBs regionais. Fonte: FUNDAÇÃO; E&Y (2010).

Faz-se importante destacar que a Copa do Mundo FIFA traz com os investimentos em infraestrutura, a atenção a mídia, a movimentação da economia, a mobilização social e os debates sobre intervenção urbana, inúmeras oportunidades para o Governo Federal, para a iniciativa privada e para a sociedade em geral. A Fundação Getúlio Vargas e a Ernst & Young (2010) destacam que tal evento é um marco na história das cidades que o acolhem, o que faz com que sua importância extrapole, em muito, a organização e o momento dos jogos. É uma chance real para essas localidades que no Brasil serão em número recorde devido à extensão territorial do país, além de gerar receita para diferentes setores da economia.

Conforme a Fundação Getúlio Vargas e a Ernst & Young (2010):

Em 2014 o País será o centro das atenções de uma mídia que deverá investir R$ 6,5 bilhões em publicidade e informação associada à Copa do Mundo. É a oportunidade para mostrar ao mundo, que além de samba e futebol, o Brasil tem centros de excelência em pesquisa, desenvolvimento e inovação, uma economia complexa, estável e robusta e cidades modernas e multiculturais. O aproveitamento das oportunidades geradas pela Copa vai depender de se saber identificar essas oportunidades e os desafios a elas associados em alguns grandes tópicos temáticos, cada qual com o seu papel estratégico: governança e planejamento; monitoramento; controle e transparência; gestão financeira; ambiente regulatório; infraestrutura e serviços; capital humano; gestão de imagem; legado e sustentabilidade (FUNDAÇÃO; E&Y, 2010, p. 33).

Estabelecer um adequado processo de planejamento, governança e gestão por meio da elaboração de um plano diretor é o início dos desafios de gestão de atividades relacionadas ao evento em questão, no caso das cidades sede, estruturar a governança, definir o plano diretor e o modelo de gestão são questões essenciais para estabelecer as atribuições de cada instância de governo, além de lograr o cumprimento do conjunto de obrigações assumidas junto à FIFA e ao COL, bem como o que determina a Matriz de Responsabilidades106.

106 Documento assinado pelos Governos Federal, Estaduais, prefeituras e clubes cujos estádios