• Nenhum resultado encontrado

5 CARACTERIZAÇÃO DAS POLÍTICAS

5.4 LEGISLAÇÃO

As leis que tratam da agricultura orgânica são recentes, sendo que a mais importante é a lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Esta lei, como já foi descrito, trata do que é sistema orgânico de produção:

todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, ... (BRASIL, 2003)

Na falta da regulamentação desta Lei, foi editada a Instrução Normativa (IN) n° 16, de 11 de junho de 2004. Esta normativa trata do registro e renovação de registro de produtos orgânicos e matérias-primas animais e vegetais, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Ainda no âmbito das Instruções Normativas, foi editada a n°7, de 17 de maio de 1999. Nesta edição ficaram estabelecidas as normas para produção, processamento, certificação de produtos orgânicos, bem como citam os produtos permitidos nas produções vegetais e os produtos e condutas permitidos nas produções animais. A IN n°6, de 10 de janeiro de 2002, trata apenas da questão de certificação, que será explorada mais adiante.

O conhecimento das leis é fundamental para o desenvolvimento da agricultura orgânica. A figura 41 aponta o endereço para acessar as legislações por inteiro, na internet.

NÚMERO DATA DE

ASSINATURA

ENDEREÇO PARA CONSULTA Instrução Normativa n°6 10/01/2002 http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=1771 Instrução Normativa n°7 17/05/1999 http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=1662 Instrução Normativa n°16 11/06/2004 http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=7796 Lei 10.831 23/12/2003 http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=5114 Decreto 6.323 27/12/2007 http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=18357 FIGURA 41 – LEGISLAÇÃO LIGADA À AGRICULTURA ORGÂNICA

FONTE: BRASIL (2007)

Todas as atividades produtivas são regidas por estas normas e lei. Na IN n°7 foi criado um órgão nacional, chamado Colegiado Nacional para a Produção Orgânica (CNPOrg) e também foram criados nos estados, os Colegiados Estaduais para a Produção Orgânica (CEPOrg). O objetivo destes órgãos é assessorar e acompanhar a implementação das normas, avaliando e emitindo pareceres sobre o credenciamento de certificadoras e fornecendo informações para as atividades e

projetos ligados à agricultura orgânica (SOUZA, 2006). No estado do Paraná o colegiado foi implantado, porém encontra-se com as atividades em estado letárgico em função da demora na regulamentação da lei e falta de participação dos segmentos da agricultura orgânica.

5.4.1 Certificação

Apesar da certificação não ser um serviço exclusivo do poder público em nosso país, é considerado neste trabalho como uma atividade relacionada às políticas com recursos públicos. No estado do Paraná, uma das certificadoras é o TECPAR, que é uma entidade pública de direito privado e que tem apresentado um crescimento nas propriedades certificadas da RMC nos últimos dois anos.

Com relação à lei 10.831, que trata da agricultura orgânica, a mesma aponta para três formas de certificação: auditada, participativa e facultativa. Na certificação auditada, os agricultores recebem a visita de um inspetor que conferirá a situação da propriedade como um todo, além de indicações de pontos a melhorar. Em algumas oportunidades recolherá amostras para análise de resíduos. Na maioria das vezes esta visita é realizada uma vez no ano. Se todas as normas são atendidas, é emitido o certificado para a propriedade. No estado do Paraná, existem várias empresas que prestam este serviço, algumas com reconhecimento para venda no mercado interno e outras com possibilidades para exportação. Exemplo: Ecocert Brasil (ECOCERT), Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), Instituto de Mercado Ecológico (IMO), Certificadora Mokiti Okada (CMO), Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR), entre outras (SENAR, 2008).

No caso da certificação participativa, como o nome diz, é necessária a participação ativa dos agricultores e também de técnicos e consumidores. Estes se reúnem uma vez por mês em sistema de rodízio em uma das propriedades do grupo municipal. Avaliam a situação da propriedade e sugerem melhorias. O grupo se auto-regula, cada um avaliza o outro. Durante o ano, o grupo local recebe a visita de outro grupo da região, chamado de olhar externo. Isso é importante para que haja transparência entre os grupos e troca de experiências.

No estado do Paraná, existe uma rede de certificação participativa que atua nos três estados do sul do Brasil, a Rede ECOVIDA. A região integra um núcleo

desta rede, chamado Maurício Burmester do Amaral, que contempla 21 grupos no total, sendo 14 relacionados à pesquisa (FIGURA 42). Até o momento, esta certificação está objetivando o mercado interno.

NOME DO GRUPO MUNICÍPIO NÚMERO DE PARTICIPANTES

Manancial* Almirante Tamandaré 8

Sabugueiro* Bocaiúva do Sul e Colombo 12

Campina Grande do Sul* Campina Grande do Sul 11

Prodorgan* Campo Largo e Balsa Nova 11

Solo Vivo de Dahvi* Campo Magro 14

Sertaneja Orgânica* Cerro Azul 10

Beija Flor* Lapa 5

Estrela* Lapa 4

Margarida* Lapa 10

Terra Livre* Lapa 10

Vida e Saúde* Mandirituba 11

Fruto Caipira* Quitandinha 3

João de Barro* Tijucas do Sul 11

Pintassilgo* Tunas do Paraná 5

Arrozeiro Guaraqueçaba 6

Sabiá da Mata Morretes 11

Apep Palmeira 18

Bioland Palmeira 4

Cheiro da Mata Paranaguá 7

Apeco Ponta Grossa 8

Três Barras Ponta Grossa 5

FIGURA 42 – GRUPOS VINCULADOS AO NÚCLEO MAURÍCIO B. AMARAL FONTE: PINHEIRO (2004) e REDE ECOVIDA (2007)

NOTA: (*) Grupos pertencentes à RMC

Certificação facultativa: Os agricultores familiares, que comercializam diretamente com os consumidores, podem optar por este sistema. Isso é possível desde que possuam um processo próprio de organização e controle social. Esta organização deverá ser cadastrada junto ao Ministério da Agricultura e permitir aos consumidores e ao Ministério da Agricultura o livre acesso aos locais de produção e processamento, bem como assegurar a rastreabilidade (STRINGHETA e MUNIZ, 2003).