PARTES INTERNAS E EXTERNAS DO GABINETE DA PIA E PIA:
9 LEGISLAÇÕES SOBRE SANEANTES INDICADOS PARA LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES
Historicamente, a utilização de saneantes remonta ao ano de 2800 a.C., com referência acerca de material parecido com sabão, que foi encontrado em cilindros de argila em uma escavação na Babilônia, evidenciando o conhecimento do processo de fabricação de sabões. Séculos mais tarde, apareceram os primeiros detergentes, que foram desenvolvidos na Alemanha em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial (BRASIL,2012).
O primeiro desinfetante de que se tem notícia foi citado por Homero em “A Odisseia”, com o uso do enxofre, na forma de dióxido de enxofre (aproximadamente 800 a.C.), substância ainda hoje usada como desinfetante de frutas secas, sucos de frutas e vinho (Block, 2001). Posteriormente, surgiram os inseticidas, devido à necessidade de controle dos animais sinantrópicos e posteriormente os raticidas devido ao surgimento da peste negra, na Europa, por volta de 1347 (BRASIL,2012).
No Brasil, a primeira referência sobre os produtos saneantes data de 1967, com a publicação do Decreto-Lei nº 212, de 27 de fevereiro, e posteriormente o Decreto nº 67.112, de 26 de agosto de 1970, com a exigência de registro dos produtos pelo órgão federal de saúde competente (BRASIL,2012).
Produto saneante é definido como substância ou preparação destinada à aplicação em objetos, tecidos, superfícies inanimadas e ambientes, com a finalidade de limpeza e afins, desinfecção, desinfestação, sanitização, desodorização e odorização, além de desinfecção de água para consumo humano, hortifrutícolas e piscinas. Facilita a limpeza e a conservação de ambientes (casas, escritórios, lojas, serviços de saúde, escolas) e é amplamente utilizado pela população (BRASIL,2012).
A ANVISA por meio da Gerência Geral de Saneantes (GGSAN) atua no registro e notificação desses produtos, antes de sua comercialização, observando critérios de qualidade para garantir sua eficácia e segurança. A Agência também elabora normas e padrões, apoia a organização de informações sobre a ocorrência de problemas de saúde causados por esse tipo de produto, atua no controle e avaliação de riscos, acompanha o desenvolvimento técnico-científico de substâncias e, quando necessário, adotar medidas corretivas para eliminar, evitar ou minimizar os perigos relacionados aos saneantes (BRASIL,2012).
A utilização correta de detergentes, desinfetantes e outros produtos saneantes é uma arma poderosa no combate à infecção relacionada à assistência, também conhecida como infecção hospitalar.
A Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 59, de 17 de dezembro de 2010, que dispõe sobre os procedimentos e requisitos técnicos para a notificação e o registro de produtos saneantes, classifica-os quanto a riscos, finalidade, venda e emprego. Quanto ao risco, os produtos saneantes recebem duas classificações:
Risco 1: Produtos submetidos apenas à notificação como sabões, detergentes, odorizantes de ambientes, limpa-vidros, produtos de limpeza e afins.
Risco 2: Incluem produtos com ação antimicrobiana (desinfetantes e esterilizantes), desinfetantes, produtos biológicos, citando os principais, e que são submetidos a registros (BRASIL, 2010).
Quanto à finalidade, os saneantes podem ser classificados como de:
• Limpeza e afins;
• Esterilização, desinfecção, incluindo a desinfecção de água para consumo humano, hortifrutícola/
piscinas;
• Desinfecção (BRASIL, 2010).
E quanto à venda e emprego, podem ser:
• Produtos de venda livre;
• Produtos de uso profissional ou de venda restrita a empresa especializada (BRASIL, 2010).
Para a obtenção de bons resultados nas práticas de higienização hospitalar, deve-se fazer uso de produtos saneantes (sabões, detergentes, desinfetantes, dentre outros). Tais saneantes devem ser utilizados por meio de técnicas corretas e previamente especificados pela SCIH (BRASIL,2012).
Muitos fatores devem ser levados em consideração na escolha e na utilização dos produtos saneantes para as instituições hospitalares, são eles:
• A natureza da superfície a ser limpa e/ou desinfetada;
• Possibilidade de corrosão da superfície;
• Tipo e grau de sujidade e a sua forma de eliminação;
• Tipo de contaminação a ser eliminada;
• Recursos disponíveis e método de limpeza adotado;
• Grau de toxicidade do produto;
• Concentração do uso preconizado pelo fabricante;
• Segurança na manipulação e uso dos produtos;
• Princípio ou componente ativo;
• Tempo de contato para a ação;
• Potencial de desinfecção perante a matéria orgânica;
• Estabilidade do produto frente a fatores externos (luz, umidade, temperatura, armazenamento);
• Temperatura de uso;
• pH;
• Incompatibilidade com outros agentes, que podem contribuir para a redução da eficácia do mesmo;
• Prazo de validade;
• Registro da ANVISA (BRASIL,2012).
9.1 PRODUTOS UTILIZADOS NA LIMPEZA DE SUPERFÍCIES 9.1.1 Sabões e Detergentes
O sabão é um produto utilizado de forma prioritária para a lavagem e limpeza de superfície. Sua base é de sais alcalinos que age de forma natural por saponificação (BRASIL, 2012).
O detergente também é utilizado para limpeza de superfícies, mas sua ação se deve através da diminuição da tensão superficial. A presença de surfactante em sua composição facilita a diminuição da tensão superficial, consequentemente, a penetração do produto nas superfícies (BRASIL, 2012).
9.2 PRODUTOS UTILIZADOS NA DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES 9.2.1 Álcool
As formulações alcoólicas mais conhecidas são à base de álcool etílico ou isopropílico. No Brasil, é um produto muito utilizado nas unidades de saúde, utilizando-se, principalmente, o álcool etílico derivado da cana-de-açúcar. Essa peculiaridade torna o produto de baixo custo, de fácil obtenção e que apresenta baixa toxicidade em contato com a pele. Devido a essas características, somadas à praticidade e ao bom espectro de ação, tem sido amplamente utilizado e recomendado para desinfecção de superfícies, em especial, mobiliários e equipamentos (BRASIL, 2012).
Sua aplicação em superfícies deve ocorrer por fricção e sua ação é por meio da desnaturação proteica.
O conjunto dos álcoois etílicos possuem ação bactericida, virucida, fungicida e tuberculocida, mas não são esporicidas. Podem ser utilizados nas concentrações de 60% a 90%. No complexo do HRSC são utilizados na concentração de 70% (BRASIL, 2012).
Apresentam ação bactericida contra formas vegetativas de bactérias gram positivas e gram negativas, boa atividade contra o bacilo da tuberculose e atua contra muitos fungos e vírus, incluindo o vírus sincicial respiratório, vírus da hepatite B e o HIV. Por não possuir ação esporicida, não age sobre o Clostridium difficile na forma esporulada (BRASIL, 2012).
9.2.2 Compostos Liberadores de Cloro Ativo
O mais utilizado no complexo HRSC é o hipoclorito de Sódio. Ele possui ação bactericida, virucida, fungicida, tuberculicida e esporicida. São indicados principalmente para desinfecção de superfícies fixas. Podem ser utilizados em concentração de 0,02% a 1,0%. No HRSC é utilizado nas concentrações de 1% e 5% nas superfícies, 0,2% no laboratório para máquinas segundo recomendação do fabricante. (BRASIL, 2012).
9.2.3 Quaternário de Amônia (Desinfetantes Padronizados pela Instituição)
Desinfetante hospitalar com pH NEUTRO para superfícies fixas e artigos não críticos, indicado
para hospitais, clínicas médicas e cirúrgicas, consultórios odontológicos e laboratórios. Contém uma mistura de ativos que proporciona limpeza e desinfecção, mesmo numa diluição de até 0,4%
. Eficácia comprovada contra Staphylococcus aureus, Salmonella choleraesuis, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), Enterococcus faecalis (VRE), Staphylococcus aureus (MRSA), Influenza A (H1N1), HIV e Rotavírus. (BRASIL, 2012).
10 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA LIMPEZA DE SUPERFÍCIES AMBIENTAIS