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2.10 LEIS DE REFORÇO AO COMBATE À CORRUPÇÃO NO BRASIL

2.10.7 Lei n.º 12.850/2013 – Lei da Colaboração Premiada

Conforme item 2.10.4, Lei n.º 12.694/2012 – Nova Lei do Crime Organizado, Pimenta (2015, p. 120) ressalta que “A questão da aplicação da majorante prevista na Lei de lavagem foi solucionada, com a definição de “organização criminosa” dada no art. 1º, §1º, da Lei 12.850, promulgada em 2013”. Ou seja, a definição legal do que vem a ser organização

criminosa somente foi estabelecida com a publicação da Lei n.º 12.850/2013, dessa forma,

somente mediante tal definição é que passou a ser possível o enquadramento no referido crime.

Entretanto, outro importante instituto regulamentado por essa Lei foi a Colaboração

Premiada, conforme Barros (2016, p. 50) “A colaboração premiada é um desses institutos

fundamentais referentes ao processo penal, e em conformidade com tais normas deve ser interpretada e aplicada”.

Os dois institutos citados e regulados por este diploma legal são complementares entre si, uma vez que a colaboração premiada serve como um importante instrumento legal para a descoberta e posterior investigação de organizações criminosas, e na medida em que os envolvidos na referida organização vão sendo descobertos, tendem a realizar novas “colaborações”, permitindo que novos integrantes possam ser descobertos. Foram identificadas diversas discussões a respeito de vários aspectos relacionados a questões como: ética; inconstitucionalidade da renúncia ao direito de não se autoincriminar; se o melhor meio seria aceitar apenas a “colaboração” do primeiro integrante da organização criminosa etc. Tais discussões, de cunho jurídico, não são representativas para os objetivos do presente trabalho, por isso, não serão aqui desenvolvidas.

2.10.8 10 Medidas Contra a Corrupção

Está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei n.º 4.850 de 2016, no qual são propostas “10 Medidas Contra a Corrupção”, as quais estão elencadas no Anexo E do presente trabalho.

Portanto, as Leis relacionadas no tópico 2.10, Leis de Reforço ao Combate à Corrupção no Brasil, em conjunto com outros instrumentos existentes de combate à corrupção, tais como as adesões a Tratados e Convenções Internacionais, como a Convenção de Palermo e a Convenção de Mérida, têm permitido grandes avanços no combate à corrupção, no Brasil, o que já pode ser percebidos, não somente em função da OLJ, que é a mais noticiada e objeto do presente estudo, mas, por conta de uma série de outras investigações em curso no país, fruto do fortalecimento das instituições de combate ao crime, conforme já mencionado.

Obviamente que a OLJ representa a mais importante investigação de combate à corrupção no país, e não se pode deixar de ressaltar a importância dos novos institutos para o sucesso dessa operação, conforme pode ser percebido a partir da leitura do item “4.3.1. Entendendo o caso” do presente trabalho, no qual percebe-se que a própria OLJ teve início a partir das investigações de crimes de lavagem de dinheiro, que vinham desde o ano de 2009,

sem maiores desdobramentos ou maiores repercussões. No entanto, a partir da utilização dos novos instrumentos legais, foi possível o desdobramento das investigações. Ou seja, com a prisão, pela segunda vez, de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, o mesmo fez um

acordo de colaboração premiada a chamada “delação premiada”, sendo que, a partir dessa

“delação”, as investigações puderam se aprofundar e realizar outras “delações”, permitindo alcançar a amplitude hoje percebida. Assim, se a OLJ é o maior escândalo de corrupção já revelado no Brasil, caso as referidas leis fossem mais antigas, possivelmente teríamos tomado conhecimento de outros esquemas do mesmo porte, ou até maiores que o revelado pela OLJ, tendo em vista as abordagens realizadas no item 2.6, Patrimonialismo, mostrando o histórico brasileiro em relação às práticas de corrupção.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção serão apresentados os procedimentos metodológicos propostos para realização do presente trabalho de pesquisa, os quais foram divididos em: estratégia metodológica da pesquisa e instrumentos de coleta e análise dos dados; corte temporal; e etapas do modelo metodológico.

Segundo Collis e Hussey (2005, p. 61) metodologia “refere-se à maneira global de tratar o processo de pesquisa, da base teórica até a coleta e análise de dados”.

A metodologia aplicada buscará responder ao seguinte problema: as mudanças que a Petrobras e a Eletrobras realizaram em seus sistemas de Governança Corporativa, Gestão de Riscos e Conformidade, diante dos desvios de recursos evidenciados pela Operação Lava Jato, podem ser consideradas adequadas na remediação das deficiências apresentadas?

Segundo Vergara, (2007, p.21)

O problema é uma questão não resolvida, é algo para o qual se vai buscar resposta, via pesquisa. Uma questão não resolvida pode estar referida a alguma lacuna epistemológica ou metodológica percebida, a alguma dúvida quanto à sustentação de uma afirmação geralmente aceita, a alguma necessidade de pôr a prova uma suposição, a interesses práticos, à vontade de compreender e explicar uma situação do cotidiano ou outras situações.

Dessa forma, para buscar respostas ao problema, serão analisadas comparativamente as práticas de Governança Corporativa, Gestão de Riscos e Conformidade da Petrobras e da Eletrobras, antes e depois da Operação Lava Jato, identificando as principais falhas nos referidos sistemas, quais as principais alterações realizadas pelas empresas como resposta às deficiências, buscar identificar os motivos das falhas e avaliar se as remediações propostas estão de acordo com os padrões requeridos.

Para tanto, a estratégia metodológica utilizada no trabalho é o estudo de casos múltiplos, sendo a pesquisa de natureza qualitativa, na qual serão realizadas a pesquisa

bibliográfica, documental e análise de conteúdo, sendo posteriormente aplicada a técnica da triangulação.

O corte temporal será de 2013 a 2016, para verificar quais foram as principais mudanças na Governança, Gestão de Riscos, e Conformidade da Petrobras e da Eletrobras, em resposta aos escândalos de corrupção relacionados à Operação Lava Jato.