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Lei de Propriedade Industrial 51 

2.2 A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE PATENTES E A BIOTECNOLOGIA 49 

2.2.1 Lei de Propriedade Industrial 51 

De acordo com BARBOSA, em obra (2003) foi o Decreto n.º 1355, de 30 de dezembro de 1994, que promulgou no Brasil a Ata Final contendo os resultados da Rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais assinada em Marraqueche, em abril de 1994. Com isso e com sua publicação no Diário Oficial da União em 31 de dezembro do mesmo ano, o TRIPS - Agreementon Trade-Related Aspectsof Intellectual Property Rights entrou no ordenamento jurídico brasileiro.

Depois disso, conforme ressalta YAMAMURA , em A Propriedade Intelectual em Tratados Internacionais e seus Reflexos sobre a Política de CT&I no Brasil (2004), o Brasil teve que promover alterações em seu quadro legal para se adequar às prescrições do TRIPS. Em 1996 modificou sua lei sobre propriedade industrial, promulgou em 1997 uma lei para proteção de cultivares e em 1998 alterou sua lei de direitos autorais e promulgou outra sobre programas de computador.

O Código de Propriedade Industrial em anterior vigência (Lei n.º 5.772/71), foi revogado pela Lei n.º 9.279/96, a atual Lei de Propriedade Industrial para se adequar às determinações do TRIPS. Assim o é, tanto que o artigo 8º da LPI23 confirma os requisitos de patenteabilidade contidos no primeiro parágrafo do artigo 27 do TRIPS24; e reza ser patenteável a invenção que apresente novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Em consonância com o mesmo artigo, em seu parágrafo terceiro, o artigo 10 da LPI25 dispõe não se considerar invenção: descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; concepções puramente abstratas; esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; programas de computador em si; apresentação de informações; regras de jogo; técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos

23BRASIL. Lei n.º 9.279, de 14 de Maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade

industrial. Art. 8º É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

24URUGUAI. URUGUAY ROUND AGREEMENT: TRIPS.Article 27 PatentableSubjectMatter

1. Subjecttotheprovisionsofparagraphs 2 and 3, patentsshallbeavailable for anyinventions, whetherproductsor processes, in allfieldsoftechnology, providedthatthey are new, involveaninventivestepand are capableof industrial application. (5) Subjecttoparagraph 4 ofArticle 65, paragraph 8 ofArticle 70 andparagraph 3 ofthisArticle, patentsshallbeavailableandpatentrightsenjoyablewithoutdiscrimination as totheplaceofinvention, thefieldoftechnologyandwhetherproducts are importedorlocallyproduced.

2. Membersmayexcludefrompatentabilityinventions,

thepreventionwithintheirterritoryofthecommercialexploitationofwhichisnecessarytoprotectordrepublicormorality, includingtoprotecthuman, animal orplantlifeorhealthortoavoidseriousprejudicetotheenvironment, providedthatsuchexclusionisnotmademerelybecausetheexploitationisprohibitedbytheirlaw.

3. Membersmayalsoexcludefrompatentability:

(a) diagnostic, therapeuticandsurgicalmethods for thetreatmentofhumansoranimals;

(b) plantsandanimalsotherthanmicro-organisms, andessentiallybiological processes for theproductionofplantsoranimalsotherthan non-biologicalandmicrobiological processes. However, Membersshallprovide for theprotectionofplantvarietieseitherbypatentsorbyaneffective sui generis system orbyanycombinationthereof. The provisionsofthissubparagraphshallbereviewed four yearsafterthe date ofentryinto force ofthe WTO Agreement.

25Ibidem. Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade:

I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; II - concepções puramente abstratas;

III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização;

IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; V - programas de computador em si;

VI - apresentação de informações; VII - regras de jogo;

VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e

IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

Ainda da lei brasileira, o artigo 1826, em igual baliza, estabelece não ser patenteável o que for contrário: à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade – novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Continuando, de acordo com o TRIPS, artigo 3327, a LPI28, em seu artigo 40 dispõe que a patente de invenção vigora pelo prazo de 20 (vinte) anos, a contar da data de depósito. Ressalta também que esse prazo de vigência não deverá ser inferior a 10 (dez) anos a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido por pendência judicial comprovada ou motivo de força maior.

No que tange à contenção e sanção das violações aos direitos de propriedade intelectual, a lei brasileira previu em seu Título V os crimes contra a propriedade industrial. Em seu Capítulo I tipifica e comina pena aos crimes contra patentes; no Capítulo II trata dos crimes contra desenhos industriais; o Capítulo III, dos crimes contra marcas; o Capítulo IV, dos crimes cometidos por meio de marca, título de estabelecimento e sinal de propaganda; o Capítulo V, dos crimes contra indicações geográficas e demais indicações; e o Capítulo VI, dos crimes de concorrência desleal.

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BRASIL. Lei n.º 9.279, de 14 de Maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Art. 18. Não são patenteáveis:I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas;II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; eIII - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microrganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.

27 URUGUAI. URUGUAY ROUND AGREEMENT: TRIPS. Article 33 TermofProtection. The

termofprotectionavailableshallnotendbeforetheexpirationof a periodoftwentyyearscountedfromthefiling date.

28BRASIL. Lei n.º 9.279, de 14 de Maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade

industrial. Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito.Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por motivo de força maior.

Assim, a Lei de Propriedade Industrial, de modo geral, internalizou no Brasil os princípios e disposições do TRIPS.