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Maira Brigite Moraes Pelissar

2.2 Levantamento geométrico

Para esse trabalho, foram utilizados os formulários elaborados pela Organização Social Cidade Ativa. O levantamento geométrico dispõe de dois formulários, um específico para vias e outro específico para intersecções. O objetivo do formulário é confirmar as medidas de via (dimen- sões de calçada, leito carroçável, uso das faixas e posição de equipamentos e mobiliários urbanos, sejam permanentes ou temporários). O formulário é preenchido por meio de croquis feitos no local da medição, sob uma malha quadriculada e legendas para indicar os elementos presentes. O desenho permite uma melhor apresentação desses elementos, comparado com outros meios tais como fotos e vídeos. Essas informações são posteriormente digitalizadas e transformadas em diagramas que sintetizam as informações. O objetivo é entender os elementos que influenciam na travessia e fluxo de meios não motorizados.

2.3 Medições

Um dos principais objetivos do levantamento é avaliar como as vias são utilizadas ao longo do dia. Para isso são realizadas medições de fluxo e permanência para entender a dinâmica local e como as pessoas interagem com o espaço urbano. As medições relacionam contagens com informações espaciais. A metodologia envolve uma grade horária que visa observar a variação de usos no local em períodos diferentes do dia ao longo da semana. As medições são realizadas por 2hs em três períodos diferentes: manhã, à tarde e à noite; obtendo amostras de dias da semana, do sábado e do domingo.

2.3.1. Fluxos

Nesse item é feita a contagem de pessoas que cruzam o trecho de via ou intersecção, tais como:

• Pedestres (homens, mulheres, idosos e crianças) • Ciclistas

• Ônibus • Motocicletas

• Veículos de passeio • Veículos de carga

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• Táxis/ ubers

Nas travessias ainda foram adicionados dados de travessias, sendo: • Travessia na faixa

• Travessia fora da faixa.

2.3.2. PERMANÊNCIAS

Nesse item são levantadas as atividades de permanência. O número de pessoas é anotado no mapa, juntamente com a posição em que elas se encontram em relação à via, através de um símbolo que representa sua atividade. As atividades contabilizadas foram:

• Em pé

• Esperando o ônibus

• Sentado em banco ou similar • Sentado em locais improvisados • Sentado em Mobiliário Portátil • Sentado em área externa de café • Deitado no chão

• Crianças brincando • Atividade Comercial

A partir desses dados são formados gráficos para uma melhor avaliação dos usos de cada local. Os dados foram colhidos nos três pontos (via um, intersecção A e intersecção B) nos seguintes dias e horários:

Tabela 1

Cronograma de medições.

HORÁRIO DIA DE SEMANA SÁBADO DOMINGO

Manhã (6h00-8h00) 2ª feira 26/09/2016 24/09/2016 18/09/2016 Tarde (13h00-15h00 6ª feira 30/09/2016 24/09/2016 18/09/2016 Noite (19h00 -20h30) 6ª feira 16/09/2016 24/09/2016 18/09/2016 Fonte: autor.

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Os dias e horários foram escolhidos para dar a amostra mais variada possível de fluxos no local, tanto da chegada dos comerciantes para a abertura das lojas, quanto o horário de maior fluxo de consumidores, assim como a situação local após o fechamento total das lojas.

2.4. Entrevistas

Os formulários de entrevistas desenvolvidos pela Organização Social Cidade Ativa, utili- zados para a execução desse trabalho, não só traçam um perfil dos frequentadores, mas também aspectos relacionados à sua percepção quanto ao espaço, seja por sua segurança, seja por sua experiência no momento. Além disso, foi perguntado a cada um dos entrevistados o que eles pensam sobre a restrição do fluxo de meios motorizados ao longo da R. 25 de Março e Ladeira Porto Geral durante o horário comercial das lojas. Entre o perfil de entrevistados, buscamos ouvir não só os turistas/ consumidores, mas também comerciantes, trabalhadores e ambulantes da região, de forma a obter visões diferentes sobre o local. As entrevistas foram realizadas prefe- rencialmente ao longo da R. Cantareira, R. Comendador Afonso Kherlakian, R. 25 de Março, R. Lucrécia Leme e Ladeira Porto Geral, não necessariamente nos pontos específicos de medição. Foi observado que quanto maior o fluxo, menos as pessoas se tornavam receptivas a conversas ou entrevistas, sendo os horários e dias de menor fluxo muito mais propícios para a aplicação das questões. Dessa forma, não foi possível manter um padrão diário de número de entrevistas. Além disso, em alguns horários a região se encontra completamente vazia, como foi o caso de domingo à noite, quando houve uma tempestade, não havendo pessoas para a realização de entrevistas. Algumas modificações nas perguntas propostas no formulário padrão de entrevista se fizeram necessárias. “As perguntas de onde você veio caminhando – nome da rua” e ”para onde você está indo caminhando – nome da rua” precisaram ser substituídas, uma vez que o único nome de rua que a maioria das pessoas conhecia na região era a R. 25 de Março e nem sempre elas sabiam apontar de onde vieram. “A pergunta foi substituída por “como você chegou aqui” e “para onde você vai depois” acrescentada de sugestões dos principais pontos de saída e entrada da região. Baseados na primeira resposta, foi seguido o raciocínio: se o entrevistado informasse que chegou a região utilizando o metrô, perguntávamos por qual dos acessos, Ladeira Porto Geral, Largo São Bento ou Sé, por exemplo; ou se chegasse de ônibus, pontos de ônibus próximos eram suge- ridos, tais como Terminal Pq. Dom Pedro II, ou Av. Senador Queirós; dessa forma a pergunta era respondida com mais objetividade pelos entrevistados. Além disso, a pergunta “se este espaço fosse como uma praça, o que você gostaria de poder fazer aqui” foi substituída por “você prefe- riria que o local tivesse o trânsito exclusivo aos pedestres na R. 25 de Março e na Ladeira Porto Geral? ”. Essa alteração foi necessária pois a ideia de praça na região da 25 de Março confundia os entrevistados e lhes parecia absurda. Nosso interesse era o descobrir se a população preferiria trânsito exclusivo de pedestres no local e a instalação de mobiliário e equipamentos em escala urbana. Na prática o resultado se “assemelha” a uma praça, mas para a população o conceito

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de “praça” não se aplica a locais com grande fluxo de passagem, sendo exclusiva a momentos de descanso, com equipamentos infantis e para idosos, o que é completamente diferente da ideia proposta. Portanto, o termo teve que ser removido das entrevistas. Também foi necessário alterar a pergunta “quantos dias por semana você realiza esse trajeto”, pois a R. 25 de Março tem um público sazonal muito grande, que frequenta a região de forma mensal ou até mesmo anual.