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REGIÃO CENTRAL DE SP: PATEO DO COLLEGIO / NOVAS INSTALAÇÕES DO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA

Ivanise Lo Turco

5. REGIÃO CENTRAL DE SP: PATEO DO COLLEGIO / NOVAS INSTALAÇÕES DO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA

[...] os fundadores da cidadela que iria se transformar na megalópole tiveram as razões de seu tempo para começar com a igreja – escola do pátio do colégio: sítio defensivo à moda clássica, na borda de um pequeno platô; local de referência para os grupos indígenas que se pretendia catequizar; ponto de visualização do vale; facilitador das relações entre Santo André e aldeia de Tibiriçá; presença de índios tornados amigos pela atuação prévia de João Ramalho e outros; ótimo local para um ponto de encontro entre crianças e índias; uma espécie de bairro para educandos; tal como um dia aconteceu nos arredores de Manaus; um “porto geral” lá embaixo; uma pequena construção austera e silenciosa, lá em cima; um ambiente destinado à inclusão prévia do processo civilizatório, à moda de uma época. (AB’ SABER, 2004, p. 16)

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“Colina histórica” foi assim que um dos locais mais importantes para o desenvolvimento da cidade de São Paulo foi denominado, localizado entre o rio Anhangabaú e Tamanduateí – hoje conhecido como Centro Velho. O local denominado como Pátio do Colégio foi escolhido por missionários jesuítas para a implantação de funções múltiplas que abrangiam religiosidade, sítio de referência, catequese e uma particular atenção à defesa de uma vila em implantação (AB’SABER, 2004, p. 14). Por ser uma área alta era possível avistar seus arredores, e, assim, se proteger e evitar possíveis conflitos, muito decorrentes em planícies mais baixas como em São Vicente / Santos. Os padres jesuítas no quesito de implantar uma vila em uma planície alta foram mais eficientes do que os portugueses, como relata Ab’Saber abaixo:

Os esforços dos portugueses para fundar uma vila no Planalto de Piratininga foram um fracasso relativo (anos 1530); mas a habilidade dos jesuítas em estabelecer uma igrejinha e um colégio para crianças indígenas na borda leste da colina interflu- vial Tamanduateí – Anhangabaú demonstrou ser uma escolha destinada ao maior sucesso. (AB’SABER, 2004. P. 15)

Foi por meio dessa primeira implantação que o desenvolvimento urbano da grande metró- pole da cidade de São Paulo foi surgindo ao longo dos séculos. Conhecido como “triângulo histó- rico” a Rua Direita; Rua São Bento e Rua da Imperatriz (atualmente Rua 15 de Novembro) foram transformando a “pequena” implantação no alto de uma colina em traçados irregulares no entorno desta edificação importante, onde também surgiram quatro igrejinhas compar- tilhando o espaço próximo, como destaca Ab’Saber:

Na borda leste da colina, a rua da Boa Vista, servia de belvedere para o espaço campestre entre a barranca oeste (vale do Anhangabaú) e a Rua Direita. Logo quatro igrejinhas pontilharam o espaço escolhido pelos jesuítas: o Pátio do Colégio, o Carmo, a Igrejinha de São Bento, na rota do Porto Geral, e uma igrejinha mais centralizada, Matriz de situação locacional de difícil reconstrução. (AB’SABER, 2004, p. 16)

Se analisarmos os primeiros vestígios da implantação urbanística que partiram deste triân- gulo histórico, e, os formatos das ruas que foram surgindo por meio desta primeira implantação eram mais “largas” em seu início e mais estreitas em seu final. Entendemos assim a grande influência que este local manteve durante séculos na cidade de São Paulo e que se tornaram um marco da região central. O desenvolvimento do entorno através desta primeira implantação, que atualmente mantém algum tipo de atividade comercial ou não, nos faz entender a grande impor- tância deste lugar. Com as análises realizadas e discorridas é possível mostrar um novo local proposto para abrigar as novas instalações do Museu da Língua Portuguesa. Com a nova locação

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do Museu da Língua Portuguesa foi necessário propor a realocação da Secretaria da Justiça do Pateo do Collegio.

Figura 11 - Implantação Pateo do Collegio.

Fonte: Google Maps / Adaptado por Erika Lopes - 24/10/2016

Figura 12 - Localização do edifício proposto para as novas instalações do Museu da Língua Portuguesa.

Fonte: Google Maps / Adaptado por Erika Lopes - 24/10/2016

Por meio da figura 11 percebe-se que os três prédios integram o acervo preservado do núcleo histórico do Pateo do Collegio. Os edifícios 2 e 3 são responsáveis por abrigar a Secretaria da Justiça - um relacionado ao próprio Pateo do Collegio e o outro ao cidadão. A nova proposta é que os dois possam fazer parte de um mesmo edifício, porém, em andares diferentes. Como estes prédios passaram por um processo de restauração a pouco tempo, inauguradas novamente em dezembro de 2014, o gasto com a nova locação das instalações do Museu da Língua Portuguesa e da Secretaria da justiça do Pateo do Collegio poderiam não ser exorbitantes como pode chegar a ser na estação da Luz, que além do processo de restauração do próprio edifício também deverá dispor obras com novas tecnologias para voltar a abrigar o museu.

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6. NOVO USO MUSEOLÓGICO NA ESTAÇÃO DA LUZ

Foi realizada a última entrevista em 26/07/2016, também na saída da estação da Luz, no período diurno e vespertino. Assim seria analisada a opinião das pessoas entrevistadas sobre um novo tipo de uso museológico na localidade onde se encontrou as instalações do museu da língua portuguesa: a maioria dos entrevistados era a favor da realocação das instalações do museu da estação da Luz para o Pátio do Colégio. Como nas outras entrevistas, este questionário foi dividido em perguntas sobre sexo; idade; nível de escolaridade; região e por fim se o entre- vistado era a favor ou não da mudança de uso museológico do museu da língua portuguesa para o museu ferroviário, levando em consideração sua implantação (estação da luz), e também o grande desenvolvimento da cidade, ocorrido pela instalação da ferrovia.

No primeiro dia de entrevista o público com maior percentual de respostas foi o mascu- lino totalizando 28% dos entrevistados, contra 22% do público feminino. Já no segundo dia foi a vez do público feminino ter o maior percentual de respostas totalizando também 28% dos entrevistados, contra 22% masculino. Isto ocasionou um empate de entrevistados. Apesar da maioria dos entrevistados no primeiro dia possuírem nível médio completo de escolaridade – cerca de 22% e residiam na região sul da cidade, contra 20% da zona leste; 6% da zona norte e 8% da zona oeste; no segundo dia, os entrevistados possuíam pós-graduação completo – cerca de 19%, residem na zona norte da cidade, contra 10% da zona sul; 8% da zona leste e 6% da zona oeste. Isto pode ter auxiliado na reflexão das respostas recolhidas. Poucos eram os entre- vistados com nível médio incompleto - percentual de 6% e poucos com percentual de nível superior completo – também 6%.

Gráfico 06 - Modificação do Museu Fonte: autora Erika Lopes - 17/08/2016

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Ainda foi analisada a proposta de modificação do uso museológico nas instalações da estação da luz - Museu da Língua Portuguesa - para Museu Ferroviário. Cerca de 28% tanto no primeiro dia das entrevistas quanto no segundo dia resultaram em afirmativo, ou seja, eram a favor da modificação do uso museológico na estação da luz. Apenas 15% dos entrevistados no segundo dia não eram a favor deste tipo de modificação.

CONCLUSÃO

Foi possível analisar neste estudo que, com a abolição da escravatura, o crescimento da industrialização e a chegada de imigrantes, o país sofreu um grande impulso em seu plano econô- mico, o que favoreceu a implantação das ferrovias, quando surge a necessidade da ampliação da Estação da Luz, concluída no início do século XX. Ainda com o avanço tecnológico, após passar por modificações após o primeiro incêndio - quando se perdeu uma documentação importante para a recuperação do edifício - foi criado mais um pavimento que chegou a abrigar o então Museu da Língua Portuguesa. Com o acontecimento do incêndio, há que se pensar em renovação e a possibilidade de um novo uso para a edificação, Patrimônio tão significativo desta nossa cidade, que ainda abriga a Estação da Luz e funciona como tal.

Depois das análises realizadas, a partir de levantamentos históricos e entrevistas, foi possível concluir que a ideia de se realocar o Museu da Língua Portuguesa, bem como alterar o uso museológico para ferroviário na Estação da Luz, teve aceitação positiva do público entre- vistado. Estipulava-se que boa parte das pessoas não teria o conhecimento do tema: patrimônio e musealização, mas, o conhecimento formado pela lembrança da edificação – considerando-se que ela se tornou um marco -, bem como a divulgação pela mídia televisiona, fez com o público identificasse a possibilidade de mudança de um elemento tão importante que, ao que tudo indica, não foi proposto por outras pessoas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AB’SABER, Aziz. (2004) São Paulo metrópole em trânsito: percursos urbanos e culturais. São Paulo: Editora Senac, 2004.

ELIAS, Maria Beatriz de Campos (org.). (2001). Um século de Luz. São Paulo: Editora Scipione. HONORA, Maria Margarida Quagliato. (2009). Museu da Língua Portuguesa: a comunicação

e a tecnologia a serviço da sociedade. Dissertação de Mestrado em Educação, Administração e

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SOUKEF Jr, Antonio; MAZZOCO, Maria Inês D. (2000). Cem anos Luz. São Paulo: Dialeto Latin American Documentary.

LAVANDER Jr, Moysés; MENDES, Paulo A. (2005). SPR, Memórias de uma Inglesa. São Paulo: Clanel Artes Gráficas Ltda.

CAMARGO, Elaine. (2012) Análise de Projeto do edifício da Estação da Luz em São Paulo. São Paulo: Revista Especialize.

SUSTENTABILIDADE URBANA