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Lipídios

No documento PROCESSOS BIOLÓGICOS (páginas 38-43)

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1.4 Carboidratos e lipídios: estrutura e função

1.4.2 Lipídios

O termo lipídio, conhecido como gordura ou óleo em nosso cotidiano, muitas vezes é tachado como vilão da nossa dieta. Porém, essas moléculas são importantes fontes de energia para nosso organismo. Isto porque os lipídios participam da estrutura das nossas membranas plasmáticas e servem como precursores para a síntese de vitaminas e hormônios. Os lipídios formam um grupo de moléculas bastante diverso e possuem a característica de serem pouco solúveis em água. Fazem parte desse grupo de moléculas os ácidos graxos e os esteroides (como por exemplo o colesterol). Vamos conhecer um pouco mais sobre essas moléculas? Clique nas abas abaixo e confira!

Ácidos graxos

Os ácidos graxos geralmente são compostos por uma cadeia carbônica longa, com número par de átomos de carbono e sem ramificações, podendo ser saturada (conter apenas ligações simples entre os átomos de carbono) ou conter uma ou mais instaurações (ligações duplas) ao longo da cadeia.

Os compostos que contém apenas ligações simples são chamado de ácidos graxos

CASO

E. J. D., 21 anos de idade, sexo feminino. Apresenta quadro de diarreia e dor abdominal há seis meses. Acreditava que seu quadro estava atribuído a estresse, porém, mesmo após início das férias escolares não houve melhora. Orientada por um amigo se automedicou com antiparasitário pois acreditava estar com “vermes”. O tratamento também não surtiu efeito. Ela então decidiu procurar um médico. Na consulta, relatou que os sintomas aparecem principalmente no período da manhã 1h – 2h após o café da manhã. Relata que costuma consumir pão, leite, café, queijo e frutas. Alguns dias consome iogurte batido com aveia e frutas. O médico suspeita de um quadro de intolerância à lactose e a jovem então relata que seus pais apresentam a condição. O médico solicita que a jovem suspenda laticínios da dieta e faça um exame chamado de teste de tolerância a lactose. No laboratório, a jovem mediu a glicemia as 7h da manhã em jejum. Ela, então, ingeriu uma quantidade grande de lactose, na forma de um líquido. Às 8h e as 9h mediram novamente os índices de glicose na corrente sanguínea. Os índices não se elevaram, ficando quase iguais ao índice medido em jejum. Frente aos resultados, o médico sugeriu o diagnóstico de intolerância a lactose. Você sabe como é possível justificar os fatos observados?

Se justifica porque, em indivíduos normais, a enzima lactase age sobre a lactose no intestino, rompendo a ligação glicosídica, resultando em moléculas de galactose e glicose. A glicose, ao ser absorvida, eleva os seus níveis na corrente sanguínea. Em indivíduos intolerantes, a enzima não é produzida. Sendo assim, a lactose permanece na forma de dissacarídeo e não é absorvida. Por isso, os níveis de glicose no sangue não se alteram e o acúmulo de lactose no intestino causa a diarreia e a cólica.

Nas células podem ocorrer associações entre os carboidratos e lipídios ou proteínas, formando glicoconjugados, como os glicolipídios e glicoproteínas com funções diversas nas células, incluindo sinalização e proteção celular.

Ácidos graxos saturados

Os compostos que contém apenas ligações simples são chamado de ácidos graxos saturados.

Monoinsaturados e p o l i - insaturados

Já aqueles que contém apenas uma ligação dupla são chamados de monoinsaturados e duas ou mais ligações duplas poli-insaturados (RODWELL, 2017).

Agora, confira, na figura a seguir, a estrutura molecular e tridimensional de dois ácidos graxos.

Figura 25 - Estrutura molecular e tridimensional de dois ácidos graxos. Ambos possuem 18 átomos de carbono, porém em (a) temos ácido esteárico, saturado e em (b), ácido oleico, insaturado (b). A presença da dupla ligação

cis resulta em uma dobra na molécula. Fonte: Marzzoco, 2015, p. 89.

Analisado a estrutura da molécula, perceba que em uma das extremidades temos uma carboxila (COO-) e na outra extremidade um CH3. Em uma das nomenclaturas utilizadas para identificar as ligações químicas das moléculas de ácidos graxos, o carbono da extremidade CH3 é identificado como carbono de número 1 ou também chamado de carbono ômega (ω). Ao representar a fórmula geral de um ácido graxo, identificamos em primeiro lugar o número de carbonos totais da molécula, em seguida (separado por dois pontos), o número de ligações duplas que ela possui. Por fim, indicamos a posição da primeira ligação dupla presente na cadeia. Lembre-se de que o primeiro carbono da cadeia extremidade CH3 é chamado de ômega, e, se a primeira ligação dupla está no segundo carbono, ela será chamada de ômega-2, se estiver no 6 carbono, ômega-6. (MARZZOCO, 2015). Para ampliar sua compreensão sobre o tema, vamos tomar como exemplo o ácido oleico, apresentado anteriormente; veja:

18:1 ω-9

Observe que esse ácido graxo possui 18 carbonos e uma ligação dupla em sua estrutura. A ligação dupla está no carbono número nove. Como vimos, os ácidos graxos poli-insaturados chamados de ômega-3 são aqueles que possuem uma ligação dupla entre o terceiro e quarto carbono da cadeia (numerado a partir do carbono 1, ou

possuem uma ligação dupla entre o terceiro e quarto carbono da cadeia (numerado a partir do carbono 1, ou carbono ômega). Pode haver mais duplas ligações ao longo da cadeia, porém, apenas uma é identificada. Alimentos como peixes (atum, salmão e sardinha) e azeite de oliva são fontes destes ácidos graxos.

Figura 26 - Ácidos graxos do tipo ômega 3. Fonte: Perception7/Shutterstock.

Lembrando que o EPA é o ácido eicosapentaenoico. Há o DHA é o ácido docosahexaenóico. E, por sua vez, o ALA é o ácido alfa-linolênico; são ácidos graxos do tipo ômega-3, que trazem inúmeros benéficos à saúde. O último é encontrado no azeite extra virgem, e os dois primeiros, em peixes como salmão e sardinha.

À temperatura ambiente, os ácidos graxos podem apresentar consistência diferentes. Ácidos graxos saturados com mais de 14 carbonos são sólidos e, se possuírem pelo menos uma dupla ligação, são líquidos.

O grau de fluidez das membranas biológicas depende, então, do tipo de ácido graxo presente nos seus lipídios estruturais. A diversidade lipídica é espécie-dependente, sendo que alguns só são produzidos por vegetais, outros apenas por microrganismos e outros apenas por mamíferos, por exemplo. Sendo assim, o consumo de diferentes formas de ácidos graxos é o ideal para a manutenção da saúde humana (RODWELL, 2017).

Os ácidos graxos livres são pouco encontrados nos organismos vivos e mais frequentemente estão ligados a uma molécula de glicerol (um tipo de álcool) formando os triglicerídeos ou triacilgliceróis. Clique nas abas abaixo e conheça mais sobre o assunto.

Tecido adiposo

Nos vertebrados, os triacilgliceróis são estocados no tecido adiposo, localizado no espaço

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Nos últimos anos, as investigações científicas têm comprovado que as dietas com quantidades adequadas de ácidos graxos poli-insaturados desempenham papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares e aterosclerose! Nessa revisão da literatura, descubra diversos benefícios relacionados ao consumo regular desse tipo de ácido graxo. Leia o artigo Ácidos graxos poli-insaturados n-3 e n-6: metabolismo em mamíferos e resposta imune, disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v23n6/13.pdf>

Nos vertebrados, os triacilgliceróis são estocados no tecido adiposo, localizado no espaço subcutâneo e visceral. Esse tecido atua também como isolante térmico e na proteção contra os choques mecânicos.

Reserva de energia

Os triacilgliceróis são os lipídios mais abundantes na natureza, atuam como reserva de energia e são formados por três moléculas de ácidos graxos esterificadas (ligadas) a uma molécula de glicerol.

Gorduras animais

Os ácidos graxos podem ser iguais ou diferentes entre si. Os triacilgliceróis das gorduras animais são ricos em ácidos graxos saturados, o que atribui a esses lipídios uma consistência sólida à temperatura ambiente.

Óleos vegetais

Os ácidos graxos de origem vegetal, ricos em ácidos graxos insaturados, são líquidos.

Os óleos vegetais que são utilizados para a fabricação de margarinas passam por um processo de hidrogenação, que reduz parte de suas duplas ligações e os torna sólidos à temperatura ambiente (MARZZOCO, 2015).

Acompanhe, na sequência, uma representação de um triacilglicerol formado pela ligação de um glicerol e três ácidos graxos.

Figura 27 - Triacilglicerol formado pela ligação de um glicerol e três ácido s graxos. Fonte: Marzzoco, 2015, p. 92.

Outro tipo de lipídio com importante função biológica são os fosfolipídios. Eles são compostos de maneira semelhante aos triacilgliceróis, porém, possuem apenas duas cadeias de ácidos graxos ligados à molécula de glicerol. Na terceira posição do glicerol, liga-se um grupo fosfato, que ainda pode se ligar a outras moléculas. Essa configuração molecular confere aos fosfolipídios um caráter anfipático. Isso significa que uma porção da molécula é hidrofílica ou polar (cabeça de fosfato), e a outra é hidrofóbica ou apolar (cauda de ácidos graxos)

molécula é hidrofílica ou polar (cabeça de fosfato), e a outra é hidrofóbica ou apolar (cauda de ácidos graxos) (RODWELL, 2017). Essa propriedade é fundamental para a organização da membrana plasmática e será mais explorada nas próximas unidades. Fique atento!

Figura 28 - Fosfolipídeo. Fonte: Alberts, 2017, p.72.

Na estrutura do fosfolipídeo observe uma porção hidrofóbica (caudas de ácidos graxos) e uma hidrofílica (grupamento fosfato ligado ao glicerol).

Além dos ácidos graxo, triglicerídeos e fosfolipídios há uma outra classe de lipídios importantes, chamada de .

esteroides

Os esteroides possuem uma conformação bastante diferente dos ácidos graxos, que são cadeias carbônicas lineares. Essa classe de lipídios apresenta um núcleo tetracíclico característico em sua estrutura. O principal representante desse grupo é o colesterol.

O colesterol é o esteroide mais abundante nos tecidos animais. É capaz de servir de precursor para síntese de todos os outros esteroides, que incluem hormônios esteroides (hormônios sexuais e do córtex das glândulas suprarrenais), sais biliares e vitamina D (MARZZOCO, 2015).

Por fim, o colesterol apresenta uma função estrutural importante, compondo a membrana plasmática das células, conforme veremos nos próximos capítulos.

Figura 29 - Molécula de colesterol. Fonte: Marzzoco, 2015, p. 95.

A figura ilustra a molécula de colesterol, na qual podemos observar os quatro anéis carbônicos, o grupo polar (OH) e a região apolar com aspecto mais linear. Essas características tornam a molécula anfipática.

Os triacilgliceróis e as moléculas de colesterol provenientes da dieta, e mesmo aquelas produzidas por via endógena, viajam na corrente sanguínea em partículas chamadas de lipoproteínas. São agregados moleculares solúveis formados por um núcleo central hidrofóbico de triglicerídeos e ésteres de colesterol (colesterol ligado a um ácido graxo).

Esse núcleo é envolto por uma cada de fosfolipídios e proteínas chamadas de apoproteínas. Essa partícula se torna solúvel em água devido à cabeça do fosfolipídio ser hidrofílica. Dependendo do tamanho e composição (quantidade de lipídios e proteínas) dessas Lipoproteínas elas são chamadas de Lipoproteínas de alta (HDL), baixa (LDL) e muito baixa (VLDL) densidade além dos quilomícrons (RODWELL, 2015).

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