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Livraria vs online

No documento Relatório de Estágio (páginas 39-43)

Com a entrada da Era digital, Roger Fawcet, questiona e airma: “é possível o livro sobreviver por mais dois mil anos? Até pouco tempo atrás previa- se a morte do livro- agora, no entanto é seguro dizer que essas previsões foram muito exageradas.”(FAWCETT, 2007, p.11). Com o aparecimento dos e-books e do seu potencial efeito devastador sobre o mundo editorial, ob- servamos a uma quantidade ininita de romances, e não só, que já estão disponíveis para download na internet.

Um estudo feito por uma agência agência de pesquisa de marketing britânica, Voxburner, fez um inquérito a 1400 pessoas, com idades entre os 16 e os 24 sobre os hábitos de consumo de mídia. O resultado, esse foi bastante interessante, 62% dos entrevistados preferem livros impressos do que para e-books. Apesar do avanço tecnológico a que assistimos, con- tinuamos a assistir a uma preferência notável do livro impresso entre os jovens. As razões que levam a esta preferência são evidentes; os jovens continuam a gostar do “cheiro” dos livros impressos, gostam de colecionar e ver estantes repletas de livros.

Um novo estudo revelou que os leitores que um Kindle8 eram “signiicati-

vamente” piores leitores do que os que liam através de algo impresso. Para a realização deste estudo, deu-se a 50 leitores uma curta história de Eli- zabeth George para ler. Metade leu em versão digital, e o restante através de páginas impressas. O objetivo seria testar aspetos da história, incluin- do objetos, personagens e cenários. Anne Mangen de Stavanger Universi- dade da Noruega, principal investigadora do estudo elaborado, veriicou que os leitores com a versão impressa relataram a história com maior coe- rência narrativa, do que os leitores com versão digital. Concluiu-se que a versão digital não oferece o mesmo apoio para a reconstrução mental de uma história, como se consegue através da versão impressa.

Com a evolução das novas tecnologias, é dada uma enorme ênfa- se à sua capacidade de realização e resposta, e não é dada a mes- ma atenção à forma de com que esta realmente relete nas nos- sas vidas e no nosso quotidiano. É de notar que ao que parece quanto mais a tecnologia avança, mais livros impressos se produzem. A prensa de Gutenberg foi talvez o desenvolvimento tecnológico com mais impacto na história do livro, ajudou a expandir o mundo literário, dando a oportunidade a um maior número de pessoas de poderem ler. Da mes- ma forma, a internet veio tornar os livros mais acessíveis do que nunca. Atualmente são os inúmeros blogues, espaços na internet e sites como o da Amazon que possibilitam a aquisição de um número ininito de livros, que são entregues nas nossas casas. A facilidade de pesquisar um título im- possível de encontrar, encontra-se a um clique. Desta forma podemos ver o aparecimento do e-book não como algo que veio tirar a vida ao livro im- presso, mas sim pela qual os livros ainda sobrevivem no seu formato atual. Na internet com o aparecimento de blogues, entre outros como já foi referi- do anteriormente, estes espaços são dedicados à crítica de capas de livros. A maioria dedica-se à atualização dos novos livros que vão aparecendo no mer- cado, cujas capas podem ser conceptualmente bem conseguidas e visualmen- te atrativas. A escolha das capas vai debruçar-se de acordo com os autores: capas bem-sucedidas ou capas com alguma particularidade interessante. Nas livrarias assistimos a uma diversiicação de tipo de públicos, uma vez que es- tes podem ser considerados proissionais da área ou apenas simples leitores que estão atentos às capas que vão aparecendo no mercado. No então, ambos centra- lizam os seus pontos de observação no especto geral do livro e no seu conteúdo. Apesar de assistirmos a uma vasta variedade de e-books disponíveis (e vendi- dos), não se veriica uma diminuição na atividade de fazer o design da capa. Pelo contrário, veriicamos que os e-books também disponibilizam a capa

8 Kindle é um leitor de livros digitais desenvolvido pela subsidiária da Amazon, que

permite aos utilizadores comprar, pesquisar e, principalmente, ler livros digitais, jornais, revistas, etc, de forma portátil

da obra e que na maioria das vezes, este é o único contacto visual que o po- tencial comprador tem com o e-book (igura 6).

Talvez a grande diferença no design de capas de ebooks é que tem de se ter grande atenção à legibilidade no que diz respeito à re- sistência à redução do tamanho de visualização, já que uma capa passa a ter de ser legível/interpretável em tamanho “thumbnail”. O espaço da livraria é um dos fatores bastante importante para o sucesso das vendas. Outro fator bastante importante é a organização e disposição dos livros, que é pensada ao pormenor, obedecendo a uma série de regras que não são percetíveis ao público. Vejamos um exemplo: quando uma obra é lançada, esta vai diretamente para a montra, um lugar com grande visibilidade e que chama bastante a atenção do público. Mais tarde, a obra cede o seu lugar da montra a outros lançamentos e vai para a estante dos mais vendidos, na qual continua com uma exposição bastante razoável, no entanto, agora disputa a sua visibilidade com outras obras que entrarão nesse mesmo top. Em seguida, quando a obra é substituída por outro tí- tulo mais recente, o livro passa à secção da livraria onde pertence e será o destaque dessa mesma secção. Por último, o livro termina a sua viagem de divulgação numa estante, de acordo com uma ordenação qualquer, onde o seu “rosto” será apenas a lombada (igura 7).

Figura 7

Visualização de lombadas numa estante de uma livraria

Figura 6

Capas de e-books do site da Amazon

A esta técnica dá-se se o nome de “publicidade cooperativa”, sendo um dos exemplos, a forma como é realizada a distribuição pelos espaços aos des- taques, e que são maioritariamente acordos comerciais com as editoras. O que se pretende com esta técnica será induzir o público a prestar mais atenção determinados livros. Na fase em que o li- vro se mostra “como lombada”, o design desta, torna-se in- dispensável. Aqui a lombada é tão importante quanto a capa. A lombada passa a ser o primeiro contacto que o comprador tem com a obra. Nela uma das coisas que nos chama de imediato à atenção é o título da obra, se este chama ou não atenção do comprador. Depois temos ou- tros pequenos detalhes ao qual não icamos indiferentes, nomeadamente se a fonte foi bem escolhida, o que achamos da cor escolhida, a disposi- ção do título é boa? e o nome do autor? tem desenho, não tem desenho? Uma lombada mal elaborada pode passar completamente despercebida ao comprador, enquanto uma lombada bem conseguida convida o públi- co a uma pesquisa, observação e descoberta do que poderão encontrar. Lars Muller defende que numa livraria “ lá tu podes tocá-los, compará -los, coloca-los lado a lado e mudar de opinião do que tu queres comprar.” (MULLER, 2007, p. 14)

ARMANDO LOPES- “ Homem de Constantinopla”- José

No documento Relatório de Estágio (páginas 39-43)

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