1- No início do projeto, há uma reunião informativa com o autor e / ou editor?
No início do projeto, temos uma reunião com o editor que estabelecemos a estratégia geral e necessidades, horários, etc.
melhor as necessidades e motivações do autor.
Podemos dizer que temos dois clientes; editor e agente (representante do autor).
2- Existe muita interferência por parte do autor e/ou editor no que diz respeito a restrições orçamentais ou, até, considerações de ordem conceptual?
Geralmente, nós não temos muitas interferências, desde que haja um es- forço de equipa. Não temos contato com o autor no desenvolvimento nor- mal do trabalho. No entanto, sim nós sabemos da sua carreira e todas as fases de sua escrita. Vamos conhecer os gostos dos leitores e inclusive fa- zemos pesquisa para compreender as motivações de consumo.
Temos considerações orçamentais, mas eles estão mais intimamente li- gados à campanha do que para o design da capa. Neste caso, o projeto da equipa editorial não cobre, mas que podemos fazê-lo como uma agência independente. Um livro sempre tem de ter uma capa, deve projetá-lo e criá-lo para o custo do mesmo fazê-lo, bem como fazendo errado.
3. É preciso ler a obra para conceber a capa?
Sempre. O livro é um produto como outro qualquer. Tem um revestimen- to, tem uma distribuição, um linear e tem alguns consumidores... Nós tratamos o livro como um produto de grande consumo. E preciso sempre “testar” o produto para saber como é. No caso do livro, tu deves lê-lo, en- tendê-lo e saber o que quer dizer-nos sobre o autor. Por isso é que o autor escreveu este livro e não outro. O que nos quer comunicar.
4- A conceção de uma capa é um processo individual ou conta com uma equipa que o complementa?
O design da capa de um livro de Paulo Coelho é o culminar de um processo que envolve muitas pessoas. Desde diferentes leitores para fazer testes, até uma equipa de pesquisa, planeamento estratégico, a equipa criativa, diretor de arte, ilustrador ou fotógrafo...
5- No processo criativo, como concilia as suas inluências artísticas com a sensibilidade do autor e/ou editor?
As inluências artísticas não deveriam inluenciar. Um autor que é um best-seller como Paulo Coelho, é uma marca em si. E como marca tem alguns códigos conceptuais e gráicos, alguns conteúdos que são únicos e diferem de outros autores. É nosso dever respeitá-lo e não inluenciar, mas se adaptar a essa marca em particular.
6- Qual foi o processo do projeto gráico do livro?
Primeiro fazemos com que leitores de diferentes idades, sexo e status so- cial leiam o livro e a deem-nos a sua opinião.
Depois pessoas diferentes na equipa leem o livro e vemos em conjunto. Passa-se para a criatividade onde se desenvolve a mensagem criativa. Aplica-se a mensagem ao design gráico da capa, publicidade, campanha, media social, relações públicas, etc...
7- Prefere a ilustração ou a fotograia para a imagética do projeto?
A decisão vai depender de cada ocasião. No Manuscrito encontrado em Accra, preferimos uma ilustração para desenhar realisticamente, a espa- da do guerreiro da luz em um fundo que parece uma túnica de 2.000 anos atrás.
8- Teve cuidado na escolha da fonte para fazer justiça a este livro? ou escolheu uma de seu agrado?
A escolha da tipograia, diferiu neste caso da fonte na coleção da editora (mais gestual, mais humana) para torná-lo mais sério, mais bíblica, mais clássica, em conformidade com a estratégia.
9- O projeto da capa também comporta a escolha do papel (suporte) em que vai ser produzida?
No nosso caso, levou-se em conta. Cor, estilo de papel (perto do antigo pa- piro) e acabamento.
10- A vertente comercial tem um peso muito forte na conceção do pro- jeto?
Se tu queres dizer pensar no comércio do livro... Sim. Não pode ser de ou- tra forma. Entendemos que a capa de um livro é como projetar uma em- balagem que deve ser bastante percetível no ponto de venda e destaque sobre outros produtos.
11- De que forma pensa que o design da capa é importante para a venda desta?
É essencial. A embalagem é a primeira ferramenta de venda no qual tu podes expressar e dar valor à marca.
12- A identidade da editora também condiciona?
No nosso caso não. Para nós, a marca tem muito pouca importância na escolha de um livro ou outros. Não faz parte das motivações chaves na elei- ção.
13- A identidade visual de obras anteriores, do mesmo autor (quando existem) também inluencia?
Sim, sempre. É parte do imaginário visual da marca. Ele nunca pode que- brar-se. O Paulo Coelho é uma marca e não podemos não levar em conta as necessidades da marca ou seu histórico.
14. Até que ponto o desenvolvimento tecnológico dos sistemas de im- pressão e acabamento contribuem para o aparecimento de um novo design de capas, e qual o cuidado em não usar o que todos andam a usar, para não cair no emprego exagerado das mesmas técnicas, fa- zendo com isso que, capas de várias editoras, pareçam todas produzi- das pela mesma pessoa?
Como eu disse, a editora não é importante para o leitor. As motivações são autor / título / gênero.
Muitos autores editoriais mudam e não há nada no mercado. O Paulo Coe- lho publica com a Pinguim Random House em Latinoamerca e Estados Unidos e com o Planeta em Espanha e com Harper Collins no Reino Unido.
15- Tem alguma admiração especial por outro(a) Designer de capas de outra editora?