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5. ANÁLISE DOS ALINHAMENTOS REFERENTES AO MÊS DE SETEBRO DE

5.2. LOCAIS EM DESTAQUE NA INFORMAÇÃO REGIONAL DA RTP

“Procurar um equilíbrio da programação no sentido de corresponder aos usos, tradições e interesses das populações das diferentes regiões do país” é um dos deveres consignados à RTP, pelo Contrato Geral de Concessão de Serviço Público de Televisão (Cláusula 6ª - Obrigações da programação de serviço público, 1. e)).

No caso da informação regional em particular, e tendo em conta a categoria em estudo neste ponto, a ideia é que a cobertura noticiosa seja feita de uma forma global na área que lhe está destinada, o que, no caso de Trás-os-Montes, nem sempre é uma tarefa simples. A situação complica-se ainda mais quando está em causa a cobertura do território nacional, a um nível localizado.

“Regiões Bragança” - Setembro de 2002

A área de cobertura do “Regiões Bragança”, além dos distritos de Bragança e Vila Real, chegava também a concelhos localizados nas zonas de transição como Amarante, no distrito do Porto, Celorico de Basto, no distrito de Braga, e alguns concelhos do distrito de Viseu, como Lamego, Tarouca, São João da Pesqueira, Resende, Moimenta da Beira… (Mapa 1).

Nem sempre era fácil esse trabalho, uma vez que havia locais que se encontravam mais próximos de outras regiões, acabando mesmo alguns assuntos por, muitas vezes, serem noticiados por outros CER´s, principalmente quando os televisores desses locais recebiam os seus sinais, pelo que grande parte do volume noticioso era feito nos dois principais distritos transmontanos (Ibidem).

Isso explica o facto de a maior parte do volume noticioso do mês de Setembro de 2002 do “Regiões Bragança” se encontrar distribuído por concelhos de Bragança e de Vila Real. As próprias capitais de distrito são também o principal palco dos acontecimentos deste período, o que se poderia explicar apenas pelo facto de ser nas grandes cidades, neste caso transmontanas, que se verifica um maior número de acontecimentos de actualidade, dado se encontrarem aí os principais serviços, o sector económico, estabelecimentos de ensino secundário e superior, eventos culturais… Mas, mesmo assim, há uma grande discrepância entre a cobertura noticiosa do concelho de Bragança e o concelho de Vila Real. Ao passo que o primeiro apresenta trinta e nove

reportagens neste mês, o segundo contou com menos de metade nas notícias, quinze, no “Regiões.

Embora se tenha realçado o esforço em não fazer grandes distinções entre as localidades transmontanas (Cruz, entrevista: 9/12/2005), estes números, ainda que relativos apenas a um mês de emissão, levam-nos a concluir que, pelo facto do CER estar sedeado em Bragança, com um volume de profissionais bastante superior ao da delegação da RTP em Vila Real, era inevitável que a agenda do programa acabasse por privilegiar os acontecimentos próximos, pela facilidade em chegar até eles em tempo útil. O critério de Galtun e Ruge “Intervalo de Tempo”46, juntamente com a própria actualidade, acabou por pesar, pelo menos durante o mês em estudo.

As discrepâncias entre Bragança e Vila Real são também evidentes no volume de temas tratados em cada um dos distritos. A soma de peças realizadas nos concelhos vila realenses mostra que foram feitas, no total, cinquenta e quatro reportagens e três entrevistas alargadas47, divididos por dez municípios, já dez concelhos brigantinos tiveram destaque em setenta e quatro notícias, duas entrevistas de estúdio e dois directos. Também no que respeita ao tempo, Bragança esteve em vantagem, com cerca de 30 minutos a mais de emissão (2h 44m 46s).

Além da actualidade e da proximidade terá sido o número de repórteres a ditar essa diferença de números bastante significativa. Apesar de existirem distâncias significativas a percorrer em cada um dos distritos, muitas delas causadas pelas más acessibilidades que caracterizam toda esta zona de Portugal, o que torna o próximo longe, nem por isso deixaram de se fazer doze reportagens em Miranda do Douro, que dista cerca de uma hora de Bragança, e catorze em Chaves que, embora esteja um pouco mais perto de Vila Real, cerca de uma hora, está a cerca de duas horas de Bragança, e muitos dos trabalhos foram feitos pelos jornalistas que se encontravam na sede do CER.

No que respeita aos dois distritos pode-se dizer que não obstante alguns destaques a algumas localidades, no geral, tentou-se fazer uma cobertura uniforme de toda a região transmontana, chegando-se mesmo ao distrito do Porto, com uma notícia sobre Amarante, e de Viseu, com duas notícias sobre Lamego e Tarouca. Houve ainda espaço para uma peça sobre Espanha, sendo de destacar também o volume significativo de temas que dizem respeito à região no geral, catorze trabalhos e duas entrevistas de

46 Ver página 59.

47 Apesar de não termos incluído na categoria Vila Real seis reportagens relativas ao Douro e uma relativamente ao Alto Tâmega,

por tratarem das duas regiões no geral e não uma localidade em particular, optámos por contabilizá-las neste ponto, uma vez que foram feitas na zona de cobertura de Vila Real.

estúdio que trataram assuntos como as acessibilidades, questões económicas, a educação, que interessavam a todos os transmontanos.

Mapa 1 – Área de Cobertura do “Regiões” Bragança

Legenda

Sede de Concelho Limite de Concelho

“Portugal em Directo” - Janeiro de 2006

Dado que se tratava de uma janela regional, que emitia apenas para uma região do país, só pudemos analisar a distribuição noticiosa do “Regiões Bragança” pela sua área de cobertura, Trás-os-Montes. Quanto ao “Portugal em Directo”, tratando-se de um formato nacional, a sua área de cobertura acaba inevitavelmente por ser alargada a todo o continente e ilhas, pelo que não nos centraremos tanto a estudar a frequência do programa por todos os concelhos de Portugal, mas sim nas regiões que categorizámos para esse efeito. Salientaremos apenas a disposição das reportagens pelos municípios transmontanos, já que é toda a sua área que constitui o elemento a comparar nesta investigação.

Numa breve análise, podemos dizer que, no que respeita às notícias da região bragançana destacadas no “Portugal em Directo”, se notou uma ampla cobertura dos concelhos transmontanos. Só Bragança e Chaves apresentaram uma frequência ligeiramente superior em relação a outros concelhos, o primeiro por se tratarem de notícias de actualidade, o segundo por ter sido escolhido para ser tema de destaque de um dos programas. Não se tratou, no entanto, de uma diferença de tratamento que possamos considerar significativa e que se possa dever a razões de proximidade do Centro Regional Comum (CRC).

Quanto às regiões no seu todo, ao analisarmos a frequência com que Bragança aparece representada no “Portugal em Directo”, verificamos que são poucos os programas onde esta não apresenta notícias48. Comparativamente a outras regiões como Coimbra, exceptuando o programa que lhe é inteiramente dedicado, onde contabilizámos nove emissões em que não agenda nenhum tema, as notícias sobre os acontecimentos de Trás-os-Montes são alinhadas com bastante assiduidade no “Portugal em Directo” do mês de Janeiro de 2006.

De facto, as regiões de litoral como Faro, Coimbra e Porto, nem sempre fazem parte dos alinhamentos do programa, mas nem por isso são prejudicadas pelo facto, dado que são locais que mais depressa agendam assuntos de relevância nacional, encontrando uma maior projecção nos noticiários de informação geral.

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Mas, se em termos de frequência Trás-os-Montes sucede a Lisboa, a região com mais temas apresentados (quarenta e três), o mesmo não se pode dizer em termos de tempo de emissão. Quando contabilizada esta última variável, o Porto acaba por se salientar, logo a seguir à capital. Ao passo que a capital do Norte do país apresenta mais de 3 horas de informação neste mês, Bragança conta com cerca de 2 horas. O mesmo se pode dizer de Coimbra que em Janeiro totaliza 2h 17m 34s (Gráfico 3). De qualquer modo, trata-se de uma situação excepcional, dado que 50 minutos deste tempo foi a média que calculámos para o programa temático sobre os Hospitais da Universidade de Coimbra.

Gráfico 3 - Tempo por Região

0:00:00 0:30:00 1:00:00 1:30:00 2:00:00 2:30:00 3:00:00 3:30:00 4:00:00 L is boa Po rt o B ra g ança C as telo B ranco Co im b ra É vora Far o Ma deira Aç o re s Geral

Confirmamos, assim, neste ponto uma das nossas teses, que defendia que com um programa regional com um formato nacional os centros de decisão como Lisboa e Porto acabariam por ser os seus protagonistas. É um facto que nos referimos apenas a um mês de emissão, mas também não é menos verdade que existe uma grande discrepância no que respeita ao tempo das notícias alinhadas, o que nos permite tirar esta conclusão com alguma segurança. Além disso, as dezanove notícias que incluímos na categoria “geral”, que ocuparam um espaço significativo do “Portugal em Directo”, cerca de 48 minutos, foram quase todas elas realizadas, para não dizer todas, pois não

temos dados que nos permitam afirmar isso com precisão, por Lisboa, o que reforça ainda mais a nossa teoria.

Bragança (s)em destaque?

Na categoria “Locais em Destaque na Informação Regional da RTP” podemos dizer que Bragança se encontra, de alguma forma, em evidência. Primeiro, teve uma projecção como nunca com o “Regiões”, programa que deu voz aos transmontanos que, pela primeira vez, sentiram nas suas “mãos” o poder da televisão e o que a “caixinha mágica” podia fazer por eles. Actualmente, marca presença no “Portugal em Directo”, um programa com dimensão nacional que mais facilmente pode fazer ecoar as suas palavras e imagens por todo o Portugal, dada a frequência com que apresenta notícias neste novo formato.

Apesar de ter de dividir o protagonismo com mais oito regiões, Bragança foi a presença mais assídua no programa do mês de Janeiro, ao alinhar em média duas reportagens por dia.

A frequência com que é representada no “Portugal em Directo” não é, no entanto, equivalente ao tempo de emissão, onde perde para as regiões onde se encontram as duas maiores cidades do país, Lisboa e Porto. Esta situação pode, contudo, explicar-se pelo facto de a agenda do programa não ser necessariamente igual de mês para mês, pois, a distribuição de directos pelos diferentes pontos do país, o pilar do novo formato regional, tem de ter sempre em conta a disponibilidade logística, de recursos humanos e de temas em cada região.

5.3. NOTÍCIAS DE ABERTURA NA INFORMAÇÃO REGIONAL DA