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Figura 2.2: Mapa de localização do município de Pilões- PB e regiões “limítrofes” (Google Earth, 2011 acesso em 13/06/11).

O município de Pilões está localizado na “microrregião do Brejo Paraibano, onde está incluída a unidade geoambiental do Planalto da Borborema, tendo como municípios limítrofes: Serraria, Areia, Alagoinha e Cuitegi”. A área do município equivale a 64,4 quilômetros quadrados. A sede do município conta com uma pequena cidade “que ocupa um vale entre as montanhas formadoras das primeiras elevações da cordilheira oriental da Borborema, numa altitude de 360 metros em relação ao nível do mar” (MASCARENHAS et al., 2005)

É importante destacar que esta cidade é eminentemente rural, apresentando uma população total de 7.800 habitantes, sendo 5.077, de

área rural e 2.793 de área urbana (IBGE, 2000 apud MENEZES et al., 2008).

Quanto aos aspectos “fisiográficos”, o município está inserido “na unidade geoambiental formada por maciços e outeiros altos”. Quanto ao relevo, este se caracteriza por “vales profundos e estreitos dissecados”. Os cursos d’água têm um sistema de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o “dendrítico”. Possui dois rios denominados de Araçagi-mirim e Araçagi (Mascarenhas et al., op.cit.). A vegetação origina-se da Mata Atlântica e constitui-se por florestas “subcaducifólica e caducifólica”, aspectos peculiares de regiões agrestes. O clima é tropical chuvoso, com verão seco (MENEZES et al., op.cit., p.4).

2.4.1 Contexto de formação e aspectos econômicos e sociais do município de Pilões

Figura 2.3: (a) Centro de Pilões- PB; (b) Igreja Matriz (Foto da autora).

O contexto de formação do povoamento do município de Pilões ocorreu em função da atividade econômica, sendo consequência da influência da “penetração comercial ocorrida pela cidade de Mamanguape” (IBGE, 2000).

Conforme registrado, em 1815, acontece a instauração do município de Areia, sendo que Pilões tem seu território anexado ao novo município, havendo o “desmembramento da cidade de Mamanguape”.

Já na segunda década do século XIX, o povoamento entra em processo de progresso (OOSTERHOUT, 1993).

Em meados de 1897, a implantação da lei nº 80 de 13/04 coloca Pilões na condição de vila e transfere a sede da cidade para Serraria, município vizinho. Com a designação de “Pilões de Dentro” torna-se distrito de Serraria de 1936 a 1938. No período de 1939 a 1943, foi denominado de “Entre Rios”. Em 1948, retorna a antiga denominação de Pilões e em 1953 resgata a sua autonomia tornando-se oficialmente município em primeiro de janeiro de 1954 (Ibid, 1993).

A capela da cidade representa sua primeira construção. Atualmente, a igreja matriz configura-se como uma grande construção em destaque na cidade, confirmando um espaço que tem um caráter de resquícios de colonização, conforme mostra a figura 2.3 onde está situada a igreja da cidade (Ibid, 1993).

Do ponto de vista econômico o município de Pilões se destaca pelo predomínio da agricultura, que chega a “ocupar 80% da mão-de- obra, enquanto as outras atividades como a pecuária, o comércio, os serviços em geral e o setor público” mantêm um significado secundário (MENEZES et al., 2008).

No século passado, houve o predomínio da monocultura, por meio do cultivo da cana-de-açúcar, representando uma atividade predominante nesse período. Do cultivo da cana produzia-se derivados como a cachaça, o açúcar e a rapadura, produtos tradicionais que

propiciavam o desenvolvimento econômico da região

(MASCARENHAS et al., 2005).

Assim, a crise da “agroindústria sucroalcooleira” na região provocou uma “redefinição” do espaço agrário, resultando em assentamentos de Reforma Agrária e da ampliação das comunidades de agricultores familiares (MASCARENHAS, op. cit.).

Portanto, seguindo o mesmo autor, essa crise provocada pela falência da Usina culminou em um grande impacto sobre a vida dos trabalhadores e de suas famílias, uma vez que esta, considerada como um grande empreendimento agrícola, propiciava a geração de renda para a população local. A saída para incluir os trabalhadores que estavam desempregados resultou na luta pela desapropriação das terras, tendo

tido grande influência do Comitê de apoio que tomou iniciativas para estimular os trabalhadores a reivindicarem as terras onde moravam. Detalhes estarão no último capítulo.

A seguir, teceremos um debate sobre a categoria da Agricultura Familiar, discorrendo sobre a formação deste conceito. Também daremos ênfase ao processo de assistência técnica e crédito rural, falando sobre seu surgimento e a dimensão que possui para a viabilidade da agricultura familiar nos assentamentos.

Capítulo 3

A Construção da categoria da agricultura familiar e o processo de assistência técnica e crédito rural

O presente capítulo dará enfoque a três temas relacionados entre si, o da agricultura familiar, o da assistência técnica e do crédito rural. Traçando um breve percurso histórico sobre a visibilidade política da agricultura familiar, remeteremos ao debate da sua própria categorização, assim como as políticas públicas associadas a ela. Isto é, ao processo de assistência técnica e aos critérios de concessão de crédito rural.

As reflexões sobre a categoria da agricultura familiar, assim como as referências ao seu contexto de desenvolvimento serão evidenciadas através do diálogo com autores como WANDERLEY (1999), LAMARCHE (1993), SCHNEIDER (2003), entre outros. Os autores sustentam que “a discussão sobre agricultura familiar surge a partir da década de 90” e se consolida a partir desse período. Estes afirmam que apesar das diversidades das formas sociais assumidas pelos agricultores familiares, a agricultura familiar pode ser caracterizada por agregar três elementos primordiais: a terra, o trabalho e a família.

A importância da assistência técnica para a viabilidade da agricultura familiar será outro dos temas em debate neste capítulo. A assistência técnica “emerge na década de 40 em Minas Gerais e se desenvolve nos anos 60 e 70” no âmbito da chamada modernização conservadora (GUANZIROLI et al., 2003). Nas décadas de 1980 e 1990 esta sofre críticas e novas propostas são implementadas (LEITE et al., 2004), (GUANZIROLI, op.cit.). Ainda hoje o processo evidencia muitas insuficiências, apesar do seu papel vital para a agricultura familiar, além de promover oportunidade para tomada de crédito por parte dos agricultores familiares.

Outro aspecto que será enfatizado refere-se ao crédito rural, os impasses e dificuldades que os agricultores rurais enfrentam para a tomada do mesmo. Neste ponto serão destacados os programas de crédito rural como o “Programa de Crédito especial para a Reforma Agrária (PROCERA), programa extinto em 1999, e o “Programa de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) implementado recentemente”. Serão enfatizados os desafios e sucessos alcançados por estes programas.