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GRUPO DETERMINAÇÃO DESCRIÇÃO E EXEMPLOS

2.6 Disposição Final dos Resíduos Sólidos

2.6.1 Logística Reversa

A logística reversa tem por objetivo promover ações para garantir que o fluxo dos resíduos sólidos gerados seja direcionado para a sua cadeia produtiva ou para cadeias produtivas de outros geradores, além de reduzir a poluição e o desperdício de materiais associados à geração de resíduos sólidos.

A logística reversa também promove a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e / ou recicláveis, onde os resíduos sólidos deverão ser reaproveitados em produtos na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, conforme apresenta o Quadro 03 de esquematização de logística reversa.

31 QUADRO 03: Esquematização do fluxo de logística reversa.

Fonte: Sistema FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS – FEMIG, 2011.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL), (PNRS) de 2010, estabeleceu a obrigatoriedade de estruturar sistemas de coleta para implantação da logística reversa, mediante retorno dos produtos utilizados pelo consumidor final, independente da coleta publica urbana de resíduos para os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista e produtos eletrônicos e seus componentes, será obrigatório o retorno das embalagens ao fabricante.

Na versão preliminar de consulta pública do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, de setembro de 2011, foi submetida a possibilidade de trabalhar a logística reversa de medicamentos e suas embalagens por meio de acordos setoriais, entre a indústria, comércio e governo, assunto este que está sendo avaliado no decorrer desse trabalho pelos

32 representantes do pólo farmacêutico, representado pela ALANAC e SINDUSFARMA (BRASIL, 2011).

Segundo informações da versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, essa iniciativa de obrigar a logística reversa subsidiará o planejamento de ações que poderão promover o desenvolvimento socioeconômico e preservar a qualidade ambiental (BRASIL, 2011).

A Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais e o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo reuniram vários representantes deste pólo industrial para discutirem sobre a obrigatoriedade da logística reversa dos medicamentos e embalagens, pois temem alguns vieses neste acordo setorial referentes: - ao ambiente regulatório;

- à questão tributária e os incentivos fiscais; - à obrigatoriedade da logística;

- ao cumprimento do PNRS;

- à responsabilidade pela assinatura do acordo setorial; - aos pontos de coleta dos medicamentos;

- ao incentivo a farmácia popular;

- à inexistência nos municípios de locais para tratamento adequado dos rejeitos; - à destinação final ambientalmente adequada;

- ao financiamento da Logística Reversa;

- às informações ao consumidor quanto ao correto descarte de medicamentos; - à simplicidade para o consumidor;

- à lista dos principais ativos perigosos de medicamentos;

- ao reuso de medicamentos x doações dos mesmos x intoxicações de população; - ao risco a saúde x risco ambiental (população e ambiente domiciliar);

- ao licenciamento para tratamento dos resíduos de medicamentos; - aos resíduos de serviço de saúde (ALANAC – GT, 2011).

A logística reversa tratada na versão preliminar de consulta pública do Plano Nacional de Resíduos Sólidos se refere aos medicamentos utilizados pelo consumidor final, ou seja, aquele que foi sobra de cartelas de medicamentos já usados, vencidos, interrompidos por tratamentos e outros.

33 A logística reversa conforme sua definição elaborada pelo texto da PNRS é controversa a implantação de recolhimento de resíduos oriundos do ramo farmacêutico uma vez que, são resíduos contaminados e dependendo de seus princípios ativos são perigosos, assim a definição apresentada pela PNRS, segue:

- além de ser um instrumento de desenvolvimento econômico e social é caracterizada por uma série de tomadas de ações, procedimentos e meios, que facilitam a coleta dos resíduos e sua restituição aos geradores, ou seja, retornarem ao mercado como novos produtos e matéria - prima, de acordo com o ciclo produtivo que foi estabelecido, auxiliando na não geração destes rejeitos (BRASIL, 2010).

Assim, o resíduo farmacêutico, deverá ser tratado como um refugo de produção ou rejeito e destinado de forma ambientalmente adequada conforme acorda o instrumento de logística reversa da Política Nacional de Resíduos Sólidos, lembrando que os acordos setoriais deverão ser muito bem estudados para não gerar um mercado paralelo como já foi apresentado na discussão orientada pela ALANAC.

Segundo estudo elaborado por Eickhoff, 2009, o Brasil tem copiado modelos de logística reversa de medicamentos vencidos ou em desuso de outros países como Canadá, Estados Unidos, Itália, Austrália e França que possuem uma tratativa mais avançada e organizada nesta questão de descarte que o Brasil.

Assim, uma grande discussão sobre este assunto vem preocupando o setor da indústria farmacêutica como um todo. A pergunta sobre este tema é: o Brasil está preparado estruturalmente para administrar de forma responsável esta cadeia de recolhimento destes resíduos garantindo que não haja falsificação com abertura de mercado paralelo, descarte correto dos medicamentos, fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, controle da propagação de doenças vinculadas ao mau uso do gerenciamento adequado do recolhimento destes resíduos?

34 2.6.2 Co-Processamento de Resíduos Sólidos

O co - processamento é uma atividade regulamentada pelas Resoluções CONAMA 264/99 e 316/02.

A Resolução Conama nº. 264 de 26 de agosto de 1999 estabelece sobre o licenciamento de fornos rotativos na produção de clínquer para atividade de co- processamento de resíduos: domiciliares brutos, de serviço de saúde, os radioativos, explosivos, organoclorados, agrotóxicos e afins.

A Resolução Conama nº. 316, de 29 de outubro de 2002, dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos buscando redução de emissão de resíduos tóxicos ao meio ambiente.

O co – processamento possui aplicabilidade em: 1. Resíduos substitutos de matérias – primas; 2. Resíduos substitutos de combustível; 3. Resíduos inorgânicos para inertização;

4. Resíduos orgânicos para destruição térmica (CAUE, 2010).

O processo de co – processamento que é uma tecnologia de valorização de resíduos, os quais são utilizados como substitutos de combustível e/ou matéria-prima não renováveis em determinadas fases do processo de fabricação de cimento, preservando recursos naturais (CAUE, 2010).

Geralmente as unidades produtoras de cimento possuem uma empresa captadora de resíduos sólidos de diferentes segmentos para prepará-los e transformá-los em matéria - prima, ou seja, energia para queima em fornos.

A empresa Ecoblending Ambiental LTDA, é especializada em gerir e preparar os resíduos que serão aproveitados no co – processamento, e esta localizada próxima à indústria cimenteira da Cimpor, localizada na cidade de Cezarina – GO, conforme Fotografia 01.

35 FOTOGRAFIA: 01 Planta fabril de co - processamento da unidade cimenteira CIMPOR.

Fonte: arquivo pessoal autor

O “blending”, conforme a Fotografia 02 é uma mistura de diferentes resíduos triturados, provenientes de atividades industriais, com alto poder calorífico, e são utilizados no co – processamento em fornos de cimento.

36 FOTOGRAFIA: 02 Baias de recebimento do “blending”.

Fonte: arquivo pessoal autor

Essa técnica de destruição térmica de resíduos integra a alta temperatura, o tempo de residência dos gases, a turbulência no interior do forno e vários outros padrões exigidos para o tratamento de resíduos perigosos, eliminando o passivo ambiental. Podem ser co- processados:

• Substâncias químicas e farmoquímica;

• Substâncias oleosas e graxas, derivados de hidrocarbonetos, embalagens plásticas de aditivo;

• Pneus, borrachas e emborrachados; • Catalisadores usados, filtros de óleo e ar; • Resinas, colas e látex, têxteis;

• Madeiras contaminadas; • Tintas e solventes;

• Lodos de Estação de Tratamento de Efluentes, caixas separadoras; • Solo, água contaminadas, papel e outros.

Na Ecoblending os resíduos líquidos ou semi – líquidos podem ser transformados em resíduos sólidos. Os resíduos desta natureza são colocados em baias separadas

37 contendo terra e serragens, para que sejam absorvidos e transformem em material sólido, como mostra a Fotografia 03.

FOTOGRAFIA 03: Baia com serragens para transformação do resíduo líquido em sólido.

Fonte: arquivo pessoal autor

O destinação final dos resíduos industriais no Brasil tem utilizado o co – processamento como tecnologia conforme é apresentado na Política Nacional de Resíduos Sólidos.