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Luís Mauro Sá Martino

No documento PORTCOM (páginas 131-145)

A proposta deste II Colóquio Latino Americano de Ciências da Comunicação, em particular a temática da mesa, “Abordar novos cenários a partir do ensino das teorias da comunicação: o que estudamos, o que estudar?”, é uma oportunidade para, refletindo sobre a Teoria da Comunicação em alguns de seus aspectos e implicações epistemológicas, institucionais e pedagógicas, imaginar alguns dos obstáculos presentes em seu desenvolvimento.

O ponto de partida não deixa de ter uma dimensão fortemente subjetiva: trata-se das experiências práticas dentro da Área, sobretudo das atividades de ensino, orientação de pesquisas e diálogos dentro e fora das salas de aula e nos corredores. Escrevo, portanto, como participante, no espaço do “estar junto” com outras professoras e professores diante dos desafios, potencias e limites. Trata-se, como visto em outro momento – cf. Martino e Marques (2017) – de pensar a subjetividade e a afetividade do conhecimento tecida no âmbito da produção de conhecimento.

Nesse sentido, a própria noção de “obstáculo epistemológico”, emprestada de Bachelard (2005), é utilizada também em sentido amplo, rementendo para outras discussões mais completas o texto de Bulcão (2009) ou Barbosa e Bulcão (2011). Aqui a proposta é pensar, como esboço e tentativa, em três obstáculos epistemológicos presentes na Teoria da Comunicação. A partir de trabalhos anteriores, para os quais a apresentação no Colóquio oferece uma oportunidade de síntese e desenvolvimento, podem ser pensados três aspectos: (1) a proposta de cientificidade atrelada a uma determinada concepção moderna de “ciência”; (2) as diferenças no conceito de “teoria” adotado e (3) o problema da escrita da teoria oscilando entre diversas perspectivas.

A proposta, aqui, no espírito de um Colóquio, é formular perguntas a partir de pressupostos, também eles, questionáveis. Talvez esse movimento de incertezas seja mais próximo de uma possibilidade de proposições futuras do que o recurso a pontos de partida fechados.

A cientificidade como obstáculo epistemológico

O conceito de “ciência” nos estudos de Comunicação vem sendo questionados por vários autores, de Lima (1983) à França e Aidar (2014), passando por L. C. Martino (2003; 2006), Lopes (2001), Ferrara (2014), Marcondes Filho (2008) e Signates (2012; 2017), entre outros. Mas a qual ideia de “ciência” se pode referir? A pergunta, explorada sob outro ponto de vista em espaço diverso – cf. Martino e Chechetto, s.d. – pode ser retomada aqui.

Uma questão inicial decorre do uso de toda uma nomenclatura científica que percorre a Área de Comunicação e que precisa ser revisitada em alguns de seus fundamentos no sentido de retomar a cadeia de significados a ela atribuídos ao longo do tempo. A história dos conceitos implica a transformação de seus significados, mas também, em alguns casos, pode implicar certa normalização ou mesmo naturalização de seu uso, de maneira que revolver certas matrizes permite observar seus sentidos originários.

Jogando com as palavras, se nos momentos fundadores de discursos os conceitos podem ter um efeito de “normatização de fronteiras e limites epistemológicos, por outro lado seu uso constante tende a um momento de “normalização”, quando, por costume, uso e hábito, deixa-se de lado a prerrogativa do distanciamento responsável por questionar sua validade.

A ideia de “ciência” no âmbito dos estudos de Comunicação parece ser um exemplo desse tipo de processo. Há, na área, todo um vocabulário derivado de uma perspectiva voltada para determinada ideia de “ciência” que demanda, de tempos em tempos, sua problematização – no sentido, mais do que negá-la ou aceitá-la, pensar em quais condições é possível se falar de uma “ciência da Comunicação” para além das definições de caráter normativo. Pode-se, inclusive, começar por elas.

Inscrita na classificação das áreas de conhecimento do CNPq dentro das “Ciêncais Sociais Aplicadas I”, a Comunicação está colocada nas vizinhanças do Direito, Administração, Economia, Serviço Social, Arquitetura e Urbanismo, Planejamento Urbano, Demografia, Turismo,

Desenho Industrial e Economia Doméstica. É possível questionar, diante dessa classificação, quais são os pontos de convergência entre os saberes agrupados dentro dessa Área, na medida em que as pesquisas em Comunicação, em termos panorâmicos ao menos, raramente parecem dialogar com seus vizinhos epistemológicos.

Uma visada nas pesquisas em Comunicação tende a indicar intersecções muito mais frequentes com as Ciências Sociais, com a Linguística e, em menor escala, com a Arte e com a Psicologia. É interessante observar que Fotografia, Cinema e Artes do Vídeo, assuntos altamente nos estudos de Comunicação, estão dentro da Área de Linguística, Letras e Artes.

A confluência não parece ser em termos de uma contiguidade epistemológica, mas, sobretudo, pragmática, como a própria ideia de “aplicadas” pode sugerir – o elemento sublinhado é sua possibilidade de arranjo mediante uma prática externa ao seu próprio campo do saber no âmbito do conhecimento sobre a sociedade.

Um segundo ponto, derivado do primeiro e talvez mais importante, se refere não à questão de ser uma ciência “aplicada”, mas à primeira palavra da definição: em que medida é possível falar da Comunicação como uma “ciência”. Enquanto ramo das Ciências Sociais, pode-se evocar a tradição positivista na origem dessa perspectiva de tratar o social como objeto científico: o estudo do ser humano como objeto de investigações sistemáticas e rigorosas, com métodos decorrentes das Ciências Naturais está na base mesma desse tipo de procedimento. Derivada dessa concepção como “ciência aplicada”, a Comunicação também é pensada, nessa classificação, como “ciência”. E, de fato, observa-se na gênese e desenvolvimento da Área de Comunicação toda uma perspectiva de construção de um critério de cientificidade pautado no que parece ser uma noção derivada da concepção original de “ciência”.

Como observado em outros momentos, como Martino e Checheto (s.d.), a Área de Comunicação está revestida de todo o aparato simbólico e institucional referente à sua definição como “ciência” em um sentido que poderia ser igualado, ao menos nesse aspecto, a qualquer outro campo do

saber: há uma produção contínua e sistemática de conhecimentos revisto por pares, espaços de ensino, pesquisa e discussão, reuniões periódicas de sociedades voltadas para o debate de temas, dos mais gerais aos mais específicos. Pensando em termos da configuração de um “campo científico”, no sentido apontado por Bourdieu (2004) e Lopes (2005), a ideia da Comunicação como ciência parece estar consolidada.

No entanto, é possível questionar em que medida as práticas epistemológicas da Área efetivamente correspondem às expectativas de um fazer científico presentes nessa concepção de campo. Do mesmo modo, pode-se perguntar em que medida a produção de conhecimento da área demanda o aprofundamento de suas especificidades no sentido de se perguntar qual conhecimento pode ser produzido nos estudos de Comunicação e em que medida é possível tratá-lo dentro de uma certa perspectiva de “ciência”, recorda, em outra chave, Alves-Mazzotti (2004).

A ideia de um “campo científico” parece se orientar no sentido de presumir uma “fronteira”, mas talvez não no sentido proposto por Bachelard (2011); não parece se tratar de uma “fronteira epistemológica” definida por limites referentes a uma gnosiologia específica ou mesmo por práticas distintas de observação e produção de conhecimento, mas, em outra instância, por uma questão vinculada às definições institucionais de poder vinculadas à disciplinarização e organização do conhecimento enquanto campos relativamente autônomos, como recorda Bourdieu (1983; 2004) em suas análises do campo científico.

Vale notar que os estudos de Bourdieu (2004) nesse particular se referem ao todo das “ciências”, sem se preocupar especificamente com as “Ciências Sociais” ou com as “Ciências da Comunicação”. No entanto, é possível traçar paralelos sobretudo quando se pensa na aproximação da Comunicação como um modo de conhecimento tornado equivalente com outras Ciências.

A existência de uma área institucionalmente consolidada em termos de um campo científico requer esse tipo de questionamento da especificidade do saber em vias de produção. Não apenas, vale observar, em uma perspectiva substancialista de definição do que é “comunicação”

– pergunta explorada por autoras e autores em outros momentos – mas sobretudo como essa configuração enquanto “campo científico”, nos moldes de uma determinada concepção do termo, não interfere no conhecimento produzido de maneira a sublinhar procedimentos em relação a outros, que poderiam ser tanto ou mais frutíferos. Em outras palavras, questionar em que medida a cientificidade da área não se torna, ela mesma, um obstáculo epistemológico para a pesquisa em Comunicação na medida em que atrela esta última a uma noção geral de “ciência”, deixando em outro plano as especificidades desse saber.

Vale recordar que “Teoria da Comunicação” é uma das sub-áreas de Comunicação presentes na classificação do CNPq, junto com modalidades específicas das habilitações profissionais da Área de Comunicação dentro das Ciências Sociais Aplicadas. Trata-se, junto com “Teoria e Ética do Jornalismo” – neste caso, na sub-área “Jornalismo” – das únicas clivagens de caráter teórico existentes nessa classificação. Trata-se, portanto, do reconhecimento de uma das modalidades dentro da Área de Comunicação, como forma específica de produção de conhecimento – no caso, teórico. Isso leva ao segundo ponto.

O obstáculo da conceituação teórica

Derivada, de certa maneira, da noção de científicidade presente na concepção da área, a ideia de “teoria” presente nos estudos da Área parecem igualmente se ressentir de certa indefinição não apenas a respeito de quais são elas, mas também do que constitui, efetivamente, uma “Teoria da Comunicação”. Talvez um primeiro ponto a endereçar seja justamente pensar alguns usos que essa expressão, bem como algumas de suas derivadas, assumem.

Em uma primeira acepção, a ideia de “Teoria da Comunicação” se refere a um amplo e complexo conjunto de elaborações teóricas agrupadas, ao longo de um período de tempo de cerca de um século – embora Moraes (2008) sugira um lapso temporal remontando aos gregos

– para a compreensão dos fenômenos de Comunicação. Essas teorias, em geral, podem ser encontradas nos mais de quarenta livros intitulados “Teoria da Comunicação” publicados no Brasil desde 1967. Levando em consideração, como ponto de partida próximo do truísmo, que as ideias presentes nesses livros são as Teorias da Comunicação, é possível observar a existência, como visto em outros momentos – Martino (2008; 2009) – de um cânone mínimo cercado de uma complexa dispersão. Há, portanto, um conjunto de saberes teóricos e conceituais, elaborado ao longo do tempo, formando um repertório teórico. Nesta primeira concepção, “Teoria da Comunicação” são as ideias apresentadas como tal na literatura específica da Área.

A um observador externo, a existência de um cânone teórico poderia parecer um indício de certa unidade da área: é talvez esperado que os conceitos presentes nas Teorias da Comunicação sejam acionados nas pesquisas da Área, mantendo uma relação de proximidade crítica e dinâmica em relação a esse próprio cânone. Assim como, de maneira mais ou menos intuitiva, espera-se que a teoria de uma área oriente as ações metodológicas nela desenvolvidas, é possível imaginar que as teorias da comunicação informem, em diferentes medidas, as pesquisas da Área.

No entanto, esse aparente paralelismo parece encontrar alguns problemas no cotidiano das pesquisas. Em que medida os conceitos presentes nas Teorias da Comunicação são, de fato, acionados nas pesquisas da Área? Em termos práticos, de que maneira as Teorias da Comunicação são articuladas como “referencial teórico” das investigações em Comunicação? É necessário observar em que medida as Teorias da Comunicação se articulam com o campo teórico em circulação na Área, de maneira a pensar se o que estamos chamando de “Teoria da Comunicação” é, de fato, a “teoria” acionada nos estudos de Comunicação.

O desafio existente nisso parece ultrapassar as questões de nomenclatura, mas tendem a se constituir como elementos definidores do que Bachelard (2006, p.89) define como as “fronteiras epistemológicas” de uma determinada ciência. A reivindicação de um

estatuto científico para a Área requer observar em que medida é possível trabalhar um conjunto de teorias como espaço de uma “prática teórica” para o conhecimento de determinados fenômenos. Dito de outra maneira, verificar em que medida as “Teorias da Comunicação” estão presentes quando se fala no “referencial teórico” das pesquisas da Área auxilia a compreender quais são as inclusões, exclusões e modos de apropriação de modos de pensar que caracterizem uma teoria como Teoria da Comunicação.

Vale recordar que a pesquisa em Comunicação, no sentido moderno do termo, nasce de investigações a respeito de problemas práticos, muitas vezes ligados à questões políticas imediatas – não seria de todo errado indicar que na origem das Teorias da Comunicação estão questões pragmáticas relacionadas às vinculações políticas de sua origem, como a avaliação da efetividade de ações de propaganda ou mesmo o controle de informações ao longo de uma trajetória.

Não sem algum jogo de palavras, valeria notar que a Teoria da Comunicação surge, de certa maneira, como “teoria aplicada”, conjunto relativamente pequeno de abstrações construídas para a resolução imediata de problemas específicos. Seria possível mesmo questionar em que medida seria possível falar desses modelos iniciais – alguns de longa permanência – como “Teoria da Comunicação”; talvez se aproximem mais de uma “Sociologia dos Meios de Comunicação” ou mesmo, em alguns momentos, como perspectivas filosóficas que se ocupam de maneira mais ou menos tangencial de questões de mídia e comunicação.

Em certa medida, a própria ideia de uma elaboração teórica está vinculada a existência de problemas práticos, bem como ao que Lucrécia D'A. Ferrara (2006) chama de “programas de pesquisa”, conjuntos de questões desdobradas e implementadas ao longo de um determinado tempo. Além da pergunta sobre a relação entre o cânone teórico e as práticas de pesquisa, torna-se necessário observar também em que medida os pressupostos epistemológicos das Teorias da Comunicação são elásticos o suficiente para dar conta de outros fenômenos

comunicacionais que se desenvolvem para além de seus limites imediatos de interpretação.

A leitura dos livros intitulados “Teoria da Comunicação” tende a mostrar um panorama de tal maneira abrangente que seria difícil, à primeira vista, encontrar pontos comuns para além de aproximações relativamente frágeis. É questionável, neste cenário de uma densa complexidade, em que medida é possível falar efetivamente de um trânsito interdisciplinar como característica da Área, uma vez que o cânone teórico parece se efetivar muito mais em termos de justaposição do que propriamente de diálogos e intersecções. Devido à uma pluralidade próxima do que Braga (2010) denomina como “dispersão”, a fragmentação “aforística” – novamente Braga (2014) – da Área parece criar obstáculos para um entendimento interdisciplinar, pautando-se mais na contiguidade do que na transição de conceitos e concepções.

Finalmente, pode-se indagar o que se entende “teoria” dentro das pesquisas de Comunicação. Quando, no cotidiano de aulas e pesquisas, se fala em “teoria”, a referência é à autoras, autores e conceitos acionados para a interpretação da realidade. Trata-se de um conceito, segundo Butler (2008), “pós-moderno” de teoria enquanto potencialidade hermenêutica, voltados mais para uma heurística do que propriamente para o que denomina a noção “moderna”, entendendo “teoria” como a “explicação” voltada para a “predição” dos fatos, a um passo da ideia de “lei”. Dessa maneira, como apontado em outros momentos – veja-se Martino e Marques (2017); Martino e Chechetto (s.d.) – parece existir algum descompasso entre a reivindicação de um estatuto “moderno” de ciência e a concepção “pós-moderna” (termo aqui usado em termos da referência indicada) da teoria.

O obstáculo da escrita da teoria

Como escrever teoria na Comunicação? O que é um texto sobre Comunicação? A variedade de respostas, se podemos considerar o

conjunto da produção da Área, tal como publicados em revistas acadêmicas, parece indicar uma profusão de temas não apenas de alta complexidade, mas também de grande dispersão. Se acrescentarmos a isso a pluralidade de abordagens presentes nos textos apresentados em eventos da Área, talvez a pergunta possa ser mais bem formulada em termos de “O que não é um texto sobre Comunicação?” no sentido de encontrar, se possível, algum tipo de delimitação prática.

Quando se entra no que Bourdieu (1983, p. 320) denomina “cozinha das ciências”, o pesquisador iniciante vai encontrar a materialidade da Teoria da Comunicação em diversas instâncias, a começar pelos livros com esse título mas, sobretudo, nas aulas, eventos, textos lidos, apostilas em circulação, diálogos com outros pesquisadores e leituras das indicações bibliográficas de cada disciplina cursada. Esse material lido, ouvido, dialogado criticamente vai formar o repertório teórico de cada indivíduo quano reportado à Teoria da Comunicação.

A pergunta sobre a definição do que é um texto sobre Comunicação remete, em primeiro lugar, a uma questão de localização: seriam os artigos e monografias publicados em espaços relacionados ao campo da Comunicação. No entanto, como apontam, entre outros, Finn (1986), Berkenkotter (1995), Crigger (1998) e Morse (2002), há todo o um circuito de definições acadêmicas, em espaços de produção científica de uma Área, a partir dos quais os pontos de pertinência, articulação – e exclusão – são definidos.

Assim, um texto não é vinculado à área apenas por sua vinculação ao campo, mas, concomitantemente, e também no sentido inverso, por sua articulação com as premissas que regem esse espaço. Há, portanto, uma construção de vínculos entre campo e produção que remete a outras instâncias, nas quais o aprendizado da teoria é também o aprendizado de uma escrita teórica.

Isso coloca um problema que intersecciona o pedagógico com o epistemológico: em alguma medida, “Teoria da Comunicação” é, ao menos inicialmente, o que se aprende em um curso de graduação com esse nome. Isso significa que o plano de ensino da disciplina “Teoria da

Comunicação” tende a ser um ponto imediato de inflexão para definir o que significará isso para cada aluna e aluno formado em Comunicação – e, para os que seguirem a área acadêmica, isso significa também um referencial para a elaboração de seus próprios programas de ensino no futuro. Não é de estranhar, diante disso, uma certa disparidade entre o que é aprendido como “Teoria da Comunicação” em diferentes instituições: pensada em sua materialidade pragmática, em última instância isso depende do livro adotado, da formação do docente ou das definições institucionais presentes em cada circunstância.

Se essa pluralidade é por um lado um indício da vitalidade presente na Área, por outro isso pode levar a uma série de problemas práticos no momento efetivo de escrita de um trabalho acadêmico, quando o pesquisador se vê na contingência de, por si só, com o auxílio do orientador ou orientadorar, selecionar de todo esse referencial teórico quais serão os pontos utilizados em seu trabalho.

Dessa maneira, em termos mais diretos, o que é “Teoria da Comunicação” para a aluna formada em uma universidade talvez seja “Sociologia” para o colega graduado em outra. Quando se compara, por exemplo, o conteúdo programático dessa disciplina tal como lecionada em universidades diferentes, observa-se justamente o elevado grau de dispersão do que é “Teoria” – cf. Martino (2012). E, nos limites da disciplinaridade do cotidiano universitário, talvez nem sempre a problemática das definições de critérios seja efetivamente exposta – e é questionável, inclusive, a pertinência desse procedimento. No entanto, suas consequências podem ser observadas no momento em que a teoria deixa o âmbito das salas de aula para encontrar um outro lugar nas pesquisas de Comunicação.

A escrita acadêmica, nesse ponto, se entrelaça com um problema de formação: em que medida se sabe, de fato, articular teorias com os objetos teóricos e empíricos, mediados pela metodologia? Na prática de

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