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Educação para a saúde e intervenções terapêuticas nas equipas de cuidados continuados integrados : um estudo em agrupamentos de centros de saúde da região de Lisboa / Pedro Ricardo Martins Bernardes Lucas. - Lisboa : [s.n.], 2012. orientador: Natália Ramos

http://hdl.handle.net/10400.2/2562

Tese de Doutoramento em Psicologia na especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde

Psicologia / Psicologia clínica / Psicologia da saúde / Cuidados continuados integrados / Comunicação em saúde / Educação para a saúde / Centros de saúde / Estudos de casos / Lisboa

Resumo: A Educação para a Saúde (EpS) constitui uma actividade importante no quotidiano das práticas dos profissionais de saúde. As alterações demográficas, epidemiológicas e sociais que têm ocorrido nas últimas décadas, têm originado mudanças nas necessidades de cuidados de saúde da população. A crescente necessidade de existirem respostas adequadas, ética e financeiramente sustentadas, para fazer face a um bom desempenho dos Sistemas de Saúde, tem vindo a sugerir o estabelecimento de parcerias intersectoriais e multidisciplinares para a prestação de cuidados de longa duração, dirigidos a indivíduos dependentes. Na sequência das preocupações de sustentabilidade do sistema surgem as altas hospitalares precoces, que determinam o incremento da importância dos cuidados de saúde prestados no domicílio. Este é apresentado como local ideal de cuidados na perspectiva da continuidade dos mesmos, nomeadamente ao ser integrado na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Os Cuidados Continuados Integrados surgiram como uma estratégia para dar resposta ao aumento das necessidades de cuidados de saúde, de forma sustentável. As reformas desenvolvidas neste âmbito atribuem responsabilidades às Equipas multidisciplinares de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES). Com este estudo pretendeu-se: identificar as

actividades em EpS que são realizadas nos ACES da região de Lisboa, ao nível da sua importância, conceito, actividades efectuadas, dificuldades e condicionantes organizacionais da EpS; identificar características dos profissionais de saúde das ECCI dos ACES da região de Lisboa; descrever os aspectos relacionados com a formação das ECCI ao nível geral, em EpS e necessidades de formação; e caracterizar as intervenções terapêuticas dos profissionais de saúde das ECCI junto dos utentes dependentes no seu domicílio. Para a consecução destes objectivos delineou-se um estudo observacional, descritivo e exploratório com abordagem quantitativa e qualitativa. A população deste estudo foram os profissionais de saúde das equipas multidisciplinares domiciliárias dos doze ACES da região de Lisboa, que resultaram do agrupamento dos trinta e oito antigos Centros de Saúde que foram reorganizados na reforma dos Cuidados de Saúde Primários de 2008. Foi também participante do estudo, um grupo de utentes do Centro de Saúde de Mafra e outro grupo do Centro de Saúde da Pontinha, que são abrangidos pelas ECCI dos respectivos ACES. Os instrumentos utilizados na colheita de dados foram questionários e entrevistas semiestruturadas. Os resultados evidenciaram que os profissionais de saúde que pertencem às ECCI atribuem muita importância à EpS. Ao nível do desempenho em EpS, o aspecto mais valorizado foi aquele que considera que é uma actividade que deve ter em conta o interesse e as necessidades dos indivíduos. Concluiu-se ainda que os profissionais consideram que deve ser dada a mesma importância à EpS e às actividades de tratamento. Também se verificou que tendencialmente se realizam muitas vezes actividades de EpS, embora apenas algumas vezes estas sejam planeadas. Este estudo permitiu ainda concluir que aproximadamente metade dos profissionais de saúde realizou formação contínua regularmente nos últimos 5 anos e destes, em 63% dos casos, a formação era de suporte ao desenvolvimento de actividades de EpS. A quase totalidade destes profissionais aplicou os conhecimentos adquiridos, sentindo, no entanto, necessidade de mais formação nesta área. Verificou-se que maior idade dos profissionais de saúde está associada a maior desempenho em EpS e à consideração da EpS como um processo em que se procuram clarificar valores. Concluiu-se ainda que à medida que aumenta a idade dos profissionais aumenta a tendência para desenvolvimento de actividades de EpS nas seguintes áreas: alimentação, hidratação, imobilidade, controlo de doenças, saúde mental, comportamentos saudáveis e dor. Constatou-se necessidades de formação nestas áreas. Observou-se que a relação interpessoal, enquanto intervenção terapêutica, foi aquela que mais se verificou e da qual resultou um maior número de categorias. Tal vem demonstrar que a prática dos profissionais de saúde tem como base a componente relacional e que todas as outras intervenções

se suportam na solidez da qualidade da relação estabelecida. Verifica-se que a maior parte das restantes categorias estão no âmbito da comunicação, sendo por isso imprescindível o desenvolvimento de competências em comunicação em saúde por parte dos profissionais que exercem neste contexto. São também condições necessárias a ter em conta, as atitudes adoptadas pelos profissionais de saúde e a importância da comunicação visual na relação profissional de saúde - utente. Este estudo tem implicações para os profissionais de saúde, que poderão beneficiar directamente das suas conclusões, nomeadamente, a identificação das dificuldades e das estratégias que devem ser utilizadas no seu desempenho profissional, uma vez que a EpS é fundamental para os ganhos em saúde dos indivíduos e das populações e deve assumir um papel cada vez mais central no contexto da prestação de cuidados de saúde. Foram, igualmente, identificadas implicações organizacionais, políticas e para a investigação.