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Cidadania intercultural: uma utopia do presente? Lisboa em transição : do “Centro” de um Império Colonial Ultramarino para a semi-periferia no âmbito da União Europeia : a cidadania europeia e a emergência político-cultural das minorias étnicas / Maria Inês Macias de Mello Magalhães. - Lisboa : [s.n.], 2001.

orientadores: Danièle Joly e Maria Beatriz Rocha-Trindade

http://hdl.handle.net/10400.2/2465

Tese de Doutoramento em Ciências Políticas na especialidade de Política e Intervenção Social

União Europeia / Cidadania / Identidade nacional / Identidade cultural / Grupos minoritários / Sociologia das migrações / Interculturalismo / Imigração / Política das migrações / Legislação / Lisboa / Portugal / Índia

Resumo: A contínua revolução tecnológica das comunicações e dos transportes tem contribuído para acelerar, progressivamente, o movimento migratório internacional das populações do planeta. No espaço europeu, a partir de meados da década de noventa, podem verificar-se algumas tendências de mudança demográfica e política tais como: o significativo aumento do número de pedidos de asilo político; o predomínio da reunificação familiar, a par da progressiva importância da migração temporária; a adopção de políticas que apoiaram a entrada de trabalhadores muito especializados e qualificados, em contraste com a persistência de uma imigração clandestina. O traço comum às variáveis comportamentais da mobilidade humana encontra-se na crescente diversificação de populações em relação aos respectivos países de proveniência. De entre os marcantes acontecimentos ocorridos no supracitado continente, nos últimos vinte e cinco anos, destacou-se, a dez de Novembro de 1989, também para os espectadores da informação televisiva portuguesa, o advento de uma nova (des)ordem mundial, simbolicamente representada pela queda do Muro de Berlim, a qual arrastaria consigo o fim da Guerra Fria, o colapso comunista europeu e a implosão do Bloco de Leste. A esta surpreendente reviravolta política seguir-se- -ia a institucionalização da União Europeia acordada pelos governantes de doze Estados-Nação(ões), a partir da pré-existente Comunidade Económica Europeia/C.E.E, da qual Portugal era um em defesa da Constituição, das leis e, por consequência, dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. O esquema

organizatório global de fiscalização da actividade do sistema de justiça passa, em grande medida, no que diz respeito a decisões concretas dos tribunais, como despachos, sentenças ou acórdãos, pela via dos recursos legalmente previstos e apreciados por tribunais de categoria superior. Por outro lado, existem amplas inspecções a realizar pelos competentes serviços dos Conselhos gestores das magistraturas e pela própria inspecção-geral administrativa em domínios todos eles legalmente especificados. A tese apresentada realça uma importante parcela de um sistema integrado e global de fiscalização do sistema de justiça, assegurando e garantindo a fiscalização parlamentar um reforço da democraticidade do exercício da função, da sua eficácia e operacionalidade.

dos Estados-membro, desde o dia um de Janeiro de 1986. Aquele superpoder parece desafiar, no presente, os limites do próprio Estado-Nação moderno ao criar, através do Tratado de Maastricht (1992), o inovador estatuto de cidadania europeia, alterando, ipso facto, o tradicional conceito político-cultural de cidadão nacional. Neste contexto, a recente

evolução do conceito europeu de cidadania repercutiu-se também no Portugal pós-colonial dos últimos dez anos, devido a uma dupla transformação tendencial, ocorrida a partir da década de setenta e verificável a dois níveis:

• a nível macro-político (de baixo para cima, através da Sociedade Civil), com a Revolução Democrática de 25 de Abril de 1974 iniciou-se o fecho do ciclo da descolonização portuguesa e foi negociada (de cima para baixo, através dos representantes do Estado-Nação) a integração do país na, então, C.E.E.;

• a nível micro-político, o movimento associativo imigrante, em Lisboa, partindo da Sociedade Civil (de baixo para cima) esteve na origem da politização da etnicidade, ou emergência política de minorias étnicas, oficialmente reconhecidas pelo Estado (de cima para baixo) e designadas como tal, a partir dos anos noventa.

Ainda no início deste último decénio, as políticas e estratégias, acordadas a nível intergovernamental naquele Tratado da União (1992) e reforçadas pelo Tratado de Amsterdão (1997), respeitantes às minorias étnicas, iriam condicionar, na perspectiva de um sistema político de oportunidades, as estratégias de apropriação de poder adoptadas pelas mencionadas minorias, desencadeando (numa vaga de fundo da sociedade civil e pela via das respectivas associações) da parte dos imigrantes/estrangeiros a progressiva reivindicação de uma expressiva participação política pública. Aquilo que neste trabalho se procura equacionar, numa abordagem teórica inter e transdisciplinar, é, antes de mais, a significativa mudança de paradigma político-cultural ocorrida no nosso país, no último quartel do século vinte, a qual pode ser constatada, partindo, por exemplo, da comparação de dois mapas portugueses oficializados naquele período:

• o mapa Portugal não é um País Pequeno, imposto e propagandeado, desde a década de cinquenta, pelo então Presidente do Conselho de Ministros, Professor Doutor António de Oliveira Salazar;

• o mapa negociado e divulgado pelos Estados-membros da União Europeia, aceite, no presente, pelo actual Primeiro Ministro, Engenheiro António de Oliveira Guterres.

Debatendo os conceitos e modelos teóricos que serão utilizados no enquadramento desta problemática, pretende-se sobretudo verificar os respectivos limites e contradições, os quais desde logo condicionam o eficaz exercício dos direitos e deveres de uma cidadania participativa. Ao modelo conceptual tradicional de cidadão nacional, em vigor no passado próximo, contrapõe-se no presente o conceito de cidadão europeu (também designado por cidadão transnacional). Se a nível do imaginário humano, utópico portanto, este paradigma é passível de ser delineado, a nível legal e prático, a sua concretização torna-se pelo menos problemática. Em tais circunstâncias, algumas das perguntas que podem ser formuladas são, por exemplo, as seguintes:

• As Nações serão fenómenos (político-) culturais primordiais como defendia, entre outros, Geertz (1973) ou, pelo contrário, caracterizar-se-ão pela especificidade histórica, fluidez e pluralidade (Hall, 1992; Kymlicka, 1995; Mark, 1998; Mattoso, 1998; Cross, 1999)?

• Que relações estabelece o actual Estado de Direito Democrático (regime político assente, em simultâneo, na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na vontade expressa pela maioria) com as respectivas minorias étnico-culturais?

• Encontrar-se-ão, no presente, em Lisboa, as ditas minorias étnicas particularmente marginalizadas, logo carentes de medidas políticas específicas, ou de afirmação positiva?

Como todo e qualquer conceito, o conceito de cidadania é polissémico, variando também no espaço-tempo, logo de sociedade para sociedade. Desta forma, a análise das metamorfoses político-culturais que ocorreram, no caso português, a partir da década de cinquenta, parece ser particularmente significativa a fim de se tentar compreender a hodierna (re) interpretação conceptual. Em suma, esta tese de doutoramento (1997; 1999-2001) procurará analisar a situação político- cultural das minorias étnico-culturais residentes na capital portuguesa e europeia, Lisboa, nesta viragem de século e de milénio.

bÄR, Gerald

Das Motiv des Doppelgängers als Spaltungsphantasie in der Literatur und im deutschen Stummfilm / Gerald Bär. - [Lisboa] : [s.n.], 2002.

orientadores: Maria Laura Bettencourt Pires e Ludwig Scheidl

http://hdl.handle.net/10400.2/2461

Tese de Doutoramento em Ciências Humanas e Sociais na especialidade de Estudos Alemães

Literatura alemã / Cinema / Cultura alemã / Idade contemporânea / Cinematografia / Teoria do cinema

Resumo: Embora enquadrado na Área de Línguas e Literaturas Modernas, mais concretamente no âmbito dos Estudos Alemães a tese entende-se como um trabalho interdisciplinar no campo das Literaturas Inglesas e Norte-Americanas explorando também as dimensões cinematográficas do motivo do Doppelgänger. A tese compõe-se de quatro partes:

A primeira parte contém uma introdução à temática da dissertação, explicando o aparecimento e o desenvolvimento das várias definições do conceito de Doppelgänger e termos relacionados (Sósia, duplo, clone, etc.), posições da crítica, assim

como a comparação dos resultados dos trabalhos sobre o motivo mais relevante para a nossa abordagem.

A segunda parte explora circunstâncias e situações que favorecem o desenvolvimento de fantasias de fragmentação do Eu. Encontramos o fenómeno na literatura mundial no pensamento filosófico, religioso e antroposófico, no espiritismo, na psicanálise e até na medicina. Tenta-se explicar as condições sociais e individuais que acompanham estas fantasias recorrentes desde os tempos míticos. Numa linha de interpretação que seguimos de Novalis a Adorno, o Doppelgänger

parece uma figuração do ausente – um símbolo de alienação existencial.

Na terceira parte analisam-se as múltiplas formas do motivo literário e a sua utilização por autores de várias épocas. Ao contrário de outros trabalhos sobre o tema, dividimos o corpus literário em géneros e tentamos seguir uma cronologia. Em

foco estão sobretudo peças, poemas e narrativas com o motivo em questão na literatura alemã dos séculos XVIII, XIX e

XX. Tenta-se encontrar características que as representações das fantasias de fragmentação têm em comum e explicar a longevidade do motivo.

A quarta parte, antes de explicar técnicas fotográficas e cinematográficas importantes para a captação do imaginário, tenta abordar o tema através da pintura e outras artes. Estabelece um corpus de filmes ligados ao motivo e resume os

resultados da pesquisa no campo cinematográfico sobretudo em filmes mudos alemães. Em vários estudos literários sobre o Doppelgänger encontram-se pistas sobre a sua representação nas outras artes, nomeadamente na cinematografia, mas faltava um trabalho compreensivo que ligasse as duas áreas de Estudos Literários e Estudos de Cinema.

Com a técnica do novo medium filme conseguiu-se tornar visível o duplo que foi adoptado pela literatura fantástica. O Doppelgänger, a sombra, a imagem no espelho e os fantasmas, tirados do seu habitat literário, saem do reino da mera imaginação e ganham vida própria no ecrã.

Uma seleção de cenas montadas num vídeo que faz parte integral da dissertação ilustra como as fantasias de fragmentação são tornadas visíveis. Procuramos demonstrar como as novas tecnologias fílmicas tornaram possível a integração do fantástico e do inédito na experiência visual dos espectadores.