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A seguir a média GERAL da produção acadêmica dos 2021 integrantes dos cursos de pós-graduação strictu sensu da Universidade Federal de Minas Gerais por grupo de sexo. Números extraídos a partir da produção somente dos docentes que integram estes 74 cursos, não incluindo professores visitantes, substitutos, assistentes, adjuntos e associados que não estão credenciados em cursos strictu sensu:

Gráfico 4: média geral da produção científica por grupo de sexo

Fonte: www.somos.ufmg

Estes índices foram obtidos mediante as médias simples de produtividade acadêmica de cada grupo de sexo por item, médias conseguidas somando-se a produção

149 de todos os docentes separados em grupo de sexo e posteriormente dividindo-se o total pelo número de homens e de mulheres em cada curso. A fim de facilitar o contraste entre os grupos de sexo e a leitura, a linha em rosa se refere à média das pesquisadoras enquanto que a linha em azul diz respeito à média dos seus colegas do sexo masculino. A seguir se visualiza detalhadamente a produção científica de homens e de mulheres distribuídos por item científico (artigo, orientação etc.) e por curso strictu sensu.

154 Fonte: www.somos.ufmg

Importa destacar que, não obstante em um ou outro curso a média das mulheres seja superior à média masculina em algum item acadêmico, na maioria dos cursos e na maioria dos itens a média feminina é sutilmente inferior à média masculina e, a partir disso, algumas inferências são relevantes para uma perspectiva de gênero:

Apenas em dois cursos o grupo de mulheres foi superior em produtividade média ao grupo de homens em quase todos os itens acadêmicos, no caso do curso de Direito a exceção foi o item orientação de pós-doc, onde ambos os grupos não tiveram qualquer índice. Isso pode estar relacionado ao fato de que, financeiramente hoje, na área jurídica, é mais rentável estar no mercado de trabalho privado ou nos altos escalões do serviço público do que se dedicando à pesquisa científica, tendência essa observada com o fortalecimento do norteamento neoliberal mais amplo da economia (SAMPAIO, LIMONGI e TORRES, 2000). No caso do curso de Comunicação Social a única média feminina inferior à masculina foi no item orientação de doutorado, porém, foram índices extremamente próximos entre si.

O mesmo ocorreu no curso de Estatística, o que é atípico não só em relação aos cursos em geral, mas, especialmente, em relação à área de Ciências Exatas, pois, a média feminina é maior que a masculina em todos os itens, exceto também em orientações de pós-doutorado. Em relação à média geral para a UFMG, em todos os itens acadêmicos coletados a média masculina foi ligeiramente superior à média feminina, principalmente naquele item que, atualmente, é o mais valorizado no meio científico: publicação de artigos em periódicos.

155 8.3 Médias de produção científica por área e por sexo

Este item, cujo gráfico é apresentado a seguir, trata das diferenças entre produção científica segmentadas de três formas: por item acadêmico, por grande área de conhecimento e por sexo.

Gráfico 5: produção científica por área e por sexo

Fonte: www.somos.ufmg

Quando se cruza a produção acadêmica separada por sexo e por área se percebe o seguinte cenário para a UFMG: no que concerne ao item ‘artigo científico’: as duas áreas que apresentam menor diferença de gênero são Ciências Humanas, Letras e Artes e Ciências Sociais Aplicadas. A área onde a média masculina foi bem superior à feminina foi a de Ciências da Saúde, seguida por Ciências Biológicas. As mulheres da área de Ciências Biológicas são as que mais publicam artigos científicos (média de 62,35), enquanto que o grupo de homens que mais publicam é o das Ciências da Saúde (média de 99,19).

Em relação ao item ‘livros e capítulos de livros’, produção acadêmica não tão valorizada atualmente quanto artigos científicos (uma vez que o CNPq toma a lógica das

156 denominadas hard sciences ao ter artigo científico como o ‘capital acadêmico’ mais valorizado), o grupo de mulheres mais produtivas é o de Ciências Humanas, Letras e Artes (média de 20,52), ao passo que a média mais alta entre os homens foi também o grupo de Ciências da Saúde (média de 23,91). A maior desigualdade entre os índices feminino e masculino apareceu nas Ciências da Saúde, com média feminina de 12,40 e média masculina de 23,41.

Concernente ao item ‘trabalhos publicados em eventos’ (independentemente se trabalhos completos ou resumos), tantos os homens quanto as mulheres da área de Ciências Agrárias e da Terra foram os mais produtivos, com médias, respectivamente, de 128,76 e de 125,32. Aqui vale destacar que a média das acadêmicas de Ciências Biológicas e a média das Ciências Humanas, Letras e Artes foi um pouco superior que a de seus colegas homens.

Referente à média de orientações concluídas de mestrado, a maior média feminina ficou com a área de Ciências Agrárias e da Terra (13,97), onde também se deu a maior média masculina (17,03). As pesquisadoras desta área foram também, entre todos os grupos femininos, as que mais orientaram dissertações. A maior distância entre as médias feminina e masculina neste item aconteceu nas ciências da saúde, respectivamente 10,94 e 15,80 orientações. A menor distância entre as orientadoras e os orientadores de mestrado ocorreu na área de Ciências Humanas, Letras e Artes (10,0 e 10,58 respectivamente).

No tocante às orientações de doutorado, constatou-se que em diversos cursos da área de Ciências Humanas, Artes e Letras a média de orientações das mulheres foi um pouco superior à média masculina, fator relevante ainda mais considerando-se que esta modalidade de orientação possui maior importância no meio acadêmico. Tais cursos foram: Antropologia, Estudos Linguísticos, Estudos Literários, Filosofia e História. Em referência às médias por área de orientação de teses, não obstante as médias masculinas tenham sido superiores às femininas como aconteceu com as orientações de mestrado, as diferenças entre os dois grupos de sexo não foram acentuadas. Neste tópico, tanto os homens quanto as mulheres da área de Ciências Biológicas foram os que apresentaram maior média (8,28 e 9,27 respectivamente).

Em relação às médias de orientações de pós-doutorado, dois fatos chamam a atenção: as médias das mulheres e dos homens da área de Ciências Humanas, Letras e Artes foram exatamente as mesmas (0,67) e a média de orientações das mulheres das

157 Ciências Sociais Aplicadas (0,35) foi superior à média de seus colegas homens (0,20). Também neste item os homens e as mulheres da área de Ciências Biológicas foram os que apresentaram maiores médias em comparação com os grupos de sexo de outras áreas. Quanto a isso importa sublinhar que, proporcionalmente, dentro da UFMG, esta é a grande área que possui mais cursos avaliados como 7 na CAPES e, talvez, por isso, a exigência por um número determinado de publicações anual faça com que tanto mulheres quanto homens nesta área produzam muito.

Apenas na Área de Ciências Humanas, Letras e Artes a média feminina foi superior à masculina em alguns itens: livros e capítulos publicados, publicação/apresentação de trabalhos em eventos e orientações de pós-doutorado, no entanto, tais números foram bem próximos entre os dois grupos de sexo. Nas Ciências Exatas aconteceu também uma situação inusitada: a média de livros e capítulos entre as mulheres foi maior que a masculina. Porém, tal situação pode representar uma discriminação contra a mulher neste âmbito, já que este item é o menos valorizado academicamente e, em geral, engloba trabalhos não científicos propriamente, mas sim a escrita de material didático para o Ensino Médio ou mesmo superior, tarefa essa relegada ao sexo feminino por estar ligada à desvalorizada área da Educação Básica.

Em síntese, nos três primeiros itens – artigos científicos, livros e/ou capítulos e trabalhos em eventos – a área da Saúde foi a que apresentou maior distância entre as médias masculinas e feminina, no caso, uma diferença essa desfavorável às mulheres.